Três Formas de Amar escrita por Mi Freire


Capítulo 5
Dando uma de pai protetor.


Notas iniciais do capítulo

Oi, meninas. Aqui vai mais um capítulo para vocês ♥



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Assim que entrei em casa dei de cara com o Lucas sentado no sofá ainda de pijama e segurando uma xícara quente de café. Ele parecia péssimo com aqueles olhos inchados e vermelhos.

− Isso são horas, Manuela?

− O quê?

− Isso é hora de chegar em casa?

− Não, mas...

− Olha só para você!

− O que tem eu?

Corri até o banheiro e me olhei no espelho.

Caramba! O que aconteceu comigo?

Não sei como, mas eu tinha vestido a blusa pelo lado avesso. Meu cabelo estava um ninho de passinho e minha maquiagem borrada para todos os lados.

− Eu não dormir à noite inteira, sabia? Preocupado com você!

Virei-me de frente para ele.

− Mas não precisava. Eu estou bem!

− Ah, é? E como eu poderia adivinhar?

Nossa, Lucas estava mesmo muito bravo comigo.

Admito que ele estava até mais fofo que o normal.

− Onde você estava, posso saber?

− Você nem vai acreditar! – Soltei um risinho.

Passei por ele, fui para a sala e me joguei no sofá.

Lucas veio logo atrás.

− Eu dormi com o Kevin!

− O quê? – Ele praticamente gritou. – Você ficou doida?

− Ué, porque? Não entendo. Eu pensei que... Lucas, qual é o problema? Eu gosto dele!

− Gosta dele? Eu pensei que você gostasse dele. O verbo no passado. Ou então que já tivesse superado essa história.

− E eu superei! Mas não sei o que houve ontem. A gente bebeu, conversou e deu no que deu.

E eu estava sorrindo!

Dá para ser pior?

− Então vocês vão voltar, é isso?

− Eu não sei, Lucas! A gente só ficou...

− Você podia ao menos ter ligado, Manuela!

É, verdade eu podia...

− Eu pensei que você não se importasse, já que estava ocupado com suas amiguinhas novas.

− Que amiguinhas? Ah, fala sério. Eu nem conheço elas. A gente só estava conversando! E isso aqui não é sobre mim. É sobre você e sua irresponsabilidade.

Não, ele não pode estar falando sério.

− Lucas, para. Eu não quero brigar com você. E você nem é meu pai.

− Você tem razão! Eu não sou o seu pai. Mas você se lembra do que ele disse pra você quando você veio morar aqui comigo?

Se eu me lembrava? E como eu poderia esquecer?

− Ele pediu para eu proteger! E nem me venha como esse papinho de que pensou que eu não me importasse. Porque eu sempre vou me importar com você, Manu.

− Tá, eu sei. Eu sei. – Reviro meus olhos, cansada daquilo tudo. Eu só queria a minha cama! – Mas você não precisa me tratar como se eu fosse uma criança. Eu sou adulta agora!

Lucas riu.

− Sério? Porque não parece.

Olhei feio para ele. Não estava acreditando que ele falava sério. Respirei fundo, mantendo a calma. Lucas só estava bravo porque eu não liguei. Por isso ele disse essas coisas.

− O.K. Obrigada por ser importar. E me desculpe por não ter ligado. – Me levantei e fui para o meu quarto.

Bati a porta e me joguei na cama.

Eu sabia que precisava de um banho e comer algo. Mas eu não conseguia parar de pensar em tudo que tinha acontecido.

Então me lembrei do meu celular. E me dei conta de que ele não estava comigo. Cacete! Eu não posso perder esse aparelho por nada no mundo. E o meu trabalho?

Ouvi a campainha tocar.

− Ah, oi. A Manu tá aí?

Era a voz do Kevin. Graças a Deus!

− Ei. – Ele sorriu ao meu ver. – Seu celular.

Era muita sorte mesmo a minha.

− Preciso ir agora. Eu tenho ensaio. – Eu não esperava, mas ele me beijou... na boca antes de ir.

Fiquei paralisada vendo-o ir embora mais uma vez.

Quando me virei para o Lucas depois de fechar a porta, ele balançou a cabeça de um lado para outro. Evidentemente decepcionado comigo e foi a sua vez de bater a porta do quarto.

Fiquei a tarde toda gravando e editando vídeos. Não era como se eu tivesse outras coisas para fazer.

Lucas não falou mais comigo. Permaneceu emburrado no sofá a tarde inteira jogando ou vendo TV.

Eu estava deitada xeretando minhas redes sociais quando meu celular vibrou.

Uma mensagem no Whatsapp.

Número desconhecido: Oi

Eu: Oi

Antes de perguntar quem era, fui espiar a foto do perfil. E adivinhem? Era o Kevin e ele estava falando comigo!

Resolvi salvar seu número nos meus contatos

Kevin: Peguei seu número hj mais cedo, qnd percebi que tinha esquecido o celular aqui

Eu: Ai meu Deus! Ele estava desbloqueado?

Kevin. Tava. Mas rlx. Eu não olhei nada

Eu: Tem certeza? Hahahahaha

Kevin: Absoluta. Não se preocupe.

Eu não soube mais o que dizer.

Então não digitei nada.

Kevin: O q vc ta fazendo aí?

Eu: Apenas deitada.

Kevin: Uau. Fiquei com tesão agora.

Ai. Minha. Nossa.

Eu: Bobo!

Kevin: Tô brincando! hahahaha

Kevin: Ou não ;)

Eu: hahahaha para com isso

Kevin: Ta com vergonha?

Eu: Um pouco.

Kevin: Você fica linda corada

Eu: O que deu em vc?

Kevin: Porque? Hahahaha

Eu: Vc ta diferente

Kevin: De um jeito bom ou ruim?

Eu: Bom. Claro ;)

Kevin: Eu mudei

Eu: É, parece que sim

Ele não disse nada por um bom tempo.

Nem eu.

Kevin: Tenho show agora. Tchau!

Eu: Até mais. Bjoooos!

Eu: E bom show pra você.

Kevin: Obg

Fiquei sorrindo por um bom tempo.

Só fui desperta quando o Lucas bateu na porta.

− Posso entrar?

− Claro!

Sentei-me e deixei o celular sobre o criado-mudo.

− Olha, me desculpe por hoje mais cedo. – Disse ele ao sentar-se na ponta da cama. Ele não me olhava nos olhos naquele momento. O que me fez sorrir.

− Tudo bem. Já passou.

− Não.... Eu fui grosseiro com você. Eu não tenho nada a ver com a sua vida e passei um pouco dos limites

− Eu entendo, Lucas. De verdade.

Ele me olhou nos olhos.

− Me desculpe.

Eu não conseguia resistir a tanta fofura.

Eu o abracei.

− Ele me mandou algumas mensagens.

− Ah, é? O que ele queria?

− Sei lá.... Conversar apenas.

− Pelo visto ele ainda gosta de você.

− Você acha?

− Parece que sim. – Ele torceu os lábios.

− Isso é bom, não é?

− Se você ainda gosta dele, é sim.

Eu não sabia dizer se ainda gostava do Kevin ou não.

Era confuso para mim.

− Quer sair para comer algo?

Olhei para fora. Já estava de noite!

− Sim. Só me dá alguns minutos.

Ele saiu e eu me troquei rapidamente. Substituindo meu pijama de coelhinhos por um jeans e uma regatinha.

− O que você quer comer? – Ele quis saber, assim que entramos no carro.

− Comida japonesa?

Ele olhou pra mim e riu.

− Então vamos lá.

Na segunda-feira de manhã nossa rotina voltou toda a normal. Exceto a parte em que o Kevin não parava de me mandar mensagens, o que me fazia sorrir toda a hora.

Eu: To na facul

Kevin: To atrapalhando?

Eu: Não! :)

Kevin: Que bom

Kevin: É aula de quê?

Eu: Ergonomia.

Kevin: É legal?

Eu: Não muito hahahaha

Kevin: Imagino

Eu: E você?

Kevin: Pausa do ensaio da banda.

Eu: É legal?

Kevin: Mto!

Não prestei atenção em quase nada da aula aquela manhã.

Eu: To em casa agora. Vo comer

Kevin: O tem de bom aí?

Eu: Você vai ter que vir aqui pra ver

Kevin: hahahaha Sério?

Eu: Não. Só se vc quiser

Kevin: Eu quero. Vc ta sozinha?

Eu: Sim.

Em meia hira ele estava aqui.

Como eu não era boa na cozinha, preparei uma coisa simples para a gente almoçar juntos. Conversamos muito na bancada durante a refeição. Alguns minutos depois estávamos entrelaçados em minha cama. Totalmente ofegantes.

− Eu senti sua falta. – Disse ele.

Eu corei.

− É sério. Você foi uma das minhas melhores namoradas!

− E você foi meu único namorado.

− E eu te magoei.

Ele parecia aborrecido com isso.

− Mas isso foi há algum tempo atrás.

− Eu sei. Mas mesmo assim...

− Vamos esquecer isso.

Eu o beijei calorosamente.

− Eu podia ficar aqui o dia inteiro. - Ele sussurrou.

− Mas você não pode...

− Infelizmente não.

− Vocês vão tocar hoje também?

− Vamos sim.

− Eu gostaria de poder ir. Mas tenho que estudar.

− Que pena. Mas quem sabe numa próxima.

Voltamos a nos beijar, até o momento em que ele realmente teve que ir para não se atrasar para o show.

Minutos depois o Lucas voltou do trabalho e eu agi como se nada tivesse acontecido. Nem toquei no assunto com ele. Eu não gostava de mentir para ele. Compartilhávamos tudo! Mas eu sentia que isso ele não iria gostar de saber.

− Vamos gravar um vídeo juntos hoje? As meninas estão pedindo muito!

− O que você tem em mente?

− Um jogo de perguntas e respostas. Quem fizer menos ponto paga um mico no final. E elas que vão escolher.

− Parece ótimo pra mim! Mas eu preciso tomar um banho antes.

Enquanto eu esperava por ele, eu arrumei tudo na sala: Câmera, luzes, microfone e cenário de fundo.

− Estou pronto.

− Então senta aqui.

Posicionei-o ao meu lado.

− Vamos começar. – Liguei a câmera e voltei correndo para o meu lugar ao seu lado. – Oi, meninas. Como vocês estão? – Digo, olhando para a câmera. – Hoje eu trouxe uma pessoa muito especial para participar de uma brincadeira. Vocês pedirem muito e eu finalmente resolvi atender ao pedido de vocês. – Soltei um risinho. – E aí, Lucas, animado?

− Pronto para ganhar!

Eu ri de novo.

− Então vamos lá. O jogo de hoje é de perguntas e repostas. Eu faço uma pergunta para o Lucas sobre mim e ele tenta acertar. Assim vice-versa e no final saberemos quem sabe mais sobre o outro. E quem fizer menos pontos paga um mico em outro vídeo. Porque vocês vão escolher o mico. Então, não esqueçam de avaliar o vídeo no final e comentar.

Dei uma pequena pausa.

− Vamos começar. Primeira pergunta – Viro-me para o Lucas. – Lucas, qual é a minha cor favorita?

− Essa á fácil. – Ele abriu ainda mais o sorriso. – Vermelho.

− Sim, é vermelho! – Eu ri, animada. – Agora é sua vez. Me faça uma pergunta. Não precisa pegar leve!

− O.K. – ele pensou rapidamente. – Manu, quantos anos eu tinha quando dei meu primeiro beijo?

− Eu sei, eu sei. – Bati palmas, empolgado. – Você tinha onze anos. Certo?

Ele assentiu.

− Um a um. – Disse ele.

− Próxima pergunta: O que no mundo eu não comeria por nada?

− Muitas coisas! – Disse ele e nós rimos. Porque ele tinha muita razão. – Por exemplo: fígado, beterraba, abacate, melão, orelha de porco, lula, lagosta e assim vai.

− Você me conhece muito. Não tem graça!

Mas tinha muita graça. Era impressionante que ele soubesse tanto sobre mim.

− Minha vez.... Deixa eu pensar.... Ah, já sei: Qual era a matéria que eu mais detestava no colégio?

− Química! - Respondi imediatamente.

− Acertou! Caramba!

− Outra pergunta: Qual era o nome do primeiro namorado?

− Kevin. – Respondeu ele, mas não parecia muito feliz com a pergunta. – Quando eu era pequeno o que eu queria ser quando crescesse?

− Você queria ser.... Pintor.

− Não. Eu queria ser bombeiro.

− Que mentira!

− É sério. – Ele voltou a sorrir. – Pergunta para minha mãe!

Agora eu estava perdendo por um ponto. Mas logo dei a volta por cima e nós voltamos a empatar.

− Décima terceira e última pergunta para desempatar: Qual é o meu maior medo? Eu sei que tenho muitos. Mas eu tenho um maior que todos os outros. – Digo, olhando para ele.

− Eu sei.... Você tem medo de perder quem ama.

− Não.... É quase isso. Mas meu maior medo mesmo é perder você. A única pessoa no mundo que sabe absolutamente tudo sobre mim. Está ao meu lado em todos os momentos difíceis e especiais. Que me entende, me protege, me apoia, me motiva, me decifra. Tudo isso e um pouco mais.

Lucas e eu ficamos nos entreolhando por um bom tempo. Como no dia em que tudo mudou. Quando eu escorreguei na lama no acampamento de férias e ele me ajudou a levantar.

− Bom, então é isso, meninas. – Digo, quebrando o encanto e voltando-me para a câmera ainda ligada. – Espero que tenham gostado da brincadeira. Como vocês puderam ver o Lucas perdeu e vocês escolhem o mico aqui em baixo nos comentários. Deixem sugestões e eu vou escolher a melhor.

Lucas e eu nos despedimos e finalizei o vídeo.

− É sério?

− O quê? – Perguntei, confusa.

− O que você disse.

− Sobre o quê?

− Sobre seu maior medo ser me perder. De todas as pessoas: seu pai, minha mãe.... Porque eu?

− Eu não sei, Lucas. – desvio o olhar. – Eu nem sei porque disse aquelas coisas. Eu só senti que deveria dizer e.... Era verdade. É verdade. Você é mais especial para mim.

Impressão minha ou ele estava emocionado?

− Obrigado. – Ele me abraçou forte, apertando todos os meus ossos. – Eu também te amo muito.

Depois de arrumar tudo nós fomos jantar. E dessa vez eu fui dormir mais cedo e deixei para editar o vídeo depois.

Tentei ler um livro muito importante sobre moda até pegar no sono, foi sugestão do professor hoje mais cedo.

Mas não consegui.

Pois o Kevin resolveu me mandar mensagens.

Kevin: Estudou bastante?

Eu: Sim!

Eu menti. É verdade.

Eu: E como foi o show?

Kevin: Incrível. Só faltou vc

Eu: No próximo eu vou. Prometo

Kevin: É claro que vai.

Eu: Como tem tanta ctz?

Kevin: Pq vc nunca mente

Eu: Como vc sabe? Hahahaha

Kevin: Eu só sei

Ficamos conversando por um bom tempo, mas houve um momento que eu precisei parar. Precisava mesmo dormir para acordar cedo no outro dia. E foi o que fiz.

Naquela noite eu sonhei que o Kevin cantava uma música que ele mesmo compôs pra mim. Mas ele era só o guitarrista. Como isso poderia ser possível?

Minha imaginação estava indo um pouquinho longe demais.


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Notas finais do capítulo

E aí, o que estão achando disso tudo?