Três Formas de Amar escrita por Mi Freire


Capítulo 23
Me apaixonando.


Notas iniciais do capítulo

Antes de mais nada eu gostaria de desejar um FELIZ NATAL antecipado a vocês ♥



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Desde aquela nossa conversinha Yuri ficou muito estranho comigo. Ele não se afastou completamente, mas mesmo quando estávamos juntos ele parecia muito distante. E então eu soube que eu tinha dito alguma coisa que ele não gostou. Mas o que eu podia fazer? Eu fui totalmente sincera. Não é isso que as pessoas esperam de você?

− O vídeo de comemoração de 300 mil inscritos fez um grande sucesso no canal. – Comentei durante o jantar. – As meninas estão pirando! Elas não param de te elogiar.

Lucas sorri com o rosto corado.

Uma gracinha!

Dá vontade de morder e apertar.

− Que bom que elas gostaram.

− Elas amaram, assim como eu amei.

Ele me olha de relance.

− Você parece feliz.

− Eu estou vivendo um bom momento da minha vida. Sem muita coisa com o que me preocupar. Agora que finalmente me livrei do Kevin.

− Como assim? O que fez com ele?

Então contei toda a história para ele.

− Uau! Estou orgulho de você, mocinha.

Eu sorri, toda feliz e contente.

− Tá vendo? Eu estou crescendo finalmente. Não sou tão frágil e fraca como a maioria das pessoas pensam.

− Que história é essa? Eu nunca achei que você fosse frágil ou fraca. Muito pelo contrário!

− Ah, Lucas. Para. – Suspirei um tiquinho frustrada. – Eu sei que você só me protege o tempo todo porque acha que eu não seja capaz de cuidar de mim mesma sozinha.

− Não é verdade, Manu. Não diga essas coisas! – Ele afastou sem prato como se tivesse perdido o apetite. – Eu te protejo porque eu gosto de você. Porque eu me importo com você. Porque eu amo você. E não porque eu ache que você não seja capaz de fazer isso sozinha. Para falar a verdade, eu sei melhor do ninguém do que você é capaz. Mas desde aquele dia no acampamento, depois de te sofrendo por causa da maldade das pessoas e depois da promessa que te fiz, eu meio que me sinto na obrigação de estar por perto.

− Mas você sabe que não precisa. Eu era só uma criança indefesa, Lucas. Eu não sou mais aquela garotinha.

− Eu sei que não é. Mas eu gosto de me sentir responsável por você. Você não quer me tirar isso, ou quer?

− Não, mas...

− Sem mas, Manuela. – Ele me interrompe com um olhar duro que eu não gosto nadinha. – Chega de tanta bobagem por hoje. Querendo você ou não, eu vou continuar te protegendo e cuidando de você. E ponto.

Me rendi, certa de que aquela discussão não teria um fim.

− O.K. Você venceu, Lucas. – Sorri pra ele, conseguindo lhe arrancar um sorriso também. – Mas nunca mais me trate como se eu fosse uma criança. Estamos entendidos?

Ele se levantou, pegou seu prato e inclinou-se para me dar um beijinho na testa.

− Sim, bebezão. Estamos entendidos.

Fiz questão de lavar a louça aquela noite já que ele tinha preparado todo o jantar, como sempre. Depois ficamos os dois assistindo TV até eu estar cansada demais para manter meus olhos abertos. Me despedi e fui direto para a cama.

− Oi, bonitão. – Yuri estava sozinho na sala quando eu cheguei para o treino cinco minutos adiantada.

Passei minhas mãos em seu braço e lhe dei meu sorriso mais travesso.

Yuri não me deu nem um sorrisinho.

Então resolvi investir mais até ele ceder.

− Tive uma noite entediante sem você. – Começo a me alongar, sem tirar os olhos dele. – Fiquei o tempo todo pensando na gente, no seu corpo sensual sobre o meu...

Ele revirou os olhos.

Sei que ele estava se fazendo de difícil, por isso eu precisava ir mais a fundo.

− Suas mãos percorrendo meu corpo, tirando as minhas roupas, seus lábios devorando os meus e...

− Cala a boca, Manuela. – Yuri me lançou um olhar frio e depois com a cabeça indicou a porta como se quisesse dizer algo.

Quando me virei para ver o que era, vi que as meninas estavam chegando para o treino em bando.

Droga!

Logo agora que eu estava indo tão bem.

− Que bom que vocês chegaram, meninas. – Yuri tirou aquela carranca e abriu um sorriso convidativo. – Comecem a se alongar e depois vamos começar a nossa aula.

Enquanto nos aquecíamos ele circulou entre nós com os braços nas costas e um olhar sério. Quando ele chegou no fundo da sala bem pertinho de mim eu sorri, querendo que ele sorrisse de volta para mim a todo custo.

Mas ele não sorriu.

Puxei-o para perto de mim pelo braço e lhe roubei um rápido beijo.

Pela cara que ele me olhou ele não esperava, assim como ninguém a nossa volta que agora estavam olhando para nós com certa curiosidade.

Bom, pelo menos agora essas vadias sabiam que esse homem me pertencia. Não completamente. Mas em parte sim e eu tinha acabado de deixar isso muito claro.

Yuri ficou o resto do treino muito sem graça. Dava para ver de longe que meu beijo tinha lhe desconcertado. Ele não olhou para mim em nenhum momento. Eu me diverti muito!

Como eu não tinha muito o que fazer pelo resto da tarde, eu peguei o carro e fui dar uma volta no shopping. Eu precisava comprar umas coisinhas. Aproveitei para gravar um vlog para o canal. Vlog basicamente se resume em gravar cada passo meu uma câmera ou com o meu celular.

No começo isso era um pouco difícil para mim. Eu morria de vergonha! Ficava todo mundo olhando pra mim como se eu fosse uma louca por falar sozinha com uma câmera ou com o celular. Mas com o tempo eu fui me acostumando e até aprendi a ignorar os olhares tortos e curiosos.

Cheguei em casa já era noite e pela primeira vez em muito tempo parecia que ia chover.

Aqui no interior faz muito calor e quase não chove ou faz frio.

Lucas e Helena estavam jantando na bancada, cheios de olhares e sorrisinhos.

− Manu, vem jantar com a gente. Está com fome? - Lucas pergunta.

− Não, obrigada. Comi no shopping.

Me aproximei dele e lhe dei um beijinho no rosto e me forcei a cumprimentar Helena com um “oi” seco e depois levei as sacolas de compras para o meu quarto.

Amanhã eu gravaria um vídeo mostrando tudo de novo que tinha comprado, mas hoje eu apenas editaria o vlog para postar logo no canal e depois iria dormir e descansar.

− Você ficou louca? – Yuri me pegou de surpresa na tarde seguinte. Eu tinha acabado de chegar da faculdade.

Estava chovendo lá fora.

− Do que você está falando? – Sorri, fingindo não saber do que isso se tratava. Quando na verdade eu sabia que ele só estava fazendo essa cena todo por causa do beijo que roubei dele durante o treino na frente de todos.

− Não brinca com isso, Japonesa. – Ele estava mesmo muito bravo. Tanto que pegou no meu braço com força e me arrastou para dentro do meu próprio apartamento.

Ele fechou a porta com o pé.

− Eu realmente não sei do que você está falando. – Tentei disfarçar um sorriso.

− O que foi aquilo ontem? Aquele beijo no meio do treino? E todas aquelas insinuações?

− Você não gostou? – Agora que ele tinha soltando meu braço, eu caminhei até o meu quarto fingindo não estar interessada nessa conversa e ele veio atrás.

− É claro que eu gostei! – Disse ele, convicto. – Mas eu pensei que tínhamos combinando de manter isso em segredo.

− Ninguém naquela sala realmente nos conhece. Então, relaxa. – Virei-me de frente para ele com as mãos na cintura.

− Você esqueceu que as paredes são de vidro? E se a Helena tivesse visto alguma coisa?

− Mas ela não viu, não foi? Porque se tivesse visto já teria metido a língua nos dentes.

− O que deu em você? Parece que não liga mais para a nada. Não estou entendendo!

− E eu não ligo! Somos apenas e eu você. Eu estou feliz. Você também. Então qual é o problema?

Ele finalmente abre um sorriso torto.

− Eu não conhecia esse seu lado. – Yuri se aproximou e me puxou pela cintura. – Mas confesso que gosto muito.

Ele começou a me beijar. Mas não foi um beijinho qualquer. Foi O beijo. Aquele tipo de beijo que te deixa sem equilíbrio. Aquele tipo de beijo que te arranca o ar.

Ele não foi nada gentil ou carinhoso quando me jogou na minha cama com tudo. Eu caí de costas. Mas confesso que gostei dessa pegada mais selvagem. Com o Yuri eu estava descobrindo muitos lados meus que eu desconhecia.

Depois ele subiu sobre mim jogando todo o peso do seu corpo e começou a beijar meu pescoço.

Por sorte estávamos sozinhos em casa e tínhamos a tarde toda para aproveitar o momento.

− Eu preciso te contar uma coisa. – Disse ele quase sem folego um bom tempo depois.

Yuri deitou-se ao meu lado de barriga para cima, encarando o teto. Eu me virei de lado para poder olhar bem para ele.

− Eu estou me apaixonando por você. Sei que isso parece precipitado e assustador. Mas é a verdade. Eu me dei conta disso não faz muito tempo. – Disse ele depressa, ainda com os olhos grudados no teto do meu quarto. – Eu sei que você não está pronta para um relacionamento sério e eu entendo perfeitamente. Pois quando cheguei aqui na cidade eu também não estava procurando por nada sério. Eu só queria diversão. Aí você apareceu e tudo mudou.

Subitamente ele virou-se de lado para poder olhar no fundo dos meus olhos e colocou a mão no meu rosto.

− Não estou te pedindo nada, Manuela. – Ele acariciou minha bochecha. – Nem querendo que você corra de mim. Por mim tudo bem termos um relacionamento secreto e totalmente aberto. Mas eu não posso garantir que eu não acabe me apaixonando completamente por você.

Quando eu abri minha boca para dizer algo que nem eu mesma sabia, Yuri me calou com um beijo lento e delicado.

A verdade é que eu não sabia ao certo o que pensar sobre isso. No fundo, eu me sentia exatamente como ele. Talvez um pouco apaixonada demais. Mas não disse antes e nem toquei no assunto porque tive medo de estar enganada. Tive medo que ele não sentisse o mesmo.

Mas eu estava enganada, mais uma vez.

Tínhamos tudo para dar certo. As coisas entre nós eram intensas desde o momento em que nos conhecemos. Mas eu sentia que tínhamos que esperar um pouco mais. Eu ainda não estava preparada para dar um próximo passo. Por mim as coisas podiam continuar do jeito que estavam, pois estavam ótimas assim.

Não queria me cobrar tanto agora. Eu só queria viver intensamente como uma jovem da minha idade. Foi o que meu pai disse, não foi? Eu não estava pronta para pensar no amanhã. No que aconteceria depois desse momento. Eu só queria viver um dia de cada vez sem esperar muito da vida. Apenas deixar rolar e ver no que isso vai dar.

Se um dia Yuri e eu vamos ficar juntos para valer como um casal de namorados.... Eu não sei. Gosto de acreditar que o que tiver que ser será. Por agora vamos permanecer juntos sem nos cobrarmos tanto. A essa altura do campeonato eu sei que quando as coisas começam a ficar sérias é quando os problemas aparecem. E eu estou correndo de problemas.

Amar é ótimo. Mas estar apaixonada, encantada, envolvida também é muito bom. Yuri e eu estamos nos conhecendo ainda. Explorando novos patamares. Parece cedo para definir alguma coisa ou torna-la concreta. O bom nesse momento é que ele parece entender o meu lado e está disposto a entrar nessa comigo. Eu sei que parece loucura. Mas eu estou gostando de viver assim... Perigosamente.

Não era algo que eu costumava fazer antes. Muito pelo contrário. Quando eu me envolvia com algum cara eu sempre queria que aquilo se tornassem uma coisa séria que pertencesse apenas a nós dois. Mas olha só no que deu. Fui machucada, ferida, chutada. Meu coração se rasgou, foi remendado e rasgado outra vez.

Um ciclo bastante doloroso para uma pessoa sentimental como eu.

Agora eu só preciso desse tempo para me recuperar de tudo que passei e vivi. Não significa necessariamente que nunca mais vou me envolver sério com ninguém e não confiar nas pessoas. É só que esse momento de cura pós-traumático leva um tempinho e tudo que eu preciso agora é de uma pessoa que entenda esse momento.

Quando eu abro os olhos eu vejo o Yuri e sei que nesse momento ele é a única pessoa que me entende.

Deve ser por isso que estamos juntos sem estarmos necessariamente juntos.

Sim, é complicado. Uma loucura sem fim.

Mas eu já tinha dito antes que minha vida amorosa é completo desastre.


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Notas finais do capítulo

O que vocês acham? Que a Manu deveria parar de fazer doce e pedir logo o Yuri em casamento? hahahaha Quem aí torce para esses dois? Me contem tudo! :)

E bom natal a todas vocês ♥



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