Caminhei até uma pracinha que havia lá, ao lado havia uma pista de skate que estava vazia, estava no período de baixa temporada, então a cidade que já não era muito movimentada, agora havia apenas seus poucos moradores. Quase nenhum visitante como eu.

Sentei-me sobre a aba mais alta da pista de skate, dali havia via-se perfeitamente o mar, a vista era divina. Mais lembranças vieram a minha mente.

Flash Back

“Estávamos no carro, éramos duas amigas, minha mãe e eu. Tinha em torno de meus dezesseis anos, e minha mãe nos levou de carro até um shopping bem distante para passearmos. Ao chegarmos lá, ficamos perto da porta de um mercado, estávamos a espera de umas pessoas que jamais havia visto na vida. Conheceria Gilbert e seu amigo.

Eu estava tão ansiosa que poderia comer meus dedos. O pior: Catherine não estava lá. Respirei fundo. Oh céus! Gilbert tinha chego, sim eu ainda o chamava de Gilbert. Meu coração já não cabia dentro do peito, sairia pela boca em qualquer instante, senti como meu sangue já não circulasse por minhas veias, elas corriam.

Minhas amigas me deixaram sozinha, seria o único modo de tomar coragem. Estava tão nervosa que minhas mãos estavam fechadas, suando, enquanto Gilbert, Manuel e eu andávamos pelo shopping.

– Ei, Sar. Segure a minha mão. – Ele percebeu o quanto eu estava tensa. Seria meu primeiro beijo, talvez quem sabe meu primeiro namorado, e ele estava fazendo de tudo para que fosse uma ótima experiência.

Sem responder abri minha mão com certa dificuldade, ela parecia estar grudada daquele modo, e segurei a mão dele.

– Está suando. – Ele sorriu. – Não precisa ficar assim.

Sua voz era tão doce que poderia derreter. Estava tão nervosa que nem tinha reparado nele direito ainda. Ele foi comigo até um lugar mais deserto do segundo andar do shopping, ele olhou no fundo dos meus olhos, e sorriu para mim. Parecia que ele me admirava, que ele via algo bonito em mim. Nunca havia passado por isto antes, estava corada.

– Você tem certeza que quer fazer isto? – Ele sorriu. Óbvio que ele se referia ao beijo, e eu estava tão nervosa que ele ficou com medo de fazer sem me perguntar antes. Porém neste momento ele estava inquieto, talvez também estivesse nervoso. Mas com certeza inquieto.

Assenti com a cabeça, sem esboçar meia palavra se quer.

Ele me beijou.

E eu não sentia mais nada. Nem nervosismo. Nem inquietude. Nem medo. E confesso, nem minhas pernas.

O beijo foi delicado, carinhoso e intenso. Tão intenso como a atração de nossos corpos. E era ali, ali que começava tudo, principalmente o meu amor por ele.”.

Quando acordei de meu devaneio e olhei para o lado, pude ver Gil se aproximando junto com seu amigo, aquele do primeiro encontro, do segundo, aquele que não podia desgrudar-se um segundo se quer. Aquele venenoso que podia ser igual ou pior que a mãe de Gil. Eles carregavam suas bicicletas empurrando sendo levadas, cada um com a sua. Fitei-os e pude ver Gilbert dispensando Manuel, depois prendeu sua bicicleta em um “estacionamento de bikes” existiam muitas lá.

Meu coração disparou quando pude vê-lo vindo até mim. Virei meu rosto para que não visse que eu o observava. Sentou-se ao meu lado, e ficamos ali, calados, sentindo a brisa e com olhos fixos ao mar. Estávamos disputando para ver quem quebraria primeiro o silêncio. Ele sabia que eu era muito orgulhosa, mas sabia ser incomodo o suficiente para que eu me rendesse.