A prometida do rei escrita por Vindalf


Capítulo 6
Capítulo 6




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A festa era uma produção de Lady Dís, portanto não foi nada menos do que perfeita. Bena jurava jamais ter visto tamanha reunião de barbas, tranças e joias. Ainda bem que ela tinha posto suas melhores roupas, pois era um jantar formal — um jantar muito formal.

Assim que entraram, seus nomes foram anunciados e eles foram levados a seus lugares. Desta vez, porém, Lobélia ficou na mesa principal, onde se sentaria bem ao lado do rei (que ainda não chegara), enquanto Bena e Bilbo ficaram cercados por membros do Conselho e suas famílias. Até Balin estava na mesa principal. A única pessoa que eles conheciam na mesa inteira era Dwalin, que, como eles sabiam, não tinha o dom da conversa. Na verdade, os olhos de Dwalin estavam por todo lugar, focado na tarefa de proteger seu rei.

Então todos os convidados se levantaram, pois o Rei Thorin tinha chegado com Lady Dís. Eles marcharam regiamente rumo à mesa principal e se sentaram junto a Lobélia, que ficou no meio deles. Antes de se sentar, o Rei pegou a mão de Lobélia, beijando-a de maneira cavalheiresca. Como sempre, Lobélia corou recatadamente. Depois que o rei e a princesa se sentaram, o salão inteiro fez o mesmo.

Bena passou a se sentir cada vez mais perturbada, como se sentisse algo terrivelmente errado. Ela se virou e viu seu tio torcendo o nariz. Ela sabia com certeza que Bilbo só fazia isso quando estava preocupado.

Pensando melhor, ultimamente Bilbo estava torcendo o nariz frequentemente. Bena estivera tão animada com a viagem, com tantas coisas novas e diferentes, que ela não notara o que acontecia com Bilbo. Só naquele momento Bena se dava conta de que seu tio estava tenso desde que chegara a Erebor.

— Tio — cochichou a moça —, tem algo errado?

Ele a encarou, e havia sinceridade em seus olhos. — Acho que vamos ter que esperar para ver.

Bena não entendeu direito o que ele quis dizer com aquilo. Ficou claro que ela teria que perguntar a ele mais tarde. Mas não naquele exato momento, na frente de todos aqueles anões, os quais pareciam muito felizes com o noivado de seu rei.

À medida que o jantar se desenrolava, Bena e Bilbo polidamente respondiam dúvidas sobre o Shire e sobre a própria Lobélia. Fofocas entre anões era uma atividade aberta, e ele estavam interessados em dizer que não se esperava que os dois produzissem um herdeiro, já que Fíli era príncipe herdeiro e os tradicionalistas certamente se oporiam à Linhagem de Durin se misturando com outras raças. Se os hobbits se ofenderam com essas palavras, não disseram uma palavra. Bena estava muito perturbada para prestar atenção às fofocas. Ainda assim, ela não conseguia identificar a fonte de seu desconforto.

Por Yavanna, como ela desejava poder falar com Tio Bilbo naquele momento! Ele também parecia bem inquieto.

Na mesa principal, Bena viu Kíli fazendo gestos expressivos, sorrindo, e Lobélia rindo muito, mão cobrindo a boca, bochechas coradas — talvez efeito do vinho. Não era a primeira vez que Bena vira Lobélia olhando as mesas do salão, como se procurasse algo.

Ou alguém.

E então os olhos de Lobélia capturaram algo na mesa de Bena, algo que não era nem Bena nem seu tio Bilbo. Era um certo anão, um anão bem distinto, difícil de esconder, com sua altura superior, atitude feroz e pele tatuada. O dito anão, Bena finalmente percebeu, não observava o rei, mas estava de olho na prometida do rei. Lobélia estava interessada em Dwalin.

O coração da moça hobbit disparou. Ela jamais poderia ter adivinhado.

Rei Thorin virou-se para Lobélia e pôs sua mão sobre a dela. A garota sorriu para o noivo, mas para Bena, agora o sorriso parecia forçado, falso, uma mentira. Em pânico, ela não sabia o que fazer ou o que pensar. E isso deve ter transparecido de alguma forma, porque o anão sentado a seu lado pôs água em seu copo, dizendo que suas faces estavam “vermelhas demais” e que ela parecia adoentada.

Após tomar o copo d'água, Bena pôde reconhecer em seu peito, em meio ao turbilhão de sentimentos, a emoção mais presente: raiva. Ela estava totalmente irritada com a prima. Como Lobélia podia enganar o Rei Thorin daquele jeito? Se ela gostava de Dwalin, por que continuou com a corte?

A mente de Bena tinha todos os tipos de pensamento surgindo ao mesmo tempo. Ela estava ficando tonta com eles.

Estava claro para Verbena que o pobre rei estava fazendo tudo para fazer o noivado dar certo, e ele era gentil e cortês e dedicado, além de ter boa aparência, com uma voz adorável e aqueles olhos azuis, e Lobélia deveria sentir vergonha do seu comportamento, porque o Rei Thorin era maravilhoso, o melhor homem que Titio já conhecera, e Bena até admitia ter ficado caída pelo rei quando criança graças às histórias de seu tio, mas aí ela cresceu e aí conheceu o Rei Thorin em pessoa, e ele a surpreendeu porque ele era nobre e majestoso, e aquela quedinha que ela teve na infância se transformou em amor, não do tipo que ela tinha por tio Bilbo, mas um amor mais profundo e adulto-

De repente, era como se um raio a tivesse atingido em cheio.

Amor.

Era isso que Bena sentia pelo Rei Thorin. Não era vergonha (bom, agora era) nem embaraço pelas suas atitudes desajeitadas. Era o despertar do amor, e era algo bem diferente daqueles sentimentos tolos que ela tinha por Charlie Brandybuck ou por qualquer outro rapaz do Shire. Isso era amor, aquilo fora mera atração.

Que ótimo, Verbena. Você está apaixonada. E isso não é tudo. Você se apaixonou pelo maldito Rei Sob a Montanha, noivo de sua prima Lobélia.”

Por que ela tinha que se apaixonar justamente pelo prometido de sua prima?

Sentindo-se a ponto de desmaiar, Bena ergueu o olhar para encarar a mesa principal. Ela fixou os olhos intensamente no novo par, que em breve se casaria. Lobélia e Thorin faziam um par lindo: ambos tinham cabelos escuros, pele alva e aqueles lindos olhos azuis que pareciam vir diretamente do veio de pedras preciosas.

Verbena não era linda nem adorável. Tinha cabelos claros e olhos castanhos, nada de extraordinário. O casal real brilharia, como gemas perfeitas, e Bena voltaria para o Shire, esquecida e esmaecida.

Parecia que um segundo raio a atingira. Desta vez doeu.

Os sentimentos de Bena ainda estavam em turbilhão quando uma voz irrompeu da multidão de anões, conclamando:

— Um brinde para Rei Thorin e Lady Lobélia! Que seu amor seja eterno como as rochas de Erebor! Ao casal real!

Houve gritos bênçãos em Khuzdul, e Bena tentou se erguer da cadeira, percebendo a tontura e o sentimento de moleza nas pernas e braços. Os ruídos de comemoração do salão ficaram no fundo, as luzes diminuíram, e Bena mal reconheceu a voz do tio chamando por ela enquanto ela afundava num nevoeiro espesso, que distorcia os dons e a roubava de qualquer senso de realidade.

Então o raio caiu pela terceira vez, e Verbena Baggins não viu mais nada.

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A realidade era espessa mas líquida: Bena sentia o ar como se fosse lama pura. Diante de seus olhos, estava o Rei Thorin, seus traços atraentes expressando preocupação. Bena se sentiu tão feliz por sonhar com ele que sorriu de gratidão, murmurando:

— Meu rei...

No sonho, o Rei Thorin retribuiu o sorriso, e Bena achou que mil sóis se acenderam. Mesmo no sonho, ela estava fraca, mas conseguiu balbuciar:

— Como eu gostaria... que você fosse real... meu rei querido... meu rei querido, querido, querido...

— Senhorita Verbena?

Ouvir seu nome nos lábios dele era um acontecimento tão fortuito que Bena suspirou de pura felicidade. Ela fechou os olhos por um momento e reconheceu a voz consternada de seu tio, chamando seu nome. Ela deixou o cobertor cinza da inconsciência cobri-la mais uma vez.

Na outra vez que Bena abriu os olhos, a realidade se fez um pouco mais presente. Sua garganta ardia, e ela fez um som rouco, porque sua voz não saía.

Bena sentiu sua cabeça sendo erguida, e uma xícara foi levada a seus lábios. Ela tomou uns poucos abençoados goles de água fresca e sentiu alívio para sua garganta inflamada. Quando ela conseguiu abrir os olhos, ela finalmente viu alguém conhecido.

— Lobélia...?

Sua prima suspirou nervosamente.

— Oh, Bena...! Ficamos tão assustados!...

Ela se ergueu e tentou se sentar, indagando:

— O que aconteceu...?

— Você caiu dura e preta bem no meio da minha festa de noivado, foi isso que aconteceu! Oh, Bilbo ficou tão preocupado..! Thorin chamou o curador real, Óin, para tratar de você.

Bena ainda estava tonta:

— Desculpe...

— Nem preciso dizer que a festa acabou ali mesmo. Você tem sorte que o Sr. Dwalin estava na sua mesa e levou você para a enfermaria.

Bena começava a se cansar.

— Não tive intenção... de estragar sua festa...

— Mas o que você tem? Está ardendo em febre!

— Uma febre de inverno, só isso... — Os olhos dela se recusavam a permanecer abertos. — Estou tão cansada...

Lobélia disse:

— Não durma de novo! Primo Bilbo quer falar com você.

Mas Bena já estava apagando:

— Desculpe...

Lobélia chamou pela prima, mas essa foi a última coisa de que Bena se lembrou antes da inconsciência dominá-la de novo.

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No final, Bena terminou dormindo um dia inteiro antes que a febre cedesse. Os olhos de Bilbo estavam cheios d’água quando ela garantiu que se sentia bem, embora ainda estivesse um pouco fraca.

Lobélia ficou ao lado da prima na maior parte do tempo. À medida que Bena se fortalecia, ela tinha tempo para pensar em tudo que acontecera na festa de noivado. E ela também se deu conta que a presença de Lobélia garantia muitas oportunidades de confrontá-la sobre a situação. E ela optou pela abordagem direta.

— Lobélia, o que você pretende fazer?

— Sobre o quê?

— Sobre Mestre Dwalin.

A garota mais velha desviou os olhos e tentou soar casual:

— O que tem ele?

— Você sabe o que eu quero dizer.

— Eu tenho certeza de que não sei. — Lobélia tentava parecer calma. Mas estava difícil. — Eu não tenho ideia do que você está falando.

Bena falou raivosamente, cochichando entre os dentes:

— Você estava flertando com Dwalin no meio da sua própria festa de noivado!... Que vergonha!

Lobélia deu de ombros:

— E daí? Foi só um flertezinho.

— Só...! — Bena estava estarrecida. — Prima, você perdeu a razão? Isso pode ser interpretado como traição ao rei, e você pode ser decapitada!

Lobélia perdeu a cor. Bena continuou:

— Além do mais, Dwalin também é um primo do rei. Mesmo que ele corresponda a seus sentimentos, ele nunca vai admiti-los, porque ele jurou proteger seus parentes com sua própria vida. Devido a esse juramento, ele pode passar a odiar você ou a odiar a si mesmo. Ele provavelmente está muito confuso e nervoso, Lobélia. Se você realmente ama Mestre Dwalin, precisa revelar isso claramente.

Lobélia encarou Bena e explicou:

— Eu quero ser uma rainha, Bena.

— Você sabia desde o início que esse casamento era um arranjo político. Não tem nada a ver com amor.

— Quem falou alguma coisa sobre amor? Eu só quero me divertir.

— Divertir?! — A hobbit mais jovem estava lívida. — Você acha que a afeição de um rei é uma piada? Eles têm uma cultura diferente. Eles não levam na brincadeira a traição de um cônjuge mesmo entre as pessoas mais simples, então você pode imaginar o que pensarão de você se trair o rei deles.

Lobélia acusou:

— Você só está tentando me assustar.

— Estou tentando colocar um pouco de juízo na sua cabeça...!

— Mas o rei é tão chato — reclamou a noiva. — Só o que ele faz é falar sobre seus parentes falecidos cujos retratos estão na maioria das tapeçarias antigas.

— Ele está mostrando a você a cultura dele, sua herança. Vai precisar saber disso para ser rainha. Lembre-se do que titio falou: a maior parte desses anões jamais viu um hobbit antes, então cabe a nós sermos representantes de todo o Shire. Devemos nos comportar de maneira impecável!

Lobélia empalideceu e perguntou:

— Você não contou a Bilbo sobre Mestre Dwalin, contou?

— Não, preferi poupá-lo dessa vergonha. Mas se você insistir nessa farsa, eu juro que conto.

— Está bem, está bem! — Ela parecia contrariada. — Vou parar de flertar com o Sr. Dwalin. Está feliz?

Bena suspirou e usou um tom muito mais suave:

— Não, eu não estou feliz. Estou preocupada, prima. Tem certeza de que quer fazer isso, Lobélia? Titio disse que você pode desistir do noivado. Mas se você esperar muito, aí vai ficar mais difícil. Se não tem certeza...

— Eu tenho certeza de que quero ser uma rainha — garantiu Lobélia com grande sinceridade. — É só que..

Ela não terminou a frase, então Bena fez isso:

— É só que você não tem certeza de que quer ser rainha dele, é isso?

— É...

"Ser dele é tudo que eu quero, e isso eu nunca vou ser", pensou Bena amargamente, com lágrimas a encher seus olhos. Ela estava com tanta raiva!...

Lobélia comentou:

— Seus olhos estão lacrimejando de novo. Talvez a febre tenha voltado.

Desanimada, Bena suspirou e concordou:

— Sim, talvez.

— Vou pedir a Mestre Óin um chá de casca de árvore. Fique aí quietinha.

Lobélia deixou-a a sós, e Bena finalmente pôde chorar por seu amor impossível e não correspondido. Era uma ironia que a aliança entre anões e hobbits estivesse nas mãos de um casamento no qual ambas as partes estavam bem relutantes em participar. Bena se casaria alegremente com o rei, mas ela não era parte da equação. Do seu ponto de vista, a situação não era irônica: era cruel. Por Eru, como um coração podia doer tanto?

Master Óin veio examiná-la, mas determinou que os olhos vermelhos e lacrimejantes eram produtos de um forte resfriado. Mais sopa e repouso foram recomendados. O doce Ori mandou livros. Já que Bilbo estava ocupado na enfermaria, o rei decidiu suspender o noivado até que o guardião estivesse apto a acompanhar o casal. Bena sentiu-se ainda mais culpada por atrapalhar o noivado de Lobélia.

Assim, nos poucos dias em que Verbena estava doente, ela pensou nas suas opções, suas opções reais, palpáveis. Ela poderia se lastimar e amaldiçoar sua sina, ou ela podia se alegrar de ter conhecido o amor, uma dor tão doce. Ela era racional assim, graças a seu tio. Bilbo sempre fizera Bena pensar exaustivamente em suas opções, e chorar por coisas impossíveis não era uma opção, não importa o quanto ela desejasse o impossível.

Mas Bena também sabia que os assuntos do coração não eram governáveis. Seu coração pouco se importava com suas decisões racionais, ele se sentiria como bem entendesse. Então ela sabia que haveria horas assim: ela iria chorar e ver a impossibilidade das coisas, então ela pararia de chorar um pouco. Depois ela até poderia chorar de novo, mas aí se convenceria da inutilidade das lágrimas e pararia mais uma vez. E assim ela viveria.

Mas Bena jamais diria uma única palavra. Esse era um segredo dela, e somente dela.

Seu tio, contudo, era perceptivo demais e reparou que ela estava triste. Bilbo viu as bolsas sob seus olhos, o nariz vermelho, a tristeza; e ele ficou preocupado.

Bilbo acariciou o cabelo de Bena, como se ela fosse novamente uma menina, e indagou:

— Minha doce Bena... O que você tem?

Ela sorriu de modo febril:

— Só está frio demais para mim, acho. Podemos encurtar essa viagem e voltar para o Shire, tio?

"Por favor, vamos embora. Só vamos embora. Para longe de Thorin", ela pensou, mas não ousava dizer.

Para sua surpresa, Bilbo ficou ainda mais tristonho.

— Oh, querida, você não ouviu, não foi? Claro que não ouviu, você estava de cama.

— Ouviu o quê?

— Houve uma gigantesca tempestade de neve, e todas as trilhas e estradas estão fechadas. A neve nos isolou. Nada pode passar até que a neve derreta.

Era a última coisa que Bena queria ouvir. O coração dela se despedaçou, e foi com pesar genuíno que ela comentou:

— Oh, puxa. Acho que vamos ficar, então.

— Pensei que gostasse de Erebor. Você e os rapazes pareceram se dar bem.

— Os rapazes?

— Kíli e Fíli.

— Oh, eles são divertidos. Mas sinto saudades do Shire. — Não totalmente verdade, mas também não era mentira.

Ele concordou:

— Sim, eu também sinto falta de lá. Espero que Hamfast esteja cuidando bem do jardim. Se o inverno chegar ao Shire com o mesmo rigor daqui, temo que meus tomates estejam irremediavelmente perdidos.

Bena garantiu:

— Inverno no Shire nunca vai ser tão ruim, tio.

— Talvez seja um dia. Quando você se casar e deixar Bag End, aposto como os invernos serão mais frios.

Bena comentou:

— Oh, calma aí, tio. Isso não vai ser tão cedo. Nem sabemos se vai acontecer. Lembra-se da tia Ruth? Ela jamais se casou.

— Não me fale daquela mulher horrível! Se eu soubesse o modo como ela tratava você, eu a teria adotado muito antes! Além do mais, você jamais será uma bruxa, muito menos uma solteirona. Não se aquele garoto dos Brandybucks se mexer.

— Claro — disse Bena com tristeza. — Tem aquele garoto dos Brandybuck.

— E você tem certeza de que nenhum dos rapazes...? — Ele ergueu uma sobrancelha sugestivamente. — Digo, eles são bons rapazes. Pediram permissão para visitar você.

— Tio!... — Bena corou um tom profundo de escarlate. — Kíli e Fíli são como primos para mim — quero dizer, se eu tivesse primos anões, claro.

— Thorin me disse que você desenvolveu uma admiração profunda pela Lady Dís.

— Sim, é verdade, tio. Ela é uma mulher formidável.

Bilbo sorriu para a moça:

— Enquanto você crescia, houve muitas vezes em que eu me senti mal por não lhe dar uma mãe. Se eu fosse um hobbit casado, você teria uma mãe, como seus primos.

— Oh, tio, sabe que foi pai e mãe para mim, já que não conheci nenhum dos dois. E eu tenho certeza de que ambos teriam orgulho de como você criou essa pobre órfã.

Bilbo beijou a testa dela com delicadeza e sorriu, fazendo rugas nos cantos dos olhos:

— Eu não poderia ter filha assim tão boa mesmo se me casasse três vezes. Agora quero que siga as ordens de Mestre Óin.

— Mas eu estou bem, tio. A febre se foi desde a noite antes de ontem. Eu me sinto bem, de verdade.

— Mas faz frio na montanha. Você pode ter uma recaída. Descanse mais.

Bena suspirou, cansada de descansar e ler. Indagou:

— Onde está Lobélia?

— Ela está com Lady Dís, visitando os mercados, é claro.

— É minha culpa ela ter ficado longe de seu noivo.

— Ela não parece chateada com isso. O rei expressou desejos de uma recuperação rápida para você.

Bena corou:

— O rei é muito atencioso.

— Ele veio aqui visitá-la. Sua febre era tão alta que você achou que ele era um sonho.

Bena sentiu tanto calor em suas faces que sua pele deveria estar da cor de um pimentão. Ela escondeu o rosto com as mãos e gemeu:

— Oh, que vergonha, minha senhora Yavanna...! Eu sinto muito, tio.

— Não se preocupe, querida. Thorin me disse que achou muito encantador. Ele tem grande afeição por você.

Embora Bena sorrisse por fora, por dentro ela remoía pensamentos de autodesprezo. "É, ele certamente me vê como uma garota hobbit estúpida, encantadora feito um filhotinho,” pensou ela.

Então Kíli e Fíli vieram fazer uma visita, o que levantou muito o ânimo de Bena. Eles disseram que sentiam falta dela e das sessões de treinamento com a espada.


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