Mamãe, eu sou gay escrita por Caroline Dos Santos


Capítulo 3
03 — Nem todo mundo ama os gays


Notas iniciais do capítulo

Réllôu mai açúcar! (português de pobre, porque sim u.ú) Aqui temos mais uma capítulo cheiroso de MESG (pequenina abreviação de "Mamãe eu sou gay" ~ah, não me diga!~)

Espero que gostem desse novo capítulo da história que eu tanto amo ♥ Mas eu gostaria de avisar, que assim como o título conta, esse aqui não é apenas doces, chocolates e arco-íris :3

AH! Esse capítulo é dicado a Mapa, pela recomendação maravilhosa ♥ OBRIGADA, MORANGO ♥

Beijinhos, e até lá em baixo ♥



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Mamãe, eu sou gay

Nem todo mundo ama os gays

19 de Março de 2016

14h32 PM

Naquele sábado não havia nada que eu pudesse — ou quisesse — fazer, e por isso estava completamente jogado no sofá de casa. O pior era que minha mãe estava na casa da tia Yanca, a Thainara trancada em seu quarto, estudando, e o Leo não poderia vir em casa. Seria muito longe para o coitado vir andando de lá para cá.

Ah, que morte horrível.

Não tenho a mínima companhia para consolar meu coração tão solitário nesse fim de semana completamente sombrio — Jesus, até eu me surpreendo com a minha incrível capacidade de fazer drama. Ai, ai, acho que vou fazer Artes Cênicas assim que terminar essa desgraça chamada Ensino Médio —.

Bem, voltando aqui para a minha pessoa, eu estava entediado, e sem celular, já que minha mãe havia pego uns nudes bacanas do meu namorado na minha galeria. É pessoinhas, sempre apaguem os nudes que te enviarem. E o pior é que mamãe sabia a minha senha. A senha que nunca passei nem para a Thalita — que a propósito, está na aula de balé, por isso não pode vir me ver —. Por isso crianças, sabem quando as mães dizem que sabem de tudo? Acreditem, elas sabem de tudo mesmo.

Só me restava aceitar meu cruel destino de morrer envolvido por aquela destruidora escuridão — tá Gabriel, já chega — quando ouvi a porta da sala se abrindo. Pensem em um garoto que deu um pulo de susto. Mas entendam, poderia ser um ladrão querendo roubar minha casa e depois abusar do meu lindo corpinho.

Mas não, no fim era apenas o Vitor, a esposa, e as três pestes que ele vulgarmente chamava de filhos. Não, espera, que merda o Vitor está fazendo aqui com aquela baranga e o bando de demônios em corpos infantis? Ai meu Senhor.

— Gabriel? O que está fazendo aqui sozinho? — tradução: como assim você está aí sentado no sofá sem fazer nada? Ainda não arrumou um emprego, vagabundo? — Cadê a mãe?

— Na casa da tia. — respondi e me levantei sem vontade nenhuma para cumprimentar a Sara, minha querida cunhada. Cobra sem presas. E com pernas. — Como vai, gata?

— Tia? — a mulher de curtor cabelos ruivos, tingidos, me perguntou. Como se ela não soubesse.

— A única que ele tem, gata. — ai, ai... Como eu amo ser irônico!

— Gabe, será que você podia ser um pouco mais educado? — o mais velho me repreendeu, olhando-me como se pudesse dizer algo sobre a minha educação.

Olha a maneira como você educa esse bando de pirralhos catarrentos que respondem todo mundo, depois você vem reclamar de mim, meu caro irmão heterossexual. Agora cale essa droga dessa boca antes que eu incorpore a bicha louca coberta de purpurina aqui mesmo.

Era o que eu queria responder, mas mamãe me ensinou que se deve deixar a pessoa te ofender primeiro, e depois descarregar tudo em cima dela. Sábios ensinamentos da minha nega.

— Desculpe, foi sem querer. — disse, mesmo que no fundo não estivesse nada arrependido. Encarei por curtos segundos o mais velho, vendo como seus olhos castanhos brilhavam levamente, assim como os sedosos cabelos negros. Agora eu entendo porque eu queria beijá-lo quando tinha meus dois aninhos. — Larissa, Marcos, Pedro, que bom ver vocês, crianças. — me surpreendo com a maneira que consigo ser falso.

O trio sorriu para mim, exibindo um monte de dentes sujos de chocolate. Não me surpreenderia se essas crianças estivessem cheias de caries. A inda tinham os cabelos todos sujos de terra. Essas crias sairam de quê? Um chiqueiro?

Bom, deixem-me apresentar os meus sobrinhos. Larissa é a mais velha, de oito anos, e nasceu quando os pais tinham a minha idade. BOMBA o mais velho, "super responsável" resolveu fazer vuco-vuco sem camisinha e sabem no que deu? Deu no caçula tendo que ouvir um maldito choro irritante todas as noites. Na época, eu tinha a mesma idade que a Lari tem agora.

Marcos é o do meio, de seis. Não, o demônio não aprendeu a fazer sexo protegido e teve que largar a faculdade de Engenharia para trabalhar mais e sustentar duas crianças. Eu juro que achei que teria acabado, e que ele pararia por ai, fecharia a fábrica, sei lá... Então veio o Pedro. Caçulinha de três anos. O menorzinho, e creio que seja o mais comportado, apesar de fazer uma birra que dá para se escutar daqui na faculdade da Thainara.

Espero que, agora que Vitor já tem vinte e quatro anos, ele tenha aprendido a segurar o pinto e não fazer mais filhos.

— Mas eu não queria ver você, tio. — Marcos disse, apesar do sorrisinho que estampava o rosto infantil. Sara só fazia rir. — A mamãe disse que você é viado. — nossa, a sinceridade infantil me impressiona.

Sara, no entanto, ficou quieta quando o menino contou esse segredinho, enquanto Vitor apenas fez cara feia e desconversou, perguntando sobre a Thainá e mandando os três irem brincar lá fora. O casal se sentou e começou nossa tentativa de ter uma conversa civilizada.

Pior que o meu caro irmão mais velho é um pouco... Difícil de se lidar. Tipo, a Thainara é chata, mas o Vitor é aquele tipo de pessoa que nenhum gay ou mulher que se preze quer ter por perto: machista. E sabe, para completar, a Thainara é a mulher que esse tipo de homem odeia: feminista.

E claro, eu prefeiro ficar com ela, né?

Falamos sobre coisas completamente aleatórias, como sobre a escola ia e sobre a menina bonita que aparecia nas minhas fotos no FaceBook, e pelo tom usado pelo mais velho ele deve ter achado que era minha namorada — a Thalita. Ai, que bando de iludidos. —. Um bando de bobagens até quea Thainá apareceu, linda, com os cachos soltos e com um shortinho curto.

D-I-V-A-N-D-O!

Mas claro, essa não era a opnião do Vitor.

— Que tipo de roupa é essa, mocinha?

— A roupa que eu trabalhei e dei meu dinheiro para comprar, ou seja, uma roupa que não é da sua conta. — ai menina, a-r-r-a-s-o-u! — Agora, Vitor, vai cuidar da sua conta e da educação dos seus filhos em vez de ficar implicando com a roupa alheia. Ou vou começar a pensar que você está com inveja.

Já contei que, diferente de mim, a nossa futura advogada fala o que pensa? Pois é, ela fala.

— Eu saí de São Paulo e vim pra cá para ouvir esse tipo de coisa da minha própria irmã? É isso?

— Saiu de lá porque quis. — deu de ombros, sem se abalar. Adoro. — Gabriel, vou para um protesto com umas amigas da faculdade, avisa a mãe, sim?

Eu ia dizer que avisava com todo o prazer e para ela sambar nas inimigas — machista —, no entanto fui interrompido pelo moreno.

— Vai protestar com aquelas meninas que querem andar quase sem roupa e não querem ser estrupadas, né? Depois dizem que você é super inteligente.

— Em primeiro lugar, Vitor Hugo da Silva, se uma mulher quiser andar pelada, ela tem todo o direito de andar pelada sem que nenhum homem se ache no direito de falar coisas porcas ou enfiar o pênis dentro da vagina dela. Eles não são nossos donos, nunca foram, e nunca serão. E em segundo lugar, não é "estrupadas", é "estupradas", se quiser argumentar, saiba ao menos usar o português. E em terceiro lugar, se eu não fosse super inteligente não teria passado em primeiro lugar do curso de Direito para a Federal... Em que posição você passou mesmo? Ah, é... Você reprovou na primeira tentativa. Agora me dê licença que não sou obrigada a ouvir esses seus discursos de argumentos manjados e nada coerentes com a lógica. Vejo você mais tarde.

Logicamente, o outro nem a respondeu, ficando calado com o que Thainra disse, e que concordo plenamente com ela. Contudo, eu sou um covarde sem vergonha que não admite esse tipo de coisa. Sara também não se pronunciou, sendo o tipo que fica meio omissa. Acha que a atitude da minha irmã é simplesmente falta de sexo, quando, na verdade, é algo completamente diferente, uma luta por direito iguais.

Mal a universitária saiu, e ouvi-a gritando no portão, avisando sobre a chegada de Thalita. Provavelmente, minha cacheada havia acabado de sair da aula de dança, chegou já querendo me contar uns babados, Porém, parou na porta ao ver Vitor, e hesitou um pouco antes de entrar, me cumprimentando com um beijo de lado no rosto, sob o olhar malicioso da minha cunhada.

— Hmm... É a sua namoradinha, Gabe?

Nós dois nos encaramos, pensando por um momento sobre a pergunta idiota feita. E, depois de muito avaliá-la, rimos, rimos com muito gosto, até que lágrimas começassem a cair e que minha barriga passasse a doer.

— Claro que não, ela é mulher. — disse, ainda em meio a risadas, antes de ouvir as da transsex cessarem, fazendo com que eu finalmente me tocasse do que tinha dito. A cara do mais velho era de uma incredulidade mesclada a raiva. Respirei fundo. — Pode me xingar, Vitor. Do que quiser. É, eu sou gay. Gosto de homens. De machos. Aquele tipo de gente que...

Não cheguei a terminar, fui interrompido por ele partindo para cima de mim e com os gritos da Thalita e da Sara para que parasse. Conseguiram afastar o moreno do meu corpo apenas depois de um tempo, e, por sorte, eu fiquei com somente alguns arranhões, porém aqui dentro... Dentro do meu peito parecia ter se despedaçado com a reação do Vitinho.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, açucares ♥ Beijinhos, e até o próximo ♥