Assassin's Creed: Omnis Licitus escrita por Meurtriere


Capítulo 5
Black Flag... Black Blood... Black Words




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A amizade de Jenny e Ana se fortaleceu ao longo das visitas, estas se tornaram diárias ao fim do dia. O corpo da jovem Kenway ficou mais forte com seus braços mais resistentes e pernas mais flexíveis. Saltando de telhado em telhado a menina descobrira uma infinidade de segredos, desde os mais supérfluos a pequenos golpes familiares. Ao fim de cada jornada ela contava tudo à amiga que iniciou um diário com todas aquelas informações, pois Jenny a convencera de que um dia aquelas informações poderiam ser úteis.

Os anos se passaram rapidamente. Jenny agora tinha quatorze anos, Haythan tinha oito e Edward adentrava sua quarta década de existência. Ainda forte, ainda malandro, ainda um assassino. Adewale, seu velho amigo e contramestre havia mandado uma carta com nomes de lordes financiadores da escravidão e do tráfico entre a África e a América. Comprometido em ajudar o amigo nessa questão, Kenway foi atrás do nobre inglês Lancaster.

Para o ex-pirata o pior tipo de homem era aquele que não ousa sujar as mãos nos próprios negócios, age por trás de comandados e nunca se revela, ou mesmo o próprio nome como mandante é um segredo para os que operam seu trabalho. Homens que para Edward não passavam de covardes. O assassino conseguira descobrir que o tal lorde estaria em reunião com outros de sua classe para discutir exatamente sobre os negreiros que rumavam para a América do Norte naquele exato momento.

O casarão era imponente se comparado aos vizinhos, pequenos palacetes construído com dinheiro proveniente das explorações coloniais. Havia varandas que davam para o jardim logo atrás da construção. Lá seria seu esconderijo. O sol iria se por logo e assim que a sombra lhe cedeu auxilio, ele desceu pela lateral da mansão, correu até o jardim e lá se escondeu entre a vegetação de um carvalho robusto. Com a visão limpa e direta para a varanda a frente, ele aguardou.

Não tardou para que chegassem os convidados, homens de meia idade, podres de rico, trajando suas roupas bem alinhadas e sapatos lustrosos. Por sorte, aquela varanda dava acesso ao que parecia uma sala de reunião ou pesquisa. Com uma longa mesa retangular disposta bem ao centro do cômodo, os três homens se sentaram e logo iniciaram as conversas. Chá fora servido por uma jovem no momento do por do sol. Lancaster caminhou até a varanda e inspirou.

– O sol nunca se põe na magnífica Inglaterra. – Ele pronunciou todo orgulhoso de si.

Edward preparou sua zarabatana com um dardo mortal, envenenado, ajustou a mira, levou a arma à boca e tomou fôlego. Um baque tirou a concentração do loiro. Lancaster olhou para o telhado e praguejou.

– Malditos gatos! Tornaram-se uma praga para Londres.

Kenway fitou a sombra que corria rumo o telhado vizinho. Era ágil e pequeno. Lancaster adentrava novamente e sentara-se em uma das cadeiras. O assassino praguejou e descontente com a interrupção pôs atrás daquela “sombra”. Saltou sobre uma carroça de feno e lá escalou pela parede até ganhar os telhados. Seu alvo já estava há uns duzentos metros à frente. Ele sorriu, fazia algum tempo desde a última corrida que tivera e viu ali a oportunidade de esticar as pernas. Lançou-se no encalço daquele ser misterioso. Edward não tinha ciência de outro assassino em Londres. Talvez Adewale desembarcara aqui? Mas por que não o teria contatado? E se fosse um templário? Bom, Kenway tinha conhecimento de que era de grande interesse templário as colonizações, ter o poder sobre outros povos e outras terras. Se fosse um templário, escolhera o local e hora errada para aparecer. O ex-corsário já havia diminuído para metade a distância e com o intuito de evitar que fosse percebido, desceu em um beco ao nível da rua e acompanhou com os olhos o caminho que seu alvo percorria. Até que este entrou na sua casa, pela janela do quarto de Jenny.

Sem se importar com nada, voltou a correr, pelo meio da rua, empurrando que estivesse a sua frente. Sua filha corria perigo, sua família podia estar nas mãos de um templário. Abriu violentamente a porta da própria casa, seguiu rumo às escadas e ascendeu até os aposentos de sua família. Sem bater ou pedir licença ela escancarou o quarto da menina. Seu coração bateu, seu queixo caiu e seus movimentos congelaram.

Jenny estava com a capa do fugitivo em mãos, ainda trajava as calças e sapatos. Estava suja e empoeirada, os olhos arregalados e sua respiração era a única coisa que a diferenciava de um estátua. O loiro fechou a porta atrás de si calmamente.

– Jenny, o que é essa roupa em suas mãos?

Ela olhou para os trapos, olhou ao pai, olhou o chão e o respondeu.

– São só umas roupas velhas que estava experimentando.

– Por quê? – Ele se aproximou da menina que agora era apenas alguns centímetros mais baixa que ele. – Por que está toda suja?

Ela correu um dedo pelo rosto da menina, retirando uma mistura de suor e poeira que lhe enegreciam a face.

– Diga-me Jenny, por que estava correndo por cima dos telhados?

– Porque é o que eu mais gosto de fazer. – Ela disse de uma vez.

– Você me desobedeceu! – Ele parou atrás da filha. Ainda incrédulo. – Me diga que não tem feito isso desde a chegada de James.

Silêncio. O loiro foi para frente dela e a segurou pelos braços. Seus passos estalaram sobre a madeira do assoalho. Era uma noite tranquila de um modo geral. Exceto para eles, pai e filha.

– Por que não acreditou em mim quando disse que isso era perigoso? Eu já menti a você antes Jenny?

As lágrimas desceram pela face da menina, limpando a sujeira que encontrava no caminho.

– Não pode tomar essa vida para você. Já é uma dama e precisa agir como uma agora.

– Queres que eu me case com um lorde também? – Ela retrucou triste, mas inconformada.

– Não. Não mando em seu coração. E ninguém nunca mandará, só quero que fique segura. – Como um ex-capitão, Edward sabia que desobediência a suas ordens deviam ser punidas ou não haveria um motivo para segui-las e ainda que seu coração se apertasse em dizer aquilo, ele finalizou. – Sei que Tessa não é sua mãe e que não há grandes motivos para compartilhar seu dia com ela. Por isso irei negociar para que se torne dama de companhia daquela sua amiga. Ana. – Ele a havia soltado e a fitava firmemente. – Eu conheço muito mais pessoas em Londres do que você possa imaginar e se eu souber que você esteve no telhado de quem for novamente, então serei obrigado a te mandar para a casa de seus avós.

No dia seguinte Jenny arrumou as malas e partiu para a casa de amiga. Esta era única coisa boa em tudo aquilo, passaria todo o dia na companhia da amiga e longe de Tessa e Haythan. Por outro lado isso custaria horas de diversão da sua vida, que seriam prontamente trocadas por horas de aprendizado.

– DIAS DEPOIS -

Edward bebia seu quinto copo de rum em uma taberna podre no porto, mas especificamente na parte suja do porto. Local usada por pescadores pobres que deixavam seus barcos, ou o que eles consideravam barcos. Suas roupas estavam sujas e suadas, sua barba compartilhava do mesmo estado. A cabeça baixava escondia sua feição e quando sentiu uma mão sobre o ombro empunhou sua lâmina escondida quase perfurando seu amigo Adewale.

– Está ficando descuidado. – Advertiu o ex-escravo ao amigo enquanto sentava-se ao seu ladoo.

– Sua viagem demorou mais do que o avisado.

– Sabe muito bem que o mar adora pregar peças. – Adewale sorriu, mas seu amigo tomou mais um gole. – O que tens te afligido?

– Jenny.

– Sua filha? O que houve com ela?

– Ainda nada. – O loiro fitou seu ex-contramestre. – Lembra quando me disseram para ser cuidadoso, pois me viram a luz do dia? - O caribenho assentiu. – Era Jenny.

– Parece que ela herdou muito mais do que a paixão pelo mar.

Se o olhar de Edward fosse fatal certamente seu amigo estaria morto naquele momento.

– Não pode culpa-la. Está no sangue.

– Uma herança maldita, um sangue assassino.

– Sangue assassino... Tenho certeza que daqui a centenas de anos ainda usarão esse termo. Quem sabe seus bisnetos. – Kenway manteve-se em silêncio e tomou mais um gole. – O que fez a respeito?

– A mandei para longe de mim. Achei que ficaria mais segura.

– E quanto a Haythan e Tessa?

– Haythan está comigo, treinando.

– E por que não treina ela? Conheceu Mary e Bonney, eram boas assassinas.

– Eram... Mary morrera presa após dar a luz, nunca conheceu o filho.

– E Bonney?

James o olhou, pensou e bebeu mais. Adewale riu, sabia que o capitão tivera e provavelmente ainda tinha algum sentimento pela ruiva. Sentimento que era recíproco, mas Bonney amava mais o mar e a liberdade. Não nascera para usar vestidos em Londres e ir à ao teatro.

– Não tenho notícias delas há anos.

– Tenho certeza que está bem. Manteve Jenny em Londres? – O amigo assentiu, embriagando-se ainda mais. – Sente falta dela ou sente remorso por estar intimamente orgulhoso dela?

– Vá embora.

– Pelo que vejo ela aprendeu mais sozinha do que Haythan aprendera todo esse tempo.

Edward se levantou, seu copo virou sobre o balcão, a garrafa de rum se espatifou no tablado e sua mão agarrou a gola do amigo fortemente.

– Não me obrigue a quebrar essa merda de taberna juntamente com a sua cara.

Adewale se desvencilhou do loiro, arrumou os trajes e deu as costas a ele.

– Voltamos a nos falar quando estiver sóbrio.

– DOIS ANOS DEPOIS -

Já se passaram dois anos desde que Jenny fora morar com Ana e nesse meio tempo poucas vezes vira o pai e nunca mais vira o meio irmão ou Tessa. Elas estavam se arrumando, o dia acabara de raiar em Londres e ainda meio sonolentas permitiram a entrada de uma serva que estava agitada ao bater a porta.

– Entre... – Ane dissera enquanto se erguia da cama.

Jenny se encarava diante do espelho.

– Minha senhora. – A senhorita abaixara a cabeça para Ane e engoliu a seco. – Tenho uma mensagem urgente para a senhorita Kenway.

Jenny se virou e passou a fitar a serva esperando a tal mensagem.

– Sinto e lhe dizer, mas seu pai foi encontrado morto.


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