Efeito Cinderela escrita por Connor Hawke


Capítulo 18
Meu Blues


Notas iniciais do capítulo

Olá, gente! Esse capítulo de Efeito Cinderela "Ferrou comigo". Chorei muito escrevendo as linhas desse capítulo. Narrar as memórias da Alexis não foi fácil. Esse título é muito poderoso, mas...acho que eu sofro menos postando o capítulo do que escrevendo.

Então...não sei se digo "Boa leitura". Mas fiquem ai com o capítulo contando a história do Terry.



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Terry Peyton

 

Apartamento de Kurt

Kurt e Alexis estavam debaixo do lençol. Kurt ficou vestido com a lingerie feminina depois que o "Efeito Cinderela" acabou. Alexis de lado virada para a direita. Os raios de sol bateram no rosto dela fazendo-a virar para a esquerda na cama. O sol ficou mais intenso e iluminou os rostos dela e de Kurt, fazendo-os despertar.

Kurt e Alexis abriram de repente os olhos e ao se verem, eles soltaram um enorme berro. Eles estavam apavorados. Principalmente Alexis que ficou chocada ao ver Kurt com a lingerie feminina no corpo.

— Que porra é essa?! — Alexis exclamou.

Kurt ficou tão constrangido que se pintou de vermelho como um camaleão.

— Alexis, eu...eu posso explicar — Kurt exclamou.

— Kurt, por que você está usando roupas de baixo femininas? — Alexis quis saber.

— Eu explico. Mas, por favor, Alexis, promete que não vai rir da minha cara, nem ficar brava comigo?

Alexis olhou bem para Kurt naquelas roupas e ficou assustada.

— Promete, Alexis? — Kurt insistiu.

—Ok, Kurt. Eu prometo — Alexis jurou cruzando os dedos e beijando-os.

—Bem, é que...eu não consigo...— Kurt não conseguia se pronunciar sobre aquilo.

— Kurt, você é gay? — Alexis inquiriu.

— Não! Eu não sou! — Kurt contestou.

Então Alexis começou a gargalhar.

— Alexis! Você prometeu que não ia rir de mim nem nada do tipo...— Kurt lembrou. Ele estava começando a se desesperar.

Alexis sorriu com malícia voltando o olhar para Kurt.

—Awnn! Você fica tão bem assim — Alexis satirizou— E esse seu peru dentro da calcinha? Deixe-me ver.

— Não! Alexis! — Kurt exclamou.

Alexis tocou na calcinha que Kurt estava usando e abaixou, fazendo o órgão dele saltar para fora.

—Alexis...— Kurt gemeu.

— Que meigo o seu peru...— Alexis falou com malícia.

— Alexis...por favor — Kurt suplicou.

Então Alexis levantou a calcinha de Kurt, cobrindo o órgão dele.

Kurt começou a chorar.

— Alexis grunhiu— Tá bom, Kurt. Desculpa. Você não precisa chorar.

Kurt fixou o olhar em Alexis e por um momento desejou que Alexis não tivesse terminado aquela frase.

— Está tudo bem, Kurt. O meu irmão uma vez vestiu as minhas roupas — Alexis lembrou.

[...]

Alexis

Meu nome é Alexis Devon. Eu sempre fui a única garota no meio de três irmãos, Dale, Avery e Terry. Dale e Avery estão casados e já não estão mais aqui. Terry...meu irmão mais velho, morreu na linha do trem, cinco anos atrás.

Desde que éramos pequenos, eu e Terry éramos muito próximos um do outro. Nós brincávamos juntos no parquinho, costumávamos jogar vídeo game juntos, etc. Na verdade nós fazíamos muitas coisas juntos.

Nós crescemos juntos e a nossa relação ia ficando cada vez mais...intensa.

Eu amava muito o meu irmão Terry. Lembro de quando nós corremos pela casa como duas crianças e minha mãe que estava lavando os pratos para depois do almoço, sempre interferia.

"Alexis e Terry, parem de correr pela casa!" — Minha mãe berrava.

"Mãe! Foi a Alex que começou!" — Meu irmão devolvia.

"Alexis!" — Minha mãe ficava irada.

"O quê? Nós só estamos brincando!" — Eu exclamava e como de costume, puxava uma mecha do meu cabelo para trás da orelha.

Eu tinha...17 anos na época. Terry tinha 20.

Depois nós íamos para o meu quarto e continuávamos a brincadeira.

Quando eu fiz 18 anos, eu acordei de manhã, e...fui checar o meu email no meu notebook azul, você sabe, para ver se havia chegado o email da faculdade dizendo se eu passei ou não, eu fui até a minha escrivaninha onde ele ficava. Ele não estava lá.

Então eu pensei:

"Terry deve ter pego para ver pornô na internet ou alguma coisa do tipo"

Vocês sabem, garotos quando entram na puberdade já começam a se achar os fodões, e que podem pegar qualquer garota, etc.

Então eu fui até o quarto do Terry para perguntar se ele tinha pego o meu notebook, e ele também não estava lá.

Eu desci as escadas para a cozinha e perguntei a minha mãe que estava preparando o almoço sobre o Terry, e ela disse que não tinha visto ele em nenhum lugar.

Estranhei. Meu pai chegou logo depois e eu perguntei pra ele sobre o Terry, e...ele também não sabia.

"Onde caralhos o peste do meu irmão foi?" — Eu pensei.

Não tinha o que fazer. O jeito era esperar o meu irmão voltar.

Eu subi as escadas e fui para o meu quarto. Deitei na minha cama e fiquei pensando onde meu irmão poderia ter ido.

Mais tarde, quando a hora do jantar chegou, estávamos todos comendo sem o Terry.  Eu ouvi a porta da entrada abrindo, e fui ver o que estava acontecendo. Eu sai da mesa voando.

Então, eu vi o meu irmão. Ele estava todo coberto de machucados, parecia que havia entrado em uma briga. Eu perguntei o que havia acontecido e...ele apenas disse que a polícia havia levado o meu laptop, mas deixou ele ir.

—"Terry, o que aconteceu de verdade? Me conta!" — Eu inquiri.

Ele não disse nada e subiu as escadas para ir até o quarto dele.

Depois disso, eu não soube mais nada. Uma lacuna foi deixada em minha vida.

Quando Terry completou 30 anos, a polícia veio na nossa casa e dessa vez foi o meu pai que recebeu o notebook de volta. Ele me entregou e disse que a polícia verificou o computador para ver se não tinha nada suspeito ligado as drogas, e não encontrou nada, então eles resolveram devolver o equipamento.

Eu peguei o notebook da mãos do meu pai e fui até o quarto do Terry. Eu bati na porta.

— Terry, abre a porta! — Eu exclamei.

Um cheiro de erva queimada saiu das frestas da porta e entrou pelas minhas narinas e me fez tossir. Aquele cheiro era forte demais. Eu bati na porta com a mão espalmada e tossindo muito.

— Abre a porta, Terry! — Eu bradei — E que droga de cheiro é esse?

Terry abriu a porta do quarto. Seus olhos estavam vermelhos. Ele estava chapado.

— Oi, mana — Ele falou meio sonolento— O que você quer?

— O que você está fazendo ai? — Eu quis saber.

— Eu to fumando uma erva. Você quer? — Ele me perguntou.

— Terry! A polícia esteve aqui. Eles devolveram o meu laptop — Eu retruquei — Eles disseram que não encontraram nada suspeito nele.

— Que ótimo! — Ele abriu um sorriso falso.

— Você não quer ver comigo o que tem nele? — Eu perguntei.

— Não, eu to de boa, mana. Só...me deixa descansar. Eu to cansado..— Ele me disse.

Eu achei que ele teria trazido alguma garota sem os meus pais nem ninguém saber para o quarto dele e estava fazendo sexo com ela ali, regado a muita droga.

Resolvi deixá-lo em paz. Talvez o problema com o meu laptop e todos aqueles machucados que ele tinha ganhado naquele dia tivessem mudado ele.

Fui para o meu quarto, tranquei a porta e abri o meu laptop. Logo surgiu um video na tela do computador com o botão de "tocar" piscando.

Curiosa, eu cliquei. Era um video com ele olhando para a câmera. Parecia que tinha sido filmado na casa de algum amigo dele, ou alguém que ele conhecia. A câmera focava a cama da pessoa que provavelmente estaria gravando o video com ele antes dele surgir na tela.

"Você está pronto, Terry?" — Uma voz feminina disse ao fundo no video.

Terry surgiu na tela, se sentou nos pés da cama e olhou bem para a tela.

— Eu estou pronto, Ash — Ele retrucou.

"Ash"? "Ashley"? Quem era Ashley? Eu não conhecia nenhuma amiga com o nome de Ashley. Continuei vendo o video.

A garota disparou a contagem.

— 3...2...1! Pode começar, Terry!

— Ok. Alexis...Eu estou gravando esse video como um presente para você. Feliz aniversário, irmã!

Meus olhos lacrimejaram e eu senti que ia chorar. Então ele sumiu com o meu notebook só para preparar aquele video para mim e entregar no meu aniversário?

—Alexis...eu gostaria de dizer que...independente...se algo acontecer comigo, ou o que quer que seja...eu quero que você saiba que eu te amo, irmã. Você é a melhor irmã do mundo.

Terry enxugou as lágrimas que começara a verter.

—Alex...se eu te fiz algo de ruim, me perdoa. Eu acho que...papai me odeia ou pelo menos vai me odiar por ter sumido sem dar explicação. E eu sinto muito. De verdade.

Eu limpei mais lágrimas que caíram.

—Você é muito especial para mim, Alex. Lembra quando eu peguei as suas roupas e vesti? Eu estava brincando. Eu queria ser como você.

E...era isso. Até onde eu vi. Não sei se tinha mais coisa, mas eu chorei vendo aquele video.

Resolvi ir até o quarto do meu irmão para agradecer, mas ele não estava lá, nem havia ninguém no quarto. Larguei o laptop no quarto dele em cima da cama dele e fui procurar por ele.

Peguei o carro da minha mãe e sai a procura dele. Quando eu cheguei na linha do trem, eu vi o meu irmão Terry parado no meio da linha.

Eu gritei o nome dele e ele me disse para não me aproximar. Ele estava disposto a se suicidar.

Sai de dentro do carro e fui até ele correndo e gritando o nome dele. Um trem estava vindo em alta velocidade na direção dele e tocando o alarme para ele sair da frente.

Terry continuou parado e disse um "Adeus, Alexis" para mim. Meu coração saltou para fora. Eu não conseguia ver ele se suicidando daquela forma.

Eu berrei para ele voltar para mim, mas foi inútil. O trem veio e o atropelou. Depois o mesmo passou em cima do corpo dele.

Eu berrei novamente o nome dele e aquela lembrança ficou para sempre na minha cabeça.

Algum tempo depois, teve o funeral dele, que culmino com os meus pais brigando. Meu pai se divorciou da minha mãe, e eu fiquei com ela depois da morte do Terry.

Eu consegui um emprego nesse PUB irlandês e comecei a trabalhar para pagar a faculdade e continuei mesmo depois de me formar.

Depois eu encontrei esse garoto, o Kurt Blake, que se transformou em uma garota. E quando essa tal de Danielle Peters me ofereceu o Cupcake azul que disse que me transformaria em homem por 1 dia, eu acho que a lembrança do meu irmão que estava entranhada em mim, fez com que eu me transformasse nele.

Enfim, quando eu e meus irmãos nasceram, não quiseram nos registrar com o mesmo sobrenome, então eu me tornei "Alexis Devon" e meu irmão, "Terry Peyton". Terry assumiu o sobrenome do meu pai. Acho que isso era uma forma de caso ele viesse a se separar da minha mãe, ele pudesse ficar com Terry e ela comigo.

Até hoje eu sinto saudades do meu irmão, Terry. Mas, acho que eu gostei de me transformar nele. De alguma forma eu acho que ele me dá forças para superar a dor que eu sinto ao lembrar dele.


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Notas finais do capítulo

Eu não vou dizer "Espero que tenham gostado", porque esse capítulo mexeu muito com o meu emocional.

Até o próximo! E que este seja melhor.



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