Percy Jackson e a Volta ao Passado escrita por MartaTata
Notas iniciais do capítulo
Este capítulo é mais triste que outra coisa... As revelações a sério começam no próximo capítulo!
O dia já era assustador, mas piorou quando a Clarisse me abraçou.
Eu, sinceramente, fiquei surpreso quando ela me abraçou. Mas depois deu- me três murros e descobri que a personalidade dela continuou igual, embora a bipolaridade fora acrescentada.
Falei com Grover e ele disse várias palavras indesejadas na linguagem da natureza, que sinceramente não quero a tradução.
O dia, basicamente, ficou assim até ao almoço. Quando Rachel pediu para almoçar- mos juntos, eu aceitei, afinal, não tinha muitas hipóteses de escolha.
Fomos juntos para a cabana de Poseidon. Ela, de início, ficou surpresa de entrar normalmente ali e ver que eu dormira lá na noite anterior, já que ninguém sabia, ainda, que era filho do Deus do Mar.
“ – Percy… Tu desobedeceste às regras… Novamente?”. – Perguntou, num tom cansativo. Não respondi, fazendo um gesto para ela entrar. Rachel obedeceu, e sentamos na minha cama, ainda desfeita, enquanto ela retirou duas sadwiches lá de dentro, dando- me uma para as mãos.
O silêncio reinou até metade do almoço. Por fim, ela tentou manter contacto visual comigo, mas eu não cedi. Não queria nada olhar para os olhos verdes e bonitos de Rachel, sendo que no momento só queria ver um par de olhos cinzentos e inteligentes.
“ – Percy… Passa- se alguma coisa?”. – Perguntou, como se lê- se pensamentos. – “Desde que nos vimos, esta manhã, estás a agir de forma… Diferente.”.
Suspirei. Não sabia por onde começar e como acabar a história. Para além do mais, contar a Rachel seria perigoso, ou até a mesma me acharia idiota. Ah, sem contar com o facto que lhe iria partir o coração. De novo.
“ – Eu… Eu não posso dizer, Rachel”. – Respondi, num tom calmo, porém triste. – “Preciso de falar com Quíron o mais rápido possível. Só ele me pode ajudar com… Este sonho”.
“ – Que sonho, Percy Jackson?”. – Ela arqueou uma sobrancelha. Pelos vistos, ela chamava- me pelo primeiro e último nome quando estava zangada ou escondia algo.
“ – Tudo o que posso dizer…”. – Comecei, pousando a sandwiche no prato entre nós. – “É que este não é o meu mundo.” – Fiz uma pausa, olhando- lhe nos olhos pela primeira vez naquele dia. – “Eu não sou o Percy que conheces, Rachel”.
Ela olhou- me bastante surpresa, sem palavras. Não sei se iria acreditar ou não, mas pelos seus olhos queria chorar. Mas acho que se conseguiu conter.
“ – Como assim? É verdade que estás estranho, mas… É claro que és o meu Percy! Eu amo- te e tu mesmo sabes disso.”.
“ – Não é esse tipo que me estou a referir, Annabeth.”. – Comentei, suspirando.
“ – Espera.”. – Disse.
“ – Esperar o quê?”. – Perguntei, meio confuso.
“ – Chamaste- me Annabeth.”. – Falou, deixando- me totalmente sem palavras.
“ – Eu… Eu queria dizer Rachel, a sério!”. – Tentei proteger- me, mas era impossível argumentar. Acho que acabei de destruir o que restava dentro da Rachel para não chorar.
“ – Percy…”. – Esperei que ela fosse chorar mas estava errado. Ela levantou- se, com uma cara enciumada e colocou os braços na cintura. Por fim, bateu o pé levemente, como se espera- se explicações. – “Quem é a Annabeth…?”. – Perguntou com uma voz calma mas perturbada, como se a cada palavra me quisesse esfaquear.
Suspirei. Agora sim, estava sem escapatória e teria de explicar tudo. O maior problema seria: Como eu iria explicar que tudo o que ela pensa que existe não passa de uma ilusão?
“ – Rachel… Mesmo se eu conta- se não irias acreditar!”. – Tentei, inutilmente explicar- me pela milésima vez. Fora escusado, afinal ela voltou a insistir para saber. Por fim, suspirei, pensando em como transformar tudo o que estava a acontecer em palavras viáveis e confiáveis. Afinal, quem raios iria acreditar no suposto “miúdo novo do campo que ninguém sabe o nome e que já salvou inúmeras vezes o mundo sem eles saberem”?
Exatamente. Só a Rachel.
“ – Preciso que me ouças com toda a atenção, Rachel…”. – Disse, segurando firmemente as mãos suaves e brancas da ruiva. Ela corou um pouco, sentando- se ao meu lado. Falei- lhe de tudo. De que sou filho de Poseidon, de como fui parar ao campo, de todas as aventuras com Annabeth e Grover. Falei- lhe do meu irmão Tyson, de todos os colégios que fui expulso. Contei- lhe como nos conhecemos, de que quase a matei e como tudo era diferente: Que Clarisse namorava com o Chriz; Luke é que tentara despertar Chronos e morrera para nos salvar. Contei- lhe que ela era o óraculo e que eu e Annabeth namorávamos. Também disse- lhe do sonho e do que os Deuses fizeram para eu me lembrar de tudo e do plano de Chronos.
Ela ficou calada e não reagiu a nada, o que tornava mais tenso. Porém, quando contei de Annabeth, a mesma engoliu em seco, tentando tomar mais atenção do que o necessário. Quando acabei, suspirei e respirei por uns minutos, enquanto a mesma digeria a informação.
“ – Quer dizer que és filho de Poseidon?” – Perguntou, quebrando o silêncio.
“ – Sim, sou filho do Deus do Mar.”. – Respondi, fechando os olhos. Esperava que a mesma não fosse acreditar.
“ – E eu sou o oráculo?”. – Perguntou novamente, deixando- me um pouco surpreso.
“ – Exatamente. E a Clarisse, atual oráculo daqui, namora com o Chriz Rodriguez. O Luke devia estar morto, não o Chriz”. – Respondi, um pouco enciumado.
“ – Eu nunca disse que o Chriz estava morto, só… Foi ‘banido’ daqui até segundas ordens”. –Esclareceu a ruiva. –“E o Grover é o teu melhor amigo? E és irmão de um ciclope?”.
“ – Exatamente”.
“ – E tu e a tal Annabeth… Namoram?”.
“ – Sim…”. – Respondi, embora com dor na voz. Era mais que óbvio que, mesmo Rachel sendo o oráculo, que sentia algo por mim. Sempre sentiu. Mas eu, idiota como sou, nunca tive coragem para esclarecer tudo com ela.
“ – Entendo…”. – Ela fez um silêncio que me deixou assustado. Porém, depois, apenas perguntou. – “Andaste a fumar, Percy?”.
“ – Claro que não!”. – Protestei. – “Rachel, acredita em mim, estou a dizer toda a verdade!!”.
“ – Eu acredito, Percy…”. – Suspirou. Depois, levantou o olhar, sorrindo para mim. –“Precisamos de falar com Quiron, agora. Ele tem de saber disto!”.
Levantei- me, olhando para o prato só com pequenas partículas de vestígio do nosso almoço. Observei o sorriso lindo e forçado que Rachel deu.
“ – Onde ele está?”. – Perguntei, novamente ignorando os sentimentos dos outros. Nunca fora bom com palavras e, novamente, acabei por magoar a minha melhor amiga.
“ – Oh, ele deve estar na grande casa… Mas não tarda deve sair para o jantar e ajudar o Senhor Hefes… Quer dizer, na tua versão é Dionisio, certo?”. – Acenei positivamente com a cabeça. – “Pois. Tens de correr para o apanhares, Percy! Não tens muito tempo!”.
Corri para a porta, olhando uma última vez para a ruiva. O seu rosto brilhava com a luz branca do sol na cara. As sardas e o sorriso davam- lhe um ar alegre, porém os cabelos ruivos cacheados, brilhavam com uma certa tristeza. Uma rajada de vento entrou pela porta, fazendo os cabelos dela mexerem levemente.
“ – Rachel…”. – Murmurei, fazendo os seus olhos verdes observarem- me com curiosidade. –“Desculpa, eu nunca quis…”.
“ – Hey, Percy… Está tudo bem! Eu não estou triste!”. – Mentiu, enquanto eu fingi que acreditei. Estava com pena da mesma, mas não podia mentir- lhe e deixá- la a viver na ilusão para sempre. Ela tinha de saber a verdade. – “Posso apenas… Pedir- te algo?”.
Estranhei. Rachel nunca fora de pedir coisas, além do mais para os amigos. Mas o meu olhar foi o suficiente para entender um “pede”.
“ – Posso dar- te… Um último beijo?”.
Fiquei sem qualquer palavra na mente. Como responder a uma pergunta daquelas? Para além disso… Como eu iria recusar a minha suposta namorada ‘daqui’ e dizer que prefiro a Annabeth? Bem, não que esteja a fazer isto tudo pela Annabeth, nada disso!
Ah, quem eu quero enganar, eu estou um pouco… Qualquer coisa com o Luke. Qual a palavra certa para este sentimento?
Sim, acho que sei. E nem se atrevam a dizer aquela palavra.
“ – Rachel, eu…”. – Balbuciei. Rachei libertou um sorriso triste.
“ – Não precisas de responder.”. – Disse, por fim. – “Foi algo idiota, desculpa”.
Aproximei- me dela, rapidamente, sem lhe dar tempo para reagir. Peguei no rosto da ruiva levemente com as duas mãos, inclinando- o para baixo e dando- lhe um beijo leve na testa.
“ – Mesmo não sendo o mesmo… Eu gosto de ti de uma forma diferente. Como uma irmã, Rachel. E espero que respeites a minha decisão. Sei que não te vais lembrar disto quando tudo voltar ao normal, mas eu amo a Annabeth. Espero que me ajudes a recuperar o nosso mundo. Eu não consigo fazer isto sozinho…”.
Rachel abraçou- me rapidamente. Mesmo antes de retribuir, ela olhou- me séria.
“ – Corre, Percy. Não percas mais tempo, vai!”.
Obedeci, correndo para fora do local, mais conhecido como a casa de Poseidon. Sabia que Rachel estava a chorar neste momento.
E eu nunca perdoaria Chronos por fazer chorar e sofrer as pessoas que amo.
Não quer ver anúncios?
Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!
Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
Proximo capítulo começa a verdadeira ação!