Assassin's Creed: Omnis Licitus escrita por Meurtriere


Capítulo 25
Liberdade&Responsabilidade


Notas iniciais do capítulo

Primeiramente, peço desculpas pela minha ausência na ultima semana e espero poder recompensar ao menos um pouco com o tamanho do cap. Em segundo, peço desculpas pelas palavras xulas do cap, novamente, foram necessárias. Apreciem a leitura e tem notas nos finais.



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As velas do Gralha repousavam recolhidas e amarradas aos seus respectivos mastros, mas mesmo em seu descanso merecido, após conceder a embarcação velocidade para cruzar milhas e mais milhas as velhas velas estavam sujeitas aos caprichos do tempo e agora pesadas pingavam água da chuva sobre o convés de forma ritmada . E tão molhada quanto aquelas velhas companheiras, estava Jenny ao chegar à fragata. A chuva fez os homens se recolherem nos convés inferiores e julgando pelos hábitos sustentados pela tripulação nos últimos dias, de certo os convés abaixo do solário estariam impregnado com um fedor de mijo, suor e rum.

A Kenway não julgava os homens que aproveitavam a estadia em terra firma para relaxar e sua urgência também não lhe permitia tempo para se preocupar com higiene da embarcação, por isso, sua melhor alternativa era a cabine mestra, que em prática pertencia a Bonny, ainda que na teoria devesse ser as acomodações da jovem herdeira, mas a loira de fato não se importava em dormir ao ar livre ou no balanço de sua rede. Após um breve chamado por Sexta-feira pela escotilha a meio naus, ela rumou para a cabine do capitão.

Jenny encontrou a ruiva sentada na cadeira com um papel na mão, uma carta pelo que parecia e incentivada pela curiosidade perguntou sobre o documento.

— O que é isso? – Ela fechou a porta atrás de si e se aproximou da mais velha a passos cautelosos, temendo que o documento fosse escondido de suas vistas, mas nada ocorrera.

— Notícias de Adewale. – Ane respondera tranquilamente, parecia ler as ultimas palavras antes de erguer o olhar para a menina.

— Ele está por perto?

A Assassina lhe sinalizou em negação e deixou o papel sobre a mesa a sua frente. – Achilles está com ele e juntos estão indo para Nova York. Uma colônia inglesa muito populosa ao que parece.

Sexta-feira transpassou a porta e tornou a fechá-la, seus olhos ainda carregavam vestígios de sonolência e encostando-se à parede cruzou os braços a espera do motivo que levou àquela reunião.

Após um breve olhada sobre o amigo e confirmando ter em si a atenção de ambos a Kenway prosseguiu.- Falei com John – Jenny sorriu confiante para Sexta-feira e Bonny. – Teremos uma luta.

A ruiva respondeu com um sorriso delineado em seus lábios rachados, resultado da brisa marítima salgada, mas o rapaz manteve a expressão desconfiada com uma das sobrancelhas arqueada e os lábios inquietos.

— Contudo, precisamos de alguns dias antes de agir. Aproveitarei para frequentar o pub as noites e estudar os movimentos do Príncipe.

— Sozinha? - Enfim o aprendiz de Adewale se pronunciara. Seus braços, que até então estavam cruzados, relaxaram e agora tinha a atenção de Ane e Jenny. – Não acho que seja uma boa idéia. É perigoso...

— Para uma garota talvez, mas não para James...

— Não me refiro as roupas que você está usando Jenny. Refiro-me a esse John, não confio nele.

— Está com ciúmes Sexta-feira? – Bonny não fez questão de esconder seu divertimento diante do casal e dos conflitos que aparecia vez ou outra para eles.

— É muito arriscado confiarmos demais em um completo estranho. Isso é uma missão e não somente um ato de vingança, fazemos isso para proteger o legado que seu pai deixou e morreu tentando proteger. Devemos manter nossas lâminas longe de inocentes e também manter inocentes longe das nossas missões.

— E você tem um plano melhor Sexta-feira? – Jenny estava com a voz alterada, irritada com a atitude do rapaz, talvez principalmente por vir dele. - Talvez devêssemos mandar uma carta para Ah Tabai e pedir pra mandar reforço e talvez com sorte os templários não descubram que nós já estamos aqui e estamos arquitetando a morte de um dos envolvidos na morte do meu pai.

— As coisas estão indo precipitadas demais. Além de que está confiante demais que esse John irá ganhar o tal do Príncipe e mesmo que ganhe o que faremos depois? Levamo-lo desmaiado até o palácio e pedimos para que gentilmente deixem que o coloquemos em seu quarto e se possível nos deixe vasculhar pelo local por um lacaio templário para assassiná-lo? Isso não é uma brincadeira Jenny ou um mero treinamento, isso é uma missão de verdade!

— Basta! – Bonny se interpôs entre os dois e olhou furiosamente de um para outro. – Os dois para fora agora. Irei refletir sobre nossas possibilidades.

Sexta-feira foi o primeiro a sair e Jenny apresou-se para alcançar o amigo que a passos ligeiros se encaminhava para o mastro central. Contudo, antes de alcançá-lo, Sexta-feira içou-se para o cesto da gávea pelo elevador e em um piscar de olhos a Kenway se viu perseguindo o vento. Ela praguejou e seguiu para o mesmo local, tendo de subir pelos degraus verticais pregados diretamente na madeira do mastro.

O vento frio de um inverno que se esvaía a açoitou até chegar o cume da fragata e encontrar o amigo sentado abaixo da bandeira inglesa que se agitava, tentando fugir de suas amarras para o oceano mais uma vez cruzar. Não era um local confortável, mas era uma unanimidade entre todos aqueles que velejavam que não havia melhor lugar para se perder em devaneios se não o cesto da Gávea. Sem rodeios ela o questionou logo de cruzaram os olhares.

— Pare de fugir e me responda. Aquilo que Bonny disse é verdade?

Jenny manteve-se de pé, segurando-se no mastro enquanto suas roupas pareciam mais um conjunto de bandeiras velhas tentando deixá-la nua e voar com o vento.

— Não estou fugindo.

— Também não está respondendo a minha pergunta.

Nos últimos anos, Sexta-feira conheceu bem a personalidade da jovem, sabia  o quanto era impulsiva, teimosa, birrenta e até mesmo estúpida certas vezes. Ainda que negasse, ela carregava dentro de si certo mimo que recebeu em Londres de sua família.

— O que você quer saber?

Sua pergunta saiu desinteressada, nem ao menos olhava para ela quando proferistes as palavras, pois estava tão irritado quanto ela e queria mais do que tudo evitar uma discussão ou coisa pior...

— Está agindo assim por ciúmes?

Sexta-feira riu enquanto meneava com a cabeça de forma negativa, descrente demais em ouvir aquilo vindo dela.

— Não seja tola Jenny. Não confunda qualquer coisa que acontece em Tulum com isso. – Sexta-feira a olhou e assim como ela tinha seus defeitos, ele também tinha, entre eles estava o de ser um péssimo mentiroso.

— E quanto àquela conversa de não viver longe de mim?

— É verdade. Eu já disse que estou disposto a te ajudar e não só por você, mas pela Irmandade.

— Mas escolheu ficar ao meu lado ao invés de seguir com Adewale que tanto lhe presa.

— Ah Jenny... Não faça isso. Não combina com você esse tipo de atitude infantil. Você é esperta e sabe porque fiquei com você. Sabe que não foi aleatório e sabe meus motivos.

Ela não lhe respondeu, mas sentou-se ao lado dele, parecia amedrontada ou confusa, seria difícil dizer o que se passava na cabeça dela. Sexta-feira a observou com o semblante sério e distante, estaria ela em sua casta de Londres? Ou talvez em Bristol com sua mãe? Ele não poderia saber e como sempre se rendeu a ela.

— Não há futuro para nós dois juntos. Você precisa ir atrás do seu irmão e é nisso que precisa se concentrar agora. Salvar o que resta da sua família.

— Minha família não se resume a Haythan... Não mais.  Não depois desses anos... Depois de Bonny, Tulum, da Irmandade e principalmente depois de você.

— E quem sou eu Jenny? Se nem ao menos minha liberdade tenho, como posso me oferecer para viver ao seu lado. Não tenho um nome pra te dar, um anel bonito para te pedir em casamento, não tenho casa e nem uma família pra te apresentar.

O assobio do vento foi o único som entre eles por instantes, a madeira fria e molhada pela chuva tornava tudo tão apático e sombrio. Mas assim era Jenny e Sexta-feira, unidos por circunstâncias inimagináveis por ambos os lados e sem poder imaginar o que viria a frente, tudo o que podiam era manter-se sempre um lado do outro. 

— Um pouco antes de tudo acontecer. Algumas semanas antes dele morrer, fomos ao teatro... Eu, ele e Haythan. – A Kenway se virou para o rapaz e ele lhe retribuiu o gesto. - E naquela noite ele me disse que havia um sócio dele com alguns anos a mais do que eu a qual havia ajudado ele com seus negócios em Londres. Um homem solteiro e de sua confiança havia pedido minha mão para meu pai. 

— Seu pai a cedeu?

— Não houve tempo para isso, mas era visível seu contentamento com a proposta. – Ela suspirou e voltou seus olhos para o porto. - Meu pai sempre correu atrás de seus objetivos e eu poderia dizer que me orgulho dele por isso se ele não se cegasse com os próprios objetivos.

— Você conhecia o homem?

— Não. E não lamento. Deixei minha casa, conforto e todo o dinheiro do meu pai para trás, mas não me lamento, nem por um instante eu mudaria minhas escolhas.

— E o que você faria se seu pai desse  sua mão a ele?

— O mesmo que fiz na noite que nos conhecemos. Fugiria e beberia um bocado de rum. - Eles riram em cumplicidade e por fim olharam um ao outro. – Não procuro nome, casa, dinheiro, vestidos bonitos e joias caras. Tudo o que sempre quis foi liberdade para fazer minhas próprias escolhas e isso é tudo o que tenho feito ao seu lado. É por isso pelo que lutamos, pelas nossas liberdades.

— Por isso escolhi ficar ao seu lado. – Ele abriu seu sorriso largo e alvo para ela e estavam já como de costume.

— Então era ciúmes mesmo?

Sexta-feira revirou os olhos e lhe respondeu. – Apenas não quero que venhas carregar a culpa por algo que aconteceu com alguém não envolvido em nossa causa. Não seja como o seu pai e não se cegue com os seus objetivos.

Jenny lhe sorriu e tomando as mãos deles entre as suas o puxou para um beijo ligeiro, mas acalorado e ele lhe retribuiu de igual maneira. Ela separou seus lábios dos dele e o olhou.

— Obrigada.

A Kenway levantou-se e lançou-se contra o gancho que pendia ali e aterrissou no convés com maestria e ainda sem perder o impulso correu para rampa, deixando para trás o Gralha ao se misturar na multidão que sempre povoava o porto a qualquer hora. Novamente, trajada com roupas masculinas e largas, Jenny desviava-se das putas que se ofereciam a cada esquina, dizendo obrigado aqui e ali enquanto entrava cada vez mais na cidade e deixava para trás o subúrbio fétido.

De maneira discreta, o Moinho Vermelho ganhava espaço no horizonte com suas janelas e portas abertas convidando todos àqueles que podiam pagar pelas diversões ali oferecidas. Um grupo de meia dúzia de soldados reais, facilmente identificado devido os uniformes, entraram no local, animados para o que os esperava lá dentro. Pela rua de pedras, Jenny viu outros homens se dirigindo ao local. Comerciantes bem sucedidos com roupas que o distinguiam de meros mercadores e peixeiros. Ela apalpou os bolsos da calça e constatou não ter uma moeda, depois de xingar a si mesma pela falta de  atenção rezou para os céus que sua limitação monetária não lhe impedisse de entrar no local.

Suas preces foram ouvidas e não havia ninguém na porta para lhe barrar a entrada, seus olhos seguiram os homens que entraram a sua frente que seguiam para o salão de mesas, onde mais a frente estava o palco escondido por longas e pesadas cortinas vermelhas, mas logo uma voz familiar veio lhe receber.

— Vejo que Kena fez bem seu trabalho.

Jenny virou-se em direção a fonte da voz e encontrou a mesma mulher da noite passada que recebera ela e John. Havia um sorriso malicioso em seus lábios finos pintados de vermelhos. A jovem ruborizou a se lembrar da rapariga, portanto fez questão de desviar do assunto.

— John está?

— Certamente, mas acredito ser uma hora inapropriada.

— É importante.

A cafetina repuxou o lábio em claro sinal de ponderação quanto a solicitação dela e após alguns instantes ela respondeu. – Siga-me.

Elas seguiram até as escadas no hall e pelo caminho Jenny viu as cortinas enfim se abrirem para revelar a mesma bela jovem de cabelos dourados que ela vira da outra vez. As mesas estavam quase todas ocupadas e outras garotas serviam bebidas e comidas, pareciam ensaiadas para agirem daquela forma. As luzes se apagaram, com exceção das do palco e Jenny deu um ultimo vislumbre da cantora que ajeitava uma partitura sobre o piano. A curvatura da escada bloqueou então sua visão, mas a voz e a melodia lhe confirmou que o espetáculo havia de fato começado.

Com exceção da música, do som de seus passos e dos da cafetina o andar superior estava quase que em silêncio. As portas fechadas ao longo dos corredores estavam de certo vazio até ambas alcançarem um porta no fim de um corredor à direita onde Jenny ouviu com perfeição gemidos femininos. A mais velha bateu na porta e aguardou, mas não houve respostas e os sons continuavam, outra tentativa e nada. A Kenway estava prestes a desistir quando Rosa abriu a porta completamente nua e descabelada, a loira desviou o olhar e pôs se de costa, visto que aos olhos delas estava ali um rapazote.

Rosa voltou para dentro e não tardou para John surgir na porta ainda com as cordas das calças abertas e revelando mais do que Jenny gostaria de ter visto.

— Espero que tenha um bom motivo para interromper o que eu estava fazendo.

— Vista uma blusa, prometo ser rápido.

John bufou de insatisfação, mas fez o que lhe fora pedido, jogando uma blusa por cima do tronco e amarrando as calças para seguir Jenny até o lado de fora do Moinho. A dupla ficou exatamente abaixo do velho moinho, abrigados pelas sombras da noite e pela cantoria que ia afinada lá dentro. Pelo caminho Jenny atentava-se a música que muito lhe parecia familiar.

— Tem certeza que quer fazer parte disso? – Ela o questionava com os olhos fixos nos dele.

— Do que está falando? Já disse que estou dentro. Por que essa pergunta repentina?

Ela respirou profundamente, em seu interior havia um conflito desde sua conversa com Sexta-feira em envolver civis em algo grande como o assassinato de um porta-voz inglês.

— Precisa alertar Rosa, para que ela esteja pronta para partir e precisa me prometer que irão embarcar no primeiro barco que sair do porto quando tudo estiver feito. E é melhor que dar a ela algumas de suas roupas, ela é bonita e vai chamar muita atenção do restante da tripulação, mulheres embarcadas são raras e viram facilmente objeto de desejo entendeu?

— Não acredito que interrompeu a minha foda para isso.

Ela ignorou as reclamações dele e prosseguiu. – Preciso de outra coisa também.

Emburrado, John cruzou os braços e pouco educado lhe respondera. – O quê?

— Uma carta de alforria.  


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Notas finais do capítulo

Nem é mistério o porque dela querer essa carta né? rs Essa carta foi uma novidade que muito me agradou e devo dizer que essa ideia me surgiu graças ao Shay ♥ Então, quando penso que estou chegando na resta final de Portugal me aparece mais coisa. Mas estou satisfeita de verdade.

As coisas parecem que estão começando a andar em todos os sentidos né? Jenny e Sexta-feira se acertando e se declarando? Acho que podemos considerar isso uma declaração né? Mas nada muito convencional.

John está dentro e agora só falta a resposta final de Bonny que é a líder dessa empreitada toda.

Adewale levando Achilles para NY... agradeçam ao Shay também. E vejam só, Sexta-feira incentivando a busca pelo Haythan. Sempre digo que esse rapaz vale ouro e ainda deu um belo sermão. Adewale ficaria orgulhoso e convenhamos, Jenny estava precisando.

Bom, é isso, no próximo cap... Jenny vai atrás da carta de alforria. Aguardem muita confusão.



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