Assassin's Creed: Omnis Licitus escrita por Meurtriere


Capítulo 16
Confession


Notas iniciais do capítulo

Já estava escrito, pero que goste. Cap sem nada muito interessante...



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/661108/chapter/16

 

O sol já estava baixo e aos poucos as constelações tornavam-se visíveis aos olhos humanos. Todo o material que seria descarregado do Gralha já estava em solo firme. A maioria era comida, cordas e alguns mapas, estes que era para uso de Ah Tabai. Bonny aguardava sentada sobre uns caixotes próximos à praia, os marinheiros aproveitavam a folga para um descanso merecido, afinal mal chegaram de uma longa viagem para voltarem à Europa. Mas a ruiva não estava sossegada como aparentava. Seus pensamentos prendiam-se a Jenny. Após deixar tudo planejado com Sexta-feira, a própria pirata solicitara ao rapaz que fosse atrás da jovem Kenway e pelos tons que tingiam os céus já devia ter se passado umas duas horas desde então.

Um leve, quase imperceptível, farfalhar na copa das árvores antecedeu a queda de Sexta-feira um pouco atrás de Anne que logo se virou para encará-lo.

— E então? Encontrou-a? – Seus olhos arregalados e sua voz transpareciam a esperança que nutria dentro si, mas o rapaz limitou-se a negar com um sinal da cabeça. – E onde raios poderia Jenny ter se enfiado? Nas ruínas talvez?

— Ela não gosta de lugares fechados. – Ele completou ao sentar-se em uma pedra ali perto. Seu desânimo era claramente visível. – Procurei até o outro lado da ilha, mas ela parece ter se enfiado na mata como uma cobra. O que faremos?

— Não podemos adiar mais nossa partida. Precisamos ir hoje... - A ruiva suspirou, tentando convencer a si mesmo que não haviam mais nada a ser feito. - Jenny ficará segura aqui com os outros iniciados, tenho certeza disso.

— Jenny não vai obedecer Ah Tabai aqui se ficar sozinha.

— Assim como o pai dela... – A ruiva mencionou baixo, mais para si do que para o rapaz que continuava a fita-la sem mostrar indícios que a havia escutado. – Vamos Sexta-feira. Estamos fazendo isso por ela também.

Sendo assim, Anne trilhou seus passos até o pequeno bote que levaria ela e Sexta-feira até o Gralha e mesmo que o jovem fosse forte e bem disposto, ela fazia questão de ajudar a remar, arregaçou a mangas e juntos findaram a distância até a fragata.

— Homens! Preparai as velhas, afrouxar roldanas! Partimos!

Suas ordens ecoaram assim que a mesma pisou no assoalho de madeira e os homens não demoraram a se levantar e se movimentarem entre si, enquanto ela caminhava até o timão para assumir o seu posto. Em seu tempo junto com o Edward ela raramente assumiu o comando da direção, talvez o Kenway achasse que ela não tivesse força o suficiente para girar o timão, mas agora ela fazia questão de estar ali. Isso provavelmente a tornava única, uma mulher na liderança de um navio, claro que Kid também era uma mulher e tivera sua tripulação, mas poucos sabiam sobre o seu sexo, ao contrário de Anne que se vestia como uma e não fazia questão de esconder ou enganar alguém.

Sexta-feira a contemplava, não com um olhar malicioso, mas como alguém que observa atentamente algo para aprender a fazê-lo. E Bonny reparou na atenção do rapaz e curiosa o questionou.

— Pensei que guardava sentimentos por Jenny?

Sexta-feira sem entender a encarou, suas sobrancelhas curvadas para alto lhe davam uma aparência ingênua e a pirata acreditava fortemente que aquele rapaz não sabia muito quando o quesito era mulheres.

— Está olhando para mim parado aí como uma estátua.

— Ah... Desculpe. Estava apenas pensando.

Os ventos encheram as velas que empurraram o Gralha em direção o oceano, o céu limpo era o suficiente para Bonny se guiar e enquanto estivesse assim ela poderia seguir sem o auxílio de mapas de papel. Os marujos ainda finalizavam suas tarefas em cada mastro.

— Pensando na Jenny?

— Sim. – O olhar do jovem direcionou-se ao horizonte, um infinito de mar e céu.

— Voltaremos o mais rápido possível e poderá reencontrá-la.

— Se me permite perguntar, qual o seu plano quando chegarmos a Lisboa? – Ele virou-se para encarar a ruiva, mas esta mantinha os olhos fixos a sua frente.

— Localizar o alvo e alcança-lo.

— Para matá-lo?

— É o que assassinos fazem. Por quê?

Antes que o rapaz respondesse qualquer coisa um grito interrompeu a conversa deles.

— Capitã! A vela mestra! Está emaranhada com a corda.

O homem apontava para o alto, onde um rapaz magricela, sentado sobre a madeira horizontal, que segurava a vela ocupava-se, tentando desfazer um nó grande o suficiente para ser perceptível mesmo naquela distância.

— Maldito Al. Além de covarde era um completo inútil. – Jenny queixava-se baixo consigo mesmo, ninguém a ouviria do convés, mas certamente após Jim alertar Bonny do pequeno contratempo todos olhavam para ela. – Deixou as cordas frouxas o suficiente para se embolarem e darem um nó na vela.

— Eu vou ajudar. – Sexta-feira informou a Bonny e após a singela aprovação dela com cabeça, ele rumou pelas escadas até chegar o convés. – Quem é aquele lá em cima? – Ele perguntou ao se aproximar do marujo que fez o alerta.

— É o Al. Um moleque inexperiente. O achamos a deriva no caminho para Tulum.

Sexta-feira o escutou atento, fora ensinado a sempre ouvir com atenção o que seus antigos “donos” diziam, já que ele era um garoto de recados e toda mensagem precisava ser repassada da exata maneira como fora proferida. Isso o tornou um bom ouvinte. E apesar de sua experiência como marinheiro seja mínima, ele não podia deixar de ajudar um náufrago inexperiente. Ele assentiu ao término da breve explicação e pôs-se a subir pelo mastro.

O mastro principal era o mais largo dos três, pequenos apoios em suas laterais lhe permitiam escalar como se subisse uma escada vertical. À medida que ganhava altura o mastro afinava-se e o vento rebatia contra o seu corpo com força. Ele passou o primeiro nível de velas e um pouco mais acima ele via Al, mas devido à ventania seus olhos não conseguiam permanecer aberto por muito tempo sem ficarem ressacados. Logo ele chegou ao apoio do rapaz, estava atrás dele o zumbido do vento provavelmente abafou sua escalada visto que Al nem notara sua presença.

— Hey! Deixe-me ver esse nó.

Al não se moveu. O vento levou as palavras para longe antes de serem capaz de alcançar o jovem que parecia concentrado em sua tarefa. Sexta-feira ergueu-se sobre a madeira, segurando no mastro que acima sustentava a bandeira pirata. Perto o suficiente, inclinou seu corpo para frente e cutucou o ombro do garoto. O garoto se virou e para a surpresa de Sexta-feira aquele não era Al e muito menos um garoto.

— Jenny?

Jenny desfez o nó e a vela abriu com perfeição para receber o vento gelado daquela noite. Ela se levantou e encarou Sexta-feira.

— Que droga Sexta-feira. Tanta gente para subir aqui e hei de dar tamanha sorte por ser você.

— O que está fazendo aqui Jenny?

— A principio cuidando do bom uso das velas, aquele Al era um imprestável para tal serviço.

— Não se faça de engraçada agora e onde está o Al? – Sexta-feira estava sério, ao passo que Jenny parecia despreocupada com sua descoberta.

— A essa altura em Tulum, talvez na praia ainda e provavelmente desacordado.

— O que você fez com ele?

— Nada demais, mas ele mijou em mim.

— Você está desobedecendo Ah Tabai.

— Eu não me importo. – Ela deu de ombros e desviou o olhar para o oceano. – Não preciso daquele velhote para me dizer o que devo ou não fazer.

— E como achas que será recompensada quando retornar? – Ele se aproximou dela como se quisesse cochichar e esconder algum segredo.

— Não sei, pensarei nisso quando retornar. Não se preocupe Sexta-feira, tudo dará certo. – Sexta-feira abrira a boca para lhe responder qualquer coisa, mas um chamado interrompeu-o.

— Sexta-feira! Al!

No convés Bonny erguia o olhar e gritava pelo dois com as mãos contornando os lábios. Ninguém ali embaixo conseguiria perceber que Al na verdade é Jenny e por isso seu disfarce fora, até a chegada de Sexta-feira, bem sucedido.

— Vamos descer e Bonny decidirá o que fazer.

— O quê? Vai me denunciar? – A voz dela subiu de tom e seus olhos expressavam seu espanto.

— E o que você planeja? Ficar semanas aqui em cima? – Sexta-feira já se apoiava nas laterais do mastro para iniciar a descida. – Vamos Jenny, você não tem escolha.

Emburrada ela seguiu o amigo em silêncio e quando ambos alcançaram o convés onde Anne os aguardava esta logo notou que Al não estava embarcado e sim Jenny.

— Ora ora ora... Temos uma intrusa. – A pirata fitou Jenny dos pés à cabeça, mas sem sorrir como era de costume. – Todos voltem ao seu trabalho! Senhor Briggs, cuide do timão por um instante.

Um homem já na casa dos seus cinquenta anos de barba cinza, barriga saliente e cabelo escasso sobre a cabeça acenou com a cabeça e se dirigiu até o timão.

— E você dois venham comigo.

Anne caminhou até a cabine seguida do casal e até as portas se fecharem atrás do trio o silêncio se manteve, mas logo fora quebrado.

— Jenny, o que acha que está fazendo aqui? – A ruiva parecia pela primeira vez furiosa ao se virar de frente para a jovem.

— O mesmo que vocês, indo atrás dos assassinos do meu pai. Eu tenho direito. – A voz da Kenway era firme e estável, mas ainda não imponente o suficiente.

— Direito? E que direito seria esse? Seu pai não deixou nenhum testamento pedindo vingança. – Anne se aproximou dela, ficando a poucos centímetros de seu rosto.

— E ainda sim você está indo fazê-lo. – O sangue da menina subia a cabeça e Sexta-feira percebeu que logo ambas iriam discutir.

— Não estou indo por vingança. Estou indo pelo credo. Não sabemos que tipo de informações os templários conseguiram naquela noite, ou ao menos se conseguiram tal informação. Não posso deixar que os templários saibam de você, já não bastasse seu irmão estar em perigo?!

Bonny se retraiu, mas era tarde demais. A boca entre aberta da menina expelia o único som da cabine que não fosse das ondas. Mesmo seus pulmões pareciam ter parado de trabalhar.

— O que quer dizer com isso? – Sua voz saiu baixa, mas ainda sim audível. Jenny deu dois passos para trás, aturdida demais com aquele notícia.

— Um templário levou o seu irmão embora não muito depois de você partir. Tessa faleceu meses depois de Edward, acredito que não suportou a dor. Você e seu irmão são os únicos restantes da família Kenway.

Jenny nunca tivera muito apreço ao irmão caçula, muito pelo contrário, tantas foram às vezes que ela o odiou e mesmo quis matá-lo com as próprias mãos, mas pelo seu pai ela sempre conviveu com ele. Sempre o tolerou, ainda que não fosse de forma amigável.

— Por que não me disse isso antes?

— Porque você nunca pareceu se importar com ele. Estou errada? – Jenny não respondeu nada e após instantes de silêncio a menina tornou a falar.

— Você sabe onde ele está?

— Não exatamente. – Anne cruzou os braços a frente do busto e aflita observou a garota confusa a sua frente, tentando se decidir se devia ou não se preocupar com o irmão.

— Por que levariam o Haythan?

— Para tentar descobrir alguma coisa suponho.

— Haythan é uma criança estupida demais para saber de qualquer coisa a respeito do credo. – A Kenway respirou fundo, a principio não havia nada que ligasse seu irmão aos Assassinos.

A menos que eles tenham me descoberto, descoberto meu encontro com Bonny e Adewale. Descoberto minha fuga.

— Bom, suponho que Paul possa saber de algo. – A ruiva anuiu. Jenny mordeu seu lábio inferior e em um tom quase piedoso perguntou. – Ainda acha que não tenho direito?

— Jenny, ainda não completou seu treinamento, é muito arriscado e Deus sabe que não me perdoaria se algo acontecesse a você. – Anne parecia mais calma, mais atenciosa com a menina que considerava quase como sua própria filha.

— Então me deixe ir com vocês. É fácil bancar a assassina no meio da selva, mas do que me adianta se meus alvos estão em cidades? Deixe-me ir. Deixe-me aprender a ser uma assassina.

A pirata bufou e baixou os olhos. Adolescentes sempre eram difíceis de convencer, ainda mais sendo filha de um pirata teimoso como Edward era. Cansada com aquele debate ela coçou a testa e por fim voltou a fitar a menina.

— Está bem Jenny, mas vai obedecer a todas as minhas ordens sem questionar.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Assassin's Creed: Omnis Licitus" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.