Assassin's Creed: Omnis Licitus escrita por Meurtriere
Notas iniciais do capítulo
Aqui está o segundo capítulo desta semana um tanto quanto atípica. Agradeçam à Badwolf por isso rs. Mas sei que ainda estou em dívida, espero sanar isso na sexta ok? Mais uma vez, espero que apreciem.
Quando Jenny abriu seus olhos, sua visão mostrou-se turva, levando alguns instantes para que se ajustasse e percebesse qualquer coisa com clareza. O balanço do navio era suave e ela testou seus músculos ao fechar as mãos e esticar as pernas, ainda que com certo formigamento ela obteve boas respostas dos membros. Lentamente, a loira virou sua cabeça de um lado para outro e não reconheceu aquele lugar. Era amplo e possuía meia dúzia de camas, mas só havia ela ali e um homem em pé mexendo em pequenos recipientes de vidro em um canto.
A Kenway ergueu-se por sobre os cotovelos com um pouco de dificuldade ainda, ela não sabia por quanto tempo estava desacordada, mas sabia que por mais tempo do que deveria. A movimentação chamou a atenção do homem misterioso que se virou e tão logo viu a jovem se levantar, correu para seu lado.
— Você acordou... Como se sente? – Perguntou-lhe em inglês.
Simon observava seus braços e sua face com atenção em busca de seu próprio diagnóstico quanto a recuperação da única paciente que ainda lhe restava.
— Quem é você e onde estamos?
Por sua vez, a loira ignorou a pergunta feita a si para ela própria realizar suas perguntas, pois não importava o tempo e seu estado, ela sempre teria a personalidade forte de quem pergunta e não de quem responde. Ainda sim, fazia tanto tempo que ela não usava seu inglês que mal conseguiu pensar nas palavras certas.
— Meu nome é Simon e eu sou médico. Estive cuidando de você nos últimos cinco dias.
— Estive dormindo nos últimos cinco dias?
— Sim. Você teve uma grande perca de peso e uma desidratação grave, por isso seu corpo estava a beira dos limites da vida quando os resgatamos.
Jenny limitou-se a fitar o homem que tinha o cabelo bem alinhado, barba feita e um bigode negro, seu semblante muito lhe lembrava o de um inglês.
— Resgataram o Vingança da Rainha Elisabeth... E onde estão os outros doentes?
— Provavelmente a caminho de Portugal. Irei chamar o capitão para lhe por a par dos assuntos que não tangem a medicina. Também pedirei um pouco de caldo.
Simon a deixou sem a menor preocupação com o fato de sua paciente estar completamente sozinha. Jenny aproveitou para testar suas pernas, pondo-se de pé logo após a saída do homem, mas não fosse o auxílio da cama para lhe segurar estaria caída sobre o solário de madeira.
Curiosa, seus orbes se atentaram à madeira que compunham a estrutura daquele lugar e notou ser madeira nova e de alta qualidade. Não havia sinal de mofo ou podridão em parte alguma ao alcance de sua vista. Nem mesmo teias de aranha pelos cantos das paredes. Entretanto, o som da porta a se abrir cessou sua análise e tomou sua atenção para o homem de barba e cabelo grisalho que se aproximava a passos lentos dela.
Jenny reconheceu de imediato seus trajes, pois eram típicos da marinha inglesa.
— Não posso dizer que é bom vê-la melhor.
A jovem espantou-se ao perceber que o capitão havia se referido a ela no feminino e não no masculino e só então ela sentiu falta de sua inseparável Hidden Blade. Eles a haviam descoberto então. Ela se manteve calada e aguardou até que o homem estivesse ao seu lado e prosseguisse.
— Mas, Simon é um médico extremamente competente e dedicou-se muito em seu tratamento. Talvez tenha se... Como posso dizer? Interessado em você. Mas fique tranquila, pois este é um navio de ordem e não permitirei esse tipo de divertimento entre meus homens com uma prisioneira.
— Por que sou prisioneira? – Questionou Jenny ao interromper o capitão.
— Você foi acusada pela morte do Duque Philip de Bourbon em alto mar.
— Philip de Bourbon era francês e vocês são nitidamente ingleses.
— De fato, mas Philip atuava como embaixador pela corte francesa em nosso país e fazia parte de nossa marinha. Sua morte nos trouxe alguns problemas diplomáticos. Levar você à forca pode amenizar os franceses que insistem em nos acusar de ter assassinado seu diplomata.
— Se meu destino é a forca, porque se deram ao trabalho de me manter viva?
— Simon fez um juramento de salvar vidas quanto as suas enfermidades físicas, mas ele nada pode fazer quanto seus males civis. Mas confesso que a ideia também não me agrada. Você será alimentada e periodicamente Simon irá averiguar quanto a sua recuperação para que esteja completamente saudável quando for enforcada em público pela morte de Philip de Bourbon.
— Então será um espetáculo aos franceses para mostrar o quão eficiente é a marinha inglesa em punir seus inimigos.
— É uma garota esperta. – Ele se virou para partir, contudo, com poucos passos à frente tornou a encarar a jovem. – A propósito, não preciso informar que está a bordo do HMS Soberano, assim como minha tripulação é composta por soldados armados e treinados. Por isso, sugiro não ousar nenhuma estripulia, além disso, sua arma foi encontrada pelos ajudantes de Simon e está confiscada comigo.
Desta vez ele lhe deu as costas e partiu sem Jenny dar uma única palavra em resposta, afinal não havia o que ser dito ou rebatido contra aquela acusação.
Simon retornou com um prato de caldo para Jenny que logo se deu conta do quanto estava faminta ao sentir o agradável aroma de carne e legumes. O médico a observava devorar a comida vorazmente enquanto ele reprimia um singelo sorriso.
— Sinto muito por não poder lhe ajudar mais.
Jenny tirou os olhos de sua comida para contemplar os olhos atentos do inglês que parecia complacente quanto a sua situação. O silêncio pairou entre os dois por instantes até ela recomeçar a comer com um pouco mais de calma.
— Não estavam me procurando, estavam?
— Na verdade não. Suponho que se não fosse a boa memória de nosso capitão você poderia estar a caminho de Portugal a bordo do Vingança da Rainha Elisabeth.
— E como poderiam saber quem matou Duque Philip?
O bom médico ajeitou-se sobre a cama ao lado dela e prosseguiu. – Até onde sei alguns homens de sua tripulação sobreviveram e disseram ter visto você assassiná-lo com sua arma.
Ele apontou ligeiramente para o pulso direito dela e ela assentiu seriamente, entretanto antes que pudesse lhe responder algo, a porta da enfermaria se abriu e dois homens dali surgiram.
— Viemos levar a prisioneira. – Disse um deles friamente.
— Tão rápido? Mas ela ainda precisa de acompanhamento. – Retrucou Simon, se levantando e encarando os marinheiros.
— São ordens do capitão.
— Está tudo bem... – Jenny se pôs de pé e afastou o médico de seu caminho. – Agradeço por tudo que fez por mim.
Sem resistência ou reclamações, ela caminhou até a dupla de guardas e chegando nestes, um deles estendeu um par de grilhões para Jenny que logo cedeu os pulsos e teve os mesmos presos. Ambos a escoltaram por corredores e escadas para os níveis mais baixos do navio. A medida que desciam cada vez mais a luz tornava-se cada vez mais escassa. Por fim, o trio alcançou uma porta protegida por mais dois guardas que prontamente destrancaram a mesma e liberaram passagem para o interior de um corredor onde havia uma longa fileira de grades. Jenny logo percebeu que se tratava de uma sequência de celas.
Eles a levaram para dentro e abriram a primeira cela para só então retirarem seus grilhões e a empurraram para dentro. A Kenway fitou a cama e o balde de madeira ali dentro enquanto o som da tranca lhe indicava seu aprisionamento.
— Posso perguntar qual é o nosso destino? - Ela questionou, antes dos guardas se retirarem.
— Londres. Parece que mudamos nosso curso apenas por sua causa.
Respondeu um deles com rispidez para logo após cuspir ao chão com desprezo. Os dois guardas a deixaram e a porta que dava acesso ao longo corredor de celas foi trancada.
Ao cair da noite, Jenny tentou obter dos céus qualquer informação quanto sua localização, mas a pequena e única janela de sua cela era baixa e pequena demais, a jovem por fim desistiu e se deitou para pensar no que fazer dali em diante.
Mesmo que sua prisão fosse a mais próxima da aparente única saída do local, Jenny nada conseguia ouvir e considerando o som dos ratos a caminharem ser o único que captava, era certo que aquela embarcação tinha apenas ela como prisioneira. Em algum momento da noite o som das chaves foi audível e um guarda de passadas pesada veio até sua cela com uma garrafa de barro.
Jenny nada disse durante o processo e assim que o guarda se virou de costas ela deixou a cama e se agarrou às grades para ouvir os resmungos do marinheiro.
— .... Isso é um desperdício, é o que acho.
— Tenha calma, Edgard. Afinal, ordens são ordens. – Comentou outra voz mais serena, possivelmente o outro guarda de plantão. – Além do que, é só uma garota. Não é como se fosse acabar nosso estoque de água e comida graças à uma boca a mais.
— Soube que o doutor solicitou comidas reforçadas a ela e até mesmo banhos de sol. Banhos de Sol? Nem em terra firma condenado algum tem tamanhas regalias.
— O doutor não entende das leis, apenas de remédios e doenças.
— O que ele entende, é que encontrou a bordo um delicioso buraco para enfiar o pau dele.
— Acha que ele possui esse tipo de intenções?
— Devo dizer que ela não tem o rosto mais bonito que já vi, está muito magra ainda e o cabelo curto não ajuda, mas minha cabeça de baixo não tem olhos.
O guarda caiu em gargalhada com o próprio comentário libidinoso enquanto Jenny se ojerizava com a mínima possibilidade dos pensamentos do homem se cumprirem. Contudo, o caso do médico poderia lhe ser útil, banhos de sol no mínimo lhe dariam boa ideia de localização e velocidade.
Temerosa com o comentário obsceno do guarda, Jenny não conseguiu pregar os olhos e quando o mesmo homem veio lhe trazer um prato nojento de mingau, ela concluiu que se tratava de outro dia.
— O doutor sabe que estou recebendo isso para comer?
O guarda, que já deveria ter mais de três décadas de vida, apertou seus olhos ao passo que sua face ficava vermelha, a ponto de algumas veias ficarem nítidas em sua têmpora. Ele bufou e foi embora resmungando qualquer coisa.
A Kenway não tocou em seu desjejum e aguardou ansiosamente pelo momento que o médico iria vir vê-la. Tal momento não tardou para acontecer. O balançar das chaves já era sinal de que Jenny precisava se levantar para aguardar quem quer que viesse por aquela porta e desta vez era o bom doutor.
— Olá Jenny, como se sente hoje?
— Faminta, não consegui comer isso. – Ela indicou o prato de mingau de aveia que já pairava meio endurecido e quando Simon o viu fez uma leve careta.
— Acho que um pedaço de pão lhe servirá melhor. Não quero desajustar seu estômago agora. E seus músculos? Ainda sente alguma dor?
— Não. Fico grata por alguém ainda se preocupar comigo.
Simon deixou escapar uma leve risada com sua resposta e continuou seu questionamento profissional. – Sei que parecerá sarcástica a minha pergunta, mas como foi sua noite? Conseguiste descansar?
A jovem olhou para os lados e constatando que apenas o doutor estava deste lado da porta, aproximou-se em suas roupas baratas de marujo e agarrou-se ás grades. Com os dedos ela indicou para o médico se aproximar e este por sua vez se espantou a princípio, mas rendeu-se ao chamado. Sorrateiramente, Jenny encosto os lábios na orelha de Simon e lhe cochichou.
— Diga-me doutor, quantas mulheres você pode contar em um raio de dez milhas? – Ele lhe acenou em negativa e assim a loira continuou. – Exatamente. Nenhuma mulher pode descansar tranquilamente em meio dezenas de homens que não veem uma saia há semanas ou meses.
— Não se preocupe quanto a isso. – Ele se aproveitou do mesmo artifício e cochichou ao pé do ouvido dela. - Nosso capitão é um homem correto e proibiu que alguém se aproximasse de você. Além de que ele não toleraria esse tipo libertinagem sob seu comando.
— Procurarei pensar nisso, mas se não lhe for pedir muito, poderia me informar por quanto tempo mais essa viagem se estenderá?
— Sinto em não entender de assuntos navais, mas se isso lhe trouxer algum conforto, então posso ir atrás dessa informação.
— Eu fico muito agradecida.
Jenny lhe deu um beijo na face e se afastou da grade sorrindo para Simon que parecia levemente abobalhado com a atitude da jovem. Contudo, notando estar passando mais do que tempo necessário para fazer sua avaliação, ele partiu agindo como se nada incomum tivesse acontecido.
Outro prato com pão e um pedaço do que Jenny concluiu ser peixe lhe chegou à cela, mas carregada já por outro guarda que pareceu indiferente para sua refeição. Ela se deliciou com o simples banquete, pois ela sabia que em breve precisaria estar com o máximo de suas capacidades físicas caso quisesse escapar da forca.
Para sua infelicidade os banhos de sol nunca chegaram e assim a Kenway ficava dependente das poucas informações que Simon conseguia sobre a viagem: localização, velocidade, reservas etc. Todavia, a jovem recuperou o peso e conseguiu ao longo dos dias exercitar braços e pernas o máximo que pôde naquele espaço tão limitado. Em semanas ela estava completamente saudável e curada, mas ainda sim Simon manteve as visitas à sua cela para curtas conversas
— É mesmo verdade Simon? Chegaremos ao porto londrino amanhã?
A loira, que já tinha as madeixas na altura dos ombros, estava quase saltitando do outro lado da grade e o médico já não fazia questão de esconder seu sorriso tímido. Depois de semanas o boato de que o médico e a prisioneira estavam prolongando o relacionamento para além dos campos medicinais já era banal. A princípio um alvoroço se fez, pois, dezenas de homens acharam injusto que apenas o doutor pudesse se aprouver do único par de pernas feminino a bordo. Dado isso, as visitas deixaram de ser diárias para semanais e há pouco mais de uma vintena de dias, passaram a ser quinzenais.
— Mas Jenny, não consigo entender o porquê de tamanha felicidade se sabes o que te aguarda quando chegarmos.
— Ficar aqui apenas prolonga minha espera para o mesmo destino e nunca fui uma pessoa muito paciente. Além disso, a França é tão orgulhosa quanto a Inglaterra e possivelmente exigirá um julgamento na corte deles, onde posso ainda tentar alguma defesa em meu nome.
— Eu não deveria dizer isso, mas espero que não conheças seu fim na forca e nem tão cedo.
— Obrigada por tudo Simon.
Jenny suspeitava que se não fosse sua já anunciada condenação a morte, o médico nutriria fortes esperanças com ela. Mas no fim ele nunca tentou nada e ela nunca passou de um beijo na face por entre as grades de sua cela. Haviam feridas muito recentes em seu coração e não havia espaço para mais ninguém ali. Ao menos por enquanto.
Naquela noite, Jenny conseguiu ouvir o som de passos e uma agitação anormal nos níveis acima. De certo estava havendo comemorações para o desembarque eminente e tudo ia bem até o tilintar das chaves lhe anunciar alguma visita inesperada. A Kenway se ergueu em um salto e com o auxílio de uma lamparina no corredor pode ver dois homens se aproximarem da tranca de sua cela. Um deles era o guarda que sempre reclamava de como sua comida era melhor que a dele, Edgard.
— Hey garota, eu ouvi dizer que quando os Romanos tomavam um novo território cada mulher do local saciava dois romanos ao mesmo tempo. Espero que você aguente o mesmo depois de ser alimentada tão bem. Parece ser forte o suficiente para suportar nós dois.
— Você está bêbado e não sabe o que está dizendo, se o capitão lhe ouvir certamente irá punir vocês. – Ela retrucou de maneira calma, mas apreensiva internamente.
— Você não entende garota. – Disse o outro que era desconhecido a ela. – Esta é nossa última noite a bordo e amanhã não seremos mais subordinados desse capitão. Logo, suas ordens não significam mais nada para nós.
O homem a qual Jenny estava vendo pela primeira vez já abria o cinto enquanto o outro destrancava suas grades. Ambos eram grandes e largos, pesando mais de cem quilos cada um.
— Tenho certeza que crimes em alto mar não serão esquecidos em terra firme.
A Kemway suava e ainda tentava de forma amigável encerrar com aquela loucura. Mas nenhum deles tinha sanidade mental para freá-los e simplesmente ignoraram suas palavras.
— Eu seguro ela enquanto você vai primeiro. Quero olhar nos olhos dela quando ela chorar de dor. – Disse Edgard ao desconhecido.
Jenny fechou os punhos e levantou guarda, o que fez a dupla parar por instantes e rir da tentativa, a princípio vã, de se defender dela.
— Eu vos asseguro que irão se arrepender disso.
— Eu pago para ver.
Edgard partiu para cima de si e lhe segurou ambos os pulsos, pois ainda que Jenny tenha se esforçado em recuperar sua força, de certo, sua agilidade estava seriamente enferrujada e por isso o homem lhe jogou sobre a cama com facilidade. Ela debatia as pernas a fim de afastar o outro, mas ele as segurou juntas para lhe limitar os movimentos. Com uma mão ocupada em seus tornozelos, a outra ele levou até as calças dela e a desamarrava para por fim puxá-la e largar a peça por sobre o lençol da cama. Assim ele o fez, deixando a menina nua do quadril para baixo. O homem salivou e voltou a segurar cada perna com uma mão enquanto ela insistia em se debater, forçando tanto pernas quanto braços logo seu quadril remexia-se freneticamente.
— Mas que porra! Ela não para quieta, melhor apagar de uma vez por todas. – Disse o desconhecido.
— Não! Eu a quero ouvir gritar!
— Então segure o corpo dela também. Não consigo mirar.
— Você é um bêbado mesmo!
O primeiro guarda uniu os braços de Jenny pelo pulso, contudo isso aproximou mais seu próprio braço dela e aproveitando a oportunidade ela ergueu a cabeça o máximo que pôde e mordeu o braço peludo do homem. O sangue quente encheu sua boca enquanto o grito de dor seus ouvidos.
Imediatamente o homem lhe soltou e a breve brecha foi o suficiente para ela aplicar um belo soco no estômago do segundo guardo. Logo, a loira estava livre, contudo ambos já se recuperavam e a cercavam. Ela cuspiu um pequeno pedaço de carne de sua boca e limpou o sangue de sua face com a manga de sua blusa.
— Sua maldita! Vai pagar por isso!
Jenny pegou suas calças sobre a cama e segurou-a com ambas as mãos, estando uma extremidade em cada mão. O segundo guarda voltou a investir contra si, mas a loira se defendeu com sua “corda” improvisada e conseguindo com sucesso desferir alguns socos por entre os movimentos confuso do tecido aos olhos do homem. Ele realmente estava bêbado demais e logo ficou tonto.
O outro homem avançou com o punho fechado a fim de lhe atingir um soco, mas ele era grande demais e isso o tornava lento para ela que tinha todo o corpo movido pela adrenalina. Ela desviou o suficiente para conseguir agarrar seu punho com uma das mãos e com a outra lhe atingir o cotovelo com a palma de sua pequena mão, mas de forma que a estrutura óssea dele não aguentasse o impacto.
Novamente ele gritou de dor e a Kenway aproveitou para lhe atingir um gancho bem colocado seguido por uma cabeçada no meio da testa dele que o derrubou de vez. O desconhecido gemia de dor com seu nariz quebrado em um canto e não apresentava mais risco a ela.
Jenny olhou para a cela e lá estava a sua liberdade. Quase sem acreditar, ela vestiu-se e olhou pelo corredor se havia mais alguém por perto e não havia ninguém. Ela passou pela porta destrancada e chegou as escadas em meio a escuridão. Silenciosamente ela subiu degrau por degrau e chegou ao outro nível um pouco mais claro.
Sua sorte acabou aí, pois atrás de si vinha um trio de marujos que logo a avistou e sinalizou sua fuga.
— Prisioneira fugindo! Soem o alarme.
A Kenway acelerou a sua frente, sem fazer ideia para onde corria e o que encontraria. Surgiu mais uma escada e ela subiu mais um nível enquanto o sino alertava todo o navio de sua fuga. Logo todos os marinheiros deixaram suas comemorações e passaram a caçar a jovem por todo o navio até que na praça das armas ela enfim foi cercada e rendida.
Eles a algemaram com grilhões e aguardaram o capitão chegar acompanhado do médico Simon. Todos abriram caminho para o homem de barba grisalha se aproximar de sua prisioneira e a confrontava furiosamente.
— Me diga como dois homens apareceram seriamente feridos em sua cela.
— Seus malditos homens foram lá com o intuito de desobedecer suas ordens. – O capitão estreitou os olhos e encarava os dela fixamente, parecia se decidir se deveria acreditar nela ou não. – Eles estavam bêbados.
Ele respirou profundamente por segundos, todos ao seu redor estavam em silêncio, pois assim como ele não sabiam o que pensar a respeito do que ela acabara de relatar e pior, não sabiam o que esperar de seu rígido capitão. Mas logo sua potente voz ecoou pelo segundo convés do HMS.
— Amarrem-na no mastro principal e nenhum homem mais irá dormir ou beber hoje. Punição pela desobediência de seus dois companheiros. – Houveram resmungos baixos, mas sem qualquer efeito sobre aquela decisão. – Simon, cuide daqueles dois idiotas.
O médico trocou olhares com ela antes de se virar e partir para cumprir suas obrigações enquanto Jenny foi levada até o convés aos empurrões e amarrada ao mastro principal sobre a fina chuva que caía. Em meio a névoa da madrugada, a Kenway conseguiu visualizar os primeiros contornos de Londres.
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Ainda é muito cedo para Jenny dar chance ao seu coração novamente, portanto, não esperem por algo assim tão cedo.
A propósito, como não gosto de mencionar datas ao longo da fic acho interessante dizer aqui que estamos em 1746 na fic... Espero que isso seja uma dica importante.
E a pergunta permanece, como Jenny escapará da forca? Feito o sobrinho, o irmão ou o pai?
Alias, que família para se meter nesse tipo de situação rs. Enfim nos vemos no fds que vem e preparem-se pois lá vem muita coisa. Um beijo!