Assassin's Creed: Omnis Licitus escrita por Meurtriere
Notas iniciais do capítulo
Peço desculpas antecipadas pelo cap pequeno da semana, mas espero deixar um gostinho de ansiedade com o que irá decorrer. Também peço desculpas antecipados pelo linguajar de baixo calão do cap, foi necessário.
Tem notas lá no final!
John desceu a rua até chegar ao solário de madeira típica de todos os portos, com a lua alta, alguns marinheiros e marujos divertiam-se com as mais baratas prostitutas nos mais escuros cantos que conseguiam achar. Jenny não mais se envergonhava com aquela situação, já não era uma criança para tal. O que de certo modo lhe ajudava em seu disfarce, visto que dificilmente um rapazote se acanharia em ver mulheres seminuas em situações íntimas como aquelas.
John o olhou pelo canto dos olhos e riu, haviam chego a um amontoado de caixotes de madeiras que estavam obviamente carregados de café, o cheiro era forte e até agradável.
— Vejo que já esteve com uma mulher antes, James. – Ele curvou-se sobre a mercadoria e vasculhava o espaço atrás destas.
— Eu? Por que diz isso? – Jenny tentava demonstrar indiferença, mas no fundo estava curiosa com aquela afirmação.
— Já tive sua idade e já conheci dezenas de jovens recém-saídos das fraldas que mal podem ver um peito que já ficam com o pau duro feito pedra.
— E você certamente foi conferir, para saber precisar o quão duro estavam. – Jenny não conteve o riso.
John se reergueu com duas garrafas em mãos, ele estalou a língua e sua feição deixava claro que não havia achado graça na piada.
— Tenho que admitir que tens bom humor. – o Galês jogou uma das garrafas à Jenny que a pegou prontamente e abriu a tampa. – Hey! Toby! Venha cá!
John gritou a um homem jovem, mas um pouco acima do peso que descarregava mais mercadoria, provavelmente mais café. O tal Toby o avistou e após deixar algumas sacas no chão caminhou até os dois. Jenny notara que Toby mancava, o cabelo ralo e escuro lhe caía sobre a testa, as bochechas róseas indicavam o calor que sentia e consequentemente suas roupas estavam empapadas de suor. Seus olhos pequenos mal notaram Jenny.
— Luta difícil John?
— Uma das piores, Toby... – Ele lamentou-se dando alguns leves tapas no braço de recém-chegado. - Mas diga-me, está com suas agulhas aí?
— Estou sim. - O rapaz vasculhou um bolso em sua calça imunda de café e retirou alguns pares de agulhas e um rolo de linha.
— Obrigado, Toby. Devolverei assim que meu amigo aqui termine um servicinho no meu rostinho bonito. – John deu um pequeno soco no ombro do rapaz e soltou um riso com a própria piada. Toby revirou os olhos e voltou para o seu trabalho.
John sentou-se sobre uma pequena pilha de caixotes, abriu sua garrafa de rum, tomou um gole e fez um sinal com a mão para que a Kenway se aproximasse. Ele deitou sua cabeça para trás, apoiando sobre uma saca de café enquanto ela posicionou-se atrás de sua cabeça e analisou o corte dele.
— Feche os olhos.
Assim que ele o fez, Jenny lavou o ferimento com o rum, conseguindo uma boa careta do simpático marujo e um grunhido contido de dor. Antes que o sangue voltasse a poluir sua visão, ela catou a agulha curva e a linha para dar início à costura.
— Há quanto tempo está em Portugal, James? – John alternava entre fazer caretas e beber enquanto sentia sua pele ser perfurada diversas vezes para a passagem da linha.
— Cheguei um pouco antes de sua luta na taverna.
— Então assistiu a luta?
— Não muito, pra dizer a verdade. Vi sua estratagema com o gancho, e as cabeçadas dele. – Seu olhar mantinha-se fixo no corte, sua mão esquerda unia a pele dele, impedindo do ferimento abrir e se sujar. A mão direita passava de um lado para o outro com a agulha.
— E o que achou?
— Pareceu um resultado justo, sem ofensas.
— Certamente pareceu. – Ele riu, mas com desgosto. – Acontece que não foi, meu caro James.
— Oh não? E por quê? - Ela arqueou a sobrancelha e ele logo percebeu sua curiosidade.
— A luta é comprada.
— O que quer dizer? – Jenny já finalizara a costura, dando um nó na ponta da linha.
— O príncipe José é bem conhecido nas tabernas e pubs espalhados por aqui. Ele gosta de se meter em brigas e passar as noites fora do castelinho dele. – Ele tomou mais um gole de sua garrafa que já estava quase vazia.
— Então, aquele homem é o Príncipe de Portugal? Por que ele faria esse tipo de coisa? – John deu de ombros e ajeitou-se, ficando novamente ereto e de garrafa na mão.
— Quando cheguei à taberna fiquei sabendo havia lutas ali e com boas apostas. Resolvi me inscrever, não sou um mal lutador afinal. Mas ao me inscrever, o dono da taberna me abordou e pôs-me a par dos detalhes. Eu deveria lutar com tudo a principio, mas no fim deveria deixar José reverter à vantagem e ganhar a luta. Eu iria ganhar uma parte do dinheiro das apostas, mas me neguei a participar do teatro. – Ele bebeu o último gole de sua garrafa e a jogou para o mar.
— Mas você perdeu. – Jenny sentou-se a frente dele, muita atenta e curiosa à aquela história.
— Quando eu me neguei a fazer parte daquilo o dono da taberna não ficou nada satisfeito e me ameaçou, e infelizmente suas ameaças não eram vazias. Ao longo da luta vi olhares ameaçadores de uns quatro homens diferentes. Eu entendi o recado e deixei ele me pegar no último momento.
— E você não recebeu dinheiro algum. – Ele negou com a cabeça. – Que pilantras.
— Ao menos estou vivo, James. E brevemente com um rosto novo. – Ele deu leves tapas no ombro de Jenny. – Obrigado pelo ajuda.
— Espero que tenha mais sorte da próxima vez.
John se levantou, guardou as agulhas e linha de Toby no bolso da camisa e olhou para Jenny.
— O que me diz de irmos procurar algumas garotas um pouco mais adentro da cidade? Conheço um local com camas confortáveis e garotas sem bigodes. – Jenny riu mais uma vez.
— Outra hora... Preciso voltar para o navio e avisar sobre as lutas do local, antes que mais alguém acabe sendo costurado. – Ela lhe deu as costas, pois ansiava em compartilhar o que acabara de ouvir.
Jenny já se distanciava com as mãos nos bolsos e satisfeita com as preciosas informações que obtivera em tão pouco tempo em solo português.
— Hey, James! – Ela se virou e pausou sua caminhada por um instante enquanto ouvia John gritar. – Disse que seu pai era galês, qual o nome dele? Talvez o conhecesse.
— Duvido muito. Ele partiu de Gales há muitos anos, antes de você nascer provavelmente.
Ela virou-se de costas e retornou sua caminhada de volta à doca onde o Gralha estava ancorado. Onde ela reencontraria Bonny e Sexta-feira.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
Esclarecimentos: O príncipe José realmente existiu e ele era um pouco mais velho que nossa Jenny. Ficou conhecido como José I de Portugal e foi rei de Portugal de 1750 até a morte. E viria a ser vovô de Dom João VI.
Mas na fic terminei mesclando ele ao Dom Pedro I que tinha a fama de participar de lutas e viver a vida de um libertino, mas Pedrinho só nasceria muitos anos mais tarde e então não pude colocá-lo na fic.
Bom a aula de história acaba aqui! Na próxima semana teremos o encontro de Jenny e Sexta-feira e aquela lavação de roupa suja básica entre eles. Primeira DR do casal rs.