CALIFÓRNIA - PRIMEIRO DIA.

            Narração: Bella Swan.

            “JASPER!” Edward berrou furioso com o irmão, que comicamente tentava se fazer de distraído, abraçando Alice pelos ombros e olhando para o céu. “NÃO ME IGNORE!”

            “Fique calmo Edward!” Segurei em seus braços tentando o acalmar, sendo completamente ignorada.

            “JASPER! ESSA É A CASA QUE VOCÊ DISSE QUE ERA MARAVILHOSA?” O Ediota estava soltando fogo pelas ventas. Também pudera, até Alice que morria de amores e defesas pelo namorado estava o socando enquanto ele tentava a abraçar.

            “Ah mano! No anúncio da internet estava essa casa, só que muito mais…” ele deu uma pausa categórica que fez Edward estreitar os olhos. “Conservada. Vocês também viram!”

            “VOCÊ SÓ PODE ESTAR BRINCANDO COMIGO, NÃO É SEU CHEIRADOR DE PÓ DE REBOCO?!” Meu namorado perdeu a cabeça e encurtou a distância. Eu bem que tentei pará-lo, mas aquele homem só se fingia de magro. Força era o que não lhe faltava.

            “Só não bata nele!” Pedi em um gritinho quando, furioso, ele se colocou a um passo do irmão e meteu-lhe o dedo na cara para, então, começar uma discussão de horas. Dos males o menor, por um segundo vislumbrei Edward e Jasper rolando pela grama e distribuindo socos, como disse: só um vislumbre.

            Jasper fora de fato muito prestativo para achar uma casa bem localizada em Santa Barbara, cidade que ficava um pouco ao norte de Los Angeles e bem de cara para o Oceano Pacífico. Em todas as fotos que vimos eram como se fossem miragens. Porém o ocorrido é que Jasper não é uma pessoa que lida bem com tecnologias e ferramentas de busca. Na verdade ele chega a ser uma pessoa arcaica e ingênua! É notável que ele se sente muito mais confortável tomando café em frente a um tabuleiro de xadrez ou gamão, do que tomando um energético diante uma tela de computador.

            Os três irmãos discutiam como crianças teimosas. Eram braços balançando para cá, dedos apontados para lá, gritos ecoando pela rua, vizinhos os olhando como doidos! Assisti aos três, Edward, Jasper e Allie se digladiando por longos minutos, até me cansar e procurar o meio fio do outro lado da rua para acompanhar a baixaria de camarote. E cara… estava mais que divertido, ainda mais olhando o cenário de fundo.

            Jasper nunca aceitou ajuda de ninguém, na verdade, não fomos consultados em momento algum, exceto meia hora antes de sairmos de Forks, quando apresentou a casa de veraneio. Na foto uma bela moradia feita de madeira bem cuidada, pintada de cor areia e janelas brancas… aliás a casa tinha muitas janelas. O teto era alto e a casa prometia pelo menos 4 quartos e 2 suítes.

Não preciso nem falar que amamos certo? Sim, todos adoraram o lugar, principalmente que na imagem o mar era relativamente próximo a casa. Porém, como disse, Jasper é ingênuo. Ingênuo demais. Suspirei olhando a casa e a briga infantil dos três.

O lugar tinha a mesma estrutura do anúncio da internet, mas pessoalmente era um barraco. Atrás da casa tinha sido construído um enorme edifício que tampava toda a visão do mar. As paredes eram cobertas de tinta azul turquesa toda descascada, deixando o amarelo antigo de baixo aparecer, e algumas aberturas começavam a cair. Sem contar a grama alta tipo matagal, e que metade da casa da foto não existia! Aquilo mais parecia um puxadinho! Nem para meia-água servia, penso que era como chamar a casa de Miss Universo. Fomos enganados.

Edward e Jasper não se cansavam, diferente de Alice que, depois de tanto tentar conter e acalmá-los, desistiu e se juntou a mim na calçada.

“Então, acha que saímos daqui antes do anoitecer?” Disse apoiando minha cabeça no ombro dela. O sol de meio de tarde estava estourando meus miolos.

“Possivelmente não. Mas os deixe brigar! São duas cabeças duras! Isso foi assim a vida inteira!” Bufou. Pegou sua mochila e começou a procurar algo insistentemente, se mexendo inteira e me fazendo desistir de ficar apoiada em seu ombro.

“O que você tanto procura?” Perguntei impaciente.

“Meu chá da tarde.” Disse ela. Olhei sem entender bulhufas para minha amiga que começava a tirar algumas peças de roupas de dentro de uma de suas malas e jogar para os lados, inclusive suas calcinhas, que vinham todas em minha direção.

“E por um acaso seu chá da tarde vai estar junto com as suas calcinhas?!” Joguei uma das peças íntimas que parou no topo de minha cabeça.

“ACHEI!” Gritou ela me ignorando totalmente e nem sequer chamando a atenção dos dois retardados que brigavam sem parar do outro lado da rua. Quando olhei para seu chá da tarde fiquei boquiaberta.

“Isso é seu chá?!” Ela me fitou absurdamente indignada, como se aquilo fosse 2+2 que era igual a 4.

“Isso, Bella?” Alice revirou os olhos. Lançou-me uma daquelas caras de sabichona e despejou o discurso. “Não, não queridinha, repare nossa situação, acho que você ainda não entendeu: está fazendo 40 graus acima de nossas cabeças, estamos viajando com duas crianças que não param de falar merda, minha bunda está fritando nessa pedra de calçada, estamos suando tipo duas porcas em uma sauna, quando tirarmos nossas blusas nós veremos que o bronzeado de verão já foi por água abaixo e sabe Deus se vamos ter onde dormir essa noite! Essa casa é um… um…” Suspirou. “Não há definição para isso! Então meu bem, é melhor beber meu chazinho do mal do que ficar sem fazer nada.” Ela levantou a garrafinha que brilhou no sol e deu um grande gole.

“E qual sabor é esse seu chá?”

“Vodka.”

“Me dá aqui!” Arranquei de suas mãos.

(***)

“Não faz isso! Você não está segurando direito! Estou sentindo o vento na minha bunda!” Disse para ela parar de se mexer um pouco. Estava quente demais e Allie não quisera entrar na casa de jeito nenhum, então o jeito foi improvisar. Eu derreteria em minhas roupas!

“Eu estou apertada aqui! Como você quer que eu segure isso direito Bella?”

“Vamos entrar na casa! Com certeza lá tem um banheiro!”

“NEM MORTA! Tenho certeza que deve ter um jacaré no banheiro! Isso é a própria selva! Olha quanto mato tem nessa casa! Nem pensar!” Ela começou a mexer com os braços e ameaçou abandonar o posto.

“ALICE! SOSSEGA!”

“Ups, desculpa! Mas apura! Já vi que tem uns vizinhos gatos ali na esquina! Vou pedir para usar o banheiro deles!” Olhei para o final da rua, um grupo de garotos, talvez um pouco mais velhos que nós, assistiam nós duas fazermos aquela troca no meio da rua e a Edward e Jasper que ainda discutiam. Como tinham tanto argumento?

“Allie, Jazz está do outro lado da rua.” Ralhei enquanto tirava o sutiã e colocava o outro.

“Oh, sim! E Edward também, querida! Eles estão há o que… Uma hora discutindo?!” Joguei a saia para meus pés.

“Vou me abaixar.” A avisei e ela se moveu comigo. “Ediota está sendo mais uma vez um idiota. Às vezes ele faz jus a esse apelido.”

“Acredite: não é às vezes.” Nós rimos. “Acabou?”

“Sim.” Respondi.

“Posso tirar?”

“Claro!” Ela tirou a toalha que mantinha ao meu redor de forma folgada. Os garotos na esquina gritaram piadinhas e “elogios” para nós.

“GATA!” Exclamou ela. “Edward é um maluco de te deixar colocar esses biquínis!

“Ele quem escolheu, lembra?” Me olhei na frente e atrás. Aquele biquíni era minúsculo. “Acho que preciso de um pouco mais de seu chá.”

Narração: Edward Cullen.

“CHEGA! Já que não tem o que fazer Jasper, não fica se desculpando, ok?! Eu já estou ficando rouco de tanto falar! Vamos atrás de outra casa!” Estava decidido e estava cansado de tanto falar.

“É… bem… tem mais uma coisa que não falei…” Falou hesitante e coçando as têmporas.

“Jasper!” O alertei.

“Bem, temos uma multa se quebrarmos o contrato.”

“O QUE?!” Juro que senti meus olhos pulando para fora da cara. Cheguei a erguer minhas mãos para estrangulá-lo, mas por uma intervenção divina me contive. Fechei as mãos em punho e rosnei. “Acho bom você ter bastante dinheiro ou força, porque vai ter que dar um jeito nessa casa!”

“Qual é Edward…” Choramingou.

“Eu fui bem claro, não fui? Mamãe te passou os melhores corretores do país e você foi orgulhoso demais e quis algo realmente sensacional! Parabéns! Você conseguiu! Só vai ter que tornar isso habitável! O abelhudo e a loira chegam amanhã, Black e Amber essa noite! Você tem noção que são oito pessoas, Jasper?!”

“Cara! Nós nem vimos por dentro! Lembra? Não julgue o livro pela capa!”

“Velho, fica quieto, está bem? Vamos chamar as meninas!” Finalmente entendeu e se calou. Suspirei e as procurei do outro lado da rua e quando as vi fiquei em choque.

“QUE DIABOS É ISSO?” Jasper berrou. Eu só conseguia pensar que estava vivendo no inferno.

Bella e Alice tinham trocado sabe Deus como de roupa e agora estavam no gramado da casa da frente, com toalhas estendidas na grama baixa, tomando sol e dividindo o que me parecia uma garrafinha de algo alcoólico. Sem pensar, atravessei a rua estreita sem nem olhar para os lados, só ouvia novas vozes de uns caras que estavam por perto falando e rindo.

“Monstrenga!” Me abaixei e a puxei pelo punho a levantando. Um pouco ríspido, eu sei, mas ela estava quase nua!

“EDIOTINHA!” Seus olhos brilhavam e ela gargalhava. Fazia horas que nós não comíamos, seja o que for que estavam bebendo já tinha pegado.

“Você pode se vestir, por favor?” Alice se levantou e caminhou até Jasper que estava furioso, porém imóvel, do outro lado da rua.

            “Por que amor? Estou vestida! Você quem me deu esse biquíni!” Balançou aqueles quadris de um lado para outro e me fez querer estar no inferno por ter lhe dado aquele pedacinho minúsculo de pano. Ela estava tão soltinha.

            “Bella! Você está bêbada?!”

            “Você está um chato!” Ela disse de repente muito mais séria. “Qual é o seu problema? Estamos de férias! Você chega aqui e só porque Jasper foi enganado perde horas em uma discussão sem fundamento algum! Chato! Chato! Chato!” Cruzou os braços.

            “Desculpe-me se não quero ficar em um chiqueiro caindo aos pedaços!” Falei a verdade.

            “Você nem ao menos entrou na casa para ver!”

            “E você entrou?”

            “NÃO!” Gritou o óbvio e deu um gole na bebida.

            “Então eu tenho razão!” Disse vitorioso.

            “NÃO!” Respondeu na mesma entonação de antes.

            “NÃO?!”

            “SIM!”

            “SIM OU NÃO BELLA?!”

            “SIM! Você não tem razão!” Ela sorriu maliciosa e pegou na malha de minha camiseta chegando mais perto, olhando-me por debaixo dos cílios. “Mas fica um charme quando tenta estar com a razão.”

            “Você está tentando me seduzir, Monstrenga?”

            “Não! Só estou mostrando para aqueles garotos ali.” Ela moveu a cabeça na direção deles. “Que esse corpo aqui.” Olhou para si. “Tem dono.” Enlaçou os braços em meu pescoço. Segurei uma risada. Bella estava corada de uma maneira que só via quando ela ficava realmente excitada. Mordi o lábio e me aproximei dela quase a beijando.

            “No que você e a nanica falavam?” Questionei a centímetros de sua boca.

            “Em nada de importante, mas eu estava pensando… e muito.” Admitiu.

            “Pensando em…?”

            “Você. Eu. Uma cama… ou um sofá, quem sabe até uma mesa de cozinha que cede com o nosso peso. Ainda estou me decidindo.”

            “Safadinha.” Beijei sua boca não resistindo à proximidade.

            “Vamos conhecer a casa?” Ela disse mudando completamente de assunto e pulando para meu colo e enlaçando as pernas em minha cintura. “Ok. Eles ainda estão olhando e falando de mim, Edward.” Ela cochichou em tom acusatório. “Se quiser pode me pegar pelas coxas!”

            “BELLA!” Ela gargalhou alto.

            Narração: Alice Cullen.

            “Ah! Nem está tão ruim!” De fato a casa não estava tão deteriorada por dentro, dava para andar sem ter perigo que fosse morrer de tétano.

            “Não! Nós vamos sobreviver!” Disse Bella segurando uma risada. Jasper parecia frustrado. “É só varrer, abrir as janelas e cortar a grama! Não está tão péssimo!”

            “Então vamos lá gente! Nós estamos de férias, mas isso não vai nos derrubar! Trabalharemos hoje e amanhã será sombra e água fresca!” Falei animando a geral.

            “Ok.” Disse Edward. “Veremos se há alguma coisa para limpar na dispensa da casa, se não vamos ter que sair comprar.”

            “Pelo o que consta na planta da casa tem um armário que serve de dispensa para esses materiais na cozinha.” Jasper se pronunciou.

            “E POR UM ACASO VOCÊ AINDA ACREDITA NO QUE TE INFORMARAM JASPER?” Bella gritou indignada com o meu amorzinho. O Ediota bufou.

            “Sem brigas! Sem brigas!” Pedi pacientemente. “Vamos Jasper, eu vou até a copa com você.”

            (***)

            A cozinha também não era de todo mal. Na verdade, tudo era bastante antigo e desbotado, mas pelo menos não tinha mofo e umidade, isso era uma grande coisa. Como era de se imaginar não existia um armário para guardar os materiais de limpeza na cozinha, porém havia uma escada que levava para um porão que era a própria dispensa. A energia da casa funcionava perfeitamente bem, o que facilitou a visão no andar inferior.

            “Desça com cautela esses degraus Jazzudo. Eles me parecem frágeis.” Alertei quando dei uma boa olhada na madeira que fazia a trilha escada a baixo.

            “Pare de bobagem Alice!” Ele começava a descer. “Nossa situação é tão ruim que não tem como pioraaaaaaaaar!” Ouvi a madeira se rompendo e o barulho de tabuas batendo umas contra outras e por um segundo nada dele.

            “Jasper! Jasper! Oh meu Deus! EDWARD!” Chamei por ajuda, no mesmo instante em que eles entraram correndo na cozinha.

            “O que houve? Onde está o Jazz?” Eddie perguntou aflito.

            “Ali…” Apontei para dentro do porão e os dois meteram a cara para dentro tampando minha visão.

            “Jazz? Jazz, você está bem cara?” Esperamos dois segundos até ele responder.

            “Ai.” Gemeu. “Acho que quebrei a perna.”

QUARTO DIA.

            Narração: Bella Swan.

            Como esperávamos, a recepção de Rosalie a casa em que estávamos não foi nada boa. Ela apenas se jogou em um canto e começou a fazer as unhas. Jasper que deveria ser a pessoa a mais trabalhar – sim, nós ainda estávamos bravos com ele – mal conseguia se levantar de uma cadeira sozinho, o que despertava olhares furiosos de Edward. Com o pé quebrado, ele ficava com aquela muleta para cima e para baixo, gemendo como um velho gagá.

            Nós (eu, Ediota, Nanica, Docinha, Abelhudo e Black) limpamos a casa de cima a baixo e de todos os lados, o que me rendeu uma bela crise alérgica de tanto pó que tinha. Éramos em 8 pessoas e aquele bendito lugar tinha apenas 2 quartos. Acabou que nos viramos com uma escala para revezar quem dormiria quando na sala empoleirado a outro par de amigos. Compramos colchões infláveis, pois nem isso a casa tinha e Emmet concertou um vazamento nada modesto na pia da cozinha. Na verdade, quando abri a torneira ela simplesmente estourou em água para todos os lados. Tivemos um dia de jardinagem, depois da segunda noite quando matamos pelo menos quatro aranhas. Aquilo nos esgotou e quando finalmente acabou, eu só me perguntava quando é que teríamos um pouco de diversão!

            “PESSOAS LINDAS!” Alice entrou afobada, largando as sacolas do supermercado, animada como há dias não se via. Ninguém se mexeu dos colchões jogados no chão. Nós éramos a visão da derrota. “TEMOS UMA FESTA!” Todos levantamos em um estrondo, nos batendo e nos empurrando. Desesperados.

            “Onde?”

            “Quando?”

            “Quanto?”

            “Quem te falou?” Todos queriam saber e não esperavam nem a resposta do outro.

            “Que roupa devo usar?!” Essa foi Rose.

            “QUIETOS!” Alice gritou.

            “Que ótimo! Esqueçam do Jazz, ele não se importa mesmo.” Jasper declarou ranzinza do sofá. Ele parecia um velho de 90 anos. Alice o encarou como quem encara um inimigo e se voltou para nós.

            “Como dizia, será essa noite! É na praia que fica ao sul daqui. Agora uma pergunta por vez, seus monstros!”

            “Então é um Luau?” Disse Amm.

            “Isso vai ser DEMAIS!” O pai da empolgação, Emmet, quase pulou.

            “A bebida vai ser de graça?”

            “Jacob!” Amm o repreendeu.

            “Pé de cana!” Debochei.

            “Acho bom você usar um vestido até os pés Bella!”

            “Aham Ediota, senta lá.” Revirei os olhos e ele me pegou pela cintura e riu mostrando que estava tirando onda com a minha cara. “Otário.” Beijou-me o rosto.

            “Falei alguma mentira? A gente merece beber e não pagar! Ou pelo menos beber e o Jasper bancar!”

            "Rá. Rá. O Jasper nem vai sair daqui Mané.” Falou o próprio acidentado.

            “Jasper?” Edward o chamou e ele o respondeu prontamente.

“O que?”

“Mau humor não chega nem perto de medo desse ai.” Cochichei com Amber e ganhei uma encarada assassina de meu cunhado.

“Vai catar coquinho ali na esquina e pára de ser tão otário!” Edward disse.

“Edward cala tua boca!”

“Ok Jasper! Criança birrenta fica de castigo! Você vai ficar em casa! Chega, você está insuportável!” Rosalie tomou a frente. “E acho bom ninguém discutir isso!” Ela levantou aquele dedo com a unha pintada em vermelho escarlate e apontou para cada um de nós. “Fui clara?”

Narração: Alice Cullen.

“Eu não ligo! Eu vou sair e me divertir! Jasper que fique aqui emburrado!” Falei irritada enquanto passava blush.

“Você está certa! Não é porque ele está com o pé engessado que ele não pode ir junto!” Bella compreendeu e apoiava minha decisão.

“Você tem que pegar alguém hoje Alice!”

“Rosalie?!” Nos assustamos e exclamamos juntas.

“Qual o espanto?” Cara de pau!

“Eu não vou ficar com ninguém! Ainda sou namorada de Jasper! Não é porque ele está aqui que vou corneá-lo! Mesmo que me paguem eu não iria fazer isso. Eu amo Jaz e o respeito, não o sacanearia de tal forma, afinal ele está com o pé quebrado! Até posso entender o lado dele.”

“É meninas, peguem leve! O cara está pensando que não vai aproveitar em nada as férias!” Amber completou. “OK! Concordo que ele é o culpado dessa espelunca em que estamos, e por temos que pagar essa multa por ter quebrado a escada, e por esse mal estar que tem por ele não ir a festa, mas não podemos fazer Alice puni-lo dessa maneira! São motivos muito pequenos!” Rosalie revirou os olhos cedendo o espelho para Bella e eu ficava cada vez mais desanimada.

“Se você tentou defendê-lo Amm, sinto em informar, só piorou a situação.” Informou a única que parecia ter alguma sanidade, a Monstrenga.

“É eu sei.” Disse ela totalmente sem ressentimentos, dando de ombros.

“Qual é Allie?! Admita! Jasper tem te tratado como irmã há muito tempo! Não sei porque vocês insistem nisso!” Rosalie parecia querer tocar nas feridas… bem, ela conseguira.

Havia algumas semanas que Jaz e eu não tínhamos mais o mesmo contato. Nós ainda nos beijávamos e ficávamos juntos, porém sentia que algo pairava entre nós. Talvez medo por não querermos viver longe um do outro, ou receio de que na faculdade as coisas não saíssem como esperado. Ambos sempre fomos almas bastante livres e gostávamos de sermos assim, sem amarras com nada, e isso me incomodava nesse momento de minha vida, no entanto. Não queria o perder, e sabia que era recíproco, só que sentia como se estivéssemos desgastados e bloqueados demais para podermos conversar. Respirei fundo antes de responder.

“Bem, não. Ele não tem me tratado como irmã Rosalie. Mas sim, algo entre nós está diferente e isso não altera em nada o fato de eu o amar como homem e não como um irmão. Então desista! Se você ficar de graça essa noite, tentando me empurrar para alguém, eu juro Rose… juro por tudo que é mais sagrado, que eu te faço de oferenda e te mando pro mar! Estamos entendidas?”

(***)

“VIRA! VIRA! VIRA!” Eu ouvia bem ao longe as pessoas gritando, mesmo podendo senti-las ao meu lado. Peguei o pequeno copo cheio com mais uma dose de tequila e encarei a garota alta e peituda de cabelos vermelhos tonalizados nos olhos. Ela tombou a cabeça para o lado… ou fui eu. Não tenho certeza. “VIRA! VIRA! VIRA!” Era uma questão de honra. Joguei mais um pouco de álcool para dentro quando a garota já parecia nem ter mais força para levantar o dedo mindinho.

Quando bati o copo na tabua da mesa improvisada houve gritos e aplausos, meus braços foram levantados para o alto como se fosse o Rocky Balboa que acabara de ganhar uma luta. Me sentia mole. Olhei para os lados para ver se encontrava pelo menos Bella, mas parecia que estava em um planeta totalmente diferente. Ninguém de conhecido ao meu redor, então me levantei.

Um passo. Dois passos. Três… passos?!

“Wow!”  Cambaleei e perdi o equilíbrio tropeçando em meus próprios pés.

“Cai não gatinha!” Um anjo salvador me segurou, sabe Deus como, evitando que eu comesse areia.

“Wow!” Disse de novo quando fui colocada em meus pés. Olhei para o cara que me pegou. “Dois?!”

“Dois?!” Retrucou e eu solucei.

“Sim! Dois de você!” Lembro de minha mão voando para frente e tentando bater no cara que não me soltava. “Você tá cego que não vê o cara bem do seu lado?”

“Você encharcou todas ein?!” O cara riu de um jeito meio estranho. Eu estava bêbada sim, mas de todo jeito me sentia – na medida do possível – atenta.

“Eu já consigo parar em meus pés, pode me soltar?”

“Não minha gatinha! Você precisa de segurança!”

“Eu não sou sua gatinha!” Tentei empurrar o cara, porém meus braços pareciam responder como plumas.

“Ui então é violenta é?!”

“Cara tira as mãos de mim!” Tentei arrancá-las da minha cintura. Onde estavam todos naquele momento? Não via Bella ou Edward, menos ainda Emmet e Jake ao redor para começarem uma boa briga com aquele mané!

“Já disse que não gostosinha!” Ele apertou mais forte.

“EMMEEEEEEEEEET!” Berrei.

“Qual é princesa? Escute a música, curta o momento, ninguém vai ouvir você gritando… não com esse som alto!” O animal tentou me abraçar. Me odiava por ter caído na onda daquela garota ridícula! Não conseguia nem me mexer sem ser em câmera lenta. Ele ainda me agarrava e eu tentava me livrar quando vi que uma de suas mãos forçou em minha nuca tentando levar minha cabeça contra a sua.

“Não! Não! Não!” Gritei e me rebelei. Se ele conseguisse ter um beijo a força eu estaria em maus lençóis. Virei meu rosto quando vi que sua face estava perto demais. “Pare! Não!” O ogro mantinha o aperto forte em minha nuca e sabia que não conseguiria vencê-lo naquele instante, mas nem por isso deixei de recusar daquilo.

De todos os modos, me arrependi por não ter ficado em casa com Jasper. Que se danem todas as esquisitices dele, era ele quem realmente me protegia de que acontecessem coisas desse tipo… como o homem que ficava cada vez mais próximo, até eu poder sentir seu hálito tocando meu rosto. Como desejei a morte!

“Ei você!” Alguém gritou muito próximo de nós, com a voz grossa, rouca e familiar para mim. “Larga ela.” O homem finalmente me soltou para olhar quem era a pessoa que o ordenava, porém mantinha meu braço preso a um aperto descomunal em sua mão.

“Qual é magrelo? Vai me bater com a bengala?!” Eu tentei me soltar, me batendo e o socando as costas.

“Eu disse para soltar ela!” O homem deu um passo a frente e pude ver quem era.

“Jasper?!”

Continua...