Três Formas de Amar escrita por Mi Freire


Capítulo 22
Algo mais do que especial.




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Quando acordo no outro dia de manhã e me arrasto até a sala ainda de pijama de coelhinhos, vejo que Lucas mais uma vez acordou mais cedo. Mas curiosamente ele está sentando no sofá com o meu notebook no colo.

− O que aconteceu com seu próprio notebook? – Pergunto enquanto sigo até a cozinha e pego meu iogurte.

− Ele está bem. Está no meu quarto. – Responde ele tranquilamente. – Venha aqui. Tenho uma coisa para você.

− Mais surpresas? – Sorrindo me aproximo dele e me sento ao seu lado no sofá. Lucas passa o braço sobre meus ombros me puxando para mais perto. – Você sabe que não precisa fazer isso, não sabe? Ontem já foi maravilhoso!

− Mas eu quero fazer isso por você. – Com a mão livre ele tira um fio rebelde da frente dos meus olhos com um carinho natural. – Agora fique quietinha e veja isso.

Lucas vai até o meu canal no Youtube e abre um vídeo que foi postando em menos de dez minutos.

Mas como isso pode ser real se eu estava dormindo até dez minutos atrás?

− Passei a madrugada inteira editando isso para você. – Diz ele quando finalmente aperta o play e a música de fundo começa. É um dos meus covers preferidos do momento.

A música se chama I’m Not The Only One e quem canta e faz um grande sucesso é o cantor Sam Smith. Mas no momento tenho ouvido muito o cover da banda Boyce Avenue que é igualmente apaixonante.

De repente eu apareço na tela, caminhando lentamente até o pessoal eufórico no parque com um sorriso tímido no rosto. A câmera acompanha cada passo meu e eu sei que era o Lucas quem estava gravando cada movimento meu.

Revivo cada emoção que eu vivi ontem, só que agora em vários ângulos diferente, captando, talvez, coisas que eu não tenha percebido naquele momento, mas que agora eram muito nítidas para mim.

Eu não fazia ideia de que o Lucas me faria mais uma surpresa quando resolveu gravar aquele encontro.

Quando o vídeo está quase chegando ao fim eu não consigo mais segurar a emoção e eu choro. Um choro de felicidade. Um choro de alegria por uma pessoa tão especial ter me proporcionado algo tão importante para mim.

− Não era para você chorar. – Lucas coloca o notebook de lado e se vira para mim, secando minhas lágrimas com as pontas dos dedos e os olhos fixos no meu rosto.

− Mas eu só estou chorando de felicidade. – Esclareço, antes que ele pense que não gostei, quando na verdade eu amei absolutamente tudo. – Obrigada, Lucas. Obrigada por tudo. Obrigada por saber exatamente como me fazer feliz.

Nós ficamos abraços por um bom tempo, até que ele se levantar parecendo meio nervoso e me solta.

− Esqueci que eu tinha combinado de sair com a Helena.

Então ele me deixa sozinha.

Seco minhas lágrimas e volto a beber meu iogurte enquanto leio os comentários que o pessoal deixou em baixo do vídeo. Alguns agradecendo ao Lucas por ter proporcionando a chance de se encontrarem comigo e outros lamentando por não terem podido ir por causa da distância.

Depois que o Lucas sai eu ligo o som e crio coragem para guardar aquele monte de coisas espalhadas pelo meu quarto. Aproveito para separar algumas coisas que eu vou doar por não usar mais ou por não servirem mais.

Já é quase noite quando eu vou tomar um banho quente e relaxante.

Mando uma mensagem para o Yuri perguntando o que ele está fazendo. Mas ele não me responde. Então eu concluo que ele deve estar ocupado fazendo suas próprias coisas e resolvo não insistir ou atrapalhar.

− Estava com saudade de você. – Diz Yuri no outro dia. Estamos deitados em sua cama sem nenhuma roupa no corpo desde que chegamos juntos da academia essa tarde. – Desculpe se eu estive distante nos últimos dias. Eu estava resolvendo umas coisas. Mas pensei muito em você.

Me aconcheguei ainda mais ao seu peito, passando a ponta do dedo de leve em seu abdômen.

− Eu também pensei em você.

Yuri começou a passar a mão nos meus braços, onde a minha pele estava um pouco mais sensível e os pelos arrepiados por causa do ventinho que entrava pelas janelas abertas.

− Você pegou muito pesado hoje no treino com aquela garota do cabelo roxo.

− Ela mereceu! – Inclinei a cabeça para poder olhar melhor para ele. – Ela estava se insinuando para você na maior cara dura. Eu não gostei nadinha, se quer saber.

Yuri riu.

− Por acaso você está com ciúmes de mim, Japonesa?

Estreitei os olhos em sua direção.

− Nem pense em tirar sarro de mim por causa disso.

Ele riu mais uma vez.

Mas eu não achei um pingo de graça.

− Então você admite sentir ciúmes de mim?

− Nossa, como você é chato! Qual é problema se eu sinto ciúmes de você ou não? Eu pensei que estivéssemos tendo algo. Mesmo que eu ainda não tenha uma definição concreta para isso seja lá o que for.

− Nós temos algo! Pode ter certeza. – Ele puxou meu queixo em sua direção. Deixamos nos lábios praticamente colados. – É que eu acho uma gracinha quando você fica com ciúmes de mim. E quer saber? Pode sentir o ciúme que for. Eu não me importo! Na verdade, eu até gosto.

Não pude evitar de sorrir.

Para finalizar aquele momento nós nos beijamos e ele me puxou para cima dele mais uma vez.

Yuri apertou firme minha cintura com suas mãos e me movimentou para cima e para baixo lentamente.

Nós nem tínhamos começado pra valer e eu já me sentia ofegante e totalmente entregue aos seus encantos.

Fui embora poucas horas depois, no exato momento em que Helena chegou. Mas eu já estava vestida e ela não tinha nada do que desconfiar. Yuri e eu éramos rápidos e discretos. Ninguém desconfiaria que agora éramos muito mais do que simples amigos.

Manter as coisas em segredo tinha sido uma decisão tomada por nós dois.

E mesmo que ela descobrisse, ela e nem ninguém tinha nada a ver com isso.

Passei em uma sorveteria depois da aula para tomar um sorvete no dia seguinte quando fui surpreendida por um bipe vindo do meu celular indicando que eu tinha acabado de receber uma nova mensagem.

Imediatamente fui ver o que era.

Kevin: Estou com sdds! Qnd vamos nos ver?

Esse cara só pode estar de sacanagem comigo.

Primeiro ele chuta minha bunda pela segunda vez e agora fica me mandando mensagens dizendo que sente a minha falta e quer me ver. Que merda é essa?

Pago pelo meu sorvete e vou para casa fumaçando pelas narinas como um touro nervoso.

Não posso permitir que o desgraçado do Kevin continue brincando com os meus sentimentos dessa forma.

Afinal, quem ele pensa que é?

Ando de um lado para o outro dentro do meu quarto sem saber qual próximo passo a tomar.

Eu deveria ligar para ele?

Mandar uma mensagem como resposta?

Não sabia ainda o que faria, mas sabia que precisava fazer alguma que desse um basta naquilo de vez.

Com as mãos tremulas resgatei meu celular esquecido no sofá e liguei para o Kevin.

Na quarta chamada ele me atendeu.

− Manu? Nossa! Eu esperei tanto por esse momento. Fiquei com medo de ligar por achar que talvez você ainda estivesse com raiva de mim. Mas pelo jeito eu estava enganado.

O barulho que vinha de traz dele era insuportável.

− Não, querido. Você não estava enganado coisa nenhum. Porque eu ainda estou sim com raiva de você! E isso não vai passar nem tão cedo se você continuar me mandando essas mensagens estupidas e sem fundamentos.

Ele ficou mudo por alguns instantes.

− Eu não estou entendo, Manu...

− É, pelo jeito não está entendendo mesmo. Mas eu vou facilitar as coisas para você. – Dei uma pausa dramática e respirei fundo antes de continuar. – Me esquece, Kevin. Acabou. Você terminou comigo! E quer saber? Foi a melhor coisa que você já fez na vida. Foi quase um favor pra mim. Agora, pelo amor de Deus, pare de mandar mensagens pra mim. Você não sente a minha falta e eu não sinto a sua.

− Mas, Manu...

Não deixei ele terminar de falar. Não queria ouvir suas desculpinhas esfarrapadas. Então desliguei na cara dele. E joguei o celular de volta no sofá. Voltei a andar um lado para o outro, um tanto quanto frustrada. Será que eu tinha feito a coisa certa? Será que foi o bastante para ele entender?

Eu não ia arriscar. Então peguei meu celular de volta e bloquei o Kevin de todas as maneiras possíveis. O excluí do meu Facebook, Instagram, Snap, Twitter e por fim apaguei seu número da minha agenda. Quanto mais distante ele estivesse da minha vida, melhor para mim.

− Você está estranha. – Yuri observou. Mais uma vez estava passando boa parte da noite em seu quarto.

Já tínhamos transado e agora ele estava massageando meus pés e aquilo era uma sensação incrível.

− Kevin me mandou uma mensagem hoje mais cedo. – Acabei dizendo, nem sei porque.

As coisas estavam tão boas, eu não queria estragar nada.

Yuri imediatamente parou de massagear meus pés e agora olhava seriamente na minha direção.

− E o que foi que ele disse dessa vez?

− Que estava com saudade e queria me ver.

De sério Yuri passou a ficar bravo.

− Qual é o problema desse cara, hein?

− Foi o que eu me perguntei também.

− E o que você respondeu de volta?

Antes de dizer qualquer coisa eu engatinhei até ele e lhe roubei um beijinho.

Yuri olhava para mim sem entender.

− Eu pedi para ele parar. Pedi para ele desaparecer da minha vida e o bloquei dos meus contatos.

− Você teve coragem para fazer tudo isso?

− Ei, qual é?! – Olhei para ele me sentindo bem ofendida. – Eu não sou fraca, sabia? Na verdade, é preciso ser bem forte e corajosa para eliminar de vez uma pessoa que foi tão importante e especial na sua vida.

− Eu sei, eu sei. Me desculpe. Eu não quis te ofender nem nada parecido. Apenas me expressei mal. É que eu pensei que ele ainda fosse importante para você.

− Como você pode ver, não é mais. – Deitei minha cabeça em seu colo esperando que ele me fizesse um cafuné pois era tudo que eu precisava agora, mas ele não fez.

− Eu não queria te fazer essa pergunta agora. Tenho evitado tocar no assunto. Mas... E a gente?

− O que tem a gente? – Levanto minha cabeça imediatamente, olhando para ele com espanto. – Eu pensei que estivesse tudo certo entre nós. Amizade com alguns benefícios. Não era isso que você queria?

− Sim, é claro. – Ele se remexeu desconfortável. – Amizade com benefícios é ótimo pra mim. Mas e você, o que você quer?

Eu não podia acreditar que ele estava me perguntando aquilo.

− O que eu quero? – Deixei meu rosto a poucos centímetros do seu. – Eu quero você, Yuri. Não importa onde ou quando. Eu quero é estar aqui com você e eu estou.

Ele sorriu todo bobo.

− Ótima resposta, Japonesa. – Com a mão na minha nuca ele me puxou para um beijo.

− Se é isso que você quer que eu diga – Digo baixinho, olhando nos olhos dele. – Eu não estou preparada para um relacionamento sério agora.

Yuri se afasta abruptamente.

− O que você disse?

− Eu não estou preparada para ter nenhum relacionamento sério agora. E é por isso que eu gosto tanto do que temos. Espero que você esteja satisfeito também.

Yuri analisou meu rosto antes de se levantar, colocar um short e sair do quarto.

− Ei, aonde você vai? – Perguntei, tentando compreender se eu tinha dito alguma coisa errada.

Qual é o problema em ser sincera, hein?

− Vou pedir algo para a gente comer. – Ele gritou da sala. – Você quer?


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Notas finais do capítulo

Pelo visto o que a Manu propôs não é o bastante para o Yuri. E aí, o que acham?



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