Mamãe, eu sou gay escrita por Caroline Dos Santos


Capítulo 2
02 — Leo, Thalita e Thainara.


Notas iniciais do capítulo

Oie :3 Olha capítulo novo do meu bebêzinho aqui, gente ♥ Eu só iria atualizar segunda, mas resolvi postar hoje :v

Nesse capítulo você irão conhecer a Thalita, melhor amiga do Gabe, e a Thainara, irmã mais velha. Espero que vocês gostem delas XD Ainda vou fazer um Dream Cast, para vocês poderem ver como eu imagino os personagens ^^

Sem mais enrolações, vamos ao capítulo!



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Mamãe, eu sou gay

Leo, Thalita e Thainara.

18 de Março de 2016

8h06 AM

Na manhã seguinte, antes que fosse para a escola, minha mãe ficou me encarando com uma expressão de deboche, principalmente depois de ter mostrado para ela uma foto do meu lindo — maravilhoso, gostoso, delícia, entres outros — boymagia. A mulher teve a coragem de se virar para mim e perguntar com todas as letras, na maior cara-de-pau:

— Você é o passivo, né?

Não costumo falar palavrões, já que tive uma educação bastante rígida, mas porra mãe! Eu te contei ontem que era homossexual e hoje ela já me pergunta se eu sou o passivo? Isso tudo para perguntar implicitamente se nós já transamos. E pior de tudo era: dona Manu estava certa, eu sou o passivo. Ao menos por enquanto.

Quando fui estudar, então, ainda fui abordado pela Thalita, que estava completamente afobada para saber do babado, ou seja, da reação da minha nega. E nossa, a reação dela, ao saber que minha mãe aceitou completamente bem, for m abraçar e gritar que esteve o tempo inteiro torzendo por mim.

Aliás, deixe-me falar sobre a Thalita. Ela, na realidade, nasceu como Thadeu, constando em sua certidão de nascimento o sexo "masculino", mas minha melhor amiga nunca se identificou com gênero biológico. Sempre gostou de coisas femininas, roupas, saltos, langeries, entres outros. Vivia pegando a maquiagem da tia Lourdes, e há dois anos resolveu se assumir, mostrar quem é de verdade.

Nem preciso dizer que a Dona Lourdes e o Seu Agenor surtaram quando souberam que o filho, na verdade era uma filha, e que se negava a usar roupas masculinas, passando a pegar coisas emprestadas de suas colegas de classe. Assim como os pais do Leo, os dela não aceitaram de maneira nenhuma, porém não a expulsaram de casa.

A Tha decidiu mudar, comprar vestidos, saias, saltos, sapatilhas, usar enchimento para os seios, deixar os cachos crescerem — gente, os cachos dela são completamente D-I-V-O-S — e corrigir qualquer um que a chamassem pelo nome de nascimento. É Thalita Cristina Pereira, e acabou. Na realidade, nunca foi Thadeu Cristian Pereira.

Bem, voltando para o foco dessa história — que sou eu, claro —, a garota de cachos negros envolveu seu braços no meu e saiu me arrastando pelo pátio, sobre os olhares dos preconceituosos e preconceituosas da escola, que fitavam minha menina com certo desprezo, o que acabava por me atingir, de certa forma. A maioria ali não sabia que, na verdade eu sou um queima rosca, como dizem.

Tive vontade de mandar ao inferno e soltar a franga, mas aí lembrei que sou o gay comportado e não armo barraco. Até porque, a própria Thalita faz isso sozinha.

— Pelo amor de Deus, hein? Esse povo que não tem vida e vem cuidar da minha. — disse bem alto, exatamente para atingir as pessoas que nos olhavam torro. Principalmente a Priscila, da nossa sala. — Mal sabe a coitada que eu já peguei mais homem que ela. — e levantou o sutiã cheio de enchimento, assim que passamos pela moça de fios lisos.

Para falar a verdade, eu também já peguei mais homem que a Pri, mas ela não precisa saber disso, ainda. Minha meta agora é não esconder de mais ninguém minha sexualidade, junto com o Leo. Eu o amo muito, e quero poder ter o direito de demonstrar isso em público.

E cá entre nós, não é um bando de enrustido ou um bando de mal comidas que vai me impedir.

Continuamos a desfilar pelo corredor, até chegarmos finalmente a quadra, onde a turma do meu namorado estava em Educação Física — a minha ficou de aula vaga, já que estamos sem professor de Sociologia —, e perguntamos ao educador sobre o loiro, que nos informou que ele deveria estar na bilioteca.

Não contei esse pequeno detalhe: o senhor Leonardo de Castro Sanches não está fazendo aulas relacionadas a esportes porque acabou de tirar o gesso da perna. Sim, o idiota teve a capacidade de quebrar uma perna e quase me matar do coração durante o perído de aula. Imaginem: a minha pessoa chorando com enorme desespero porque soube que o boy se machucou por culpa de uma brincadeirinha besta? E depois ficar gritando com um médico que não queria me deixar entrar no quarto?

Enfim, fomos até o recanto do meu anjo, onde ele lia com bastante concentração o Pequena Princípe, o livro que recomendei antes de parar de falar comigo. Não pude evitar que um sorriso brincasse pelos meus lábios — deliciosos — quando me sentei ao seu lado e não saiu simplesmente.

— Essa história é muito boa. — comentei, e o olhar castanho recaiu rapidamente sobre mim, antes de voltar para as páginas amereladas. O Leo fazendo cu doce é um belo saco. — Eu... Contei para a mamãe, sabe?

Não me encarou, mas pude ver a curiosidade ver a curiosidade estampar o seu rosto bonito — e meu, vale lembrar disso —, fazendo com que segurasse vontade de rir.

— E ela?

— Aceitou bem. — vi Leo abrir um pequeno sorriso de canto, daqueles que derretem o meu pequeno coração, e me puxou para mais perto dele, beijando de leve minha testa. Por que não a minha boca, amor? Quero sua língua, bem! — De um jeito estranho, mas bem.

— De um jeito estranho? — perguntou, crispando os lábios com dúvidas. — De um jeito estranho como?

— Do jeito estranho da minha mãe. — ri, me aconchegando mais nos braços dele. — Aliás, ela quer te conhecer.

16 de março de 2016

12h45 AM

O Leonardo não conseguiu enteder coisa nenhuma quando lhe contei que minha mãe o que queria conhecer, muito menos quando contei-lhe como ela havia reagido e perguntado sobre a nossa intimidade. Claro que o Castro quase me degolou quando disse que contei a ele sobre esse detalhe. Bem, ao menos não contei para a Dona Manu sobre nossa primeira vez — segunda, terceira, quarta, quinta, e as outras.

Por fim, ele ficou estressadinho e tive que ir emobra sozinho. Ou seja, eu me preocupei, esperneei e chorei para contar para a mamãe que eu virava para o outro lado... Para ele brigar comigo? Sério, é nessas horas que eu tenho uma leve vontade de castrar o cara com quem faço sexo. Por trás, só para lembrar.

Esse garoto tem um frescura, e que pelo amor de Deus. Me enche o caso, me deixa com raiva, e por culpa dele eu abro a porta de casa com tudo, assustando quem estava ali dentro. Já preparei um pedido de desculpas quando entrei, mas assim que vi a Thainara desisti. Ela ia me matar.

— Não sabe abrir a porta com cuidado? — vish, pelo jeito a minha irmã está de mal-humor.

Thainara da Silva é minha irmã mais velha, adotada assim como eu e o Vitor. Ela já se formou no Ensino Médio e completou há pouco seus vinte e dois anos. Na maioria das vezes é bem chata, mas também sabe ser legal, às vezes. Estuda direito, e tenho certeza de que será uma grande advogada no futuro.

— Oi para a minha querida irmãzinha também. — revirei os olhos, notando que haviam cacos de vidro no chão da sala, junto de um líquido preto. Pelo cheiro, eu a ajudei a derrubar o café. — Desculpe. — pedi, procurando pela minha nega. — Cadê a mãe?

— Vá ao inferno! — gritou, e se colocou a pegar os pedaços do que era um copo. Acho que a mestruação dela desceu, só pode.

Eu amo a Thainá, sério. Mas quando o humor dela está dessa maneira eu prefeiro me trancar no quarto e não sair de lá. Assim o fiz, sem lhe contar o segredo que há tanto tempo guardava em meu intímo. Apenas sai para ficar sozinho em meu antro de paz. E claro, aproveitei para conectar meu amado celular ao wi-fi, e conferir minhas mensagens, tanto no Facebook, quando no Whatsapp. E olha, a Tha estava online.

Como foi que o Leo reagiu quando você falou com ele? Te mando tomar naquele lugar?

Cuidar da própria vida que é bom, nada né? As vezes eu acho que ela torce pela minha desgraça. Apesar de ser minha melhor amiga.

Oi, eu estou bem sim, Thalita. Não se preocupe e obrigado por perguntar.

E sobre o meu boymagia, ele até que ficou feliz quando eu contei.

Eu não estava vendo o rosto da Thalita, mas tinha certeza que agora ela estaria revirando os olhos.

Nossa, quanta ironia

Foi sua resposta.

E a sua mãe, perguntou mais alguma coisa sobre "aquilo"?

Por que todo mundo resolveu perguntar de repente sobre transa? Ainda mais sobre as minhas transas? E para completar, sobre as transas com meu homem? Pessoal, por favor, né? Isso é um assunto completamente íntimo.

Minha mãe nem está em casa. Só a Thainara, ela deve ter sido dispensada mais cedo do curso hoje.

Já contou para ela?

Ainda não. A Thainara não me dá espaço para falar com ela. É difícil contar algo assim.

Ainda acho que você deveria contar... Sei lá. chega gritando que AMA uma purpurina e que se pega com um gato loiro.

Nossa, de onde ela tira tanta besteira?

Nossa, de onde você tira tanta besteira?

Não cheguei a ver a resposta dela naquele momento, já que minha querida irmã mais velha entrou em meu quarto sem me avisar, fazendo com que eu derrubasse o celular em cima da cama, no susto que levei. Não sei quantas e quantas vezes falei para a Thainara não entrar desse jeito.

— Estava falando com quem? — perguntou, pela cara não estava nada contente. Se bem que essa menina nunca está contente.

— Falando com minha namorada, claro. — menti, sem me sentir muito seguro em falar a verdade para ela. Fosse para quem fosse, precisar de assumir gay para alguém é sempre difícil.

A moça de cabelos cacheados arqueou uma sobrancelha, parecendo completamente incrédula com o que eu havia acabado de falar, como se não acreditasse em nenhuma palavra dita.

— Namorada, é? — questionou, usando o tom mais sarcástico que podia. — Gabriel, você é gay.

Nossa, querioda irmã, me conta uma novidade? Não... Espera... Para tudo, o que essa louca estressada acabou de falar?

— Oi? Como assim "Gabriel, você é gay."?

— Você fala como se não fosse. — mais uma vez a Thainbá revirou os olhos, e me fitou como se eu fosse a criatura mais idiota da face dessa terra. Mereço. — Agora saí dessa internet e vem almoçar. — e saiu do meu quarto.

Gente, eu tenho uma família muito estranha.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, meus doces ♥ Deixem seus deliciosos comentários aí, gentinha ♥