O que o destino aprontou dessa vez? escrita por Aquariana


Capítulo 36
Capítulo 36 - Banho de água fria


Notas iniciais do capítulo

Olá leitores, como vão?
Semana passada tive um problema técnico e creio que certos de vocês notaram. Peço desculpas por isso e farei o possível para que não se repita.
Mas falando agora do assunto do capítulo de hoje: Banho de água fria. Quem nunca? (Levando em conta todos os sentidos)
Boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/654433/chapter/36

“O mundo não se divide em pessoas boas e más. Todos temos Luz e Trevas dentro de nós. O que importa é o lado o qual decidimos agir. Isso é o que realmente somos.” Esta era uma das citações mais inspiradoras para aquela ruiva, que agora, deitada sobre a cama, lia os belos dizeres de Sirius Black em “Harry Potter e a Ordem da Fênix”, um dos livros da estante que escolhera para ler enquanto o sono não vinha.

Debaixo das cobertas, com o livro em uma das mãos e uma caneca de chá na outra, ela animava-se por enfim ter chegado ao seu capítulo favorito.

O quarto escuro, era iluminado apenas pela fraca e remota luz do abajur, que fazia das sombras surgirem grandes monstros nas paredes, criados apenas pela dona daquela fértil imaginação. Esta, que agora tomara mais um gole de chá em sua caneca que fora comprada há anos em um certo teatro de Perdizes. A carinha amarela e sorridente de barbicha bagunçada, a encarava enquanto ela prosseguia sua leitura atenta e sem desgrudar os olhos daquelas folhas antigas, porém bem conservadas.

Deveras, quando se está lendo não se tem noção das horas e nem de quanto tempo está se passando. Com Luana não era diferente. Seu chá já havia acabado e seus olhos ainda estavam bem abertos. O livro ainda não havia sido finalizado, porém ela logo percebeu que por mais que o lesse em uma única noite, o sono não chegaria tão cedo.

Algumas pessoas leem porque assim o sono vem mais rápido. Foi nisso que Luana pensou quando pegou o livro e deitou-se na cama para explorá-lo. Só não se lembrou de que ela não era esse tipo de pessoa e que quanto mais lia, mais tinha vontade de finalizar a leitura. O entusiasmo e a sede por livros não a largavam tão fácil. “Merda” pensou. “Amanhã cedo com certeza vou ficar caindo pelos cantos na clínica”. Levantou-se e pegou o marcador sobre o criado mudo. O pôs entre as duas páginas lidas por último e voltou o livro para a prateleira. Outra hora ela terminaria de lê-lo.

Pegou também a caneca e foi para a cozinha, onde procurou algo mais para comer ou beber, já que a fome era muita. Lembrou que tinha salgadinhos na dispensa. Pegou-os e foi para o sofá, onde ligou a TV e procurou por algo que a interessasse. E quem disse que na madrugada de uma terça-feira passava algo de interessante na televisão?

No celular, começou a verificar suas devidas redes sociais. Logo o aparelho vibrou em suas mãos, indicando que havia chegado uma nova mensagem. Não pôde conter um sorriso assim que viu de quem era.

Daniel Nascimento: Acordada a essa hora, mocinha?

Luana Bell: Posso dizer o mesmo de você?

Daniel Nascimento: Perdi o sono.

Luana Bell: Somos dois.

Daniel Nascimento: Você era uma das poucas que estavam online. E como o velho aqui não consegue dormir, ele veio falar com a adorável moça dos cabelos alaranjados.

Luana Bell: Falando de si mesmo na terceira pessoa. Isso é que é originalidade. Ah e você não é velho. Você tem 33.

Daniel Nascimento: 33 mas já posso dizer que não sou o mesmo de dez anos atrás.

Luana Bell: Se em plena juventude diz isso... imagine quando chegar nos 50.

Daniel Nascimento: Especialistas dizem que os homens se tornam mais atraentes na faixa dos 50 anos. Então estou mal.

Luana Bell: Haha! Você é atraente de qualquer jeito.

Daniel Nascimento: Se você diz, quem sou eu pra negar. Aliás, você tem sorte.

Luana Bell: E por que você diz isso?

Daniel Nascimento: Primeiro porque tem um homem atraente como eu à sua disposição.

Luana Bell: E convencido.

Daniel Nascimento: Ei dona, você quem disse isso. E segundo, porque você parece oito anos mais nova.

Luana Bell: Isso tem nome. É: genética boa.

Daniel Nascimento: Queria ter essa genética.

Luana Bell: E você não tem? Você não parece tão velho quanto diz, não tem nenhum cabelo branco, tem uma pele ótima e além de tudo é um gato.

Daniel Nascimento: Miau.

Luana Bell: Hahaha. Agora vou tentar dormir. Meus olhos tão começando a pesar.

Daniel Nascimento: Vou fazer o mesmo.

Luana Bell: Então boa noite.

Daniel Nascimento: Boa. Até não sei que dia.

Luana Bell: Legal essa referência.

Daniel Nascimento: Sim, mas o que eu posso fazer afinal?

Luana Bell: Por hoje, pode ir pra sua cama e tentar dormir.

Daniel Nascimento: Engraçadinha.

Quem sabe depois de mais uma dessas conversas que tanto a faziam bem e sorridente, ela dormisse mais serena.

...

Horas mais tarde, um outro barbixa dirigia seu carro até a casa do amigo. O trânsito estava infernal e o calor intenso. Ao menos dentro do veiculo estava frio, graças ao ar condicionado. Minutos, senão horas depois, ele enfim chegou ao seu destino: a rua residencial que já frequentara tantas vezes. E mais uma vez, estava lá.

Apertou a campainha duas vezes e esperou que alguém atendesse. Segundos depois uma senhora abriu a porta.

— Senhor Elídio? – A mulher de idade perguntou visto que o humorista estava frente a ela.

— Oi, Silvia. Não precisa dessas formalidades. O Daniel está?

— Sim, mas ele está dormindo. Se quiser voltar outra hora...

— Não, não. Tenho que falar com ele agora.

— Mas está dormindo.

— É só acordar. Com licença. – Sanna passou pela mulher e foi até o quarto dele, onde o ar condicionado estava praticamente em sua menor temperatura. Assim que entrou no cômodo, sentiu todos os seus pelos se arrepiarem. “Como ele consegue dormir nesse gelo?” perguntava-se.

O outro, dormia de lado, apenas com a metade do corpo coberto pelo edredom e com as colchas todas desarrumadas. Sem mais, aproximou-se para despertá-lo.

— Ei, bela adormecida. – Visto que o outro não mostrou reação, cutucou seu ombro e voltou a chamá-lo. – Ei, Dani... Dani. Danieeel. – Cutucou seu ombro novamente, dessa vez mais forte. – Daniel! Acorda, porra!

— Sai... – Ele sussurrou e cobriu-se ainda mais com o edredom.

— Ah então é assim? Certo. – Elídio foi até a cozinha e pegou um copo. Encheu-o com água gelada e voltou para o quarto. – Não vai acordar, não é? – Daniel ainda dormia. O outro barbixa imediatamente jogou a água contra seu rosto.

— QUE?! – Ele levantou-se atordoado logo que sentiu a ardência em seu rosto. – Ah mas que merda é essa?! Droga, Elídio! Por que você fez isso, cara?! Eu estava quase zerando o Mário! – Referiu-se ao sonho que teve segundos atrás, enquanto o outro ria descontroladamente. – Isso, vai rindo enquanto pode. Isso vai ter volta.

— Desculpa, mas você mereceu. – Tentou conter os risos, enquanto o outro enxugava o rosto com o lençol.

— É bom saber que tenho amigos. Só me diz que você teve uma boa razão pra vir aqui.

— Vim te chamar pra um churrasco.

— Um churrasco? – Daniel indagou indiferente e arqueou as sobrancelhas. Bufou e se jogou na cama.

— Isso foi um “não”?

— Pô, cara. Você sabe que eu odeio festas, odeio balada, odeio...

— Odeia gente também. – O interrompeu antes que o outro terminasse sua fala.

— Não sou anti social. Só não gosto muito dessas coisas. Você sabe.

— Ah qual é, Dani? Por que não? Só dessa vez, vai.

— Não.

— Vai.

— Não.

— Vai.

— Não! Que droga. – Elídio o olhava como um cachorro de rua abandonado em dia de chuva. Daniel respirou fundo. – Tá, cara...

— AEEEE! – Comemorou como um verídico adolescente.

— Quando vai ser isso, onde vai ser, quem vai, se tem que levar alguma coisa e que horas?

— Quer meu CPF também?

— Se possível.

— Hoje, na minha casa. Não vou chamar muita gente, só os mais chegados. Lá pras 10:00.

— E?

— E o que?

— Faltou responder uma pergunta.

— Só não é mais detalhista porque senão seria um tremendo de um chato, e eu já teria te largado a muito tempo.

— Anda, o que tem que levar?

— A Luana. – Sentado na cama, o outro riu fraco.

— Eu estava falando de comida ou coisa assim.

— Ué, e você não come ela sempre que pode? – Elídio disse baixo, cruzando os braços.

— Elídio! – O mais velho abriu bem os olhos, tentando conter o riso. Numa tentativa falha, deixou ele escapar.

— Mas não é verdade? É verdade sim.

— Tá, entendi.

— Você vai mesmo, não é?

— Vou.

— É bom mesmo. Se não aparecer por lá eu te arrasto pelas orelhas.

— Faz isso com o Andy. – Ambos riram.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Andy, querido Andy... sempre zoado pelos coleguinhas... Muahahahahaa (isso foi uma risada faléfica. Só pra constar)
Segue a continuação no próximo capítulo.
Obrigada por lerem e até lá!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "O que o destino aprontou dessa vez?" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.