Second Chances escrita por Mares on Mars


Capítulo 12
Yes or No


Notas iniciais do capítulo

Como prometido, segundo capítulo do dia.



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— Surpresa - ele respondeu com um sorriso imenso, e colocou os óculos escuros que tinha na mão - Feliz aniversário - acrescentou e desceu do carro, deixando a chinesa atônita por um momento.

— É sério? - desacredito, sem saber o que fazer - Phil, você dirigiu a noite toda de Richmond até aqui! - exclamou, ainda sem obter uma reação sobre o lugar em si.

— Esse é o seu lugar favorito - o diretor disse calmamente, encostando-se no carro - E é o seu lugar favorito mais perto de casa - acrescentou e ela deu um sorrisinho - Não é como se eu pudesse levar você pra Bali.

— Você é louco Philip Coulson - Melinda disse finalmente, jogando-se para fora do conversível. Com um sorriso, respirou fundo e observou a paisagem que há quase quatro anos não via. Coney Island, vibrando no calor da primavera nova iorquina, com sua roda gigante imensa sempre linda, e a montanha russa sempre cheia. Nada mudara, exceto que a última vez que fora ali, era o auge do inverno, e de dor pela morte daquele que hoje a acompanhava, chorara por várias horas. Aquilo era algo que nunca contaria para ele.

— Vem comigo? - ele perguntou afastando-se do carro, e ela seguiu-o, jogando a jaqueta de couro para dentro do conversível.

— De onde você tirou essa idéia? - questionou ao alcançá-lo.

— Que idéia? - perguntou casualmente, jogando para um lugar qualquer na areia seu paletó.

— Uau, tem tantos que tá descartando? - brincou e acelerou o passo para alcançá-lo - De onde você tirou essa idéia de me trazer pra Coney Island?

— Eu sonhei com isso - respondeu e estendeu uma mão para ela, que após hesitar por um momento, pegou-a e começou a caminhar lado a lado com o homem.

— E só por que você sonhou, nós estamos aqui? - insistiu e parou para tirar os sapatos quando já não aguentava mais o calor dentro da bota.

— Seu aniversário é amanhã, e eu achei apropriado que você recebesse uma comemoração digna - disse finalmente e fez o mesmo que ela.

— Isso é muito legal da sua parte Phil, mas e as meninas? Eu só saí porque você disse que ela uma missão importante - ela começou, porém foi interrompida pelos braços de Phil em volta de seu corpo.

— Olha pra mim - pediu com firmeza e ela obedeceu em silêncio - Todos em casa estão avisados que nós só voltaremos amanhã, e ninguém vai deixar que as meninas passem fome ou sede.

— Eu sei disso, mas a responsabilidade de cuidar delas é minha - rebateu rapidamente e ele revirou os olhos.

— Você cuida de todos eles lá em casa, e quando eu disse que faria uma surpresa de aniversário pra você, eles concordaram imediatamente - respondeu com carinho e ela suspirou.

— Certo - disse entre o suspiro - E então, quais são os planos? - perguntou curiosa e os dois voltaram a andar de mãos dadas pela parte mais fofa da areia.

— O mesmo de antigamente: montanha russa, cachorro quente, algodão doce e terminamos a noite no píer com seis ou sete doses de tequila - descreveu e arrancou uma risada da chinesa.

— Você deveria ter me avisado, eu teria colocado uma roupa mais apropriada para doses de tequila - brincou enquanto gesticulava para sua roupa, composta de uma calça jeans escura e uma camiseta cinza lisa.

— Se eu te avisasse não seria uma surpresa - respondeu de forma óbvia,e juntos, arrastaram-se para a fila da montanha russa, que como sempre, era imensa.

— Doze anos depois da última vez que nós viemos aqui e essa fila continua a mesma de sempre - comentou com uma careta falsa, e ambos ficaram ali parados, aguardando.



Aguardaram por quase meia hora, conversando sobre amenidades, assuntos que há muito não falavam, por exemplo - segundo Melinda - como Mulder e Scully eram o melhor casal de todas as séries dos anos 90, e - segundo Coulson - como Scully era a mulher perfeita. Ou então, como Han Solo é e sempre seria o melhor personagem de Star Wars, segundo as opiniões pessoais de May. Phil discordava infinitamente, alegando que ninguém poderia superar a Princesa Leia. Quando estavam no topo da montanha russa, a segundos da queda, que olharam-se e ela gritou de desespero entre uma risada e outra, pois odiava e amava ao mesmo tempo o frio na barriga que sentia quando o carrinho avançava em alta velocidade. Sem pensar muito, apertaram-se as mãos e gritaram juntos durante a queda de 12 segundos, antes que o carrinho voltasse a subir.

— Eu não tenho mais idade pra isso - Phil brincou, enquanto caminhavam para a saída da montanha russa.

— Eu definitivamente odeio montanhas russas - declarou cambaleando - Eu tenho uma idéia ótima para fazer agora - disse com empolgação.

— Se eu te conheço bem, eu sei o que é - respondeu e ela o olhou com uma sobrancelha arqueada, desafiando-o a dizer - Tiro ao alvo - completou com um sorriso e ela fez exatamente a mesma coisa.

— Quero deixar o moço da barraquinha com cara de idiota, como sempre - esclareceu, e foram até a tal barraca, onde um rapaz de vinte e poucos anos entregava uma arma de brinquedo para um senhor troncudo. Com certa petulância, o homem disparou os seis tiros, acertando cinco dos patinhos e em seguida olhou para Melinda, que colocava uma nota de um dólar em cima da bancada. Sem pestanejar, o homem estendeu a arma para Coulson, que pareceu extremamente desconfortável - Senhor, creio que isso seja para mim - a chinesa disse educadamente e tomou o brinquedo da mão do velho.

— Essa eu quero ver - ele disse com desdém e logo seu tom mudou-se para algo nojento - Uma mulher tão pequenininha como essa … - comentou com o dono da barraquinha, que colocou os patinhos em movimento. Em seis segundos, seis patinhos haviam sido acertados e derrubados sem dificuldade, e os dois homens que a observavam, deixaram os queixos caírem.

— Essa é a minha garota - Phil comentou com eles, e Melinda dirigiu um olhar de triunfo para ambos - O macaco gigante por favor - ele pediu apontando para um gigantesco macaco pendurado na parede, e recebeu o prêmio.

— Parece que Fitz tem um presente de Natal - ela comentou quando se afastaram da barraca - Vamos deixar isso no carro, e depois …

— Cachorro quente - Phil completou como uma criança e arrancou uma risada dela.




Dois cachorros quentes e um algodão doce depois, Phil e Melinda encontravam-se sentados na ponta do píer quase vazio, com um saco marrom ao lado do homem e depois copos de shots nas mãos da chinesa. Passava pouco mais de uma hora do pôr do sol, e ele estava decidido a transformar aquele dia em um daqueles memoráveis.

— Você tem certeza sobre isso? - Melinda perguntou, tirando-o de um devaneio. Ela referia-se à garrafa de tequila dentro do saco.

— Certeza absoluta - ele respondeu com firmeza e ela colocou os dois copinhos no chão, no meio dos dois.

— Sem sal, sem limão? - insistiu na pergunta, para confirmar para si a certeza do companheiro.

— Nós nunca precisamos disso - rebateu e serviu com maestria, duas doses de tequila, na régua (quando o copo está perfeitamente cheio, sem derramar gota alguma).

— Já que você insiste - ela disse se rendendo, e ambos pegaram suas respectivas doses - Quando eu contar até três. Um - ela iniciou e olhou-o nos olhos.

— Dois - ele contou em seguida e no três, ambos viraram suas doses, seguidas de grunhidos e caretas.



O relógio marcava 23:45 quando Phil virou em um dos copos a última gota da garrafa. May estava deitada no píer com os pés descalços balançando para fora da plataforma.

— Eu nunca bebi tanto na minha vida - ela comentou um pouco grogue e sentou-se após rir.

— Mentirosa - acusou e bebeu parte da última dose, jogando o restante no mar, pois já não aguentava mais o gosto de agave.

— Quando que eu bebi tanto assim? - perguntou tentando parecer séria, mas só o que sabia fazer era segurar o riso.

— Montreal, 1994. Nós pegamos o bandido e passamos o resto da noite bebendo em um quarto de hotel. Você mal andou no dia seguinte - disse com firmeza e ambos riram por vários minutos.

— Eu acho que vou morrer de calor - ela comentou irritada e tentou em vão, dobrar a barra da própria calça.

— O mar tá todo aí pra te refrescar - respondeu como em um desafio e ela olhou-o tentada.

— Eu vou se você for - rebateu e colocou-se pé. Phil fez o mesmo, e ela jogou para fora a própria camiseta, ficando apenas com sua calça escura e um lindo sutiã de renda. O diretor pensou em tirar sua própria, mas por vergonha de sua cicatriz, recuou em um último momento - Nós pulamos juntos ou cada um vai de uma vez? - perguntou aproximando-se da beirada.

— Você se dá conta que são 8 metros de altura daqui até a água? - ele questionou tendo um segundo de lucidez e ela de de ombros.

— Eu já caí de 8 metros no deserto. Na água não é nada - respondeu com certeza e ele afirmou que pulariam juntos no três - Um - iniciou novamente uma contagem e ele finalizou-a, e quando contaram três, correram para a beirada do píer, e como dois adolescentes, caíram na água fria da costa de Nova York. Por sorte o mar estava tranquilo, e a frieza da água os tirou do transe causado pela bebida.

— Eu amo você Melinda - ele disse quando se arrastaram para fora do mar e deitaram lado a lado na areia.

— Eu sei - ela respondeu com uma risada e apoiou os dois braços sobre o peito do homem, inclinando-se para beijá-lo. Foi um beijo molhado, desleixado e principalmente salgado, e terminou numa sessão de risos sem controle.

— Eu não tenho forças pra sair daqui - ele declarou quando os dois pararam de rir para tomar fôlego, e ela beijou-o novamente.

— Não precisa sair - respondeu calmamente, e ajeitou-se para dormir sobre o peito de Phil, sem se importar que estavam completamente molhados. Sem se importar que ela estava seminua e ambos estavam na areia, na beira do mar em Coney Island.

— Feliz aniversário Melinda - ele desejou enquanto traçava padrões de areia nas costas da chinesa, e involuntariamente, minutos depois, adormeceu como se estivesse em sua cama.


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Notas finais do capítulo

E ai, o que acharam?