Nossa Primeira Série escrita por Matthew McCarty


Capítulo 17
Desespero




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Segunda vez no dia. Masaki ainda não conseguia acreditar que já tinham sido dois ataques em menos de 24hs. Por que queriam tanto machucar ele e seus amigos? Por que queriam prejudicar tanto assim seu pai? Sim, porque se algo acontecesse com alguém ali, seu pai se culparia pelo resto de sua vida. E sua sala era a única que ficara presa ali, no segundo andar. Aquele andar só era usado quando os professores faziam reuniões ou quando o equipamento para mostrar slides era necessário. Como a aula se trataria sobre cuidados com a segurança, Kuroko e Momoi-sensei tinham preparado material especial que precisaria daqueles equipamentos.

Era óbvio que ambos adultos estavam se esforçando para manter a calma e pensar em uma saída, mas todos ali pareciam saber: estavam cercados. Paredes, grades e fogo impediam seu escape. E agora, o que fariam? Noa o abraçava por trás, tremendo um pouco, mas mantendo-se calmo.

— Masa-chin. Eu estou com medo...

— N-Não seja medroso, Noa – foi a resposta de Seitarou, que abraçava um choroso e desesperado Kouta. Não que o outro não estivesse com medo, mas, assim como Masaki, era mais fácil para ele manter-se forte quando tinha alguém pra cuidar.

— Mas Tarou-chin, as meninas já começaram a tossir... – agora que o maior mencionava isso, os garotos perceberam que era verdade. Na verdade, Masaki também tossira duas ou três vezes. Mesmo com a porta fechada, a fumaça continuava entrando ali. E o pano molhado em seus rostos não estava conseguindo filtrar suficientemente o ar.

— Eu não quero morrer! – chorava Kouta, que acabou levando um golpe na cabeça de Seitarou.

— Não vamos morrer, seu tonto. Já ligaram para os bombeiros e Kuroko-sensei disse que eles vão chegar logo – enquanto Seitarou continuava a tentar consolar Kouta, de seu jeito bem peculiar, Yoshiki se aproximou.

— Os bombeiros já chegaram, olhem – ao olhar para as janelas, viram o final da longa escada vermelha do carro dos bombeiros. Então um cara apareceu, com uma ferramenta estranha, e pediu para que se afastassem da janela. Todos obedeceram e o bombeiro logo começou a cerrar as grades.

Momoi suspirou, aliviada pela ajuda que chegara, mas logo foi alertada com o grito dos pequenos. O fogo começara a passar pelas beiradas da porta de madeira, deixando marcas pretas cada vez maiores nesta. As crianças se afastaram ainda mais da porta, muitas chorando e a maioria das garotas tossindo bastante. Dos meninos, apenas os menores em tamanho tossiam. Uma mão apoiou-se no ombro da mulher, que ao virar-se encontrou um sorriso reconfortante.

— Confie nos bombeiros, Momoi-san. Logo sairemos daqui – o de cabelos azuis claros segurava seu filho no colo. O pequeno olhava maravilhado o trabalho do colega de seu pai. Mas ele queria que seu pai estivesse ali, onde estava seu pai? – Hikaru...

— Mãe? – o ruivo olhou para o maior e recebeu um sorriso deste também.

— Você sabe que o papai fica alterado quando se trata de nós, não é? – Hikaru sorriu um pouco ao ouvir isso. Como sempre, nem precisava falar para que o outro o entendesse. – Tenho certeza que ele estará nos esperando lá embaixo.

O pequenino assentiu e Momoi ficou olhando para ambos. Que linda família Kuroko tinha formado com o homem que amava, e a rosada não podia evitar se alegrar por ele. Antes que pudesse pensar mais nisso, um barulho forte a fez se virar e gritar. A porta tinha sido consumida pelas chamas e desabara, mostrando o fogo que se alastrava pelo corredor. As crianças gritavam e choravam, tossindo no meio da fumaça que agora entrava sem restrições na sala.

— Droga! HEY VOCÊS! ANDEM LOGO, O FOGO CHEGOU AQUI! – gritou o bombeiro para seus colegas, tentando terminar seu trabalho de cerrar as grades da janela o antes possível.

— As meninas... Elas precisam de ar – sussurrou Masaki, respirando com certa dificuldade, olhando para Noa, que assentiu, mesmo chorando. Soltando o ruivo, o garotinho correu até Kuroko.

— Masa-chin quer que... – Noa tossiu umas três vezes. - Que as meninas fiquem no fundo da sala, perto da outra janela e os meninos na frente delas, por causa do ar – Kuroko olhou bem para ele e assentiu.

— Ótima ideia. Momoi-san – a rosada se virou para ele e, depois de ouvir a ideia, concordou. Não demorou para que se organizarem perto da janela do fundo, o mais longe possível das chamas. Estas já manchavam as paredes da sala e a fumaça tornava difícil sequer enxergar algo. Talvez a ajuda tivesse chegado tarde demais...

Enquanto isso...

— NOAAAAAAA! – na rua da escola, Himuro se debatia nos braços de Murasakibara, gritando, chorando pelo seu pequeno bebê. E ele não era o único. Takao tinha perdido as forças nas pernas, e Midorima se viu obrigado a ajoelhar-se com ele, ambos chorando. Kise tinha tentado se aproximar mais da escola, mas foi detido por Yukio, que o segurou pela mão. Estava tão desesperado quanto Kise, mas se meter no trabalho dos bombeiros só pioraria tudo, e o loiro pareceu entender isso no olhar azulado do outro. Sakurai tremia, chorando e abraçado a Aomine, que gritava com Kagami, irritado por este não estar trabalhando para socorrer seu pequeno. Este também respondia aos gritos, muito mais frustrado que o moreno por não lhe ser permitido trabalhar num caso onde sua família, seu amado e seu filho, corria perigo mortal. A irritação de ambos era a maneira que tinham para liberar seu desespero e preocupação.

Ao lado de Murasakibara, Akashi estava de braços cruzados sobre o peito e os olhos fixos ao portão do lugar. De longe, ele parecia calmo, mas era só se aproximar para notar que aquele olhar estava cheio dos mais variados sentimentos: preocupação, desespero, dor... Ódio. Aquele incêndio não era coincidência, era um aviso. E dizia mais do que claramente que seu inimigo era poderoso e astuto. Capaz de inúmeros ataques num mesmo dia, sempre com um plano B elaborado, e muito imprevisível. Qualidades perigosas, que ele mesmo continha e utilizava sem medida contra quem se atrevia a desafia-lo, mas que também eram uma fonte de alívio para o ruivo. Se o seu oponente ainda se dava o trabalho de lhe mandar avisos como esses, o castanho ainda estava vivo. Caso contrário, o aviso seria o corpo deste.

De repente, algumas crianças começaram a sair pelo portão, levadas às pressas até as ambulâncias. Todas eram meninas, mas acalmava um pouco os corações dos que esperavam notícias de seus pequenos. A cada ambulância que saía com uma dupla de garotas, outra estacionava no lugar. Solicitação direta de Midorima Shintarou ao pronto socorro, que não hesitou em disponibilizar várias ambulâncias para o caso. Alguns minutos depois, os garotos começaram a ser levados para as ambulâncias também. E logo dois rostinhos conhecidos saíram carregados por um bombeiro.

— SEITAROU!

— KOUTA!

Os gritos de Midorima e Takao se misturaram com os de Kise e Yukio. Logo, os dois pequenos estavam deitados em macas, dentro de uma ambulância, com seus pais perto deles. Só Seitarou estava consciente, chorado bastante e sujando ainda mais suas bochechas e molhando a máscara de oxigênio.

— Seitarou... Meu pequeno...  – Kazunari chorava também, agarrando a mão do filho. Midorima, por sua vez, abraçava seu esposo pelos ombros, revisando uma e outra vez os equipamentos da ambulância que deveriam manter seu filho bem.

— Shhh, já passou, meu amor, já está tudo bem. Não precisa chorar mais, ele já está a salvo – Yukio repetia palavras de conforto, com um sorriso amoroso e calmo para Kise, que chorava encurvado sobre a mão de seu pequeno.  Estava preocupado, mas um olhar rápido para Midorima confirmou que, se algo fosse grave ali dentro, o de cabelos verdes seria o primeiro a notar. E o primeiro que gritaria se fosse assim.

Os próximos a saírem foram Hikaru e Kuroko, o primeiro no colo do maior. Kagami se apressou em ir até os dois, mas percebeu logo o desgosto de seu esposo. Hikaru não queria sair da sala sem ele, portanto deve que sair antes de alguns alunos e Momoi. Estava aliviado por ele e seu pequeno estarem fora de perigo, mas magoado com o fato de não ter cumprido seu papel de professor até o final.

— Está tudo bem, Kuroko? – o ruivo maior pegou seu filho nos braços e beijou os lábios de sua sombra, abraçando-o logo depois.

— Hikaru... Eu pensei que...

— Shhh, vocês estão a salvo agora. Pelos deuses, estão finalmente a salvo – o maior deixou um par de lágrimas de alívio deslizar por seu rosto e Kuroko acabou chorando junto, sem conseguir mais conter suas lágrimas. Mal tinham subido na ambulância, um bombeiro saiu gritando para seus colegas.

— ESTES SÃO OS ÚLTIMOS!

E logo atrás dele vinham Momoi, Yoshiki e Noa. Himuro e Aomine dispararam para onde seus filhos estavam, com Sakurai logo atrás deles. Mas Murakibara chegou antes de todos, pegando seu pequenino nos braços e apertando-o contra seu peito. Himuro não demorou em chegar e quase arrancar o menino dos braços do pai, terminando os três abraçados. Aomine fez o mesmo que Himuro, arrancando Yoshiki dos braços de Momoi e caindo de joelhos ao chão com seu pequeno em braços, Sakurai unindo-se a ele logo depois. Só que então, a voz de Noa chamou a atenção deles.

— Desculpa! Desculpa! Desculpa! Desculpa! – aquilo assustou Himuro, que beijou o rosto de seu pequeno enquanto Aomine levava Yoshiki para a ambulância.

— Não, não foi nada culpa sua, calma, bebê, calma – enquanto o de cabelos preto tentava acalmar seu filho e o levava até onde Aomine estava, Murasakibara se virou para Momoi, que se abraçava com uma mulher de curtos cabelos castanhos.

— Sa-chin... – a chamou, e as duas se viraram de imediato, permitindo ao mais alto descobrir quem era a castanha. – Rikochin?

— Oi, Murasakibara...

— Sa-chin, Noachin estava pedindo desculpas, por quê? – de repente, o rosto aliviado da rosada escureceu e ela olhou para baixo.

— Masaki desmaiou no momento em que estávamos ajudando-o atravessar a janela... Nós... Não conseguimos segurá-lo – ela mal tinha terminado de falar, dois bombeiros saíram da escola carregando uma maca com o pequeno ruivo, ensanguentado. 

Dois gritos altos e desesperados foram ouvidos, um na rua da escola e o outro em um galpão abandonado, ambos ao mesmo tempo.

— MASAKI!


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Notas finais do capítulo

Agradeço o carinho que recebo de vocês ao se dedicarem em ler minha fanfic.

Em especial às pessoas que deixam reviews, saibam que suas palavras sempre me inspiram a continuar. Até o próximo capítulo!