Três Formas de Amar escrita por Mi Freire


Capítulo 18
Um passo além da amizade.




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O meu Lucas estava de volta.

Eu reconhecia que ele estava se esforçando muito para que as coisas entre nós voltassem a ser como era antes.

Há um tempo atrás eu acreditava que isso seria impossível. Mas eu estava completamente enganada. Lucas poderia passar o tempo que fosse longe de mim, mas quando ele voltasse a sensação que eu teria era que nada tinha mudado entre nós. E isso era o que eu gostava na gente.

− Vamos ao cinema hoje? – Perguntou ele.

Era feriado. E eu não tinha planos. Yuri tinha me abandonado para passar o feriado junto da família. Se eu não fosse com eles ao cinema, eu ficaria sozinha em casa e ainda não estava preparada para passar por tudo isso sozinha.

Lucas foi dirigindo o carro. Helena sentou-se no banco ao lado e eu fiquei atrás fingir não ver que ela estava tentando me provocar, tocando o Lucas o tempo todo, passando a mão na coxa dele, bagunçando o cabelo dele...

Eu queria dizer a ela que eu não me importava. Não mais. Porque ela nunca teria com ele o que nós tínhamos. Mas eu fiquei quieta. Não queria decepcionar o Lucas. Pois ele estava fazendo de tudo para que a gente se entendesse.

Não seria fácil. Mas eu estava disposto a tentar por ele. Ao contrário de Helena, que sempre que olhava para mim parecia um cão raivoso. Isso somente quando ele não estava olhando. Quando o Lucas estava olhando ela fingia ser a pessoa mais legal do mundo. Minha melhor amiga.

O filme escolhido foi de comédia. Lucas sentou-se no meio e nós duas uma de cada lado dele. Enquanto eles dividiam o mesmo balde de pipoca. Eu optei por ter o meu próprio balde. Não queria que minha mão acidentalmente tocasse a dela quando eu fosse pegar pipoca.

O filme foi uma ótima distração.

Por um momento era como se eu fosse a única pessoa no universo me contorcendo de tanto rir.

Quando chegamos em casa mais tarde, deixei os pombinhos namorarem com mais privacidade e me tranquei no meu quarto. Eu não ia ficar deitada pensando no Kevin e me lamentando por ele ter terminado comigo. Já tinha se passado uma semana e eu estava superando essa história.

Aproveitei o tempo livre e a minha falta de sono para gravar um vídeo sobre sonhos. Essa também era o meu jeito de desabafar e colocar algumas coisas para fora, mas que ao invés de sobrecarregar as pessoas que me acompanhavam, eu queria motiva-las e inspira-las com boas palavras.

O vídeo foi bastante proveitoso. Falei sobre os sonhos que tinha quando crianças e que ao longo do tempo alguns se perderam, já outros foram realizados. Falei sobre a minha vontade de ter uma marca de roupas feita por mim mesma e falei da importância de termos sonhos e lutarmos por eles independentemente das circunstancias, mas sem nunca permiti que eles atropelem as coisas e as pessoas em volta.

Eu gostei tanto do vídeo que depois que terminei de gravar, eu passei para o notebook e comecei a editar com muita calma e paciência. Eu queria posta-lo o quanto antes para que todo mundo pudesse ver logo.

− Já passou da hora de dormir, mocinha. – Lucas deu duas batidinhas da porta e depois entrou.

Ele deve ter visto as luzes acessas e deduzido que eu ainda estava acordada mesmo as três da madrugada.

− Estou esperando o vídeo subir para o canal.

Ele ficou ali, aguardando comigo. E quando o vídeo enfim carregou por inteiro, Lucas pegou meu notebook, acomodou-se em minha cama com ele no colo e começou a assistir.

Eu sabia que ele via meus vídeos, mesmo no tempo em que tivemos brigados. Mas uma coisa era ele ver longe de mim, outra coisa era ele ver na minha frente.

Admito que fiquei com muita vergonha.

− Posso dizer uma coisa? – Lucas deixou o notebook de lado. Ele enfim tinha terminado de assistir.

− Fica à vontade. – Digo, apreensiva. Então ele me estende a mão, convidando-me para sentar perto dele.

− Você mudou muito, sabia? – Disse ele com um sorrisinho. – Mudou de uma forma positiva. Você não é mais aquela menininha frágil que vivia se escondendo pelos cantos com medo ou vergonha das pessoas. Você amadureceu, Manu. Você cresceu e agora é uma mulher incrível.

− Ah, Lucas, para. Assim eu vou chorar!

− Não seja boba. – Ele me puxou para seus braços e apoiou seu queixo no alto da minha cabeça. – Qualquer pessoa que te acompanha perceberia nesse vídeo o quanto você evoluiu. O canal cresceu muito em apenas dois anos! A qualidade dos vídeos e do conteúdo está cada vez melhor. E o número de seguidores não param de aumentar!

− Mas não se esqueça que a ideia inicial foi sua. Você foi a primeira pessoa que me apoiou e me incentivou a continuar.

− Eu sei. Mas se não fosse pelo seu talento, o seu esforço, nada disso teria acontecido e indo tão longe.

Me afastei um pouco para olhar para ele.

− Obrigada, Lucas.

− Eu que agradeço, Manu. Eu tenho muita sorte de ter você na minha vida, sabia? – Quando ele tocou meu rosto, eu deitei minha cabeça na sua mão querendo que ela não saísse mais dali por nada no mundo.

− Pena que a Helena não concorde muito com isso. – Digo, estragando completamente o clima.

Lucas se afasta, como se eu tivesse lhe dado um choque de realidade.

− Eu já conversei com ela. Ela tem que entender que você é importante na minha vida.

Ficamos a madruga inteira conversando, colocando em dia as coisas que nos aconteceu nas últimas semanas.

Fomos dormir por volta das seis da manhã. E por mais que pareça pouco, eu acordei as dez faminta. Lucas acordou assustado com o barulho que eu fazia na cozinha, na tentativa frustrante de fazer panquecas para o café da manhã.

− Deixa que eu assumo isso. – Ele se aproximou.

Fiquei no sofá, observando-o de longe. Vendo-o trabalhar com tanta habilidade e certeza do que fazia.

Eu queria muito ser como ele um dia.

Yuri chegou de viajem aquela noite. Não resisti ao impulso de abraça-lo assim que nos vimos. Ele praticamente me tirou do chão com apenas um braço.

− Me conta como foi o seu feriado em família. – Perguntei, sentando-me em sua cama como se já fosse de casa.

− Normal. Foi bom rever meus pais e minha irmã. Yasmim está cada vez mais crescida. Isso me preocupada.

− Isso acontece com todas as meninas. Elas crescem e viram mulheres super fortes. Olha só para mim! – Mostrei a força do meu braço, que de forte não tinha nada.

Yuri riu.

− Nem pense em me enganar. Seus olhos estão tristes! O que foi que aconteceu? Andou chorando?

Como ele poderia saber?

− Eu não te contei, mas o Kevin terminou comigo semana passada.

− Não brinca! – Kevin arregalou os olhos, evidentemente surpreso. – Mas que filho da puta! Mas você está bem?

− Estou ficando aos poucos. Como o Lucas disse: Foi melhor assim. Ele não me merecia.

− Então vocês dois fizeram as pazes. – Yuri caminhou até a cozinha e eu fui atrás.

− Lucas e eu? É, estamos nos acertando.

Yuri abriu a torneira da pia para lavar um copo quando a mesma praticamente explodiu, jogando água para todo o lado.

Minha primeira reação foi soltar um grito de susto. Quando Yuri se virou para mim perguntando se eu estava bem tudo que eu pude fazer foi cair no riso.

Eu estava muito perto quando tudo aconteceu, observando cada movimento do Yuri. Por isso, acabamos os dois muito molhados. Praticamente encharcados.

− E agora? Acho que você precisa chamar um encanador. – A torneira estava molhando tudo pela cozinha.

− Deixa comigo. Eu cuido disso. – Disse ele parecendo todo profissional. E com sua força não é que ele conseguiu dar um jeito na torneira em minutos?

− Uau, você é ótimo! – Digo, risonha. – Vou para casa trocar de roupa antes que eu pegue um resfriado.

− Não! Fica. – Yuri me puxa pelo braço. – Tenho toalhas aqui. Eu te ajudo a se secar. Vem cá!

Ele me levou até o banheiro e me tratou como fosse meu pai quando eu era pequena e saia da piscina toda molhada.

− Eu posso fazer isso, Yuri.

Peguei a toalha de suas mãos e seguei minhas pernas, depois os braços, rosto e por fim os cabelos.

− Vou pegar uma camiseta para te emprestar.

Ele me entregou uma camiseta vermelha.

− Minha cor favorita, sabia? Acho que vou roubar para eu dormir. É mais confortável que qualquer pijama. Com essa, eu fico com duas para a coleção. – Soltei um riso.

− Como assim?

− Se lembra da vez em que fizemos guerrinha de tinta? Você me emprestou uma camiseta depois que eu tomei um banho para tirar a tinta do corpo. Ela está lá em casa!

Depois que ele saiu para eu me trocar, fui até a cozinha para ajudá-lo a secar o chão e as coisas.

Mas como eu sou um tanto desastrada, acabei escorrendo no chão molhado com meus pés descalços e me agarrei ao Yuri na esperança que a queda não fosse tão cruel. Acontece que foi um erro me agarrar a ele, pois ao invés dele me segurar, eu acabei o derrubando junto comigo.

Resultado: fomos os dois parar no chão da cozinha. Pra piorar, eu me molhei de novo.

Yuri riu tanto que eu pensei que ele fosse ter um ataque, mas ele imediatamente ficou sério e me olhou nos olhos como se me visse ali pela primeira vez.

E então ele me beijou e dessa vez não havia nada entre nós para impedir esse momento tão esperado.

Yuri tomou meu rosto com as mãos, apoiando seu corpo pesado sobre o meu. Estávamos molhados e nos pegando no chão da cozinha. Isso era tão excitante!

De imediato eu não soube onde enfiar as minhas mãos, mas antes que eu pudesse pensar em uma resposta, Yuri me pegou com um rápido movimento nos braços, me levantou com ele e eu enlacei sua cintura com as minhas pernas.

Ele me pressionou forte contra o armário e eu senti todas as portas se mexerem.

Não estava muito confortável. Mas não era como se eu pudesse pensar em alguma coisa com a língua dele na minha boca e suas mãos apertando as minhas coxas.

Como se fosse capaz de ler os meus pensamentos, Yuri me arrastou até o sofá e me deitou ali. Pela primeira vez ele tirou sua boca da minha e desceu pelo meu pescoço.

Joguei a cabeça para trás para lhe dar acesso livre.

Quando ele voltou a explorar minha boca com a sua língua, senti suas mãos entraram por de baixo da camiseta e foi quando ele percebeu que eu estava nua. Ele parou de me beijar e me olhou nos olhos com um sorriso malicioso.

− Eu tirei o sutiã molhado e deixei secando no banheiro. – Admito com uma risadinha sem graça.

Não queria que ele pensasse que aquilo foi proposital desde o começo. Eu não vim aqui para transar.

− Espero que você tenha feito o mesmo com a calcinha. – Sussurrou ele no meu ouvido, fazendo o meu corpo todo se contorcer.

Yuri era rápido e habilidoso como já era de se esperar e logo se livrou das minhas roupas e das dele.

Como eu posso resumir em palavras tudo que aconteceu naqueles longos minutos?

Ardente.

Cada toque, cada beijo, cada pegada, cada puxão, cada palavra, cada movimento.... Foi tudo muito árduo.

Eu não sou a pessoa mais experiente do mundo para dizer isso, mas, eu nunca tive uma noite tão prazerosa.

− Você não cansa nunca? – Perguntei brincando.

Estávamos agora em sua cama, apenas deitados, olhando para o teto sem saber o que dizer quando ele começou a me provocar pela milésima vez. Passando o dedo na parte inferior das minhas coxas.

− Eu esperei muito tempo por isso, Japonesa. Não vou me cansar nunca, se você quer saber.

Eu também não. Pois apenas com pequenas provocações eu já estava cheia de desejo outra vez.

Fui embora um pouco depois da uma da manhã. Mas só porque eu tinha aula na manhã seguinte. A minha vontade era ficar ali o resto dos dias. Apenas Yuri e eu.

O treino aquela tarde foi muito engraçada. Yuri não queria saber de mais ninguém além de mim. E enquanto eu me alongava ele me olhava com aquela cara de pervertido como se mal pudesse esperar para ficarmos sozinhos.

A tensão era muito grande entre nós.

Depois que o treino acabou fui até o meu armário pegar minhas coisas para ir embora, quando de repente senti uma mão enorme me puxar pelo braço para dentro do banheiro feminino. Yuri me encurralou dentro de uma das cabines.

− Você ficou louco? E se alguém nos ver?

− Fica calma. Eu já me certifiquei disso.

Não pensem que eu sou corajosa ao ponto de me permitir transar no banheiro da academia quando qualquer um poderia entrar e nos flagrar. Me contentei apenas com algumas caricias e beijos extremamente quentes e calorosos.

− Você parece diferente. Um pouco iluminada. – Lucas observou quando chegou em casa e me flagrou viajando na maionese. – Quer me contar alguma coisa?

Não, eu não ia contar ao Lucas sobre a minha vida sexual por mais que ele fosse meu melhor amigo. Certas coisas têm limite até mesmo entre melhores amigos.

− Só estou feliz. – Digo sorrindo.

Ele sorri de volta.

− Então, eu fico feliz por você também.

Ele me dá um beijinho e depois vai tomar seu banho.

Fico ali pensando se devo ou não fazer uma visitinha ao Yuri. Nem que seja para dar um alô. Fico ali pensando no que será que ele está fazendo e se estaria muito ocupado.

Helena entra e pergunta pelo Lucas.

Esse é o momento ideal para minha escapatória. Preciso deixar os pombinhos livres. E Yuri está lá em cima sozinho.

Calço meus chinelos e subo correndo.

Quando entro sem bater é como se ele já estivesse esperando por mim com aquele sorriso convidativo. Apenas fecho a porta, corro em sua direção e pulo em seus braços.

− Eu só estava esperando você chegar. – Diz ele antes de devorar minha boca e me arrastar até o seu quarto.


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Notas finais do capítulo

Enfim aconteceu para a felicidade de alguns hahahaha E aí, gostaram ou não?