Três Formas de Amar escrita por Mi Freire


Capítulo 12
Novo melhor amigo?




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− Chega de conversa por hoje. Tive uma grande ideia!

Yuri me olhou com espanto, sem entender nada.

Desci correndo para casa aos tropeços e quando entrei no apartamento dei de cara com Lucas e Helena se agarrando no sofá. Estavam tão ocupados mergulhando a língua um na boca do outro que nem me viram entrar.

Fui até meu quarto. Troquei de roupa rapidinho, vestindo algo mais confortável e peguei meus equipamentos de gravação e sai de novo e subi mais uma vez.

Yuri estava esperando por mim.

− Lucas e Helena estão prestes a transar no sofá.

− E tudo bem para você? – Ele perguntou.

− Não. Mas o que eu posso fazer? Pelo jeito eles se gostam mesmo. Então foda-se. Eu lavo minhas mãos.

− É isso aí garota. Estou orgulhoso!

Nós rimos.

− Quero gravar um vídeo com você. – Sugeri.

− Para o seu canal?

− Como é que você sabe?

− Descobri recentemente quando vi o navegador do notebook da Helena aberto sobre a mesa.

− E você viu todos os meus vídeos?

− Ainda não. Mas pretendo ver.

Ele sorriu e eu sorri de volta.

− Então você topa?

− Acho que sim...

Yuri me ajudou com o equipamento e quando estava tudo no lugar eu falei da minha ideia para ele. Íamos fazer um tipo de desafio bastante popular no Youtube chamado Desafio do Smoothie Challenge. Funcionava assim: na cozinha do Yuri iriamos pegar vários ingredientes. Bons e ruins. Colocaríamos os nomes em papelzinhos e faríamos um sorteio. Cada um ia pegando um papelzinho por vez. E por fim, pegaríamos tudo e colocaríamos para bater tudo no liquidificar e beber.

− Isso parece horrível! – Disse com uma careta de nojo bem engraçada. – E se por acaso eu pegar o papel escrito “Coca-Cola” e outro escrito “Ovo”?

− Essa é a graça do desafio. Fazer mistura de ingredientes improváveis. Eu sei que é nojento, mas vai ser divertido!

Eu estava empolgada, apesar do que vi alguns minutos atrás lá em baixo.

− Tudo bem então. – Ele suspirou, mas logo abriu um largo sorriso. – Eu vou me dar bem nessa. Tô sentindo!

Eu ri, porque sabia que era impossível um de nós se dar bem nisso.

Nos posicionamos atrás da mesa e começamos a gravar. Scott não tirou os olhos de nós. Primeiro eu tirei “Chocolate”. Yuri resmungou e tirou “Suco de laranja”. Depois eu tirei “Ovo” e ele riu. Seu segundo ingrediente foi “Biscoito Oreo”. O meu terceiro ingrediente foi “Refrigerante”. Em seguida Yuri tirou “Banana”. E eu “Maionese”. Por fim Yuri tirou “Queijo”. E o meu último ingrediente foi “Ketchup”.

Nós rimos tanto que tivemos que parar de gravar até nos controlarmos. Depois batemos primeiro os ingredientes dele e colocamos em um copo e depois foram os meus.

Contamos até três em frente a câmera e bebemos tudo de uma vez ou pelo menos tentamos. Yuri foi o primeiro a correr para o banheiro, acho que para vomitar.

Eu me matei de rir e finalizei o vídeo.

− Você quer me matar, Japonesa?

Depois de gravar, Yuri sugeriu que jogássemos truco. Para a infelicidade dele eu era ótima aquele jogo. Meu pai me ensinou tudo que eu precisava saber quando eu tinha quatorze anos.

Ele estava perdendo, mas não pareceu magoado com isso e nem bravo comigo. E nós rimos tanto tanto tanto.

− Nossa, é quase meia noite! – Olhei no celular.

Helena ainda não tinha dado as caras.

− Será que eu posso dormir aqui hoje?

− Tá falando sério? – Ele arregalou os olhos.

− É, não quero dormir lá em baixo e ouvir os gemidos de Helena durante toda a madrugada. Fala sério!

− Mas você nem sabe se eles transaram ou vão transar. – Yuri riu da minha desgraça.

− Não importa! Eu posso ou não dormir aqui hoje?

− Claro que pode. – Ele piscou.

− Sem gracinhas, Yuri.

− Você que manda, Japonesa.

Quando eu já estava exausta, Yuri preparou sua cama para mim. Seu quarto era tão bagunçado quanto o meu. Mas não era muito bonito. Era muito simples e sem graça. Parece brancas, moveis escuros e nada de decoração.

Prometi a mim mesma mentalmente que um dia iria dar uma ajudinha para ele nesse requisito.

− Você dorme aqui e eu no sofá.

Tentei dizer a ele que eu ficaria bem no sofá, mas ele não me deu ouvidos. Disse que Scott me babaria inteira e era muito provável que fosse dormir em cima de mim.

Então aceitei a oferta sem pensar duas vezes.

Acordei no outro dia com meu celular tocando tão alto que podia acordar o prédio inteiro. De imediato não reconheci o quarto onde eu estava. Mas minha mente logo se clareou.

− Kevin? O que foi, amor?

− Manu, preciso te contar uma coisa.

− Pode ser mais tarde? – Disse eu meio grogue.

Ele suspirou, frustrado.

− Tudo bem. Nos vemos mais tarde.

Ele desligou.

Levantei-me e fui ao banheiro jogar uma água no rosto.

− Bom dia, Japonesa. Aceita um cafezinho?

Yuri estava no sofá, só de calção mais uma vez.

− Você gosta de ficar pelado, né?

Ele riu.

− E não, obrigada. Odeio café.

− Talvez então... Leite?

− Odeio leite.

− Água?

− Não quero nada. Obrigada.

Joguei-me ao seu lado e bocejei.

− E porque, hein? Porque você ainda insiste em me chamar de Japonesa?

− Eu meio que sinto prazer em te tirar do sério.

Olhei séria para ele.

− Você é insuportável, sabia?

Não pude evitar dar uma boa conferida em seu abdômen agora que eu estava tão perto dele. Eu quase cogitei toca-lo para sentir a dureza de seus músculos.

Mas logo tirei a ideia absurda da cabeça.

− Mas ontem eu fui bastante útil para você.

Revirei os olhos.

− Não se sinta muito. Isso é chato.

Ele riu, divertido.

− Olha, não é que eu esteja te expulsando, mas você pode ir embora para casa agora. Helena chegou não faz muito tempo e foi direto para o quarto dela.

− Eu não disse que eles iam transar?

Ele riu de novo.

Eu me levantei.

− Bom, obrigada pela noite de ontem.

− Apareça mais vezes. – Ele se levantou e ficou parado diante de mim. Tão perto que tive que erguer a cabeça para poder olhar no rosto dele. – Não só quando precisar de mim. Aparece quando quiser. Você é bem-vinda aqui.

Ele estava sorrindo e seu sorriso era bonito e sedutor. Seus olhos verdes muito intensos e provocativos. Sua pele bronzeada parecia me chamar. Eu meio que estava hipnotizada. Acho que ele percebeu. Porque ele se inclinou na minha direção e naquele momento achei que ele fosse me roubar um beijo e eu iria retribuir com toda certeza.

Mas ele apenas me beijou na bochecha.

Eu fiquei ofegante.

− Então, tchau. – Sai dali antes que fizesse alguma besteira.

Quando entrei em casa Lucas estava acordando, lendo algo no sofá. Não dirigi uma palavra se quer a ele e nem ele a mim. Fui direto tomar banho frio para acalmar os nervos. Depois vesti uma calça jeans, uma blusinha e meu All Star. Nada de maquiagem dessa vez. Não estava com ânimo.

Encontrei-me com Kevin em uma pracinha não muito distante dali.

− E aí, o que você queria me dizer?

Ele abriu um sorriso.

− Vamos sair em turnê daqui uma semana.

− O quê?

− Assinamos contrato com uma gravadora!

− Tá brincando!?

− Pior que não. – Ele riu. – Isso não é demais?

− Claro que é. Mas e a gente?

Kevin ficou sério de repente.

− Porra, Manu! De tudo que eu disse você só pensou na gente?

E no que mais eu iria pensar?

Então me lembrei do que ele me disse alguns anos atrás logo depois de terminar comigo: “Não vamos dá certo por causa da distância e eu nunca mais vou permitir que alguém menospreze meus sonhos outra vez. ” Então era o fim?

− Você vai terminar comigo, Kevin? – Perguntei já começando a me desesperar.

− Porra, Manu. É claro que não! – Ele me abraçou, tentando me acalmar. – Vamos continuar juntos. Vamos ficar bem você vai ver. Só não chore, por favor. Você deveria ficar feliz por mim. É mais um sonho meu se realizando!

− Você tem razão. – Eu disse tentando me controlar. – Vamos comemorar. Vamos fazer alguma coisa juntos.

Eu não era muito boa com ideias românticas. O máximo que pude oferecer foi estar em sua cama o dia inteiro.

E foi onde ficamos até as dez, pois eu tive que ir embora para antes resolver coisas do blog.

Eu andava meio ausente ultimamente e precisava editar o vídeo que tinha gravado com o Yuri.

Para minha surpresa Lucas estava sozinho em casa e era como se estivesse esperando por mim.

− Não vai me dizer que vocês já terminaram? – Provoquei.

Ele tirou os óculos.

− Precisamos conversar, Manuela.

Quando ele me chamava pelo nome e não pelo apelido a coisa era realmente séria.

Engoli em seco.

− O que foi?

− Senta aqui. – Ele deu uma batidinha no sofá, no espaço vazio ao seu lado. Só de pensar nele aos beijos com a Helena ontem nesse mesmo sofá eu tive nojo de sentar.

Mas era o meu sofá! Não era como se eu tivesse uma centena de opções. Então sentei, desconfiada.

− É sobre Helena. É sobre mim.

− Olha, Lucas.... Para mim já deu esse assunto. Vocês estão juntos e ponto. Que sejam felizes!

Fiz que ia levantar, mas ele me puxou de volta.

Suspirei fundo.

− Eu sinto sua falta, Manu. - Disse ele, me olhando no fundo dos olhos. Mas não pude retribuir.

− Não é o que parece.

− Mas eu sinto! Sinto muita a sua falta, por favor, acredite em mim. Não quero mais brigar com você. Só quero que você entenda de uma vez por todas que eu quero ser feliz também. E agora encontrei uma pessoa especial que gosta de mim. E eu gosto dela! Simples assim.

− Tá, essa parte eu já entendi.

− Então porque parece tão chateada e distante?

− Você se afastou primeiro! – Disparei. – Você se afastou logo que soube que eu estava namorando o Kevin.

− É, você está certa. – Ele abaixou a cabeça e fitou os dedos finos com unhas ruídas. – Eu errei e peço desculpas. Só quero que fique tudo bem entre nós de novo.

− Então você e Helena estão mesmo juntos?

− Mais ou menos. – Ele sorriu sem jeito. – Estamos nos conhecendo. Indo com calma. É melhor assim.

− Vocês transaram ontem à noite?

− Que merda de pergunta é essa, Manu? É claro que não. Não transamos ainda. Só ficamos juntos a noite toda.

Difícil acreditar...

− Ela é sua primeira namorada. – Digo com amargura.

Eu estava certa. Lucas nunca namorou sério antes. Nunca trouxe uma garota para casa. Ele já ficou sim com um monte de garotas diferentes. Ele me contou sobre elas! Deu uns amassos por aí, eu sei. Mas eu não me importava antes porque sabia que elas não significavam nada para ele além de diversão e um momento.

− Ela não é minha namorada.

− Ainda. – Acrescento.

− Eu pensei que você gostasse dela e que fossem amigas!

− Acho que não somos mais. O único interesse dela aqui é você, Lucas.

Ele suspirou.

− Podemos ficar bem outra vez?

− Eu não sei. – Me levantei outra vez e dessa vez ele não me impediu. – Podemos tentar. Mas não garanto que as coisas vãos ser iguais ao que eram antes. Lamento.

Fui para o meu quarto e tentei dormir.

Não queria pensar em mais nada.


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Notas finais do capítulo

Pelo jeito Lucas e Manu estão tendo alguns muitos problemas ultimamente.
E aí, o que acham?