Nossa Primeira Série escrita por Matthew McCarty


Capítulo 18
Masaki... Morto?




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As lágrimas que caiam pelo rosto agoniado de Furihata se misturavam com o sangue e a sujeira de sua pele. A pequena TV que havia ali tinha ficado ligada num canal de notícias, com o único objetivo de fazê-lo se desesperar com os acontecimentos daquela tarde. A escola onde seu pequeno estudava tinha sido incendiada pelo maldito que o sequestrou, a sala do seu pequeno ficando presa no prédio em chamas. E de todos os alunos resgatados, seu filho, seu belo e adorado Masaki, tinha sido o único em sair numa maca. Coberto por sangue e sujo de cinzas.

Aquele maldito tinha tocado no seu imperador. Tinha maculado a pureza da alma de seu maior amor.

— Hahaha, o plano saiu melhor que o esperado, chefe! – jogado no chão, de frente com a TV, o castanho não era nada mais que um saco de ossos e músculos. Mal conseguia se mexer sem urrar de dor, tinha perdido peso e força suficiente para que os seus sequestradores já nem se incomodassem em amarrá-lo ou encarcera-lo. Sequer se incomodavam em manterem-se atentos sobre ele ou cautelosos com suas ações! Não tinha jeito de ele reagir ou sequer levantar dali. Só podia chorar, às vezes sussurrar sem forças e alucinar entre sonhos com seu pequeno filho, o pai deste e seus amigos preciosos. E, nesse momento, ouvir um dos capangas do “chefe” rir de sua desgraça ao telefone, perto da porta da saída.

Não haviam muitos capangas agora o vigiando. Seu cativeiro tinha sido trocado naquela manhã, pelo visto Akashi tinha conseguido alguma pista para encontra-lo. Boa parte dos homens que se dedicavam a vigiá-lo naquele lugar ficou para trás, deixando apenas dois ou três pares de homens ali, e o castanho estava muito temeroso por isso. Com certeza estavam esperando a aproximação do ruivo e o cercariam num ataque surpresa. Pensar nos resultados disso o assustava, mas... Seria o “chefe” capaz de ordenar um ataque cruel contra Akashi? Todo o seu poder poderia desaparecer caso o fizesse e fosse descoberto. Não era esse o motivo de não ter sido morto ainda? O que aquele maldito queria era alimentar o ódio de Akashi, endurece-lo aos poucos, até despedaçar o resto de sanidade que lhe restara. Das duas personalidades de Akashi, o “chefe” desejava a mais absoluta e faminta por poder das duas.

— Não acho que ele morreu, chefe – ouviu o capanga falar e por uns segundos essa informação o aliviou. - Mas se quiser eu posso dar um jeito nisso... Limparei meu rastro, senhor, mas deixarei claro que foi assassinato... Sim, eu vou esperar os caras voltarem do almoço e vou pra lá... Deixa comigo, chefe, já pode considerar o moleque morto.

O desespero percorreu o corpo do castanho enquanto o capanga abria a porta, para dar uma olhada lá fora, e uma dor aguda atacou diretamente seu coração.

Masaki corria perigo, e uma arma descansava em cima da mesinha da TV, carregada.

Seu filho estava prestes a ser assassinado. Seu corpo se moveu, completamente anestesiado da dor física, e sua mão alcançou o revólver.

Seu pequeno Imperador sem vida?

O coração dele deixar de bater?

Seus olhos fecharem-se pra sempre?

Seu sorriso desaparecer?

Sua voz ser arrancada?

Seu corpo encerrado num caixão para o resto da eternidade?

Masaki... Morto?

Não...

 

Não...

 

Não...

 

Não mesmo...

 

Sem chances...

 

Inaceitável...

 

Inadmissível...

 

Intolerável...

 

Aquilo era completamente...

Imperdoável— sussurrou, chamando a atenção do capanga, que fechou a porta, surpreendido.

— Hey, como você levantou do... – um som estridente calou o homem, o sangue brotando de onde antes estava seu intocado rosto.

— Masaki... – sem se permitir sentir dor, apenas desespero e ódio, o corpo do castanho passou a caminhar, meio arrastado pelas lesões bastante graves em sua pele e interior. Estava nu, mas não se importava com isso. Masaki, seu filho Masaki, era a única coisa que importava nesse momento. Qualquer um que se atrevesse a tocar no seu Imperador ia pagar com sua vida. E dois mais foram ao chão assim que entraram no lugar. 

Passou ao lado dos corpo jogados ao chão e abriu a porta, saindo para a tarde cálida. Tinha que ir até onde Masaki estava. Caminhou pela rua deserta, deixando um rastro de sangue atrás de si, até chegar numa rua mais movimentada. Ali, alguns gritos ele conseguiu ouvir, mas tudo parecia distante para ele.

— Senhor, senhor, pare, precisa de um médico, senhor... – um rapaz se aproximou e ele, por instinto, apontou a arma no peito deste, que tremeu de medo. – N-Não lhe farei mal, senhor, só quero ajuda-lo, parece que... Que saiu do inferno...

Bom, isso era verdade. Tinha acabado de sair do inferno e deveria se sentir aliviado por isso, cheio de alegria por isso. Mas só um pensamento consumia aquele corpo despedaçado.

— Meu filho... – sussurrou, abaixando o braço com a arma, mas sem soltá-la. – Está num hospital... Meu filho...

— Já chamaram uma ambulância, senhor, eles podem te levar no hospital onde está seu filho. Só espere uns minutos, por favor... Está perdendo tanto sangue... – sem forças para ir contra, deixou que uma jaqueta cobrisse sua nudez e que o sentassem na calçada. Não demorou muito para que a ambulância chegasse e os paramédicos paralisaram por um momento, reconhecendo as feições do garoto.

— Furihata Kouki? – chamou um deles, fazendo o castanho levantar o olhar, cansado e se sentindo meio tonto pela perda de sangue.

— Você... Me conhece?

— Chamem o Dr. Midorima Shintarou de imediato! Peçam instruções para agir neste caso específico – gritou ele, e alguém o obedeceu de imediato. – Nós o levaremos para o hospital e o curaremos o mais rápido possível, Furihata-san. O Dr. Midorima será quem estará a cargo de sua recuperação e tratamento. Está a salvo agora...

— Meu filho... - o paramédico o olhou sem entender, enquanto trabalhava junto aos outros para coloca-lo numa maca. – Masaki... Preciso do meu filho... Por favor, meu filho...

— Yato-san! – se aproximou o motorista da ambulância. – O Dr. Midorima disse para leva-lo ao pronto socorro onde ele está. Ele me disse que... Furihata-san? – o castanho o olhou, curioso. – Deixe-se cuidar, Masaki está bem.

Furihata não precisou ouvir mais, o alívio tomou conta de seu corpo e ele se deixou leva pela inconsciência.

====♥====

— Quem era, Shin-chan? – Kazunari não havia gostado nadinha que seu marido o tivesse deixado ali, na sala de espera do pronto socorro, sozinho. Bom, não estava sozinho, seus amigos estavam todos ali, esperando noticias de seus pequenos que eram examinados lá dentro, mas que Midorima saísse do seu lado para atender o telefone o irritou.

— Onde está Akashi? – foi a pergunta do médico.

— Aqui – os olhos cansados do ruivo apareceram em sua linha de visão. Este estava escondido num canto, sentado ao lado do grande Murasakibara, como se o usasse como escudo. Ou esconderijo.

— Encontraram Furihata – todos o olharam, sem entender.

— O que?!

— Ele estava andando na rua, nu e com uma arma na mão. Pelo que eu soube ele está extremamente machucado, provavelmente chegará e irá direto para as salas de cirurgias. Pedi para que se ele perguntasse sobre Masaki, dissessem que ele está bem, para mantê-lo calmo e sobre controle.

Ninguém ali sabia se sentia alívio ou desespero.

— O soltaram? – Aomine não conseguiu evitar querer mais informações, afinal, ele liderava aquele caso.

— Impossível... – replicou Kise. – Seja quem for que o levou, não o soltaria, muito menos logo depois de todo o trabalho para machucar Masaki.

— Ele quer o Aka-chin sempre desesperado, o que não vai acontecer se ele souber onde estão Furi-chin e Masa-chin – argumentou Murasakibara e o policial assentiu.

— Será possível que ele fugiu por si mesmo? – questionou Kasamatsu, agarrando forte a mão de Kise.

— O estado físico dele está horrível. Pelo que me disseram, até parece que ele passou por torturas no inferno. Fraco assim, se supõe que não deveria nem estar caminhando.

— Você disse que ele foi achado com uma arma, certo? – Kagami segurava Kuroko em seu colo, sem se importar se viriam reclamar com ele por isso ou não. – Talvez os caras baixaram a guarda?

— Está dizendo que mesmo sem conseguir se mexer ele pegou a arma de um dos caras e atirou neles? – Takao estava incrédulo. – Furihata não é capaz de machucar uma mosca, nem de sentir ódio o bastante para atirar em alguém...

— A menos que seja para proteger Masaki – a voz de Sakurai chamou a atenção de todos e este corou. -  Di-Digo... Eu e o Furihata-san somos parecidos, um pouco, e eu também nunca tocaria numa arma, nunca o fiz... Mas se ameaçassem Yoshiki, eu atiraria sem hesitar.

Não era uma boa hora, mas Aomine não conseguiu evitar se sentir excitado com a visão de seu pequeno esposo atirando para proteger o filho deles.

— Masaki é o mundo inteiro de Furihata, por anos ele só teve seu filho. Eu sou igual com Noa e sou capaz de barbaridades para mantê-lo seguro – Himuro afirmou e o coração de Murasakibara apertou um pouco, lembrando-se de tudo que o menor tivera que passar para criar seu filho. – Se ele soube o que houve com Masaki...

— Não importa – Akashi os interrompeu. – Não importa como aconteceu. Kouki está livre. E eu não vou descansar até acabar com a pessoa que se atreveu a tocar nele e no meu filho.

— Pode contar comigo, Akashicchi – Kise olhou para o ruivo com uma seriedade estranha no olhar. – Meu Koutacchi ficou em perigo por causa desse verme. Eu não vou perdoá-lo.

— Isso agora é pessoal, Akashi-kun. Vamos encontrar esse maldito e devolver tudo isso que passamos umas mil vezes pior – concordou Kuroko, fazendo todos assentirem.

— Akashi – a voz de Midorima os tirou do foco. – Eu não vou acompanhar as cirurgias de Furihata, nem as de Masaki enquanto não souber do meu filho.

— Eu sei, Midorima, é até melhor que não se envolva nelas por enquanto – o ruivo fechou os olhos e encostou a cabeça no braço de Murasakibara. – Isso se tornou pessoal, e não quero que você fique nervoso durante seu trabalho.

Aquelas foram as últimas palavras ditas, antes de um médico avisar aos pais das crianças o quarto onde seus pequenos estavam internados. Logo, apenas Akashi ficou naquela grande sala.

— Aka-chin – a voz de Murasakibara o fez olhar para a porta. O de cabelos arroxeados parecia esperar uma ordem ou algo assim.

— Vá com Himuro ver seu filho, Atsushi.  Quero ficar sozinho.

O titã assentiu e se retirou, fazendo o ruivo olhar para o teto. Embora o ódio ameaçasse consumi-lo, no momento só podia se concentrar nos resultados das cirurgias em Masaki e Kouki.

Depois, só depois de ter abraçado e beijado os dois anjos de sua vida, só depois de ouvi-los falar e vê-los sorrir... Só depois de tê-los com ele de novo, pensaria no demônio que deveria caçar.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado do capítulo e do pequeno Furihata enfurecido com a ideia de perder seu Imperador Supremo. Até a próxima, muito obrigado por seu apoio e carinho!



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