O que o destino aprontou dessa vez? escrita por Aquariana


Capítulo 35
Capítulo 35 - Doses de café


Notas iniciais do capítulo

Olá leitores, como vão?
O bom e velho café de todos os dias é que dá título ao capítulo de hoje.
Fiquem em paz e boa leitura.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/654433/chapter/35

O sol já nascera há muito tempo, porém as grandes e carregadas nuvens que o cobriam não permitiam que seus raios de luz atingissem a grande cidade. Passava das sete da manhã, onde dentro daquele quarto, o casal repousava sobre a cama, com os cobertores e roupas espalhados por todo lugar. Eram os vestígios do que aconteceu na madrugada passada.

Ambos adormeceram relativamente tarde na noite anterior, portanto não tinham previsão de que horas acordariam. Naquele dia, Luana estava de folga e Daniel só trabalharia à noite, então ainda tinham tempo de sobra.

Ele dormia de lado, na ponta da cama, com as costas viradas para a ruiva, esta que dormia na mesma posição, porém posicionada mais no centro da cama e virada para ele. Os poucos lençóis que os cobriam estavam amassados e tinham o maravilhoso cheiro do perfume que o moreno usava.

Quando acordou, Luana deparou-se com o barbixa dormindo ao seu lado e com os lençóis perfumados, tão perfumados que os levou para mais próximo do rosto, só para sentir aquele aroma que a fazia desvairar.

Começou a afagar os cabelos dele enquanto o mesmo dormia, e aproximou-se com delicadeza para não acorda-lo. Quanto tempo se passou dali em diante? Talvez cinco minutos? Dez? Se passassem horas ela não perceberia. Não tinha noção do tempo naquele instante e nem queria ter, afinal isso não importava agora.

— Luana? – Ele perguntou de repende, com a voz fraca e baixa.

— Hm? – Ela murmurou, ainda afagando-o.

— Queria poder ficar aqui pra sempre. – Ele sussurrou, virando-se de frente para ela.

— Não tem essa história de “Pra sempre”. Um dia tudo acaba.

— Alguns mais tardes que outros.

— É... alguns. – Ele fez o velho gesto de arquear as sobrancelhas e continuou a fitá-la.

— Faz taaaanto tempo que eu não recebo um cafuné desses.

— Exagerado. Eu faço isso sempre.

— Sim, mas eu digo um cafuné daqueles que a gente nunca mais quer que acabe. Desses só você sabe dar.

— Ah é?

— É.

— Pois vou passar a cobrar agora. Cada minuto, um real. – Ele riu.

— Assim você me leva a falência.

— Ninguém precisa de dinheiro pra viver feliz.

— Mas eu não pretendo ser feliz gastando tudo o que eu tenho com cafunés. – Dessa vez, foi ela quem riu.

— Você não presta.

— Não mesmo.

A ruiva aproximou-se ainda mais dele, descendo a mesma mão que o afagava, até seu pescoço. Ele sentiu um arrepio na espinha, que logo se estendeu das pontas dos pés à cabeça. A abraçou, puxando-a para si e fazendo-a deitar sua cabeça em seu peito.

Ficaram algum tempo em silêncio, desfrutando da paz que aquilo trazia. Até que Luana quebrasse o silêncio.

— Eu tenho o dia de folga hoje, mas mesmo assim não posso ficar aqui o dia todo. Tenho que ir pra casa. – Disse, mesmo não querendo ir a lugar algum.

— Vai se vestir, e eu te deixo em casa.

— Ok. – Levantou-se devagar, pois a preguiça era maior que ela.

— Só acho que... talvez você tenha um pouquinho de trabalho pra juntar todas as suas roupas. – Ele gesticulou com as mãos um sinal diminutivo. Ela, rondou os olhos por todo o quarto e finalizou cruzando seu olhar ao dele. Caíram na risada. Realmente, o lugar estava uma zona.

Entretanto, não muito tempo depois, tudo já estava em seus devidos lugares e impecavelmente arrumado. Os dois encontraram-se na cozinha para tomar café.

— E pra hoje temos panquecas, pão integral, queijo minas e três corações. – Disse ele logo que a viu chegando.

— Quanto romantismo. Só não entendi por que três corações. Só tem nós dois aqui.

— Eu não estou sendo romântico. Estou me referindo a marca do café. – O barbixa apontou para a embalagem sobre o armário. Luana não escondeu sua reação. Teve uma crise de risos sem fim junto dele. – Aleluia!

— O que foi agora?

— Alguém viu graça nos meus péssimos trocadilhos.

— E até hoje não sei porque rio dessas besteiras. Mas agora vamos comer. Estou morta de fome.

— Agora você falou minha língua. – Sentaram-se um ao lado do outro na mesa de seis lugares e começaram a comer.

Enquanto isso, Daniel parecia pensativo. Hora ou outra congelava o olhar em algum ponto da cozinha. Parecia estar em outra dimensão. Aquilo deixava Luana desconfortável, porém logo lembrou-se de que ela mesma também tinha o péssimo hábito de ser assim, pensativa e distraída.

— Daniel?

— Hã? – Ele concentrou-se nela assim que ouviu o chamado, tomando mais um gole de café.

— Você está tão distante.

— Distante como? Estou aqui do seu lado.

— Não, não é assim. É que você me parece pensativo.

— Ah, tá. São só coisas do trabalho.

— Trabalho?

— Sim.

— Você não acha que se preocupa demais com isso?

— São só alguns assuntos que têm que ser resolvidos. Nada demais.

— Pois eu acho que você trabalha muito, sim. Embora que já hajam tantos funcionários ao teu dispor que podem resolver esses assuntos pra ti.

— É, Lua. Mas eu, o Lico e o Andy é quem somos os cabeças. Grande parte das decisões e das tarefas cabem a nós resolver.

— Eu sei. Me passa a garrafa de café, por favor. – Luana pediu, visto que a garrafa estava longe de seu alcance. Porém ele a pegou de mau jeito, fazendo com que ela deslizasse de sua mão e caísse sobre a mesa. Logo, todo o líquido derramou-se, caindo sobre Luana e sujando-a.

— AI!

— Droga, Lua! Desculpa! – Levantaram-se imediatamente. O barbixa correu para pegar um pano, enquanto ela tinha uma expressão um tanto dolorosa.

— O café! Tá quente! Queimando!

— Tira!

— O que?

— O vestido, anda, tira!

— Mas eu...

— Tira logo! Se não vai se queimar ainda mais! – Ela, sem pensar um segundo a mais, tirou a roupa e jogou-a contra o chão. – Melhorou?

— Ainda está ardendo.

— Eu... é... – Ele só conseguia olhar para seu belo corpo, semi nu.

— O que foi?

— Desculpa... é... deixa eu te ajudar. – Daniel começou a passar o pano sobre seu abdômen e suas coxas, onde o café havia atingido mais. No entanto, concentrava-se mais em seu busto do que em qualquer outra coisa. Praticamente a comia com os olhos.

— Daniel.

— Que? – Só então ele olhou em seus olhos.

— Sai. – Ela sorriu. – Antes que você queira fazer alguma coisa que não deva agora. – Ele retribuiu o sorriso e afastou-se.

— Precisa tomar um banho, está cheirando a café.

— Ah não! – Ela levou as mãos à cabeça.

— Que foi?

— Não tenho o que vestir! Minha roupa está toda suja.

— Pode usar uma das minhas blusas.

— Só quero ver o que o porteiro vai achar de mim chegando vestida desse jeito no prédio.

— Não se preocupe. Ele é só o porteiro, não seu pai.

— Então vai logo buscar isso. Deixa na porta do banheiro e depois eu pego.

— Tá. Ah, eu já te disse que você fica linda de lingerie? – Com um olhar maroto e um sorriso meigo, ele elogiou a ruiva logo à sua frente.

— Gosto de acreditar em você. – Disse por fim saindo da cozinha e indo até o banheiro, onde minutos depois, terminou o banho e vestiu-se com a tal blusa roxa que foi deixada no trinco da porta.

Apareceu na sala, onde ele a esperava no sofá.

— Pensando bem... você fica linda de qualquer jeito. Pode ficar com ela.

— Posso?

— Sim. Talvez assim tenha um motivo a mais que a faça lembrar de mim.

— Tem o seu cheiro. – Disse levando a gola para próximo de seu rosto. – Claro que eu vou lembrar.

— E aqui está o seu vestido. – Ele lhe entregou numa sacola com um nome de alguma marca de roupa, que ela só conhecia de nome. – Desculpa por isso.

— Tudo bem. Eu tenho um tira manchas lá em casa. Ele vai ficar novinho em folha.

— Não se queimou muito, não é? – Ele estendeu o braço para que ela se aproximasse. Quando Luana o fez, ele levantou levemente a blusa que ela vestia e pôde ver a vermelhidão em suas coxas. – Está muito ruim, Lua.

— Não foi nada. – Ela baixou a blusa.

— Como nada? Eu te queimei.

— Não seja exagerado. Só ficou um pouco avermelhado, com o tempo some. Pode me deixar em casa agora?

— Posso. – Ele levantou-se e com ela foi até a garagem, onde saíram no carro.

O sol estava coberto por uma grande camada de nuvens, deixando o clima ameno e agradável. Alguns minutos depois, chegaram ao prédio da jovem.

— Chegamos. – Ele estacionou em frente à portaria.

— Então obrigada pelo jantar, pela noite, pela blusa, pela carona e pelo presente. – Disse levando as mãos ao próprio pescoço, tocando no pequeno topázio preso em seu colar.

— De nada, de nada, de nada e de nada. – Enquanto ela livrava-se do cinto de segurança, ele inclinou-se e a trouxe para perto, depositando um leve beijo em seus lábios aquecidos.

— Até o dia em que você tenha tempo livre de novo. – Ele ia falar alguma coisa, debochar dela talvez, porém ela tinha toda razão de falar daquela forma. Então apenas exibiu mais um daqueles sorrisos que a tirava do chão.

— Até, Lua.

Como já era de esperar, a reação do porteiro não foi das melhores. Como se lesse a cabeça dele, ela sabia o que ele estava pensando, e era algo como “No meu tempo não tinha essa safadeza toda”. Decidiu que a melhor alternativa era cumprimentá-lo como se nada estivesse acontecendo.

— Bom dia, senhor Gil! – Alegre e sorridente, dirigiu-se a ele, que logo a cumprimentou com uma expressão não muito agradável.

— Bom dia pra senhora também.

Quando viu, já estava no corredor que levava à seu ap. Abriu a porta e logo avistou Ellen, que tomava café da manhã no balcão. A morena ainda usava seu babydoll de seda branco e tinha os cabelos castanhos um tanto bagunçados.

— Até que enfim hein?

— Não julgue meus horários. Estou de folga hoje.

— E... essa blusa?

— A blusa é minha. O Dani me deu.

— E você não acha que seria mais apropriado vestir a sua própria roupa?

— Com certeza. Só que sujei a minha de café e tive que vestir esta.

— Entendi. Vem sentar comigo. – A outra deixou sua bolsa sobre o sofá, foi até ela e sentou-se no banco ao lado. – E aí? Como foi? – Sorridente e entusiasmada, Ellen a perguntou.

— Mágico, como sempre.

— PARA TUDO!

— Pra que esses gritos?

— LUA!

— Que?!

— E esse colar?!

— Ah, o colar. Presente do Dani.

— Espera, isso é... – Ela analisou o acessório mais de perto. – ...joia?

— Sim! Da Monte Carlo!

— Monte Carlo? Mentira! – Ela abriu bem os olhos.

— Sério. Estava numa caixinha preta com um lacinho e tinha o nome “Monte Carlo” na embalagem.

— Lua, as joias dessa loja são um verdadeiro luxo. Sem dúvida alguma isso aí no teu pescoço não foi nada barato.

— Eu sei. Deve ter custado os olhos da cara.

— Parece safira.

— Não, acho que é topázio.

— Topázio?

— Topázio. – Elas entreolharam-se. Por certo, ambas entenderam a referência, caindo na gargalhada.

— E é lindo!

— Eu sei! – Então, numa demonstração realista da mentalidade “madura” que tinham, começaram a pular pela casa. Deveras, as duas com quase 30 anos e mentalidade de 15. Mas afinal, quem não ficaria feliz no lugar delas?


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

É hora da revisão:
Topázio, nada mais é do que fluossilicato de alumínio ortorrômbico, de cor variável, que forma massas irregulares ou cristais prismáticos e que constitui uma das mais importantes pedras preciosas.
Conclusão: eu queria ter um.
A propósito, caso a referência não tenha ficado clara para alguns, segue o link --> https://www.youtube.com/watch?v=-utfrGqvUO4 E para aqueles que ficou clara, assistam de novo!
Obrigada por lerem e até a próxima!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "O que o destino aprontou dessa vez?" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.