Coração De Seda escrita por Maria Fernanda Beorlegui


Capítulo 81
Capítulo 81


Notas iniciais do capítulo

Voltei, gente... Vamos dar início a segunda temporada



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/661291/chapter/81

Anteriormente...


Núbia - Vale dos Lírios - 1484 a.C

Nobres e súditos da Núbia estavam atônitos pelo vale real, nunca antes foi visto tantas pessoas aglomeradas próximo ao palácio. Como também não se esperava os monarcas do grande Egito. Quem poderia imaginar que o faraó Seti iria sair de seu luxuoso palácio para tratar de assuntos tão sérios na Núbia? Todavia, a rainha não aprovou e nunca irá aprovar tal coisa. Não por inseguranca, mas por um pequeno motivo de quatro anos que estava bem em sua frente no harém. O primo distante, a criança sem pai e sem mãe, o pequeno Gab. Vê-lo em sua frente foi algo avassalador, seu desejo de matar aquela criança aumentou. Aumentou até imaginar suas mãos transbordarem o sangue da criança e escorrer pelos seus anéis o seu ódio.

—Pode? —A babá de Henutmire perguntou ao pequeno Gab. Não havia outra criança para Henutmire brincar? Pensou Tuya.

A serva então colocou a princesa do Egito sentada ao lado do príncipe da Núbia. Gab colocou seus olhos em Henutmire, lhe ofereceu o seu brinquedo e então começaram a brincar. Logo os dois pareciam dois irmãos, o que de fato eram. Tuya se viu tão perplexa e estarrecida com a situação que não sabia ao certo o que fazer.

O bastardo de Seti... Claro que Gab não era bastardo, ele era filho de uma esposa secundária. Mas não havia sido legitimado na sala do trono como Henutmire foi. Gab era um verme, um inseto perigoso perto de Henutmire. Tuya e Nayla sabiam que esse segredo deveria ser mantido entre elas duas e o príncipe reinante da Núbia. Henutmire é a única herdeira de Seti, não há outros. Gab é apenas um rabisco.

—Venha com a mamãe. —Tuya pede aflita ao ver que Gab segurava a mão de Henutmire.

—Tuya? —Seti chamou pela rainha ao entrar no harém. Logo ele olhou para Henutmire e sorriu. —Ai está você... —Ele fala ao pegar a filha e depositar um beijo em seu rosto. —E você quem é? —Seti pergunta ao olhar para Gab por alguns instantes. Viu algo semelhante nele. Notou que os olhos de Henutmire e os do garoto eram iguais. Mas logo voltou sua atenção para Henutmire. —Vá brincar com seu amiguinho, Henutmire. —O faraó pediu para espanto de Tuya.

Logo Henutmire voltou ao lado de Gab e pegou o seu brinquedo novamente. As duas crianças se observaram por alguns instantes, mas logo sorriram uma para a outra. Tuya se viu sem saída, por um momento pensou que estaria sendo descoberta. Mas logo se acalmou ao ver que Seti apenas observava Henutmire brincar com o garoto.

—Vem brincar, papai. —Henutmire pede docilmente fazendo Seti rir. —Vem... —Ela pede novamente erguendo uma de suas mãos, mas Seti não vai.

—Eu volto logo, meu amor. —Seti fala ao acariciar a cabeça de Henutmire antes de se retirar com Tuya. A rainha olha para Gab e Henutmire pela última vez com desconfiança, mas logo vai embora ao lado do rei.

—Como você se chama? —Henutmire pergunta para Gab.

—Gab. —Ele responde sorridente e então entrega seu pequeno cavalo de madeira para ela. As duas crianças sorriem sem nem saberem que futuramente irão descobrir que são irmãos...


PI Ramsés - Egito - 1550 a.C


—O que vamos fazer com essa criança? —O homem pergunta para o sobrinho enquanto o outro segura Lyanna.


—Já sabe o que deve fazer. —Djoser responde ao olhar para o homem de negro.


—Entregue a criança para Karoma. —Gab ordena ao homem. Ele balança a princesa do Egito nos braços pela primeira com carinho e então sorri ao ver o quanto ela se parece com o pai.

—Você é da tribo de Judá, princesa. É uma honra ter você e sua irmã como princesas. Princesas híbridas do Egito e de Israel, da tribo de Judá, tão belas quanto a mãe... —O homem fala ao ninar Lyanna nos braços.


—Tem uma embarcação esperando por você. —Gab fala e então o homem olha desconfiado para ele. —Já sabe o que fazer.


—Claro que sei. —O homem fala ao balançar Lyanna. A pequena princesa abre os olhos e observa tudo ao seu redor. —Alteza... —Ele fala fazendo uma reverência á Lyanna. —Estou aqui para servir você.


Monte Sinai - Deserto


Flash Back On


—Sabia que você estaria aqui. —Uri fala ao me encontrar distante do rio Nilo, distante de tudo. —Ainda está se atormentando com o que viu?


—Estou me atormentando com a possibilidade de ter nascido escrava. —Minhas palavras assustam Uri. —Você nasceu na vila, não foi?


—Sim. —Ele responde vagamente. —Depois que minha mãe morreu, nosso pai e nosso avô foram para o palácio.


—Como ele era? —Pergunto. —O nosso avô? —Pergunto e faço Uri sorrir.


—Ele foi uma das pessoas que mais vi ter fé. Depois que ele morreu, eu e nosso pai ficamos sozinhos e então nos esquecemos das nossas origens. —Uri fala. —Mas eu sempre voltava para a vila e acabei conhecendo Leila.


—Se sua mãe não tivesse morrido, meu pai nunca teria ido para o palácio, nunca teria conhecido a minha mãe. —Falo pensativa.


—Você e Djoser teriam que nascer, Anippe. —Uri fala ao segurar a minha mão. —Quando eu era criança eu sempre quis ter irmãos, mas o tempo passou e eu me esqueci desse desejo.


—Como teria sido se eu e Djoser não tivéssemos nascido? —Minha pergunta faz Uri permanecer mudo. —Até hoje minha mãe estaria esperando por Moisés.


—Poderia ser. Mas você deve pensar de outra forma. —Uri fala ao me abraçar enquanto olhamos para o Nilo. —Você é a única filha deles. —Ele fala sobre meus pais. —Você tem três irmãos mais velhos, acha que vai ser fácil se casar? —A pergunta de Uri me faz rir e então ele se dá por satisfeito.


—Eu não sou tão inocente assim. —Minhas palavras fazem Uri rir ainda mais. —Eu já sei como é beijar.


—Como? —Uri pergunta com uma certa indignação na voz e então sua risada cessa. —Anippe... —Ele tenta falar algo, mas tamanha surpresa o assusta. —Nosso pai sabe disso? —Ele pergunta.


—Se soubesse já teria me mandado para o templo de sacerdotisas. —Falo e Uri acaba rindo.


—Foi Amenhotep? —A pergunta de Uri me faz sentir náuseas.


—Claro que não! —Falo assustada. —Vamos parar por aqui!


—Claro que vamos, mas eu não quero saber da vida amorosa da minha irmã. —Uri fala e então me faz rir. —Seria interessante contar isso para a princesa.


—Enlouqueceu? —Minha pergunta faz Uri rir ainda mais. —Não diga nada para ninguém!


—Claro que não! —Uri fala e em seguida me surpreende ao me carregar em seus braços. —Agora vamos voltar antes sintam sua falta.


Flash Back Off


—Anippe? —Ouço Arão me chamar enquanto observo as estrelas. —O que está fazendo?


—Não consigo dormir. —Respondo e então ele vem até mim. —Tive um sonho ruim e quando acordei minha primeira lembrança foi Uri.


—Como foi esse sonho? —Arão pergunta.


—Era uma mesa com oito cadeiras. Ela estava no centro da sala do trono de meu tio, mas quem estava na ponta da mesa era Seti. —Falo atordoada. —Ao seu lado esquerdo estava minha mãe e ao lado dela estava Djoser. Ao lado direito de Seti estava Gab, em seguida meu tio Ramsés e Amenhotep. —Falo ao voltar minhas atenções para o céu. —Meu avô pedia para que eu sentasse na outra ponta da mesa para ficar de frente para ele.


—E depois?


—Depois os servos serviam cinco coroas. —Falo ao me lembrar de cada uma. —Uma era de meu avô, outra de meu tio Ramsés, a de Amenhotep próxima a coroa de Djoser e por último a de minha mãe. —Falo. —Eu falava que estava satisfeita com a minha, mas em seguida ele chamava por Uri.


—Uri? —Arão indaga curioso. —Por que Uri?


—Seti mandou Uri tirar as cinco coroas e fazer delas uma só. Então meu irmão atendeu a ordem, após isso Gab retirava a minha coroa e esperava por algo. —Falo com uma necessidade súbita em chorar. —E ele a colocava em uma outra garota que nunca vi.


—Como essa garota era? —Arão pergunta curioso.


—Tinha os olhos do meu pai, os cabelos dela eram tão negros como a noite. Quando a coroa lhe foi dada, meu avô pediu para ela se sentar ao lado de Djoser. —Falo ao fechar os olhos e me lembrar de cada sonho. —Minha mãe a chamava de filha e depois disso Uri voltou. A garota tínhamos cabelos mais negros que já vi, porém a luz do fogo brilhava em seus fios de cabelo e assim parecia que eram de platina, prata, assim como sua pele era como a seda. Meu avô olhava risonho para mim, mas depois olhava para essa tal garota com ainda mais alegria. —Falo ressentida.

—Acha que Henutmire teve uma menina? —Arão pergunta curioso novamente.


—Eu não faço a mínima ideia. —Respondo. —Mas aquela garota me lembrava o meu pai. Os olhos, o olhar doce e o jeito espontâneo.


—E o que aconteceu quando Uri voltou? —Ele pergunta e então eu olho para ele insegura.


—Ele voltou com uma coroa feita pelas cinco coroas. E a colocou em mim. —Falo entre soluços. —Quando eu me levantei da mesa, meu avô e minha mãe se olharam como se estivessem em paz, e então eu dei as costas para todos...


—Se acalme. —Arão pede ao me abraçar. —Eu não sei como te ajudar, talvez Eliseba pudesse. —Arão fala ainda lastimado pela morte da sua esposa. Desde que Eliseba morreu e Arão criou o bezerro de ouro, as coisas mudaram.


—Quando eu dei meia volta para olhar para minha mãe, todos haviam sumido. —Por fim finalizo meu sonho. —Era como se todos tivessem morrido e eu tivesse ficado sozinha no palácio.


—Isso foi apenas um sonho ruim. Nada de mal aconteceu... —Arão fala e em seguida me abraça. —Hur não apareceu em seu sonho?


—Eu não sonho com meu pai desde que sai do Egito. —Falo estarrecida. —E ele também não estava neste sonho, não mesmo.


—Está vendo? Foi apenas um sonho ruim. —Arão fala ao enxugar minhas lágrimas. —Seu pai não apareceu para garantir isso.


—Arão. —Miriã chama pelo homem. —Moisés chama por você na tenda.


—Aconteceu alguma coisa? —Pergunto ao ver que Miriã chorou.


—Não. Moisés apenas chama por Arão. —Miriã fala e então Arão olha para mim.


—Eu volto logo. —Arão fala ao beijar o topo de minha cabeça e então partir. Agora que estou sozinha com Miriã, noto ainda mais seu nervosismo.


—Fale, Miriã. —Peço e com isso ela começa a chorar compulsivamente. —Fale de uma vez.


—Um mensageiro egípcio chegou a mando do príncipe Gab. —Miriã fala e então eu sinto meu coração bater mais forte. —Ele disse que por inúmeras tentativas tentou se comunicar com você para dizer que... —Espero ansiosamente para que Miriã fale de uma vez. —Que seu pai morreu. —Miriã revela e então eu permaneço imóvel. —Ele foi morto por Amun, o pai de Yaffa.


—NÃO! —Grito plena de tristeza e ódio por saber que meu pai foi morto pelo pai de Yaffa.


—Anippe, calma! —Miriã pede ao tentar tocar em mim.


—SAI DE PERTO DE MIM! —Grito assustando-a. —Você deve estar feliz por isso! —Falo nervosa enquanto Miriã apenas me olha assustada. —Como isso pode ter acontecido? —Pergunto ainda assustada. —A minha mãe? O que aconteceu com a minha mãe?


—Anippe. —Ouço Moisés chamar por mim ao lado de Arão. —Eu sinto muito. —Ele fala ao me abraçar firme. Choro em seus braços e então Arão vem até nós. Moisés acaba chorando junto a mim e com isso o abraço ainda mais forte.


Arão segura minha mão enquanto estou abraçada com Moisés, mas mesmo eu me sinto sozinha. Choro compulsivamente nos braços de Moisés ao lembrar de meu pai.


Flash Back On


—Eu sinto muito por Sitre, Anippe. Mas esse é o ciclo da vida. —Meu pai fala ao lamentar pela morte súbita de minha gata de estimação.


—Ciclo? —Pergunto confusa e ao mesmo tempo aborrecida. —Paser não poderia ter salvado ela? —Minha pergunta machuca o meu pai.


—Não, não poderia. —Meu pai me fere ainda mais ao ser tão realista. —Você é muito nova para entender isso, mas é a realidade.


—Eu já tenho nove anos, quase dez. —Minhas palavras convencidas fazem meu pai rir. Será que falei algo de errado?


—Isso mesmo, mas ainda é uma criança. — Meu pai ressalta e então me entrega um presente. —É sua. —Ele fala. Esse presente seria um consolo? Então eu pego meu presente das mãos de meu pai com toda minha birra e abro-o.


—Uma boneca? —Pergunto fingindo estar desapontada com meu pai, mas no fundo estou feliz por ter ganhado uma boneca.


—Eu achei parecida com você. —As palavras do meu pai fazem-me rir. Sua mão então segura a minha e então eu deixo minha birra de lado para abraçá-lo. A boneca fica pendurada em minha mão enquanto eu o abraço forte.


—Obrigada, papai.—Agradeço ao fechar os olhos e repousar em seus braços. —Eu te amo. —Minhas palavras são inusitadas até mesmo para mim.


—Eu te amo muito mais, minha filha. —Meu pai fala ao me abraçar mais forte.


Flash Back Off


—Você precisa se preparar agora. —Moisés fala ao se separar de mim.


—Me preparar? —Pergunto incrédula.


—Henutmire quer que você e Yaffa voltem para o Egito. —As palavras de Arão me surpreendem. —É aconselhável você ir já que ela está grávida.


—Pelo tempo já deve ter nascido. —Miriã fala opinando. Vejo uma certa tristeza em seu olhar. —Pobre criança. Já nasceu sem seu pai...

—Minha mãe deve estar desolada, Moisés. —Falo ao imaginar o desespero de minha mãe ao ver meu pai morto. —Como vou contar isso para Yaffa? —Pergunto sem chão. —O pai dela matou o meu pai! —Falo descontrolada.


—Calma, Anippe! —Miriã pede ao me ver processa.


—NÃO QUERO ME ACALMAR! —Meu grito assusta todos. Todos menos Moisés.


—Eu não sei o que dizer para você agora, Anippe. Isso foi uma fatalidade, eu sei bem disso. Mas você deve seguir firme em sua fé. —Moisés fala ao segurar minhas mãos. —Hur foi um ótimo pai, um ótimo marido, mas esse foi seu fim.


—Como vou contar isso para Bezalel? —Pergunto assustada. —Uri morreu e agora meu pai! Como que isso foi acontecer? Por acaso Deus quer me ensinar algo com tantas perdas? —Questiono. Moisés então me abraça novamente como forma de consolo.—Eu não posso com tudo isso!


—Claro que pode. Deus não te daria uma missão a qual você não suportasse! —Moisés fala me passando esperança é fortalecendo minha fé. —Volte para o Egito e ajude nossa mãe.


—Depois volte para entrar conosco na terra prometida. —Arão fortalece e então vou até ele. Nos olhamos por alguns segundos enquanto tento achar as palavra certas, mas eu apenas o abraço firme. —Vai ficar tudo bem. Você logo vai ver sua mãe, vai saber como ela está e então vai voltar.


—Prometo que iremos entrar em Canaã juntos, Anippe. —Moisés fala ao pôr sua mão em meu ombro. —Eu te prometo isso.


—Não me prometa nada. —Falo infeliz e então dou as costas para o meu irmão. Passo por Arão e Miriã, começo a correr pelo acampamento enquanto choro.


—Anippe! —Ouço Chibale me chamar. Eu então procuro por ele, e então me deparo com ele ao meu lado. —O que aconteceu? —Ele pergunta enquanto choro. —O que foi, Anippe? —Ele pergunta mais uma vez e então me abraça. —Está com saudades de casa? —Sua pergunta me faz chorar ainda mais.


—Meu pai morreu. —Revelo infeliz e então Chibale me olha incrédulo. —Eu não sei o que pensar. Não sei o que fazer. Eu quero o meu pai, Chibale...


—Fique calma! —Chibale pede assustado por mim. —Eu sei que você está com medo, mas não se pode mudar o rumo das coisas.


—O pior de tudo é que Amun matou o meu pai. —Minha revelação choca Chibale ainda mais. —Eu não sei como vou olhar para Yaffa depois disso, Chibale.


—É embaraçoso. —Chibale fala agora mais calmo. —E sua mãe? A rainha está bem?


—Isso é o que eu não sei. —Falo. —Mas conhecendo minha mãe, ela deve ter ficado entre a vida e a morte. —Falo ainda soluçando. —Eu tenho que voltar para o Egito.


—Como assim? —Chibale pergunta confuso. —Vai me deixar?


—Isso já passou, Chibale. —Minhas palavras ferem Chibale. —Você foi meu amor de infância, apenas isso.


—Apenas isso? —Chibale pergunta incrédulo. —Anippe...


—Eu amo outra pessoa. —Falo surpresa comigo mesma. —Eu não sabia o que era amor. Até agora não sei bem, mas eu tenho certeza que eu e você confundimos amor com amizade. —Minhas palavras são duras até para mim mesma. —Sinto muito se te dei falsas ilusões.


—Me perdoe. —Chibale pede. —Você acabou de perder seu pai e eu sendo egoísta.


—O egoísmo move o mundo. Se eu não tivesse sido egoísta, e ido para Philae, eu teria atormentado meu pai. Mas foi lá que eu vi que era hebréia, que meu povo era o povo de Israel. —Falo. —Mas eu não te amo, Chibale. —Me arrependo amargamente por ser tão franca. —Eu não fui feita pra amar você, nem qualquer outra pessoa.


—Como não? —Ele indaga furioso. —Você se interessou por outro?


—Não. —Minto ao lembrar-me de Zion. —Me desculpe se te dei falsas esperanças. —Peço antes de dar as costas para Chibale. Não ouço mais a sua voz, no entanto sei o quanto magoei Chibale.


Eu precisava mesmo esquecer o que aconteceu, Chibale não é o amor da minha vida. E mesmo que fosse, seria apenas o meu amor de infância. Desde que sai do Egito, notei o quanto fútil eu era. Até mesmo os meus sentimentos eram manipulados por uma parte de mim que eu mesma desconheço.


Flash Back On


—Não é adequado para a alteza ficar sozinha com o filho do cozinheiro real. —Chibale fala me fazendo rir.


—Não estamos fazendo nada de mal. —Falo risonha ao ver o quanto ele está nervoso. —Não precisa ter medo de mim.


—A princesa é prima do futuro rei, irmã do príncipe Djoser, sobrinha e neta de faraós. —Chibale fala ainda mais nervoso. —Aliás, também é tia do meu melhor amigo.


—Por favor. —Peço. —Assim me faz sentir bem mais velha.


—Desculpe, essa não foi minha intenção. —Fala educadamente e então eu vou até ele. —Você é bela, muito bela. Mas não sou digno de sequer ter sua amizade. —Chibale fala e eu abaixo o olhar. —Querendo ou não, vossa alteza vem de uma família nobre. Mesmo com origens hebréias. E com o respeito que tenho pela sua conduta, não posso me envolver.


—Chibale! —Falo risonha e em seguida começa a rir.


—Mas não posso negar que tem um belo sorriso. —Chibale fala ao olhar bem para mim.


Flash Back Off


—Isso é demais para mim. —Falo em relação a tudo que penso agora. —Não era para eu ter saído do Egito. —Uma revolta começa a brotar dentro de mim. —Eu não sou desse povo, Canaã não é minha casa. —Falo ao olhar bem para tudo ao meu redor.


É como se eu tivesse voltado a pensar como antes. Como se eu estivesse me rebelando, ou melhor, como se eu estivesse acordando de um falso sonho. Estou vazia, algo falta em mim. Bem que dizem que toda perda gera um vazio na alma. Mas na verdade eu não sinto esse vazio pelo meu pai, eu sinto por mim mesma. Eu poderia ter feito algo se estivesse no Egito. Eu salvei a vida dele e consequente a da minha mãe quando Jahi tentou matar minha mãe. Meu pai se colocou na frente dela por amor, assim como eu fiz. Não pensei duas vezes antes de fazer aquilo, se tratava do meu pai que estava disposto a dar sua vida pela minha mãe, assim como eu estive disposta a dar a minha pela dele. Mas isso não adiantou nada. Jahi morreu, Yunet também. Mas o destino levou Amun para o palácio e assim tudo foi em vão. Maldita hora em que Amun voltou para o palácio!


Flash Back On


—O que foi Anippe? —Meu pai pergunta ao me ver quieta. —Sua mãe lhe colocou de castigo?


—Não, papai. —Falo com a mão em frente à minha boca. —Eu acho que estou doente.


—Doente? —Meu pai pergunta assustado e vem até mim que estou em minha cama. —O que você tem?


—Não sei. Eu tentei falar para minha mãe, até tentei falar para os meus irmãos, mas eu não entendo porque meu dente está balançando. —Falo de uma vez e meu pai começa a rir.


—Seu dente não está balançando, ele está apenas mole e vai cair. —Meu pai fala, me assustando. —Quando ele cair, outro vai nascer.


—Mas eu vou ficar feia. —Falo fazendo meu pai rir mais uma vez. —Vai doer quando ele cair?


—Claro que não. —Meu pai fala. —Djoser já perdeu um dentinho, agora é sua vez.


—O senhor já perdeu algum? —Pergunto.


—Claro que sim, Anippe. Eu tinha a mesma idade que você, entre 6, 7 anos de idade. —Meu pai fala. —Me deixe ver isso. —Meu pai pede e então eu abro a boca. —Já está na hora de tirar ele daí.


—Simut disse que eu precisava de uma linha para puxar. Mas isso vai doer... —Falo e então meu pai sorri.


—Eu faço isso para você. —Meu pai fala ao pegar uma linha e me mostrar. —Ponha em volta do dente. —Ele pede e assim faço. —Agora me deixe enrolar a outra ponta no seu dedo... —Meu pai pede.


—ANIPPE! —Djoser grita e então me assusto. —Eu tava te procurando.


—Por quê? —Indago curiosa e então vejo meu irmão rir.


—Você tá sem dente! —Djoser fala ao apontar para minha boca. Ao passar a língua onde meu dente que estava mole, não o sinto mais. Logo olho para meu pai e ele me mostra o dente enrolado na linha.


—Viu? Nem doeu. —Meu pai fala enquanto Djoser vem até mim. —E não ficou feia como pensava ficar.


—Vão rir de mim. —Falo.


—Quem rir de você vai ter que se ver comigo. —Djoser fala e então sorrio confiante. —Vou pintar um dente meu com carvão.


—Como? —Meu pai pergunta confuso.


—Para ficar que nem a Anippe e ninguém caçoar ela. —Djoser fala e me faz rir confiante.


—Faça sempre por onde ajudar e proteger sua irmã, Djoser. Quando eu partir, você e Uri vão cuidar dela e de sua mãe. —Meu pai fala orgulhoso. —Pode fazer isso para mim, Djoser?


—Sim, pai. —Djoser afirma e então segura a minha mão. —Vem, vamos até Paser para ele te dar uma fórmula para seu dente crescer logo. —Ele fala e então vou com ele de mãos dadas.


Flash Back Off


—Anippe. —Ouço uma voz feminina me chamar baixo. Inclino meu corpo para a direita e então vejo Yaffa em minha frente. —Você já sabe, não sabe? —Yaffa pergunta demonstrando total infelicidade.


—Sim, eu sei. Sei que o seu pai matou o meu pai. —Falo de braços cruzados e olho para o céu.


—Djoser me enviou um papiro. —Yaffa fala e então vejo o papiro em suas mãos.


—Dizendo que vou voltar para o Egito? —Indago.


—Que nós duas vamos. —Yaffa fala e então eu puxo o papiro de suas mãos com veracidade. —Djoser pede para eu voltar para o Egito.


—Claro. —Falo para mim mesma. Djoser e Yaffa vão se casar, algo me diz que minha mãe pretende algo maior com isso. —E você vai voltar? —Indago curiosa.


—Claro que vou. —Yaffa responde. —Djoser está do lado certo. Meu pai é quem está errado.


—Tem certeza mesmo que quer ver seu pai ser condenado? —Pergunto irônica. Quem me garante que Djoser não vai fazer da vida de Yaffa um inferno? Meu irmão pode ser uma pessoa de boa índole, mas com raiva se torna outra pessoa.


(...)


—O que é? —Indago ao ver a escadaria e os arbustos verdes dos dois lados. —Aqui não é o Egito.


—Estamos no vale. —Uri fala ao meu lado. Está tudo deserto, apenas eu e ele. —Vale dos Lírios.


—Uri...


—Estamos na Núbia, Anippe. Você é a rainha da cinco coroas, precisa passar por aqui. —Uri fala enquanto olho para a escada.


Meu vestido vermelho escarlate acaba arrastando no chão, as mangas são maiores do que o de costume. Na verdade, eu deveria estar passando mal com o peso deste tecido. Mas o clima local não é quente, é um pouco frio. Uri me segue enquanto ando degrau por degrau. O vento corre pelo arvoredo como se fossem súditos, com isso sinto algo estranho sobre mim.


—Não pode passar. —Uri fala assim que tento subir mais um degrau e não consigo. —Não pode, Anippe.


—É ela. —Falo ao ver a mesma moça do meu sonho anterior subir a escadaria sem sequer olhar para mim e Uri.


—Ela entrará. —Uri fala e então fico incrédula. —Ela é a princesa da Núbia, protetora, assim como Gab.


—Filha de Gab? —Pergunto incrédula.


—Lyanna. —Uri fala o nome da moça e então a vejo sorrir enquanto anda. —Sua postura não te lembra nada?


—Ela tem o andar da minha mãe. —Falo ao ver Lyanna dar leves passos novamente. Seu cabelo negro vai até a sua cintura, leves cachos definidos e uma trança em meio aos fios de cabelo. Em seu colar há um broche, tento ver, mas não consigo.


—Criou a própria casa. —Uri fala orgulhoso. —Casa das Flores. Vê a coroa de flores?


—Minha mãe tinha uma idêntica. —Falo admirada.


—Lyanna nasceu para tirar tudo de você, Anippe. —Uri fala, me deixando incrédula. —Djoser é rei, Lyanna é a princesa protetora da Núbia e guardiã de Moa...


—Lyanna é nossa irmã? —Pergunto o interrompendo bruscamente ao entender tudo.


—Claro que é. Dos quatro filhos de nosso pai: Eu, o mais teimoso. Djoser, o mais obediente. Você, a filha que desejou liberdade. E Lyanna, a mais amável, ela, a mais nova, herdou os traços da tribo de Judá. Cabelos e olhos negros, mas feroz como o leão do estandarte.


—Ramsés I era do sangue de leão. —Falo ao lembrar do pai de meu avô, Seti.


—Então...


—Então Lyanna é princesa protetora da Núbia? Como? —Indago.


—Isso, Anippe. Você vai ver... —Uri fala ao pôr sua mão em meu ombro. —Você precisa se unir a Djoser, ou vai acabar morrendo no deserto.


—Mas Djoser está longe. —Falo confusa.


—Você sabe onde encontrá-lo... —Uri fala e então olhamos para o enorme palácio farto de arvoredos. —Poder é poder, vocês três nasceram com isso. Com o fogo não se brinca, com os filhos da rainha Henutmire também não...


—Anippe. —Ouço alguém chamar por mim e então acordo assustada. Sonhei com Uri novamente, algo meu irmão quer me falar. —Vim saber se você está bem. —Miriã fala fala preocupada ao meu lado como meu pai fazia de costume quando eu era criança.

—Como acha que estou? —Respondo Miriã com outra pergunta.


—Não sei ler a mente da minha irmã. —Miriã fala me deixando confusa. —Eu sei que é estranho te chamar assim. Mas se você é irmã de Moisés, é quase uma irmã para mim.

—Tem medo de morrer estrangulada, Miriã? —Minha pergunta assusta a mulher. —É justamente isso que vai acontecer se você me chamar de irmã novamente. —Falo. Miriã acaba se assustando e então eu passo a olhar para ela com desdém. —Você não é minha irmã. Se caso a criança que minha mãe espera for uma menina, então eu terei uma irmã.


—Eu teria sido a sua mãe se Henutmire não tivesse se atravessado no meu caminho. —Miriã fala demonstrando seu rancor.

—Creio que não. Não acho que você seja capaz de gerar um filho. —Falo risonha. —Até mesmo minha mãe conseguiu gerar um filho em idade avançada.


—Eu sou mais nova que ela.


—E isso não te ajudou a casar com meu pai. —Minhas palavras ferem Miriã. —A verdade é que você seria um prêmio de consolação, mas graças á Yunet, Disebek morreu. Aquele desgraçado morreu para eu e Djoser nascermos. —Falo. —E agora, você continua sozinha. —Assim que falo Miriã parte para cima de mim com a intenção de me bater, mas eu acabo ferindo seu rosto com minhas unhas.


—Parem! Parem as duas! —Arão e Moisés falam ao mesmo tempo. Arão então me segura firme enquanto Moisés segura Miriã.


—Essa louca bateu em mim! Me solta, Arão! —Falo enquanto tento alcançar Miriã.


—Que garotinha impertinente! —Miriã fala endurecida. —Me deixa dar as palmadas que os pais dela não deram!


—Como ousa falar dos meus pais? —Pergunto ao me soltar dos braços de Arão e partir para cima de Miriã.


—ANIPPE! —Moisés grita ao ver que acabo jogando Miriã no chão e parto para cima dela com raiva.


—Vem cá, menina! —Arão pede ao tentar me tirar de cima da mulher, sem sucesso.


—Nunca mais fale dos meus pais, rabugenta! —Falo enquanto bato em Miriã, ela até tenta evitar, mas seu sedentarismo é maior. —Me solta, Moisés! Me solta ou eu bato em você também!


—Tira ela daqui! —Moisés pede para Arão levar Miriã. —O que aconteceu aqui, afinal? —Ele pergunta ao me soltar assim que Arão leva Miriã.


—Aconteceu que ela pediu para apanhar. —Falo estérica e então Moisés me olha assustado.


—Você se machucou. —Ele fala ao ver que meus braços estão arranhados.

—O que levou Miriã a brigar com você? Ela é mais velha, tem idade de ser sua mãe.


—Graças a Deus não é. Que coitado seria o ser que saísse de Miriã. —Falo antes se sair do local e me deparar com Miriã e Arão. Eu então prefiro sair da tenda, será melhor assim.


—Anippe? —Leila chama por mim ao me ver fora da tenda tão cedo. —O que aconteceu, menina? Você brigou com algum animal? —Ela pergunta.


—Foi Miriã. —Minhas palavras assustam Leila. —Ela falou dos meus pais e eu não pude evitar.


—Você está confusa, eu sei. —Leila fala em relação a morte do meu pai. —Mas não deve sair por aí brigando como uma selvagem sem educação. O que seu pai pensaria se soubesse que você agrediu Miriã?


—Ele morreu, não pode mais pensar. —Minhas palavras me fazem querer chorar. —Mas eu posso!


—Calma... —Leila pede ao segurar minhas mãos. —Bezalel também sente muito por tudo o que está acontecendo, Anippe. Todos nós, mas você não pode se revoltar com o mundo.


—Mas, Leila...


—Volte lá e peça desculpa para Miriã. —Leila pede. —Seu pai falaria isso, acredite.


—Mas meu pai morreu. Ele não sabe o que se passa. —Falo. —Eu só queria saber como a minha mãe deve estar com tudo isso.


—Quase louca. —Leila fala e então andamos juntas. —O amor deles foi muito forte, Anippe. Eu passei esses anos ao lado deles, cuidei de você e Djoser. E posso te garantir que nenhum homem irá amar outra mulher como seu pai amou sua mãe.


—Eu não entendo. Porque justo ele?


—Por que, mais cedo ou mais tarde, as pessoas morrem. É o ciclo da vida, Anippe. Daqui à vários anos seus filhos vão se perguntar a mesma coisa quando você partir. —Leila fala e então eu sinto lágrimas em meus olhos brotarem.


—Filhos? Eu? —Pergunto com a voz embargada. —Se for para ter filhos e fazê-los sofrer como sofro agora, não terei nenhum. —Falo ao soltar a mão de Leila e seguir em frente sozinha.


—Nunca vai saber o que é amor incondicional, aquele que seus pais sentiram ao ter você. —Leila fala enquanto ando em direção ao rio.


—Amor é um desperdício...


(...)


Flash Back On


—O que meu irmão tem? —Pergunto ao ver Djoser deitado ao meu lado.


—Também está com febre. —Minha mãe fala ao acariciar o meu rosto. —Mas vocês dois vão ficar bem.


—Verdade? —Pergunto ao direcionar meu olhar para meu pai.


—Claro que sim. —Meu pai fala ao colocar-se ao lado da minha mãe. —Eu e sua mãe vamos cuidar de vocês dois.


—Vamos ficar bem. —Djoser fala ao acordar e segurar minha mão. Sorrio ao ouvir a voz do meu irmão, assim como sempre fico aliviada.


—Tentem dormir um pouco. —Meu pai aconselha enquanto minha mãe põe o cobertor sobre mim e Djoser.


—Vão ficar aqui até amanhã de manhã? —Pergunto. Posso ver meu olhar junto ao de Djoser brilharem refletidos nos olhares de nossos pais.


—Vamos. —Minha mãe responde enquanto meu pai põe uma de suas mãos no ombro de minha mãe. —Agora durma, meu amor...


Flash Back Off


Choro dentro das águas do rio longe das mulheres que lavam roupas. Todas as vezes que lembro da minha infância, todas as vezes que lembro que meu pai morreu, choro ao ponto de sentir minha cabeça doer. Não pode ser! Porque justo o meu pai? Eu me lembro de quando parti do Egito, mas nunca pensei que fosse a última vez que iria ver meu pai. Lembro de Djoser, assim como também lembro que o ventre de minha mãe não estava perceptível. —Acabo entrando ainda mais no rio até as águas chegaram em meus ombros. Meus fios de cabelo vão afundado e então fico com o corpo imerso. —Se eu pudesse voltar no tempo e abraçar meu pai pela última vez, eu faria isso.


Acabo sendo levada por uma correnteza forte do rio e com isso não consigo nadar. Ouço alguém me chamar, não pode ser uma das mulheres que lavam suas roupas por perto, a voz é masculina. Tento nadar contra a correnteza, mas ela é mais forte, como se me puxasse para o fundo cada vez mais. —Sinto meu cabelo já crescido flutuar como fitas loiras pela água enquanto me debato na água. Meus braços cansandos começam a falhar enquanto fico sem ar. —Água entra em minhas narinas e então sou levada aos poucos. Seguro na barra do meu vestido alaranjado com força tentando esquecer a dor, mas como esquecer se estou sendo levada pelas águas? —Fecho os olhos já sentindo o gosto da morte e espero ansiosa por ela.

Sinto algo envolver minha cintura e me carregar suavemente para o alto, talvez eu esteja delirando. Certamente estou, já não sinto o tato e o ar em meus pulmões. A água salgada entra pelas minhas narinas e invade meus pulmões, com isso vou perdendo a consciência. —Sinto mechas do meu cabelo flutuarem pelo meu rosto enquanto algo me puxa. —Meu corpo já começa a pesar..


—Anippe... —Ouço alguém me chamar enquanto levo leves batidas em meu rosto. Tento sentir a água em meu rosto, mas nada sinto além do ar quente.


Tento abrir a boca, mas é como se o rio estivesse todo dentro de mim. Tento abrir os olhos, mas minha cabeça dói e então sinto algo oprimir meu tórax. A força feita me faz abrir os olhos e ter força o suficiente para colocar toda a água para fora. Respiro ofegante enquanto alguém faz carícias em meu rosto. Tento ver quem é, mas a única coisa que vejo é a túnica negra.


—Quem é você? —Pergunto ao ver que é um homem. Mas seu rosto está coberto pelo negro de sua roupa. Acabo fechando os olhos novamente e então o homem se levanta. —Espere. —Peço ao vê-lo partir, mas ele segue sozinho. Tento me levantar. Mas ainda estou muito debilitada e acabo dormindo na areia.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Olha ele por aqui...



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Coração De Seda" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.