O que o destino aprontou dessa vez? escrita por Aquariana


Capítulo 9
Capítulo 9 - Como na primeira vez


Notas iniciais do capítulo

Olá leitores, como vão?
Adianto que este é o maior capítulo até agora, então sintam-se à vontade e boa leitura!



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A noite estava magnânima. Pela janela aberta o vento leve e fresco invadia o cômodo. Sentada em sua cama, a mulher olhava atentamente as peças dentro do guarda roupa, imaginando possíveis combinações de como poderia se vestir.

Luana foi atraída por uma peça no canto do móvel: um vestido preto de alças finas, peça que por certo poderia ser usada em qualquer ocasião. Depois de arrumada, olhou o próprio reflexo no grande espelho do quarto. Faltava alguma coisa. Pegou uma de suas jaquetas jeans e amarrou na cintura, deixando sua aparência ainda mais jovial. Estava pronta.

Saiu pela porta fechando-a e foi a longos passos até a sala de estar, onde encontrou Lucas, também trajado de forma justa para tal ocasião e sentado na poltrona, com o olhar fixo no celular. O rapaz desviou os olhos do aparelho ao avistá-la em sua direção.

– Está impecável. – Elogiou o traje do amigo, ao vê-lo vestido comportadamente com uma calça jeans escura, jaqueta da mesma cor e blusa cinza, juntamente com os cabelos caprichadamente arrumados, dando um último toque de primor.

– E você está perfeita.

– Cadê a Ellen?

– Ainda não acabou de se arrumar. – Ele disse voltando os olhos para o celular.

– Desse jeito a gente vai se atrasar. – Preocupou-se ao verificar as horas no relógio da sala.

– Calma, senhora desespero. Já estou pronta. Podemos ir? – Ellen enfim apareceu do corredor.

– “Já” está pronta? – Lucas disse irônico dando destaque ao “já”.

– Já. – Ellen respondeu com a mesma expressão. – Anda, levanta desse sofá, que hoje a noite promete.

O trio chegou poucos minutos antes do espetáculo começar. Ao entrarem no teatro, a produção bem receptiva como sempre, disponibilizou os papeis para que escrevessem sugestões de cena. Luana sempre buscava pelos temas mais difíceis, sabendo que seria um desafio para os improvisadores. Pôs dentro das caixas e direcionou-se as poltronas, seguida dos dois amigos.

Era incrível como a mesma sensação sempre a invadia quando entrava no Tuca, avistava aquelas luzes, aquele cenário e sentava em uma das poltronas. Sempre seria como se fosse pela primeira vez, e as poucas vezes que fora davam-lhe ainda mais motivos para ter essa sensação.

Soou a primeira campainha. Ansiosa pelo inicio do espetáculo, a jovem tentou distrair-se e começou a reler algumas das conversas que havia tido com os amigos em dada rede social. Uma lhe chamou atenção. Ao revê-la, sentiu a mesma emoção de quando a havia tido. Tão poucas palavras com tamanho significado. Era a conversa com um certo barbixa na noite anterior.

A segunda campainha soou, já não faltava muito. Sendo assim, desligou o celular e guardou-o na bolsa, esperando pelo último toque. Pouco tempo depois foi dado o último e mais esperado aviso, as cortinas abriram-se e a apresentação finalmente começou. Estavam todos ali no palco, devidamente “uniformizados” e dando vida a seus respectivos personagens.

Quase ao fim da última cena, algo chamou a atenção de Anderson. Ele pareceu reconhecer a moça ruiva sentada no meio da plateia. Chegou a encará-la algumas vezes, sem desincorporar o personagem, para ter certeza de quem se tratava, mas decidiu focar na cena e não dar mais atenção as suas dúvidas.

No fim do espetáculo, as cortinas fecharam-se e a plateia levantou-se dos acentos, alguns foram embora, outros ficaram, na espera de que a sessão de fotos se iniciasse. O trio de amigos, foi quase o último da fila, já sabendo que seriam privilegiados, como dizia o velho ditado: “Os últimos serão os primeiros”. Luana parecia bem mais ansiosa que Lucas e Ellen. Aliás, não só parecia como de fato estava. Suas mãos geladas e sua expressão pálida diziam isso claramente.

A ruiva sabia da grande probabilidade de que no dia do acidente, os humoristas não haviam lembrado dela de nenhuma das sessões de fotos que já fora, e com razão, pois eles não teriam a capacidade de lembrar de cada fã que conheciam. Mas talvez dessa vez eles a reconhecessem, justamente por terem participado de uma situação tão marcante como na tal ocasião. Foi pensando nisso, que finalmente chegou sua vez na fila.

– Vem Lua, é nossa vez. – Disse a morena, seguida de Lucas e Luana, respectivamente. Ao entrar no camarim, ela os avistou. Lá estavam Elídio de pé escorado na parede, Tauszig ao lado de Bella e Anderson próximo a um dos sofás. O MC da noite, Andrei, na frente do outro estofado e Daniel próximo ao banheiro. Seu coração batia cada vez mais acelerado e seu sangue quente fluía cada vez mais intensamente por suas veias.

– Luana?! – Daniel perguntou surpreso ao ver a terceira pessoa que entrava pela porta. A mulher sorriu timidamente indo em direção a ele, quando o mesmo lhe deu um abraço tão acolhedor e aconchegante como só ele sabia dar. Porém logo se desprenderam, podendo ela apreciar o seu sorriso, tão belo e avassalador. – O que faz aqui?

– É assim que você me recebe? – Ela disse fazendo todos rirem em um curto período de tempo.

– Hm... você me pegou. Mas não quis parecer grosseiro. – Ele demonstrou um novo sorriso, este agora tímido.

– Tudo bem. Eu queria muito vir hoje. – Certamente ele entendera. Porém não se podia dizer o mesmo dos demais.

– É... acho que não entendi. – Disse Elídio. – Você por acaso já conhecia a gente antes de...

– Sim. Conheço todos a muito tempo. – Luana respondeu sorridente.

– Espera. – Anderson interrompeu. – Então foi por isso que eu achei ter te conhecido de algum lugar quando te vi hoje.

– Percebi.

– Então... – Sanna continuou. – ... por que você não esboçou reação nenhuma quando nos viu? Quer dizer, não que precisasse, mas você sequer disse que nos conhecia. – Reformulou.

– Sei, sou assim desde que me entendo por gente. – A mesma respondeu sorrateiramente. – A propósito, acho que vocês ainda não conhecem o Lucas e a Ellen. – Dito isso, todos cumprimentaram-nos, sorridentes como sempre.

– Bom, acho que ainda não sei dessa história. – Bella referiu-se a conversa de ambos, que por sinal trouxe dúvidas a ela e os demais companheiros que não participaram da viajem e não presenciaram o acontecimento.

– Depois a gente explica. – Elídio respondeu dando uma piscada de olho.

– Então, será que podemos tirar as fotos agora? – Lucas indagou.

– Claro. – Anderson disse, chamando o produtor para que o fizesse.

– E gostaram do espetáculo? – Elídio perguntou.

– Magnífico. Como sempre. – Disse Ellen.

– Acho melhor irmos agora, ainda tem um grupo de pessoas esperando na fila. – Observou a ruiva, agora menos nervosa.

– Tudo bem. Queremos ver vocês mais vezes. – Daniel disse a ambos, porém sem tirar os olhos de Luana. Eles agradeceram-nos e despediram-se. Num último olhar direcionado aos humoristas, Luana saiu pela porta e foi embora, certamente com um sorriso relevante e cativante em seu rosto.

Na saída do teatro, ela apreciou sua estrutura silenciosamente como em um gesto de gratidão.

...

Dentro da van, as janelas fechadas permitiam que o ar condicionado se tornasse mais potente, refrescando a todos dentro do veiculo. Ao lembrar de uma cena que havia visto, Elídio não se conteve.

– Dani. – Tentou puxar conversa, contudo o outro tinha o celular nas mãos e os olhos imantados no aparelho, não lhe dando a devida atenção que merecia. – Dani. – Elídio insistiu. – Daniel. – Dizia com o tom de voz cada vez mais alterado e vendo que mesmo assim não obteria resposta, tomou o celular das mãos do amigo, que assustou-se.

– Com que direito você faz isso? – Daniel perguntou irritado.

– Com o mesmo direito que você tem de me ignorar.

– Eu? – O barbixa perguntou confuso.

– Sim, você. Você não estava dando a mínima pro que eu estava falando.

– Ah, foi mal. Agora devolve meu celular, POR GENTILEZA. – Daniel deu ênfase ao pedido, que lhe foi concedido.

– Tá. Mas me escuta dessa vez.

– Tudo bem. O que é? – Disse bloqueando o celular e o pondo no bolso da bermuda.

– Eu vi o jeito que você olhou pra ela. – Sanna tinha uma expressão afável em seu rosto.

– Ela quem?

– A minha vó. – Disse ironicamente.

– Ah não sabia que a sua avó me conhecia. – Daniel respondeu entrando no “jogo”.

– Para com isso. Você sabe bem muito bem de quem eu tô falando.

– De quem?

– Da Luana, imbecil.

– Opa! Imbecil não.

– “Idiota” é melhor pra você?

– Por que está falando isso? – Arqueou uma das sobrancelhas e enrugou a outra, um vício que sempre teve.

– Por que você não chama a menina pra sair pô!

– Por que eu faria isso? Mal conheço a menina, e aliás nem tenho interesse nela.

– Nãããão. Claro que não. – Elídio ironizou. – Só está caidinho por ela, todo romântico e vive pensando nela.

– Dá pra notar tanto assim? – Ele perguntou angelicalmente.

– Dá. E quanto a esse papo de “Eu mal conheço ela”, só tenho uma coisa a dizer: alguém deve tomar a iniciativa, não? Aliás, você já beijou ela, ent... – Ele foi interrompido pelo argumento de inadmissão do amigo, sentado ao seu lado nos últimos bancos da van.

– ESPERA, EU NÃO BEIJEI! – Ele disse relativamente alto, chamando a atenção dos demais que estavam no veículo, porém que pouco depois não deram mais atenção e continuaram o assunto a que falavam anteriormente, para alívio de Daniel. – Eu não beijei. – Ele repetiu dessa vez mais baixo, quase cochichando. – Aquilo que você viu foi uma respiração boca a boca. – Ele disse com seriedade levantando o dedo indicador enquanto o amigo apenas ria da situação e do modo como ele falava.

– Sei... Mas ainda acho que você deve chamar ela pra sair. Está bem claro que você tem interesse nela, ao menos pra mim. Te conheço.

– E a coragem que me falta? – Ele disse deitando a cabeça na parte de trás do banco, em sinal de rendição. – Talvez ela nem me queira.

– Olha, vou te dar uns conselhos: ela pode ter namorado? Pode. Ela pode te rejeitar? Pode. Mas, ela também pode gostar de você pelo fato de você ser quem você é? Pode. Ou não pode? Lógico que pode! Afinal é o Daniel Nascimento, senhoras e senhores! Certo? Certo! Então vai lá e cria coragem pra chamar ela pra sair, por que na minha humilde opinião você tem mais chances de conquistar ela do que qualquer marmanjo que anda por aí. E não só por isso como também pela tua personalidade, que cá entre nós, é uma das melhores que eu conheço. Não estou correto? Estou, não acha? – Enquanto isso, Daniel apenas observava seu monólogo, tentando achar razão para tudo aquilo que dizia.

– Você parece um retardado falando assim. – Ambos riram.

– Tá, mas não é por que eu pareço retardado que você não vai me dar ouvidos.

– Então resumindo: você realmente acha que eu tenho chances com ela? Que devo tomar a iniciativa?

– Claro.

– Então... se é para o bem de todos, eu vou convidar ela pra sair. – Ele anunciou como uma devida majestade em honra aos súditos, e as palavras “sábias” do amigo só lhe deram mais coragem e motivos para crer que aquela simples troca de olhares poderia seguir adiante.


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Notas finais do capítulo

Pessoas, gostaria de atualizá-las de que, de acordo com as estatísticas do Nyah, o número de leitores aumentou consideravelmente. Agradeço fielmente a cada um que acompanha a história desde o seu inicio, e peço que não parem, pois ainda temos muito chão pela frente!
Até a próxima!



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