Waking Up - Aprendendo a Viver escrita por Soll, GrasiT


Capítulo 41
Capítulo 33 – Um novo começo.


Notas iniciais do capítulo

Primeiro de tudo, muitas desculpas pela demora, ando tão ocupada que raramente me sinto disposta e inspirada a escrever ainda mais nessa reta final! Um mês sem atualização, então espero que aproveitem muito! POR FAVOR, leiam as notas finais! Boa leitura!



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Os minutos demoraram a passar enquanto eu estava em seus braços. Já não precisava fugir de todas as lembranças ou dar adeus ao nosso mundo. Ele estava vivo! Edward apenas me segurava forte, me levando a cada vez mais lágrimas. Queria dizer que o amava e que sentia sua falta. Queria beijá-lo, mostrar que estava feliz por tê-lo de volta, porém, só conseguia chorar e colocar para fora toda a tristeza que habitava em mim. Estava decidida a expulsar a dor antes de ele estar ali, agora eu a mataria definitivamente.

            Seu coração batia tão forte a altura de meu ouvido grudado em seu peito. Sonoras batidas e cheias de vida que me embalavam lentamente até a calmaria de estar com ele mais uma vez. E ali ficamos, abraçados e de joelhos como se com nossas lágrimas agradecêssemos aos céus por tudo ter acabado.

            Quando parei de chorar apenas suspirei me afastando e evitando olhar em seus olhos. Ainda não tinha dito nenhuma palavra a ele. Por muito tempo fui tola, pensando que nunca mais o veria e mentindo para mim mesma que acreditava que ele voltaria. Não acreditei em nenhum momento, fui egoísta demais sentindo toda a dor daquele dejavu, e esqueci-me de todos que estavam comigo vivendo das mesmas angústias e medos.

Eu queria apoio, eu o queria, eu queria que Deus fosse mais justo comigo, eu queria ficar bem, eu queria parar de chorar, eu queria minha felicidade de volta, eu queria que minha vida fosse diferente e blábláblá… eu, eu, eu… não pensava nem mesmo em Edward por muito tempo para evitar a minha dor. Enquanto ele… merda! Enquanto ele, eu sabia, lutava para voltar por mim e para mim. Agora tinha de tomar uma decisão crucial. Contar ou não contar tudo o que havia se passado comigo?

Ele tocou meu queixo e levantou meu rosto. Seus olhos eram pura compaixão e amor. Fitou-me no fundo dos meus então se ergueu oferecendo a mão para que eu fosse com ele.

Em silêncio caminhamos para a cabana. Ele não me cobrou nada, nem que dissesse seu nome – que em minha cabeça se repetia a cada segundo. Ajudou-me nas pedras escorregadias que cortavam o pequeno espaço de floresta entre a casa e o despenhadeiro, segurando firme em minha mão fazendo carinhos. Entre as árvores, eu parei. Sem largar dele o fitei.

Edward ainda vestia seu traje militar. O cabelo um pouco mais comprido do que quando partira. Suas feições mais duras… talvez cansadas, diria. Os olhos levemente torturados e ainda assim eufóricos de alegria. Ele se dividia entre opostos extremos e podia ver em sua postura que muito havia mudado nele. Um frio gelou-me a espinha quando percebi que Edward não era mais aquele garoto que fora acuado quando levado pelo Exército. Ele havia se tornado um homem. E isso podia mudar tudo.

“Eu…” Comecei. Um canto de sua boca se puxou para cima. Limpei a garganta. “Tenho muitas coisas que queria te contar. Falar de tudo o que houve nesses 3 meses sem você, mas é tão difícil.” Engoli o choro que queria voltar. “Só sei que te amo. Amo de qualquer maneira, então antes de qualquer coisa se lembre disso.” Ele sorriu tudo o que podia sorrir. Amplo. Vivo. Brilhante. Meu mundo se desfez em pedaços com tudo que senti com aquele sorriso. Ele se aproximou.

“E você acha que eu duvidei disso em algum momento?” Balancei minha cabeça em um não. “Por que está me dizendo isso então?”

“Por medo de que você tenha mudado demais e que… Deus como sou egoísta!” Pensei se deveria continuar, ele me interrompeu colando um dedo em meus lábios.

“Eu sempre vou te amar.” Segurou minha cabeça em suas mãos com nenhuma força, e então sua boca tocou a minha delicadamente. Tudo então foi um branco em minha mente. O mundo desapareceu sobre meus pés. O coração pulou perdendo alguns passos, se tropeçando em um estouro acelerado de batidas. Meus joelhos cederam, e ele me segurou pela cintura. Perdi o ar e encontrei seus olhos.

“Sempre.” Nós dissemos juntos em um sussurro.

Nos entregamos a um beijo cálido e voraz que veio dizendo o que palavras não conseguiriam expressar: a saudade apenas fortaleceu o que havia de mais concreto para nós, o nosso amor.

(***)

            Sentamos nos degraus na entrada de nossa cabana, protegidos por um pedaço de telhado quando os pingos grossos e espaçados de chuva começaram a molhar o chão. Meu coração não se acalmava e segurava sua mão firme sentindo o quão real o momento era. Nos encolhemos um nos braços do outro sem querermos falar nada, porém sabíamos que aquela era a hora para tudo ser dito. Ele respirou fundo e afastou-se.

            “Você me deve uma explicação Bella.” Disse simplesmente. Esperei, vendo alguns pássaros voando pelo céu durante a chuva fraca. “Você realmente ia fazer aquilo? Ia pular?” Olhei para Edward.

            “Pular?” Bufou com minha pergunta.

            “Na encosta onde te achei Bella? Você ia mesmo fazer? Depois de tantas coisas que passamos juntos… tantas coisas foram aprendidas. Sei que não está sendo fácil para…”

            “Eu não ia pular.” Interrompi. Olhou-me desconfiado. “Isso jamais passou por minha cabeça.”

            “Jamais?” Duvidou. Lhe fitei firme, ele se derreteu um pouco e quando voltou a falar sua voz estava tão suave quanto afogada. “Sol, eu li sua carta e li seu bilhete de adeus.” Prendi a respiração. Edward voltou a me abraçar. “Meu amor…”

            “Era o nosso bebê.” Falei sufocando lágrimas em minha garganta. “Estava tão feliz, foi o único momento em que realmente tive fé que tudo ficaria bem. Eu não consegui. Não fui forte o bastante… nosso filho.” Ele apertou-me mais em seus braços, dando um beijo em meus cabelos e fungando com um choro tão pesaroso quanto o meu. Edward demorou a falar.

            “Nunca, jamais Bella, se culpe sobre isso.” Respirei fundo. Era tudo tão recente, meu corpo ainda estava fraco e existiam tantos pedaços de mim a serem remontados. Tantos pedaços de nós. “Você foi forte, mas não seria forte suficiente nessa manhã Bella. Por que ia fazer isso com você? Deus! Eu não sei se conseguiria seguir se te encontrasse… Depois de tanta luta você ia desistir mais uma vez? Achei que o amor que tem fosse o bastante para sobreviver mesmo que eu não voltasse… pensei que ele já tinha te salvado e que de alguma maneira ele te curaria! Por que Bella, por que você ia pular?”

            Me levantei cansada, pondo meus pés na grama molhada e olhando para o céu, de costas para ele. Lágrimas e chuva molhando minha face, lavando minha alma.

            “Eu não iria me jogar. Você pode acreditar nisso. Leu o meu bilhete… eu precisava me libertar de tudo isso Edward. É tão pesado. Já não tinha esperanças, ainda não sei se há. Deixaria tudo para trás, dor, memórias… amor. Eu seguiria e me curaria. Estava dando adeus a todos os momentos que deixamos aqui. Estava dizendo que o amava, mas que sem você eu não conseguiria viver na sombra das lembranças. Você entende agora? Para seguir sem você, teria que ficar sozinha longe de tudo que veio junto com a gente. Se eu pulasse daquele penhasco o que eu estaria fazendo com tudo que tivemos? Foi você quem me ensinou a ser forte… a viver. Estava me libertando para um dia poder ser feliz.”

            “Então por que você tinha um pé fora? Não minta, por favor.” Ele implorava.

            “Para ter certeza que coisas simples, como o vento tocando a minha pele, ainda poderiam me trazer um pouco de paz.” Lhe fitei por cima do ombro, estava em pé com as mãos nos bolsos olhando o nada. “Acredita no que digo?”

            “Me desculpe por isso.” Sua voz cheia de arrependimento saiu baixa, virei totalmente em sua direção.

            “Me desculpe por ter desistido tão fácil do que temos.” Ele sorriu tímido, oferecendo sua mão para mim, que dei um passo e a segurei.

“Você teve suas razões.” Seus braços me agarraram com força, segurando-me em seu peito.

“Enquanto você lutava… em uma guerra.” Senti a respiração dele se perder um momento.

“Nós vamos superar tudo isso. Eu te prometo meu amor.” Sorri lhe fitando de baixo.

“Sol?” Disse eu, depois de muitos minutos quietos debaixo de uma chuva mansa que nos lavava aos poucos e fortalecia o espírito.

“O que?”

“Você estava certo.” Expliquei.

“Sobre o que meu amor?”

“Um bebê.” Ele riu baixinho.

“É eu sei.” Mexeu os ombros. “Eu sempre estou certo no que diz respeito a você.”

“Sem essa!” Ele riu com a careta que fiz. “Lembra o que pensava sobre mim quando cheguei aqui? Que eu era uma metida depressiva e interesseira… era algo assim não, sabichão?”

“Até pode ser, mas estava certo sobre um pequeno detalhe que não tive coragem de te falar naquela noite.”

“Mmm…Qual?”

“Que sabia que você seria a pessoa que mudaria minha vida.”

(***)

“Ainda não posso acreditar que você roubou o carro!” Disse ao abrir a porta do mesmo para eu sair.

“Não roubei!” Ele me olhou descrente. “Veja como um empréstimo não anunciado!” Sorri e ele balançou a cabeça me mostrando um sorriso tímido e inseguro. “O que foi?”

“Nós temos muito o que conversar ainda… muita coisa mudou meu amor.” Declarou com medo de minha reação. Respirei fundo e fechei os olhos.

“Me dê um tempo antes de qualquer coisa. Nós precisamos um pouco de paz. Daqui a poucos dias irão sair os resultados de alguns exames que fiz…” Engoli seco. “Depois de… bem, você sabe. Será que podemos esperar até lá?”

            “Sim, sempre. Você deixa te acompanhar? Quero dizer… quando sair esses resultados, eu quero estar junto.”

            “Edward, você é a única pessoa que quero ao meu redor.” Ele sorriu e caminhamos para dentro de casa.

            “Sabe quem me trouxe de volta tão cedo?” Cochichou para mim.

            “Meu…” Ediota inclinou a cabeça em direção a porta da sala de estar. “PAI!” Corri abraçá-lo e chorei como uma criança. Ele me manteve segura envolvida em seus braços fortes, apertando-me e garantindo que estava ali por mim.

            Pessoas têm muitos heróis. Um ídolo, um mártir, um amigo, um amor, um Deus, um personagem de quadrinhos… e eu tinha meu pai. Nunca antes o vi como um herói, talvez na infância, mas não depois que soube o real significado da palavra Herói. Ser alguém dessa espécie não é apenas salvar vidas ou ter super poderes, talvez operar milagres ou morrer por uma nação ou causa. Herói é aquele que se distingue por seu valor ou por suas ações por menores e inglórias que sejam.

Meu pai era o meu herói por ter se doado ao meu sentimento e não pelas medalhas de honra e patentes que carregava em seu uniforme militar. Era o meu herói por ter se disposto a lutar por minha felicidade e enfrentar o perigo que fosse para trazer a pessoa que me libertara de tanta dor. Não havia nada de glorioso ou supremo em sua atitude, porém havia nobreza, humildade e bondade. Isso, e apenas isso, o tornava meu único grande Herói.

E eu seria eternamente grata.

“Isabella!” A voz estridente e irritada de Alice rompeu o ambiente junto de sua minúscula presença. “Você quer me matar do coração, é isso? Quer virar viúva de melhor amiga então? O que você pensava em fazer para sair assim? Onde você estava? Ah! Oi, Charlie…”

“A história é longa, mas resumindo, estava com o…”

“Oi Alice.” Sentado na poltrona atrás de mim e meu pai, Edward falou. Os olhos da nanica se arregalaram e sua cor desapareceu.

“Ed-edward?” Saímos de sua frente. “Meu Deus! EEEEEEEDWARD!” Correu se jogando no irmão. “Falei! Sempre disse para todo mundo! Sabia que você ia voltar Eddie! Eu sabia! A Bella só chorou! Eu também – devo admitir – você é chato, mas faz falta. Sabe você tem que ligar para o Jacob! Estou com tanta saudade!” Ela tagarelava sem parar sentada em suas pernas e agarrada ao seu pescoço. “Me dê mais um abraço! Não, não! Melhor, antes tire essa roupa! Isso não é você!” Edward, estranhamente parou de sorrir um instante e fitou meu pai. Apenas uma troca de olhares e nada mais.

“Tinha me esquecido de como você consegue ser tão tagarela!” Eles riram juntos. “Já vou tirar a farda, quer mais um abraço até lá?”

“Seu bonito! Você está mais bronzeado!” Comentou o abraçando. Era impossível não ficar feliz ao ver tanta alegria. Minha cabeça rodou e tive que respirar fundo para não cair. Apoiei-me em Charlie que me segurou.

“O que foi? O que está acontecendo?”

“Eu… só preciso descansar pai. Tenho que tomar alguns remédios que deixei para trás essa manhã, ainda estou muito fraca.”

“Fraca? Está transparente de tão pálida Bells. Qual é o problema?” Olhei em seus olhos cheios de dúvidas sinceras.

“Esme não te contou?” Ele negou. “Pai…” tomei coragem, não seria fácil para nenhum de nós.  “Estava esperando um bebê de Edward…”

“Espera ai, você o que? Estava?” Fez questão de ressaltar a última palavra.

“O perdi.” Sussurrei para o silêncio completar todos os cantos da sala. Com o canto do olho vi Alice confortando Edward que tinha os olhos úmidos. Meu pai teve a atitude que menos esperava dele: abraçou-me.

“Oh minha querida, sinto tanto! Tudo isso vai passar. Vai superar, seu pai te garante.” Ele me envolvia delicadamente como se fosse uma rosa prestes a se despedaçar.

“Obrigada pai.” Ele me largou. “Por hora apenas preciso dormir.” Suspirei cansada.

“Edward?” Meu pai chamou. “Acho que ela precisa mais de você do que de mim nesse momento.” Meu Ediota concordou prontamente se levantando e enlaçando nossas mãos.

“Tenho certeza General.” Disse ele. “Eu preciso dela.”

(***)

Era estranho aquele sentimento. Estávamos felizes por estarmos juntos novamente, felizes por aquela época de medo ter acabado – de alguma forma – bem, mas não era como antes. Algo havia rompido nesse espaço de tempo. Nenhuma fissura em nosso amor, porém fissuras em nós mesmos. Edward era um homem que já vivera no terror de uma guerra, e eu uma mulher que perdera seu primeiro filho em sua primeira gravidez.

Em três meses tínhamos envelhecido tantos anos como nunca antes acontecera. Carregávamos uma carga que poucos conseguiriam aguentar com nossa idade. Nós sabíamos o que nos fortalecia e em quem podíamos nos apoiar. Tínhamos cedo o que muitos procuram uma vida inteira e lutávamos contra tantas outras coisas que muitos nem saberiam o que é. Ediota e eu havíamos mudado, havíamos crescido.

Uma mistura complicada de se compreender de felicidade e perda. Dormíamos juntos, nos beijávamos, conversávamos, ficávamos o tempo todo um com o outro e principalmente chorávamos. Chorávamos quando nos abraçávamos a noite e ouvíamos o coração do outro bater contra o ouvido. Chorávamos quando a mão de Edward corria involuntariamente para o fundo de meu ventre procurando algo que já não existia. Porém, toda a perda e dor que aquele período nos deixou resultava em sorrisos após as lágrimas, às vezes um pouco mais duros, outros mais calorosos, mas ainda assim eram sorrisos.

Os dias passavam mais lentos que o normal e quando a noite chegava sentia-me aliviada por finalmente ter sobrevivido mais um dia sem me render a todos os meus pensamentos mais sombrios. Eu tinha Edward agora, sabia que ficaria bem, porém ele precisava ficar bem para isso acontecer. Poderia ser quem ele precisava? Desde sua volta ambos não tocamos no assunto “guerra”. Existia um abismo entre nós a respeito disso… bem, naquela noite eu iria resolver isso.

Esperei para que a casa estivesse dormindo. Como sempre fazíamos antes, ficamos acordados afogados em uma quietude plena. Não era incômodo ou irritante, pois estava em seus braços. Estava segura e me sentia amada, o Ediota continuava a fazer os carinhos que me acalmavam e a falar as palavras que me derretiam. Éramos os mesmos na essência.

“Acho que perdemos os prazos para nos inscrever nas Universidades.” Disse ele baixinho.

“E daí? Eu me esqueci de meu exame de habilitação.” Ele riu.

“Isso que lhe deixei um lembrete no celular…” Ri um pouquinho também com sua lembrança.

“Fazia questão de ignorar meu celular todos os dias, não fazia sentido contar as horas esperando por uma ligação sua… simplesmente não tinha sentido, ela não viria afinal.” Respirei fundo.

“Senti tanto sua falta lá… foi difícil para mim também.” Ele esperou por algo, então o fiz me apertar mais em seus braços.

“Está pronto para falar um pouco sobre a Guerra? Acho que precisa por um pouco do que viu para fora.”

“Você tem razão, mas não sei se é a hora. Quero dizer, você está frágil, eu estou frágil, seria certo revirar isso tão recentemente?”

“Edward… amor, eu passei dois anos me torturando pela perda de Joshua. Dois anos lutando e não querendo mexer naquilo que mais me incomodava, me reprimindo e me punindo. Eu simplesmente não dividia. Isso me afastou de meu pai e de mim mesma e se aprendi algo com isso foi que temos de por tudo para fora enquanto é cedo para depois nos reerguermos.” Ele permaneceu calado por um tempo, me cansei. “Ok Edward, você quer que eu seja franca com você?” Me sentei ficando de frente para ele.

“Por favor.” Me respondeu.

“Estou tão cansada quanto você, mas mesmo estando no meio dessa tranqüilidade eu não consigo dormir… ao seu lado! Não consigo parar de pensar o que será de nós. Olho no reflexo dos vidros pela manhã e nos vejo e só considero que estamos diferentes demais do que éramos 3 meses atrás e mesmo nos amando igual ou mais, nós mudamos! E eu quero… não, eu PRECISO saber tudo o que houve com você para aprender a lidar com a sua dor tanto quanto você lida com a minha.” Mais uma vez fiquei com seu silêncio, quando seus olhos vagaram para longe dos meus soube que não falaria.

“Não vou forçar seus limites.” Eu disse por fim. “Se você não quer falar, está tudo bem, só não quero te perder para as memórias dessa guerra.” Levantei-me e arrumei a camisola. “Vou deitar, você vem?”

“Irei em um instante.”

Narração: Edward Cullen.

Bella se deitou e fechou os olhos. Tinha certeza que havia lágrimas correndo de mansinho até seu pescoço e se perdendo por seu cabelo. Do sofá fiquei a admirando. Éramos tão jovens e já tínhamos tanto a contar, vivido tantas situações, sido entregues a emoções que nos dominariam para toda a vida. E a amava. Era essa a minha única certeza naquele momento. A amava e queria fazê-la feliz novamente.

Soe da forma que soar, pode parecer primitivo ou machista, mas eu contava as horas para poder amá-la mais uma vez. Com todos os jeitos e forças, estava doido para fazer amor com a minha Monstrenga. A beijaria dos pés a cabeça, sem esquecer uma única parte. Eu a amaria, a faria minha e por Deus, faria outro filho nela, porque a amo. Sei o quanto tudo que aconteceu tinha a devastado e o que ainda estava por vir a machucaria e sei também que ela é forte. Cedo ou tarde ela vai superar qualquer coisa que tenha acontecido nessa época.

Mas naquele instante me questionava se ela queria mesmo saber as coisas por quais passei na guerra e se ela estava pronta para ouvir o terror do deserto. Seria certo contar quantos tiros eu disparei? Quantos corpos tive que carregar? Bella merecia saber quanto sangue carregava comigo? Talvez eu devesse deixar de ser tão altruísta e passar a ser um pouco mais egoísta. Monstrenga mesmo deve ter me dito isso uma ou duas vezes.

Se ela precisava ouvir, eu precisava jogar para fora de uma vez. Meu coração estava pesado, então me deitei ao seu lado a abraçando e ficando de conchinha. O cheiro dela era inebriante.

“Boa noite Ediota.” Ela disse suave, entrelaçando nossas mãos como costumávamos dormir, se ajeitando na cama e se encaixando em meu corpo.

“Não é nada parecido com os filmes.” Falei para começar, ela parou e ouviu. “É barulhento, imundo e fedido. Tiveram dias que pensei que enlouqueceria sob o sol. É humanamente impossível estar preparado para o que vimos lá.” Ela se mexeu e esperei até ficar finalmente de frente para mim.

“Não precisa contar só porque pedi… eu falei sério quando disse que vou respeitar seus limites Eddie.”

“Sei, mas preciso.” Ela concordou e prestou atenção. “É terrível ter que te contar isso, mas eu já nem sei quantos matei para permanecer vivo. É tudo tão insano e sem sentido, a única motivação a princípio era saber que meu coração ainda estava batendo. Procurei não pensar em você por muito tempo, às vezes ficava fraco imaginando como passava seus dias ou o que fazia para suportar a distância. Sou egoísta demais por isso?”

“Não. Mais do que o normal quis ignorar as nossas lembranças.” Admitiu ela. “Sempre fui mais egoísta que você.” Fiz um carinho em seu rosto. Não era hora de culpa.

“Queria bloquear os sentimentos para conseguir me focar em me manter vivo, porém é complicado, você sabe. Não podemos desligar de uma hora para outra… somos conectados. Houve horas que ficava perdido olhando para o nada do deserto, era pacífico nesse instante até que as explosões começavam e isso é infinito. Um grande ciclo, quase impossível de se quebrar e de longe é o que há de mais cruel neste mundo. Bella, nossos medos, dúvidas, sofrimentos e tristezas se reduzem a pó por lá. Há tanta morte e podridão que no começo me senti como o vilão. Não existia razão para estar lá, eu não enxergava.”

“Não posso imaginar, tudo o que penso é em filmes clássicos de guerra.” Bella disse tímida.

“Pensei que fosse no mínimo parecido. Me enganei violentamente…” Respirei fundo. Tinha que editar certas coisas, não era a hora ainda. “Tive que matar pessoas Bella, os vilões…” Ri debochado. “Mas ainda assim pessoas. Quis vomitar e por tudo para fora. Quem era aquele afinal? Um monstro? Não tinha tempo para descobrir, mais e mais balas certeiras foram disparadas. Eram eles ou eu.” Ela me deu um sorriso duro de cortar o coração. “Não devia estar te falando tudo isso, você está frágil. Há poucos dias você estava no hospital… não, definitivamente não é hora para ouvir tudo isso.”

Monstrenga tomou fôlego e fechou os olhos. Acomodou-se em meu peito e pôs meus braços ao redor de si. Ficou um instante em silêncio que até pensei que iria dormir. Então, puxou fundo a respiração mais uma vez e disse:

“Só quero que me diga com sinceridade absoluta uma coisa.” Esperei que continuasse. “Quando matava esses homens, o que sentia depois?”

“Nada. Só vazio. Ficava desprovido de sentimentos. Nós somos pó para eles, seu próprio povo é pó… seus irmãos, seus filhos e suas famílias, todos são mero pó. Infelizmente, não consigo me arrepender desde que percebi que… mesmo que os métodos estejam errados, lutávamos para levar um pouco de conforto àquelas pessoas.”

“Sem arrependimentos?”

“Sem arrependimentos.”

“O que mudou esse seu pensamento? Como você mesmo disse são pessoas, o que houve lá?” Bella empurrava mais fundo, com voz suave e sem julgamentos, só queria saber. Estava na hora de parar.

“Hoje não, amanhã teremos um dia longo, é seu aniversário! E também há a consulta. Vamos esquecer por mais algumas horas isso tudo ok? Só vamos aproveitar todos os momentos do amanhã e o depois… bem, fica para depois.”

“E quando vai devolver as fardas?”

            “Bella, depois meu amor.” Selei seus lábios com os meus e lhe desejei uma boa noite. Fiquei acordado até ela dormir naquela noite e continuei até ter certeza que os pesadelos não viriam.

            Narração: Bella Swan.

            Minhas mãos suavam frias e meu estômago dava voltas. Estava sendo dominada pelo nervosismo.

            Edward me arrastara para fora de casa antes que Alice ou qualquer um de nossos amigos pudesse acordar. É seu aniversário e temos que aproveitar, ele dizia. Para começar teríamos que enfrentar mais um médico. Ele tinha todos os exames prontos e seus devidos resultados quanto o estado de meu corpo, principalmente se poderia ou não ter filhos algum dia.

            Mais que nervosa, estava temerosa por tudo que Edward me contou durante a noite. Era terrível pensar que por suas mãos pessoas haviam morrido. Não tive medo de ouvir a verdade ou saber disso. Meu medo era por Edward e o quanto isso tinha o afetado. Ediota é um cara tão sentimentalista quanto uma garota de 13 anos. Ok sei que posso estar tirando algum crédito dele, mas é impossível não pensar que seja como for, isso tudo muda a pessoa de uma maneira irremediável.

            Sabia que ele tinha crescido. Podia ver em seus olhos o quanto um novo homem cintilava. Talvez, e só talvez, ele não estivesse sentindo toda a força da perda de nosso bebê como eu sentia, afinal ele não esteve presente e seu coração foi açoitado com outros tipos de dores, ou aquilo que via em seus olhos fosse o que eu mais buscava em minha vida: esperança.

            Como sempre ele pegou em minha mão enquanto caminhávamos pelos corredores da parte clínica do Hospital de Forks e com sua postura inabalável ele mostrava, não só dizia, que não importasse as pedras que existissem em nosso caminho ele as derrubaria uma por uma sem se cansar, nunca me deixando cair. E mais uma vez ali estava eu, sendo egoísta e cobrando demais, comparando minha dor com a dele. Ele sempre quis tanto ou muito mais um filho que eu, como podia pensar que ele não sofria por isso também!?

            Paramos na frente da sala do Doutor Rufallo, trocando um breve olhar e um sorriso de confiança. Em seus olhos todo o amor, carinho e dedicação que ganhei em todos aqueles meses se propagavam e brilhavam como uma estrela que corta o céu. Foi apenas um lampejo de tanto sentimento. Uma faísca do que temos. Era tão, tão grata por seu amor e soube ali, ao olhar em seus olhos, que todos os meus erros são seus acertos e vice-versa.

Não éramos apenas namorados, éramos cúmplices de um sentimento devorador e infinito onde existimos para suportar e amar ao outro, não importando como nem onde. Naquele momento tomei uma decisão, ou percebi algo que devia estar claro há muito tempo: tudo que Edward desejasse eu daria a ele, assim como sei que ele daria a mim. Tudo para ver a felicidade fervilhando em seus olhos mais uma vez.

“Pronta meu sol?” Ele perguntou em um murmúrio.

“Pronta.” Sorrimos e então, entramos.

            (***)

            Pensei que não podia haver nada que odiasse mais do que aquele suspense que médicos fazem antes de dar resultados de exames ou péssimas notícias. Quando chegasse minha vez não seria daquela forma, era desconfortável. Me mexi impaciente na cadeira enquanto o Dr. Rufallo alisava o queixo perfeitamente barbeado e analisava os diagnósticos. Edward tremia a perna totalmente ansioso. Fitei o relógio de parede e o silêncio era tão grande dentro de seu consultório que podia ouvir o tic-tac irritante. Perdi a paciência quando o médico suspirou.

            “E então doutor? Podemos saber o que tem para nós hoje?” Falei ríspida, chegava de gracinhas para mim. Edward me olhou assustado.

            “Bem, vejo que a senho…” Hesitou.

            “Senhorita doutor. Senhorita.” Segurei-me para não revirar os olhos.

            “A senhorita está um pouco impaciente então não vamos nos prorrogar com isso. Primeiro sinto por sua perda Isabella, mas imagino que estivesse ciente dos riscos de sua gravidez.”

            “Sim. Realmente tentei reverter meu quadro, mas não tive tempo. Compreendo totalmente.”

            “Veja, é incrível como conseguiu segurar o feto por quase três meses, com seu quadro anêmico e os problemas precoces que teve e que ainda afetam seu sistema reprodutivo. A princípio eu e Carlisle pensamos que esse aborto pudesse ter lhe afetado mais ainda, por isso fizemos tantos exames, para podermos saber os danos causados e suas extensões.”

            “Então há danos? Eles são… irreversíveis?” A voz de Edward saiu afogada por sua boca.

            “Sim, existem danos. Sempre existem, porém…” Ele parou e tirou os óculos de lentes finas e leves e se inclinou em nossa direção. “São poucos e sem grande gravidade. Você terá que permanecer em resguardo por mais alguns dias e terá que fazer tratamentos quando quiser engravidar novamente, não recomendo que seja logo. Dê um tempo a seu corpo, certo?”

“Espera!” Ediota disse. “Então ela vai poder… vamos poder ter filhos?” Ele estava maravilhado e via o brilho louco de vitória em seus olhos. De minhas costas parecia estar saindo um caminhão de 50 toneladas.

“Sim, claro. Ainda é uma probabilidade pequena, mas hoje em dia existem tratamentos incríveis! Claro, não são muito acessíveis, mas tendo Carlisle como médico da família, acredito que lhe consiga mais fácil. Mas crianças…” o homem sorriu pela primeira vez. “Vocês ainda são novos, tem uma vida inteira pela frente. Sabemos que essa gravidez foi algo inesperado, fruto de um descuido, então peço que vivam! Vão para a faculdade, trabalhem, experimentem e então quando tudo estiver em seu lugar tenham filhos.”

Sorri para ele, aquele sempre foi o plano. Agora teríamos que fazer alguns ajustes, mas a partir dali seria vida!

“Espero ter acalmado um pouco os dois, pelo que Carlisle me contou vocês realmente se gostam e pretendem levar uma vida juntos!” Ele bateu com os exames na mesa os alinhando e fechando a pastinha que os guardava. “Isso é de vocês.” Me entregou. “Resta alguma dúvida?”

“Não, não doutor Rufallo. Obrigado por tudo. Qualquer coisa podemos lhe ligar?”

“Claro, estou a disposição.” Nos despedimos e fomos breves em querer sair dali. Aquela notícia era um grande presente para nós.

“Na verdade eu tenho uma única dúvida!” Edward voltou quando o médico já fechava a porta. O homem parou no meio do caminho e esperou. “Bem… quanto tempo ela ainda tem que ficar de resguardo? Sabe, não é doutor? Acabei de voltar do inferno e sinto saudade da minha mulher. Tenho desejos!”

“Edward!” Exclamei não sabendo onde me enfiar. O médico riu.

“Até o final deste mês pelo menos.”

“Droga!” Ediota socou o ar e já se animou. “Nenhuma restrição quanto a sexo oral?”

“MEU DEUS! Alguém me belisca porque acho que estou delirando!” Saí de perto sentindo minhas bochechas pegarem fogo, os deixando sozinhos e rindo de minha vergonha.

Quando Edward me alcançou ele tinha um sorriso matreiro no rosto e um olhar sedutor. Jogou seu braço por cima dos meus ombros e puxou o meu ao redor de sua cintura, me olhou e riu.

“Sabe que eu fico mais louco ainda quando você fica toda vermelhinha, não sabe?”

“Você é um otário!” Belisquei suas costelas. Já entravamos no estacionamento.

“Ai ai! Um otário que você ama!”

“O que não vem ao caso.” Debochei e ri com ele.

“Sabe o que é melhor amor?” Edward só faltava saltitar.

“Uhm?” Murmurei. Lá vinha bomba. Ele se aproximou.

“Você tem orgasmos incríveis com a minha língua.” Falou rápido e me beijou o rosto para correr de minha reação.

“SEU FILHO DA MÃE!” Corri atrás.

(***)

Charlie ainda estava em Forks. Queria ficar junto de mim naquele dia. Ficava feliz, sentia muito a sua ausência e gostava de tê-lo ali em meu aniversário. Nos últimos dois não houve comemoração, vivíamos em um luto que parecia nunca melhorar.

            Todos ficaram contentes com a notícia que Edward e eu tinhamos a dar. Alice imediatamente se ofereceu para ser a futura madrinha de nossas crianças e Jasper choramingou brincadeiras de como teria que ser muito rico para sustentar os luxos da nanica. Todos riram com suas projeções para um futuro quem sabe não muito distante de como seriam nossos dias com crianças berrando por todos os cantos. Ele dizia que aquela família tinha tendência a procriar e mais um monte de coisas que faziam de Jazz um cara único.

            Houve dias, desde meu retorno a Forks, que passei minutos o fitando. Ele era de tantas formas idêntico ao irmão. O jeito que puxava o canto da boca em um sorriso tímido e sapeca ao mesmo tempo, como se dedicava às pessoas, a escutá-las… a cor acinzentada dos olhos, os traços marcados no rosto e o cabelo desgrenhado... Tudo denunciava que eram irmãos, porém havia tantas diferenças! E não era comparar, mas era de se admirar a natureza de sua pessoa.

            Desde que Edward me contara sobre sua infância e tudo que passaram para encontrar um bom lar, entendia o porquê de muitas atitudes dele e do irmão. E Jazz tinha um dom. Quieto e silencioso, não ouvia-se muito vindo dele, mas ele não precisava falar para sabermos o que pensava, ele simplesmente passava isso para nós. Não ganhei um abraço dele quando perdi o bebê, mas ganhei o olhar mais reconfortante. Não o ouvi em nenhum momento dizer que sentia a falta do irmão, porém em uma tarde ele apenas passou a mão em meu ombro e sentou-se ao meu lado, sabia que estava sendo difícil para ele também.

            Eram essas pequenas coisas que me faziam ver agora o quanto ele esteve presente em tudo. Podia ter dúvidas quanto a Emmet, Jake ou até mesmo Alice estarem ou não em um lugar comigo, mas Jasper não. Eu me lembrava com clareza de todos os momentos que partilhamos. Quando estive ao seu redor, a dor nunca foi extrema e a tristeza não feria tanto, e notar que desde o princípio ele esteve ali me apoiando sem uma única palavra me fez ser grata eternamente a Jasper.

            Joshua era assim. Joshua era uma luz. Não precisava de nenhum som, apenas cintilava. Bem como Jasper.

            Levantei-me, fui até onde ele estava e sem esperar por nenhuma pergunta sua, nos abraçamos como velhos amigos que não se vêem há muitos longos anos. Um abraço apertado e sincero. Abri meu coração e o recebi em meus braços e ele fez o mesmo. Quando nos separamos, eu tinha lágrimas nos olhos e uma alegria incomparável me dominava.

“Obrigado.” Eu disse e ele assentiu com um sorriso. Jasper era para mim mais que cunhado, mais até mesmo que um amigo, não era uma simples conexão, era um novo irmão.

             (***)

            “Bella? Bella?” Rose bateu na porta de meu quarto. “Posso entrar?”

            “Entre!”

            “Nossa! Você está radiante!” Ela pegou em minha mão e me girou em meus pés quase me levando ao chão e arrancando risadas de ambas por isso. “Incrível, Bella!”

            De última hora Alice nos convenceu a ter uma festa. Não tinhamos ninguém além de Amber e Jacob para chamar, seria algo pequeno e épico, como ela mesma descreveu. Gostava da idéia de ter uma festa, havia tantos motivos para serem celebrados, não só meu aniversário, era uma boa cota de excelentes razões. Então colocamos nossas melhores roupas e Esme conseguiu que um Buffet nos atendesse de última hora.

            “Obrigada!” Sorri sem graça. Rose segurou minhas mãos. “Qual o motivo da visita em meu adorável quarto?”

            “Seu pai chegou agorinha em casa, ele está querendo falar com você.” Balançou os ombros.

            “Nem sabia que havia saído, mas tudo bem, eu já vou descer.”

            “Oook…” Ela olhou para os lados, permaneceu parada a minha frente. Hesitando.

            “Fala logo!”

            “Não é nada grave, ok?” Ela começou. “É apenas um conselho, não fique irritada com seu pai, está bem?”

            “Er… tudo bem. Mas do que você está falando mesmo?”

            “BELLA! DESÇA AQUI QUERIDA!” A voz de meu pai ecoou do meio da escada. Rose murmurou um “vá” alarmado para mim e ficou no quarto quando saí.

            “O que há pai?” Entrei no escritório de Esme fechando a porta. Charlie ficou quieto e ao me virar em sua direção ela estava lá. “O que você faz aqui?”

            “Sou sua mãe.”

            “Mãe? Não, você não é uma mãe. Você é a criatura que me pos no mundo. O que faz aqui Renée?”

            “É seu aniversário!” Argumentou.

            “Ótimo! Junte com os últimos 3 ou 4 que tem deixado passar batido e irá conseguir um novo Record! Você não deveria estar aqui Renée."

“Bella, você não está sendo um pouco dura?" Charlie me repreendeu.

"Não, não estou. Quando você partiu para buscar Edward pedi que ela viesse, pensei que tinha mudado. Ambas precisávamos disso, mas não, continua a mesma, nem sequer me deu resposta."

"Bella, me deixe explicar..." Pediu minha mãe. Ergui uma mão a impedindo de continuar com a ladainha.

“Sabe o que acontece? Acontece que eu cansei de me lamentar por você não dar o amor que eu preciso, e sinceramente isso vindo de você não é mais necessário. Você teve oportunidades de consertar todos os seus erros comigo, mas não é um pedido de desculpa que faz isso, são suas atitudes e jogou tudo fora! O melhor disso tudo é que  consigo ver um lado bom para mim nessa sua negligência de uma vida inteira.”

Todos assistiam em silêncio, Allie e Jazz estavam em minhas costas, Rose a minha lateral. Renée tinha a cabeça baixa e uma expressão morta. Pensei que poderia consolá-la e quem sabe até já começasse a sentir o arrependimento por minhas palavras, porém não iria deixar que nada me incomodasse naquele dia ou tirasse minha alegria.

“O lado bom é que sei bem o que quero e não quero ser como você. Amarga e vazia, vivendo de memórias e suposições. Eu não sou uma suposição na sua vida, eu sou sua filha, mas você não aceita isso, assim como não entra na sua cabeça que Joshua está morto! Você vive da ilusão do “e se Joshua não tivesse ido… e se eu não tivesse insistido… e se Bella se sair melhor sem mim”, não quero mesmo ser assim. Tento viver dentro da realidade e seguir com minha vida, assim como todos fazem.”

“Mas eu estou aqui! Não quero perder seus bons momentos!”

“Você pode ficar em todos os meus bons momentos, eu aceito sua presença, mas me faça um favor sim, não estrague nenhum desses instantes. Eu já tenho uma carga muito pesada que carrego comigo, não preciso ouvir suas lamúrias destruindo com os pedaços de felicidade que recebo.”

“Bella! Isso já passou dos limites. Sua mãe não está bem emocionalmente, você sabe. Por favor?” Meu pai pedia para eu parar.

“EU SEI!” Gritei em um impulso. Todos se espantaram e então me controlei. “E eu estou bem por acaso? Não fui eu quem perdeu um bebê na semana passada? Meu emocional está ok então?” Ninguém disse uma palavra de volta, apenas Charlie se encolheu e me pediu desculpas com os olhos. Suspirei. “Pode ficar Renée, mas, por favor, não fale comigo, está bem?” Moveu a cabeça concordando. “Onde está Edward?”

“Ahn… deve estar chegando Bells.” Alice disse.

“Chegando? E ele saiu por um acaso?” Meu pai riu e se aproximou falando baixinho.

“Desculpe-me por Renée, realmente não sabia dela. Edward foi fazer algo para mim, já que ela me pegou de surpresa e fiquei preso aqui.”

“Eddie está vindo.” Emmet entrou no escritório de Esme nos avisando.

“Ótimo!” Comemorei e me dirigi à entrada da casa.

“Espere ai mocinha!” Charlie disse sério. Parei sentindo a provocação na forma que me chamou. “Jasper?” Mudou seu foco.

“Ein?”

“É pra já!” Meu cunhado tirou do bolso uma faixa preta e veio para cima de mim. Tentei fugir. “Segura ela Emmet!”

“O que é isso?!” Dei passos para trás e bati na parede que era Emm.

“Só uma surpresinha para a Bebelildis!” Então me vendaram.

(***)

“Ok! Ok! Aqui está bom!” Meu pai falava enquanto me guiava.

“Alguém pode me dizer que diabos está acontecendo?” Insisti. Sabia que estava do lado de fora, conseguia ouvir os pássaros.

“Não é óbvio Bells?” Alice debochou vinda de algum canto e me fazendo cócegas na barriga.

“PARE COM ISSO ALLIE!” Gritei me contorcendo, fazendo todos rirem. “Na verdade não! Onde está Edward? Disseram que ele já estava aqui.”

“Edward, Edward, Edward! Essa garota só quer saber do Edward? Por que ela não pergunta ei onde está o Emmet, quero uma queda de braço! Não entendo!”

“Emmet? É melhor você parar, não quero que a Rose brigue comigo hoje, ok?” Ela riu sem humor de minha brincadeira.

“Muito, muito engraçadinha você Bella!”

“Chega de papo!” Jasper falou. “Está pronta Bells?”

“E eu vou lá saber! Não sei do que se trata!”

“É ela está pronta.” Constatou.

“Vamos logo com isso Jazz.” Charlie o apressou e senti a venda se afrouxando em minha cabeça. Estava de olhos fechados… adorava aquele tipo de coisa, então não tentava trapacear olhando pelas frestas que ficavam abaixo dos olhos querendo saber o que era.

“Abra seus olhos princesa.” Disse meu pai, o obedeci.

“AH MEU DEUS!” Exclamei ao ver o que era. Há uns três metros de distância um carro com um grande laço vermelho preso ao teto esperava por mim, junto dele, Edward rindo de minha expressão.

“FELIZ ANIVERSÁRIO BELLA!” Todos comemoraram gritando e jogando confetes e serpentinas em mim.

Narração: Edward Cullen.

Fiz questão de ser da maneira mais tradicional possível. Peguei um garfo e sem força dei três batidinhas na minha taça. Todos voltaram sua atenção para mim. Bella segurava em minha mão, sentada ao meu lado. Toda a família estava ali. Desde Amber e Jacob que eram como irmãos para mim e a Monstrenga até Renée que não fora convidada e nem desejada ali. Quanto a isso, compreendia e apoiava Bella, ela já tinha muitas coisas com que lidar, não precisava de mais uma.

            Limpei a garganta e me levantei. Bella pareceu sentir o que estava por vir e enquanto seus olhos me acompanhavam, sua pele enrubesceu maravilhosamente. Então, comecei.

            “Lembro-me que três meses atrás estávamos reunidos nessa mesma mesa, Charlie estava junto conosco pelo telefone. Bella e eu tínhamos algo muito importante a dizer a vocês naquela noite, porém algo nos interrompeu. Infelizmente nada teve fim naquele dia, exceto a tristeza e incertezas que caiam sobre nós.” Respirei fundo e tentei conter a emoção que me dominava. “No entanto, nós ficamos juntos como uma família deve ser. E eu parti. Foi tão difícil para todos, sabemos disso, mas mais difícil que a partida, foi o tempo que passamos afastados e tudo o que houve dos dois lados nesse tempo.”

            Olhei para cada rosto e cada expressão. Vi quanto amor e quanta saudade existiam neles e também a felicidade de estarmos reunidos. Vivia minha vida por momentos como aquele.

            “Bem, não vamos lembrar-nos do que nos entristece, afinal hoje é aniversário da Bella, minha Monstrenga: teimosa, cabeça-dura e terrivelmente apaixonante. Hoje é dia de celebrarmos a vida e de voltarmos a três meses atrás e lhes dizer o que tinhamos planejado. Sei que um ou dois já devem estar sabendo do que se trata, mas é meu dever fazer isso como manda o figurino.” Bella ria-se sozinha, mordendo o lábio e tentando esconder o rosto envergonhado de todos.

            “Vai fundo irmão.” Disse Emmet. Balancei a cabeça e olhei meu sogro que olhava intrigado para mim.

            “Charlie Swan.” Fitou-me para que eu continuasse. “Eu humildemente peço a mão de sua filha em casamento.” Sua expressão não foi de irritado, de maluco ou de um pai autoritário. Seu rosto só mostrava um sentimento: aceitação.

            “Eu sabia que era isso! Te disse Jake!” Amm exclamou ganhando risadinhas.

            “Bom, tenho certeza que minha filha já sabe desse pedido, certo?”

            “É, bem, sim ela sabe.” Falei um pouco inseguro do que ele queria.

            “E suponho também que ela tenha o aceito.”

            “Sim!” Bella foi rápida e respondeu por mim. Charlie balançou a cabeça lentamente em um sim.

            “Pois bem, só preciso saber de duas coisas.” Concordamos juntos. “Primeiro: vocês querem minha permissão?”

            “Tipo isso pai.”

            “Ok. Segundo: vendo o quão novos são me preocupo se isso não é um pouco precoce, mas ai eu vejo vocês, então me questiono e não encontro a resposta, logo são vocês que devem me dar. O quanto o amor de vocês pode suportar?”

            Sabia que aquela pergunta tinha um duplo sentido. Charlie tinha visto que mesmo com a distância o que tinha por ela não mudara, apenas crescia. Mas e quanto a ela? Aquilo me fez pensar se ela suportaria as mudanças no meu caminho. Sentei-me e apertei mais a sua mão.

            “O meu amor por ela você sabe que suporta o peso de um mundo caindo e desabando em cinzas, General. Você sabe o quanto a amo e que isso não acaba.” Falei.

            “Amor que é amor não se põe a prova, apenas se vive.” Bella declarou firme. “É ilógico nos questionar sobre isso, pai. Meu amor por Edward já resistiu à inveja, fofoca, distância, medo e dor. Deus! Esse sentimento suportou a sua resistência, Charlie. Não sabemos o que virá, não podemos dizer, a única afirmação que posso fazer é que Edward tem meu amor, não importa o que aconteça, ele sempre terá.”

            O general ficou quieto alguns segundos. Todos assistiam e esperavam tão ansiosos quanto nós. Na verdade para mim e Bella a aprovação dele não era o essencial, mas era importante.

            “Desculpem-me.” Charlie disse e riu. “Fui um estúpido perguntando isso, vocês estão certos e além do mais, sei que faz minha filha muito feliz Edward, então sim, eu concedo a mão dela a você.”

            “Obrigado Charlie!” Olhei para Bella que tinha os olhos úmidos. “Obrigada, Bella.” Seu sorriso foi imenso um segundo antes de se jogar para cima de mim e me beijar sem vergonha nenhuma, e enquanto nos beijávamos, Alice assoviou e todos começaram a aplaudir.

            “E VIVA OS NOIVOS!” Urrou Emm.

            “HIP HIP HURRA!” Emendaram Jasper e Jake fazendo todos caírem na risada em seguida. Quando abri meus olhos e deixei seus lábios, como um sussurro ela cantou para mim.

            “Eu amo você Edward Cullen.”

Naquele momento tudo estava bem, tudo estava tranqüilo. Porém, restava esperar pelo dia seguinte para mais uma vez testar o que ainda podíamos suportar.

Continua…

N/a: Tenho duas coisas a dizer que são bem importantes.

Para começar eu quero deixar claro a todos que TUDO o que eu escrevo, eu escrevo com verdade. Acredito SIM que para tudo há superação. Que em coisas/atitudes minúsculas encontramos forças para seguir a diante. Acredito em esperança (eu tenho baldes e baldes cheios dela). Tenho fé na amizade. Acredito também que tudo que acontece em nossa vida, por pior e mais doloroso que seja, está ai para nos fazer crescer e aprender. E principalmente, mais que tudo eu CREIO no amor e que esse sentimento é o que pode salvar e mudar muita coisa ao nosso redor. E é por essa verdade que escrevo tudo isso que vocês sentem!

 Agora vem a parte que todos temiam, o próximo capítulo será o penúltimo. É, o triste fim está cada vez mais próximo. Tenho pensado em que rumo dar a história e como seguir com todas as minhas idéias. A principio esse capítulo que leram era para ser o penúltimo, o próximo já acabaria, porém ainda tenho algumas coisas a dizer, então vou me doar MUITO a cada linha que digitar e vou pegar todo esse amor que recebo de vocês e transcrevê-lo nos dois próximos capítulos devolvendo um pouco a vocês!

Sei que para muitos essa história ajudou a ver certas coisas de uma forma diferente, mas quero que saibam que para mim foi uma época de muito crescimento e reflexão. Então desde já e sempre agradeço a todas que tem me acompanhado nessa jornada.

Beijos e até o próximo!

Ps.: COMENTEM MUITO!

Grasi.


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