Três Formas de Amar escrita por Mi Freire


Capítulo 30
Palavras que podem mudar tudo.


Notas iniciais do capítulo

Dedico esse capítulo para aquelas que gostam de ver a Manuela e o Lucas juntinhos e decido esse capítulo também a Karina Andrade pela recomendação MARAVILHOSA ♥



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Lucas estava muito tristinho ultimamente. E eu bem que tentei anima-lo, mas nada do que fiz foi o bastante.

Então liguei para os amigos de faculdade dele, Mateus e Otávio, e sugeri que eles o convidassem para sair.

Algo apenas entre amigos.

Eles acabaram concordando e o Lucas também.

Aproveitei aquela noite para colocar todo o trabalho em dia. Mas principalmente responder e-mails de negócio.

Um deles me chamou a minha atenção em especial. Eles queriam me conhecer e bater um papo comigo sobre algo que eu tinha dito no meu vídeo de sonhos fazia algum tempo. Nossa reunião ficou marcada para a próxima semana

Eu já estava muito ansiosa.

Yuri: Vem aqui em casa.

Eu: Não posso. Estou meio ocupada.

Yuri: Com o q? Posso saber?

Abri um sorriso.

Eu: Coisas de trabalho. Vc não iria gostar.

Yuri: Então tudo bem. Vou deixar vc trabalhar.

Deixei o celular de lado e me voltei para o meu notebook.

Já se passava de uma hora da madrugada quando ouvi um barulho na porta e me levantei imediatamente. Ainda não tinha conseguindo dormir esperando pelo Lucas.

Era ele. Graças a Deus!

− E aí, como foi a noitada com os meninos? – Perguntei me aproximando dele, foi então que percebi que ele não estava nada bem.

Lucas estava bêbado!

− Eu a amo. Amo muito. – Dizia ele sem nem prestar atenção em mim. Passei seu braço em volta dos meus ombros e tentei leva-lo até o seu quarto.  – Mas não sei como dizer isso a ela.

− De quem você está falando, Lucas? – Perguntei já morrendo de rir. Ele estava falando coisa com coisa.

Estava tão bêbado! Nunca o vi nesse estado.

− Ela é tão maravilhosa, linda, perfeita. A garota ideal para mim. Eu sei que é! Nunca tive dúvidas. Só queria que ela soubesse disso. – Ele continuou dizendo e mesmo apoiado em mim ainda dava alguns tropicões, se enrolando com as próprias pernas.

Lucas estava fedendo a álcool e cigarro.

− Lucas, por favor, se concentre. Você não é nada leve, irmãozinho.

Mesmo com tudo que eu dizia ele parecia não me ouvir.

− Mas como eu posso dizer isso a ela? Eu tenho tanto medo de perde-la. Eu não quero perde-la nunca!

Ai meu Deus!

Eu só queria rir sem parar, mas precisava ajuda-lo a pelo menos chegar no quarto são e salvo.

− Lucas, quem é essa garota, hein? Você nunca me falou dela. Estou curiosa agora!

Eu o sentei na cama, mas ele se jogou para trás. Aproveitei para arrancar seus sapatos dos pés.

− Eu a amo tanto que chega a doer o peito.

Mordi o lábio, tentando não rir para não ofendê-lo.

Essa garota deveria ser mesmo especial para ele só ter criado coragem de falar sobre ela quando estava bêbado.

Dizem que quando as pessoas estão bêbadas são quando elas mais falam a verdade.

Mas não sei se acredito nisso.

− Você precisa dizer essas coisas a ela. Eu acho que ela adoraria ouvir tudo isso. Ainda mais vindo de um cara como você.

Ele ficou mudo por um momento.

− Manu?

Ele se sentou e me olhou com curiosidade.

− Manu, o que você está fazendo aqui?

− Estou tentando ajudar, ué.

Não acredito que ele só me percebeu agora.

A situação estava mesmo critica.

− Ei, de quem você estava falando, hein? Até agora pouco. – Se ele estava bem agora, poderia muito bem conversar comigo a respeito da garota misteriosa.

− Do que você está falando?

− Lucas! – Dei um tapa nele e ri disso. – Você não está nada bem. O que você andou bebendo?

− Muitas coisas. Você não faz nem ideia! – Dito isso ele caiu na risada sozinho, como se lembrasse de alguma coisa muito interessante.

Ah, como eu queria estar na mente dele agora.

− Ah, meu Deus. Preciso vomitar!

Ele saiu correndo de repente, quase se jogando contra as paredes.

Fui atrás ver se estava tudo bem.

Agora eu estava um pouco preocupada.

− Lucas, tudo bem?

Não, não estava nada a bem. Acho que não deu tempo de ele chegar ao vaso sanitário e vomitou todo chão do banheiro.

Eu com certeza ia deixar isso para ele limpar depois.

− Eca! Agora você precisa de um banho.

Por mais impressionante que seja, Lucas ficou quietinho enquanto eu tirava sua camiseta e sua calça jeans.

Para mim aquilo era moleza, eu já o tinha visto de cueca box inúmeras vezes.

− Vamos lá. Eu te ajudo.

Peguei o pelo braço e o arrastei para dentro do box onde eu liguei o chuveiro e o joguei de baixo da água fria.

Ele reclamou um pouquinho, mas eu nem liguei.

− Eu estou apaixonado, Manu! – Disse ele enquanto a água escorria por seu corpo, deixando os cabelos castanhos grudados na testa.

Assim ele parecia só um garotinho perdido e confuso.

− Ah, é? Então me fala mais sobre ela.

− Ela é incrível. Nem dá para acreditar!

Nossa, agora sim eu estava morrendo de vontade de conhecer essa garota. Seria alguma garota da faculdade? Do trabalho? Ou que ele conheceu essa noite?

Não dá para saber.

Mas a história é bem engraçada e interessante.

Peguei a toalha e entreguei a ele. Lucas agora parecia um pouquinho melhor. Mas não muito. Não dava para confiar. Por isso continuei a ajuda-lo voltar para o quarto.

Ele se sentou sozinho na cama com a toalha em volta da cintura e eu corri até a cozinha para pegar água para ele.

Quando voltei Lucas estava chorando tanto que era de partir o coração.

− Lucas, o que houve? – Eu não sei se ria ou se tentava ampara-lo. Seja lá o que estivesse passando dentro dele, parecia bem complicado.

Deixei o copo com água de lado.

− Eu estou apaixonado, Manu. – Ele não parava nunca de repetir isso e continuava a chorar igual a um bebê.

− Então me fala mais sobre ela se isso for ajudar. – Passei a mão carinhosamente em seu cabelo molhado.

Não sei bem o que eu disse, mas só fez ele chorar ainda mais. Escondendo o rosto entre as mãos e assoando o nariz na pontada toalha molhada ainda em volta da cintura.

− Vamos conversar. Vai ser melhor. – Tentei puxa-lo até a cabeceira da cama para ele ficar mais confortável.

Eu fiz o mesmo, ficando bem ao seu lado.

Ele ainda chorava.

− Quem é ela, Lucas?

Ele me olhou todo sério enquanto enxugava as próprias lágrimas.

− Você não percebe? Eu amo você, Manuela.

Espera aí.

Meu coração parou de bater de repente.

− Eu sempre amei você.

− Calma aí, Lucas. – Tentei segurar o riso. – Você bebeu, deve estar confuso. Mas essa garota não pode ser eu...

Não pode, certo? Não pode mesmo.

− Eu te amo de verdade, Manuela. Eu sempre amei!

Puta merda!

Acho que ele precisa dormir.

Levantei-me, dei a volta na cama e tentei fazê-lo se deitar, mas quanto mais eu insistia, mais ele se negava.

− Lucas, por favor, colabora! – Agora eu estou brava. Não é meu forte cuidar de bêbado. Ainda mais os sentimentais que dizem coisas sem sentido sem parar.

Lucas me puxou para cima dele quando eu tentei solta-lo.

− Manu, olha para mim. Acredite no que eu digo. Eu tentei te dizer isso tantas vezes!

Lágrimas ainda escorriam pelas laterais de seu rosto.

− Lucas, você está bêbado! - Tentei bater dele.

− Eu não estou! Não estou bêbado. Talvez um pouco. Mas eu sei do que estou falando, Manuela. Eu sei exatamente o que eu sinto por você. O que eu sempre senti! Você acha que foi fácil para mim manter isso escondido no meu coração todos esses anos? Porque não foi. Foi a coisa mais difícil que eu tive que fazer em toda minha vida. Acredite em mim!

Tentei me soltar dele. Tentei sair dali. Tentei me livrar dos seus braços, mas ele foi mais forte. Mas eu estava tão confusa, tão perdida. Não sabia o que pensar sobre isso. Tudo estava girando muito depressa.

Ele não podia estar falando sério. Não podia!

− Eu juro que tentei ignorar meus sentimentos por você, mas foi a coisa mais dolorosa que eu já fiz. Foi o meu pior erro e sabe porquê? Porque eu sou tão apaixonado por você hoje quanto eu fui naquele dia no acampamento. Quando eu me dei conta que você não era só mais uma garotinha. Você era a garota. Minha garota e eu precisava te proteger.

Dizer todas essas coisas estava sendo tão difícil para ele quanto para mim estava sendo difícil ouvi-las.

Vê-lo chorar por dizer essas coisas era como ter meu coração nas mãos e esmaga-lo com os dedos.

A sensação não era nada agradável. Tanto que agora eu também estava chorando com ele. Ainda sem saber dizer se essas coisas eram tudo que eu sempre quis ouvir ou se esse momento nunca deveria estar acontecendo.

− Me desculpe! Eu não deveria sentir tanto, eu não deveria estar te dizendo essas coisas. – Lucas soluçava. Eu mal conseguia olhar para ele. − Não é justo com você. Talvez eu devesse ter esperado um pouco mais, talvez eu tivesse que ter guardado isso só para mim. Mas é tão complicado! Sentir tanta coisa, ter tantas coisas a falar e tanto a fazer por nós dois...

Quando eu senti que suas mãos me deixaram, eu pensei em sair dali correndo imediatamente. E nunca mais olhar para ele. Mas eu não consegui. Eu não podia deixa-lo num momento como esse. E muito menos ignorar o que estava acontecendo ali.

− Manu, por favor, diz alguma coisa. Seu silencio está me matando!

Reuni forças e olhei para ele e vi o quanto seus olhos estavam vermelhos, o quanto as lágrimas não paravam de escorrer de seus olhos e o quanto seus lábios tremiam.

Ele estava com medo, assim como eu. Nós compartilhávamos os mesmos sentimentos. Nós sempre compartilhamos os mesmos sentimentos. Só que eu ainda não tinha me dado conta disso e agora que a verdade estava bem ali na minha frente eu sentia que precisava fazer algo.

Dar um basta, pedir pra ele esquecer essa história, continuar fingindo que ele estava bêbado e falando coisa com coisa e que amanhã não lembraria de nada, ir embora e deixa-lo para sempre ou simplesmente... Beija-lo.

E eu escolhi beija-lo.

Quando minha boca encostou na dele a primeira coisa eu senti foi choque. Seus lábios apesar de molhados eram quentes, acalentadores e macios. Lucas colocou as mãos nas minhas costas e me virou. Assim ficamos lado a lado sobre a cama. Deitado um de frente para o outro.

Ele não tirou sua boca da minha nem por um momento e enterrou suas mãos nos meus cabelos me puxando para mais perto e foi quando eu tive a oportunidade de sentir todas as partes do seu corpo encostarem no meu.

Lembrando que ele estava só de cueca por baixo da toalha e ainda estava molhado.

Sentir tantas coisas ao mesmo tempo foi como sentir uma pequena cosquinha na barriga. Aquele frio prazeroso e ao mesmo tempo aterrorizante que você sente quando vai em um brinquedo radical no parque de diversão.

Sabe aquela sensação estranha que você sente quando chega ao primeiro lugar da fila e é a sua vez? Você pensa em desistir por medo, mas aí você olha para o lado, vê seus amigos, vê as pessoas animadas e nervosas assim como você e isso é o bastante para não te fazer desistir. Você se enche de coragem e enfrenta a situação. Você vai no brinquedo nem que precise ficar o tempo todo agarrada a pessoa do seu lado e de olhos fechados. Você vai e você grita. E você ri e você se diverte a última sensação é de vitória, orgulho.

− Quando você apareceu – Disse Lucas ao se afastar o suficiente para me olhar nos olhos. – Foi o auge da minha vida.

Apesar de tudo, eu sorri.

− Por favor, Lucas. Não diga mais nada. – Levei minha mão ao seu pescoço. – Apenas me beije.

E ele me beijou com suas mãos apertando minha cintura, como se de alguma forma fosse possível fundir ainda mais nossos corpos. Naquele momento eu senti que meu coração tinha derretido dentro do peito. Eu estava totalmente entregue.

E nada do que eu estava sentindo agora se comparava ao que eu já tinha sentido antes. Porque no fundo eu sabia que aquilo não era só desejo, tesão ou paixão. Era muito maior que isso. Era amor e todo o resto misturado.

Eu estava de olhos fechados, beijando-o como se não houvesse amanhã, desejando desesperadamente que aquele momento nunca acabasse quando senti seus dedos em minha barriga e meu corpo todo tremeu. Lucas estava tentando se livrar da minha blusinha de coelhinhos.

− Lucas, o que você está fazendo? – Perguntei com um sussurro amedrontador.

Eu não sei se estava preparada para dar um próximo passo. Sabia que nada disso tinha volta. Mas o próximo passo era muito significativo.

− Eu quero você, Manu. Desesperadamente eu quero você. Apenas confie em mim, por favor.

E eu confiei. Deixei ele fazer o trabalho todo sozinho, porque não tinha nada melhor do que sentir suas mãos no meu corpo. Ele era tão cuidadoso e delicado. Não tirava os olhos de mim, como se quisesse certeza de que eu aprovava cada atitude sua. Ele não me olhava como um lobo devorador. Lucas me olhava e me tratava como se eu fosse um cristal muito precioso e que não pudesse quebrar nunca.

Assim que ele se livrou da minha blusinha ele voltou a enterrar sua boca na minha. Agora com mais desejo, mais intensidade, mais vontade. E foi nesse momento que eu senti meu coração se recompor e explodir novamente em vários pedacinhos, como uma panela de pipoca.

Eu nunca toquei o Lucas daquela forma e ele nunca me tocou daquela forma. Antes era tudo tão inocente. Mas era engraçado com as minhas mãos ganharam vida própria e queriam explorar cada pedacinho de seu corpo quente.

Quando ele passou as mãos nas minhas pernas, subindo devagar eu não aguentei mais. Eu mesma tirei meu shortinho de dormir e minha calcinha junto e montei em cima dele. Primeiro nós nos olhamos, depois voltamos a nos beijar e por fim nós nos movimentamos até uma nova exploração percorrer todo o meu corpo ao mesmo tempo em que ele explodia também.

Tudo aconteceu muito rápido, era como se nós dois tivéssemos esperado muito tempo por isso.

Quando tudo terminou, eu não sei bem o que aconteceu, mas eu não consegui mais olhar para ele sabendo que ele tinha me visto de um jeito que nunca me viu antes. Eu me virei de costas e ele abraçou por trás e beijou meu ombro.

O coração dele batia tão forte em seu peito que era impossível eu não senti-lo em minhas costas.

Foi então que todo o medo, todo o pavor, toda vergonha que eu estava sentindo desapareceu e eu voltei a sorrir feito uma garotinha apaixonada do ensino médio.

− E então. – Eu disse só para quebrar o silencio.

− E então. – Senti ele sorrir.

Nenhum de nós chorava agora.

− Olha, se você está preocupada que eu vá esquecer tudo isso ao acordar porque estou muito bêbado, saiba que você está completamente enganada. E se acha que eu fiz tudo isso só porque eu estava triste e precisava de animo, você mais uma vez está completamente enganada. Eu sempre quis dizer essas coisas para você e eu tentei muitas vezes. Mas eu nunca consegui. Pois eu tive medo de te perder, Manu. Tive medo de parecer ridículo na sua frente. O que aconteceu aqui é uma coisa que eu nunca vou esquecer, independentemente do que aconteça depois entre nós depois. Eu esperei muito tempo para te ter em meus braços e agora que eu tenho eu não quero te largar nunca mais.

− Então não largue. – Sussurrei de volta. – Vamos ficar aqui para sempre. Porque agora eu não quero mais acordar desse sonho. Eu quero estar com você. Apenas com você.

Me virei mais uma vez de frente para ele e tentei beija-lo, mas ele recuou um pouco.

− Eu te amo, Manuela. Sempre amei e sempre vou amar.

E então ele me beijou e nós ficamos assim por muito, muito tempo. Posso dizer que nós nos beijamos sem parar durante toda a madrugada até estarmos exaustos e cairmos no sono nos braços um do outro como já aconteceu muitas vezes. Mas agora muita coisa tinha mudado. E eu não sabia dizer se estava com medo ou ansiosa para saber o que vinha a seguir.


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Notas finais do capítulo

E então, o que acharam, hein? Sei que muitas de vocês preferem o Yuri, por ele ser mais velho e bonitão, mas lembrem-se que o Lucas e a Manu têm uma história muito antes de qualquer um e qualquer outra aparecerem na vida deles. Tentem ver por esse lado também. Tudo que nunca foi dito ou admitido. Tudo que levou a chegar a esse ponto. Amizade entre um homem e um mulher é sim possível. Eu acredito. Mas não é porque eles começam um relacionamento que a amizade deixa de existir. E o que aconteceu agora não significa necessariamente que eles vão ficar juntos e serão felizes para sempre. Tem muita coisa envolvida nisso e que precisam se resolvidas. Aguardem os próximos capítulos. Vou postar pelo menos dois capítulos essa semana. Beijos!