Dois dias haviam se passado desde que Ceci havia brigado com Loki, ela sabia que havia explodido, estava estressada com toda a situação e acabara por descontar nele, não que o que ele disse não tivesse magoado, mas se tinha algo que ela tinha um comum com Minerva era o amor próprio, ela não seria a primeira a se desculpar, mesmo reconhecendo parte da culpa como dela.

Ela estava usando um vestido vermelho até os joelhos com um pequeno decote, mas era o suficiente para deixar visível uma pequena parte de seus seios, e uma bota preta que ia até um pouco acima de seus tornozelos. Seus cabelos prateados, que sempre estavam soltos, dessa vez estavam em um coque, apenas duas mexas estavam soltas escondendo suas orelhas. Ceci saia da biblioteca distraída com a leitura de um livro, ate mesmo a escada não foi suficiente para parar sua leitura, só quando ela entrou o salão principal foi quando fechou o livro, sua mãe, Katrina e Loki esperavam por ela.

– Desculpa, achei um livro ótimo e acabei no mundo da lua. – Ceci disse meio sem graça, mas conseguia arrancar um sorriso da mãe e de Katrina, Loki estava sério, nem mesmo a olhava.

– Sem problemas, Ceci. – Katrina dizia. – É sempre inspirador ver uma menina tão empenhada na leitura! Você nos enche de orgulho. Não é mesmo, Loki? – Katrina perguntava, mas após alguns não obter resposta ela virava–se para olha–lo. – Loki?

– Ah! Desculpa. – Loki dizia como se acabasse de acordar de um transe. – Eu estava um pouco distraído, mas sim, com certeza ela nos enche de orgulho! – Loki estava atordoado, era a primeira vez que via Ceci usar algo tão provocador, ou pelo menos era a primeira vez que ele notava, algo dentro dele despertou, e foi quando ele percebeu que a queria, a desejava, queria poder dizer que tinha a donzela mais linda do reino, mas não queria só tê-la, queria fazê-la feliz, queria vê-la sorrir.

Todos estavam sentados na mesa que havia no salão, Katrina estava em uma ponta, Loki estava a sua direita e Ceci estava no outro lado de Loki. A esquerda de Katrina estava Marina, havia mais um lugar mas ele se encontrava vazio.

– Mais um ano se passou. – Katrina dizia calmamente e com um sorriso. – E vocês são as únicas pessoas no mundo no qual eu passaria esse dia.

Logo que Katrina terminava, a porta do salão se abria novamente, mas era Will que entrava, ele agora já mostrava sinais do peso do tempo, estava com alguns cabelos grisalhos, porém ainda era um homem elegante.

– Minha Rainha! – Will entrava com um sorriso e tomando seu lugar a mesa. – Peço desculpas pelo meu atraso, mas claro que não deixaria de vê-la em um dia tão especial.

– Obrigada por vir, Will. Você esteve comigo desde que eu cheguei aqui, não seria a mesma sem você. – Katrina dizia e um sorriso de felicidade surgia na face de Will. – Que comece a festa!

Katrina mal falava e quatro empregadas surgiam carregando bandejas, cada uma pôs uma bandeja em uma parte da mesa e tirou a tampa. Na primeira bandeja havia um belo porco assado, na segunda havia batatas–fritas, na terceira e quarta respectivamente, arroz e feijão. O grupo passou um bom tempo se alimentando, e após estarem satisfeitos uma sobremesa ainda foi posta na mesa, era um pudim de chocolate, o preferido da Rainha.

– Adoro pudins! – Katrina dizia sorridente.

– Você sempre amou pudins, são seus favoritos, certo? – Loki respondia ao comentário também sorridente.

– Também era o doce favorito de Minerva. – Marina declarou.

Ceci pode sentir a tristeza da mãe, até Katrina estava sem fala agora, Loki ficava em silêncio pois sabia que aquele assunto era delicado para todos, mas Will parecia divertir–se.

– Minerva... deixe–me ver, era aquela pirralha covarde que aceitou meu desafio e fugiu?

Os olhos de Will faiscavam de tanto veneno, Katrina nada disse porque não queria tornar um dia feliz em um dia de brigas, Marina chorou em silêncio, mas Ceci não ouviu calada.

– Ela não era uma covarde. – Disse calmamente fazendo com que todos olhassem pra ela, ela tinha a atenção de todos, não podia trair a irmã, mas isso não significa que não possa usar sua inteligência a seu favor. – Eu acho que ela teve motivos maiores para ir embora.

– Ah, claro! Então deixe–me refazer o desafio já que você se acha tão esperta. – Will olhava diretamente para Ceci, adorava um bom desafio. – Eu disse a ela naquela época que duas rainhas seria algo abominável, e pedi uma prova de que isso era possível. Pra ser justo te darei a mesma uma semana de prazo que dei a ela.

– Eu aceito, mas não preciso de uma semana seu verme. – Agora até mesmo Will se sentia meio abalado, não entendia como ela estava sendo tão confiante. – Eu não leio livros só porque gosto, Will. Eu leio porque eles me dão informação e conhecimento sobre a história do nosso reino. – Ceci andava até onde havia deixado seu livro e retorna o deixando em cima da mesa, Will pode ler o título, "A lenda Perdida". Ceci abriu o livro onde queria que ele lesse. – Vê essa parte? Nela está escrito coisas interessantes sobre a floresta, mas olhe bem essa aqui.

– Governantes? – Will lia a última palavra alto.

– Isso, isso significa que a floresta sempre elege duas pessoas! – Ceci dizia isso com um sorriso triunfante. – Não se trata do que você acha certo ou errado, a floresta queria as duas juntas no trono! Você foi só um tolo que não soube ver isso.

– Mas isso é só uma lenda em um maldito livro! – Will estava sério, não queria admitir derrota, naquele cômodo ele era o único que parecia ter ar para respirar, porque todos os outros se sentiam atordoados. – E o que garante que isso está certo?

Ceci não respondeu, ao invés disso foi até o livro e o fechou, indicando para ele ler o nome do autor, onde podia–se ler "Melody Braham", Will perdia o ar.

– Melody... Braham! A rainha anterior. Realmente acha que é mentira? – Ceci dizia triunfante, pois estava na hora da jogada final, e ela era a apresentadora. – E tem maais! – Ceci abria o livro novamente um pouco mais a frente. – Aqui, meus caros, vocês podem ler que não existe reino sem duas pessoas, porque... – Ceci dava uma pausa, porque agora era as palavras lidas que ela usava. – "A floresta foi criada da vida de um casal, de um amor não vivido, foi criada para impedir a repetição, por isso sempre escolhe um casal. Se um dos dois falece, a ponte de parte pela metade." – Ela deixava o livro aberto na página pra quem quisesse ler por si mesmo. – Katrina e Minerva foram escolhidas juntas, se Minerva realmente estivesse morta, a ponte não estaria em pé, portanto, você, Katrina, não seria uma rainha, e você, Will, é um verme perdedor.