Assassin's Creed: Omnis Licitus escrita por Meurtriere


Capítulo 43
A Condenação


Notas iniciais do capítulo

Aqui está o segundo capítulo desta semana um tanto quanto atípica. Agradeçam à Badwolf por isso rs. Mas sei que ainda estou em dívida, espero sanar isso na sexta ok? Mais uma vez, espero que apreciem.



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Quando Jenny abriu seus olhos, sua visão mostrou-se turva, levando alguns instantes para que se ajustasse e percebesse qualquer coisa com clareza.  O balanço do navio era suave e ela testou seus músculos ao fechar as mãos e esticar as pernas, ainda que com certo formigamento ela obteve boas respostas dos membros. Lentamente, a loira virou sua cabeça de um lado para outro e não reconheceu aquele lugar. Era amplo e possuía meia dúzia de camas, mas só havia ela ali e um homem em pé mexendo em pequenos recipientes de vidro em um canto.

A Kenway ergueu-se por sobre os cotovelos com um pouco de dificuldade ainda, ela não sabia por quanto tempo estava desacordada, mas sabia que por mais tempo do que deveria. A movimentação chamou a atenção do homem misterioso que se virou e tão logo viu a jovem se levantar, correu para seu lado.

— Você acordou... Como se sente? – Perguntou-lhe em inglês.

Simon observava seus braços e sua face com atenção em busca de seu próprio diagnóstico quanto a recuperação da única paciente que ainda lhe restava.

— Quem é você e onde estamos?

Por sua vez, a loira ignorou a pergunta feita a si para ela própria realizar suas perguntas, pois não importava o tempo e seu estado, ela sempre teria a personalidade forte de quem pergunta e não de quem responde. Ainda sim, fazia tanto tempo que ela não usava seu inglês que mal conseguiu pensar nas palavras certas.

— Meu nome é Simon e eu sou médico. Estive cuidando de você nos últimos cinco dias.

— Estive dormindo nos últimos cinco dias?

— Sim. Você teve uma grande perca de peso e uma desidratação grave, por isso seu corpo estava a beira dos limites da vida quando os resgatamos.

Jenny limitou-se a fitar o homem que tinha o cabelo bem alinhado, barba feita e um bigode negro, seu semblante muito lhe lembrava o de um inglês.

— Resgataram o Vingança da Rainha Elisabeth... E onde estão os outros doentes?

— Provavelmente a caminho de Portugal. Irei chamar o capitão para lhe por a par dos assuntos que não tangem a medicina. Também pedirei um pouco de caldo.

Simon a deixou sem a menor preocupação com o fato de sua paciente estar completamente sozinha. Jenny aproveitou para testar suas pernas, pondo-se de pé logo após a saída do homem, mas não fosse o auxílio da cama para lhe segurar estaria caída sobre o solário de madeira.

Curiosa, seus orbes se atentaram à madeira que compunham a estrutura daquele lugar e notou ser madeira nova e de alta qualidade. Não havia sinal de mofo ou podridão em parte alguma ao alcance de sua vista. Nem mesmo teias de aranha pelos cantos das paredes. Entretanto, o som da porta a se abrir cessou sua análise e tomou sua atenção para o homem de barba e cabelo grisalho que se aproximava a passos lentos dela.

Jenny reconheceu de imediato seus trajes, pois eram típicos da marinha inglesa.

— Não posso dizer que é bom vê-la melhor.

A jovem espantou-se ao perceber que o capitão havia se referido a ela no feminino e não no masculino e só então ela sentiu falta de sua inseparável Hidden Blade. Eles a haviam descoberto então. Ela se manteve calada e aguardou até que o homem estivesse ao seu lado e prosseguisse.

— Mas, Simon é um médico extremamente competente e dedicou-se muito em seu tratamento. Talvez tenha se... Como posso dizer? Interessado em você. Mas fique tranquila, pois este é um navio de ordem e não permitirei esse tipo de divertimento entre meus homens com uma prisioneira.

— Por que sou prisioneira? – Questionou Jenny ao interromper o capitão.

— Você foi acusada pela morte do Duque Philip de Bourbon em alto mar.

— Philip de Bourbon era francês e vocês são nitidamente ingleses.

— De fato, mas Philip atuava como embaixador pela corte francesa em nosso país e fazia parte de nossa marinha. Sua morte nos trouxe alguns problemas diplomáticos. Levar você à forca pode amenizar os franceses que insistem em nos acusar de ter assassinado seu diplomata.

— Se meu destino é a forca, porque se deram ao trabalho de me manter viva?

— Simon fez um juramento de salvar vidas quanto as suas enfermidades físicas, mas ele nada pode fazer quanto seus males civis. Mas confesso que a ideia também não me agrada. Você será alimentada e periodicamente Simon irá averiguar quanto a sua recuperação para que esteja completamente saudável quando for enforcada em público pela morte de Philip de Bourbon.

— Então será um espetáculo aos franceses para mostrar o quão eficiente é a marinha inglesa em punir seus inimigos.

— É uma garota esperta. – Ele se virou para partir, contudo, com poucos passos à frente tornou a encarar a jovem. – A propósito, não preciso informar que está a bordo do HMS Soberano, assim como minha tripulação é composta por soldados armados e treinados. Por isso, sugiro não ousar nenhuma estripulia, além disso, sua arma foi encontrada pelos ajudantes de Simon e está confiscada comigo.

Desta vez ele lhe deu as costas e partiu sem Jenny dar uma única palavra em resposta, afinal não havia o que ser dito ou rebatido contra aquela acusação.

Simon retornou com um prato de caldo para Jenny que logo se deu conta do quanto estava faminta ao sentir o agradável aroma de carne e legumes.  O médico a observava devorar a comida vorazmente enquanto ele reprimia um singelo sorriso.

— Sinto muito por não poder lhe ajudar mais.

Jenny tirou os olhos de sua comida para contemplar os olhos atentos do inglês que parecia complacente quanto a sua situação. O silêncio pairou entre os dois por instantes até ela recomeçar a comer com um pouco mais de calma.

— Não estavam me procurando, estavam?

— Na verdade não. Suponho que se não fosse a boa memória de nosso capitão você poderia estar a caminho de Portugal a bordo do Vingança da Rainha Elisabeth.

— E como poderiam saber quem matou Duque Philip?

O bom médico ajeitou-se sobre a cama ao lado dela e prosseguiu. – Até onde sei alguns homens de sua tripulação sobreviveram e disseram ter visto você assassiná-lo com sua arma.

Ele apontou ligeiramente para o pulso direito dela e ela assentiu seriamente, entretanto antes que pudesse lhe responder algo, a porta da enfermaria se abriu e dois homens dali surgiram.

— Viemos levar a prisioneira. – Disse um deles friamente.

— Tão rápido? Mas ela ainda precisa de acompanhamento. – Retrucou Simon, se levantando e encarando os marinheiros.

— São ordens do capitão.

— Está tudo bem... – Jenny se pôs de pé e afastou o médico de seu caminho. – Agradeço por tudo que fez por mim.

Sem resistência ou reclamações, ela caminhou até a dupla de guardas e chegando nestes, um deles estendeu um par de grilhões para Jenny que logo cedeu os pulsos e teve os mesmos presos. Ambos a escoltaram por corredores e escadas para os níveis mais baixos do navio. A medida que desciam cada vez mais a luz tornava-se cada vez mais escassa. Por fim, o trio alcançou uma porta protegida por mais dois guardas que prontamente destrancaram a mesma e liberaram passagem para o interior de um corredor onde havia uma longa fileira de grades. Jenny logo percebeu que se tratava de uma sequência de celas.

Eles a levaram para dentro e abriram a primeira cela para só então retirarem seus grilhões e a empurraram para dentro. A Kenway fitou a cama e o balde de madeira ali dentro enquanto o som da tranca lhe indicava seu aprisionamento.

— Posso perguntar qual é o nosso destino? - Ela questionou, antes dos guardas se retirarem.

— Londres. Parece que mudamos nosso curso apenas por sua causa.

Respondeu um deles com rispidez para logo após cuspir ao chão com desprezo. Os dois guardas a deixaram e a porta que dava acesso ao longo corredor de celas foi trancada.

 Ao cair da noite, Jenny tentou obter dos céus qualquer informação quanto sua localização, mas a pequena e única janela de sua cela era baixa e pequena demais, a jovem por fim desistiu e se deitou para pensar no que fazer dali em diante.

Mesmo que sua prisão fosse a mais próxima da aparente única saída do local, Jenny nada conseguia ouvir e considerando o som dos ratos a caminharem ser o único que captava, era certo que aquela embarcação tinha apenas ela como prisioneira. Em algum momento da noite o som das chaves foi audível e um guarda de passadas pesada veio até sua cela com uma garrafa de barro.

Jenny nada disse durante o processo e assim que o guarda se virou de costas ela deixou a cama e se agarrou às grades para ouvir os resmungos do marinheiro.

— .... Isso é um desperdício, é o que acho.

— Tenha calma, Edgard. Afinal, ordens são ordens. – Comentou outra voz mais serena, possivelmente o outro guarda de plantão. – Além do que, é só uma garota. Não é como se fosse acabar nosso estoque de água e comida graças à uma boca a mais.

— Soube que o doutor solicitou comidas reforçadas a ela e até mesmo banhos de sol. Banhos de Sol? Nem em terra firma condenado algum tem tamanhas regalias.

— O doutor não entende das leis, apenas de remédios e doenças.

— O que ele entende, é que encontrou a bordo um delicioso buraco para enfiar o pau dele.

— Acha que ele possui esse tipo de intenções?

— Devo dizer que ela não tem o rosto mais bonito que já vi, está muito magra ainda e o cabelo curto não ajuda, mas minha cabeça de baixo não tem olhos.

O guarda caiu em gargalhada com o próprio comentário libidinoso enquanto Jenny se ojerizava com a mínima possibilidade dos pensamentos do homem se cumprirem. Contudo, o caso do médico poderia lhe ser útil, banhos de sol no mínimo lhe dariam boa ideia de localização e velocidade.  

Temerosa com o comentário obsceno do guarda, Jenny não conseguiu pregar os olhos e quando o mesmo homem veio lhe trazer um prato nojento de mingau, ela concluiu que se tratava de outro dia.

— O doutor sabe que estou recebendo isso para comer?

O guarda, que já deveria ter mais de três décadas de vida, apertou seus olhos ao passo que sua face ficava vermelha, a ponto de algumas veias ficarem nítidas em sua têmpora. Ele bufou e foi embora resmungando qualquer coisa.

A Kenway não tocou em seu desjejum e aguardou ansiosamente pelo momento que o médico iria vir vê-la. Tal momento não tardou para acontecer. O balançar das chaves já era sinal de que Jenny precisava se levantar para aguardar quem quer que viesse por aquela porta e desta vez era o bom doutor.

— Olá Jenny, como se sente hoje?

— Faminta, não consegui comer isso. – Ela indicou o prato de mingau de aveia que já pairava meio endurecido e quando Simon o viu fez uma leve careta.

— Acho que um pedaço de pão lhe servirá melhor. Não quero desajustar seu estômago agora.  E seus músculos? Ainda sente alguma dor?

— Não. Fico grata por alguém ainda se preocupar comigo.

Simon deixou escapar uma leve risada com sua resposta e continuou seu questionamento profissional. – Sei que parecerá sarcástica a minha pergunta, mas como foi sua noite? Conseguiste descansar?

A jovem olhou para os lados e constatando que apenas o doutor estava deste lado da porta, aproximou-se em suas roupas baratas de marujo e agarrou-se ás grades. Com os dedos ela indicou para o médico se aproximar e este por sua vez se espantou a princípio, mas rendeu-se ao chamado. Sorrateiramente, Jenny encosto os lábios na orelha de Simon e lhe cochichou.

— Diga-me doutor, quantas mulheres você pode contar em um raio de dez milhas? – Ele lhe acenou em negativa e assim a loira continuou. – Exatamente. Nenhuma mulher pode descansar tranquilamente em meio dezenas de homens que não veem uma saia há semanas ou meses.

— Não se preocupe quanto a isso. – Ele se aproveitou do mesmo artifício e cochichou ao pé do ouvido dela. - Nosso capitão é um homem correto e proibiu que alguém se aproximasse de você. Além de que ele não toleraria esse tipo libertinagem sob seu comando.

— Procurarei pensar nisso, mas se não lhe for pedir muito, poderia me informar por quanto tempo mais essa viagem se estenderá?

— Sinto em não entender de assuntos navais, mas se isso lhe trouxer algum conforto, então posso ir atrás dessa informação.

— Eu fico muito agradecida.

Jenny lhe deu um beijo na face e se afastou da grade sorrindo para Simon que parecia levemente abobalhado com a atitude da jovem. Contudo, notando estar passando mais do que tempo necessário para fazer sua avaliação, ele partiu agindo como se nada incomum tivesse acontecido.

Outro prato com pão e um pedaço do que Jenny concluiu ser peixe lhe chegou à cela, mas carregada já por outro guarda que pareceu indiferente para sua refeição. Ela se deliciou com o simples banquete, pois ela sabia que em breve precisaria estar com o máximo de suas capacidades físicas caso quisesse escapar da forca.

Para sua infelicidade os banhos de sol nunca chegaram e assim a Kenway ficava dependente das poucas informações que Simon conseguia sobre a viagem: localização, velocidade, reservas etc. Todavia, a jovem recuperou o peso e conseguiu ao longo dos dias exercitar braços e pernas o máximo que pôde naquele espaço tão limitado. Em semanas ela estava completamente saudável e curada, mas ainda sim Simon manteve as visitas à sua cela para curtas conversas

— É mesmo verdade Simon? Chegaremos ao porto londrino amanhã?

A loira, que já tinha as madeixas na altura dos ombros, estava quase saltitando do outro lado da grade e o médico já não fazia questão de esconder seu sorriso tímido. Depois de semanas o boato de que o médico e a prisioneira estavam prolongando o relacionamento para além dos campos medicinais já era banal. A princípio um alvoroço se fez, pois, dezenas de homens acharam injusto que apenas o doutor pudesse se aprouver do único par de pernas feminino a bordo. Dado isso, as visitas deixaram de ser diárias para semanais e há pouco mais de uma vintena de dias, passaram a ser quinzenais.

— Mas Jenny, não consigo entender o porquê de tamanha felicidade se sabes o que te aguarda quando chegarmos.

— Ficar aqui apenas prolonga minha espera para o mesmo destino e nunca fui uma pessoa muito paciente. Além disso, a França é tão orgulhosa quanto a Inglaterra e possivelmente exigirá um julgamento na corte deles, onde posso ainda tentar alguma defesa em meu nome.

— Eu não deveria dizer isso, mas espero que não conheças seu fim na forca e nem tão cedo.

— Obrigada por tudo Simon.

Jenny suspeitava que se não fosse sua já anunciada condenação a morte, o médico nutriria fortes esperanças com ela. Mas no fim ele nunca tentou nada e ela nunca passou de um beijo na face por entre as grades de sua cela. Haviam feridas muito recentes em seu coração e não havia espaço para mais ninguém ali. Ao menos por enquanto.

Naquela noite, Jenny conseguiu ouvir o som de passos e uma agitação anormal nos níveis acima. De certo estava havendo comemorações para o desembarque eminente e tudo ia bem até o tilintar das chaves lhe anunciar alguma visita inesperada. A Kenway se ergueu em um salto e com o auxílio de uma lamparina no corredor pode ver dois homens se aproximarem da tranca de sua cela. Um deles era o guarda que sempre reclamava de como sua comida era melhor que a dele, Edgard.

— Hey garota, eu ouvi dizer que quando os Romanos tomavam um novo território cada mulher do local saciava dois romanos ao mesmo tempo. Espero que você aguente o mesmo depois de ser alimentada tão bem. Parece ser forte o suficiente para suportar nós dois.

— Você está bêbado e não sabe o que está dizendo, se o capitão lhe ouvir certamente irá punir vocês. – Ela retrucou de maneira calma, mas apreensiva internamente.

— Você não entende garota. – Disse o outro que era desconhecido a ela. – Esta é nossa última noite a bordo e amanhã não seremos mais subordinados desse capitão. Logo, suas ordens não significam mais nada para nós.

O homem a qual Jenny estava vendo pela primeira vez já abria o cinto enquanto o outro destrancava suas grades. Ambos eram grandes e largos, pesando mais de cem quilos cada um.

— Tenho certeza que crimes em alto mar não serão esquecidos em terra firme.

A Kemway suava e ainda tentava de forma amigável encerrar com aquela loucura. Mas nenhum deles tinha sanidade mental para freá-los e simplesmente ignoraram suas palavras.

— Eu seguro ela enquanto você vai primeiro. Quero olhar nos olhos dela quando ela chorar de dor. – Disse Edgard ao desconhecido.

Jenny fechou os punhos e levantou guarda, o que fez a dupla parar por instantes e rir da tentativa, a princípio vã, de se defender dela.

— Eu vos asseguro que irão se arrepender disso.

— Eu pago para ver.

Edgard partiu para cima de si e lhe segurou ambos os pulsos, pois ainda que Jenny tenha se esforçado em recuperar sua força, de certo, sua agilidade estava seriamente enferrujada e por isso o homem lhe jogou sobre a cama com facilidade. Ela debatia as pernas a fim de afastar o outro, mas ele as segurou juntas para lhe limitar os movimentos. Com uma mão ocupada em seus tornozelos, a outra ele levou até as calças dela e a desamarrava para por fim puxá-la e largar a peça por sobre o lençol da cama. Assim ele o fez, deixando a menina nua do quadril para baixo. O homem salivou e voltou a segurar cada perna com uma mão enquanto ela insistia em se debater, forçando tanto pernas quanto braços logo seu quadril remexia-se freneticamente.

— Mas que porra! Ela não para quieta, melhor apagar de uma vez por todas. – Disse o desconhecido.

— Não! Eu a quero ouvir gritar!

— Então segure o corpo dela também. Não consigo mirar.

— Você é um bêbado mesmo!

O primeiro guarda uniu os braços de Jenny pelo pulso, contudo isso aproximou mais seu próprio braço dela e aproveitando a oportunidade ela ergueu a cabeça o máximo que pôde e mordeu o braço peludo do homem. O sangue quente encheu sua boca enquanto o grito de dor seus ouvidos.

Imediatamente o homem lhe soltou e a breve brecha foi o suficiente para ela aplicar um belo soco no estômago do segundo guardo. Logo, a loira estava livre, contudo ambos já se recuperavam e a cercavam. Ela cuspiu um pequeno pedaço de carne de sua boca e limpou o sangue de sua face com a manga de sua blusa.

— Sua maldita! Vai pagar por isso!

Jenny pegou suas calças sobre a cama e segurou-a com ambas as mãos, estando uma extremidade em cada mão. O segundo guarda voltou a investir contra si, mas a loira se defendeu com sua “corda” improvisada e conseguindo com sucesso desferir alguns socos por entre os movimentos confuso do tecido aos olhos do homem. Ele realmente estava bêbado demais e logo ficou tonto.

O outro homem avançou com o punho fechado a fim de lhe atingir um soco, mas ele era grande demais e isso o tornava lento para ela que tinha todo o corpo movido pela adrenalina. Ela desviou o suficiente para conseguir agarrar seu punho com uma das mãos e com a outra lhe atingir o cotovelo com a palma de sua pequena mão, mas de forma que a estrutura óssea dele não aguentasse o impacto.

Novamente ele gritou de dor e a Kenway aproveitou para lhe atingir um gancho bem colocado seguido por uma cabeçada no meio da testa dele que o derrubou de vez. O desconhecido gemia de dor com seu nariz quebrado em um canto e não apresentava mais risco a ela.

Jenny olhou para a cela e lá estava a sua liberdade. Quase sem acreditar, ela vestiu-se e olhou pelo corredor se havia mais alguém por perto e não havia ninguém. Ela passou pela porta destrancada e chegou as escadas em meio a escuridão. Silenciosamente ela subiu degrau por degrau e chegou ao outro nível um pouco mais claro.

Sua sorte acabou aí, pois atrás de si vinha um trio de marujos que logo a avistou e sinalizou sua fuga.

— Prisioneira fugindo! Soem o alarme.

A Kenway acelerou a sua frente, sem fazer ideia para onde corria e o que encontraria. Surgiu mais uma escada e ela subiu mais um nível enquanto o sino alertava todo o navio de sua fuga. Logo todos os marinheiros deixaram suas comemorações e passaram a caçar a jovem por todo o navio até que na praça das armas ela enfim foi cercada e rendida.

Eles a algemaram com grilhões e aguardaram o capitão chegar acompanhado do médico Simon. Todos abriram caminho para o homem de barba grisalha se aproximar de sua prisioneira e a confrontava furiosamente.

— Me diga como dois homens apareceram seriamente feridos em sua cela.

— Seus malditos homens foram lá com o intuito de desobedecer suas ordens. – O capitão estreitou os olhos e encarava os dela fixamente, parecia se decidir se deveria acreditar nela ou não. – Eles estavam bêbados.

Ele respirou profundamente por segundos, todos ao seu redor estavam em silêncio, pois assim como ele não sabiam o que pensar a respeito do que ela acabara de relatar e pior, não sabiam o que esperar de seu rígido capitão. Mas logo sua potente voz ecoou pelo segundo convés do HMS.

— Amarrem-na no mastro principal e nenhum homem mais irá dormir ou beber hoje. Punição pela desobediência de seus dois companheiros. – Houveram resmungos baixos, mas sem qualquer efeito sobre aquela decisão. – Simon, cuide daqueles dois idiotas.

O médico trocou olhares com ela antes de se virar e partir para cumprir suas obrigações enquanto Jenny foi levada até o convés aos empurrões e amarrada ao mastro principal sobre a fina chuva que caía. Em meio a névoa da madrugada, a Kenway conseguiu visualizar os primeiros contornos de Londres.


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Notas finais do capítulo

Ainda é muito cedo para Jenny dar chance ao seu coração novamente, portanto, não esperem por algo assim tão cedo.

A propósito, como não gosto de mencionar datas ao longo da fic acho interessante dizer aqui que estamos em 1746 na fic... Espero que isso seja uma dica importante.

E a pergunta permanece, como Jenny escapará da forca? Feito o sobrinho, o irmão ou o pai?

Alias, que família para se meter nesse tipo de situação rs. Enfim nos vemos no fds que vem e preparem-se pois lá vem muita coisa. Um beijo!



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