– Desculpe te chamar de ridículo. – Me rendi, mas não sabia exatamente o que falar, foi a única coisa que me veio a cabeça.

– Eu só queria entender o que acontece contigo. – Ele sorriu para mim. Que saudades daquele sorriso, era lindo e me iluminava.

– Gil. – Tentava achar um modo de explicar. – Acontecer muitas coisas nesses últimos três anos, entre elas não está que te esqueci. – Talvez tivesse falado demais, mas precisava falar, mas meus olhos continuavam dispersos dos dele, e fixo para o mar.

– Eu não imaginava. – Ele suspirou.

– É, nem eu, mas tá tudo bem. – Menti para ele como tentei diversas vezes mentir para mim mesma.

– Mas se você gosta tanto de mim, por que tentou me ferrar com minha mãe? – Ele olhou para mim, mas eu continuei com o olhar disperso.

– Não queria ferrar com vocês, isso foi só consequência. Eu queria era irritar sua mãe. A culpo por não estarmos juntos. – Tentei olhar para ele, mas não conseguia.

– Ela não tem culpa. – Ele falou baixo.

– E eu tenho? – Me exaltei. Desta vez consegui olhar dentro de seus olhos. – Aliás, você sempre deixou bem claro para mim que ela havia feito tudo para que a gente terminasse. Se não foi ela, foi você? Queria livrar-se de mim e não tinha melhor desculpa?

– Claro que não Sar! – Ele disse se defendendo, por um momento pareceu que ele teve medo de mim, ou se assustou ao me ver estourar daquele jeito. – Eu te amava.

– AVA! - Exclamei entre suspiros. Meus olhos estavam mareados.

– Se passaram mais de três anos, não é a mesma coisa para mim Sar, e talvez nem seja para você.

– Não tente dizer o que sinto. – Fitei-o agora bem dentro de seus olhos, fixamente podendo enxergar através daquele lindo azul.

– Estou não dizendo isto, só estou explicando. Para de agir assim Sara. – Agora ele quem se exaltou, e gritou tão alto que até algumas poucas pessoas que estavam lá nos fitaram.

– Quem você pensa que é para gritar comigo? – Eu havia gritado diversas vezes com ele só neste momento, mas nunca admitiria que ele levantasse a voz para mim.

– Sar! – Suspirou.

Não podia mais suportar ficar ali, meus olhos estavam tão mareados que em algum momento não conseguiria mais segurar as lágrimas e ele não as merecia. Levantei-me, desci da aba da pista de skate, e caminhei em direção a areia, ninguém estava na beira da praia, mas ainda caminhei um pouco mais longe do centro para poder ficar sozinha, isolada, e deixar com que minhas lágrimas caíssem em paz sobre meu rosto.

Gilbert veio atrás de mim, ofegante, e se sentou ao meu lado. Ao perceber a presença dele, tratei de secar minhas lágrimas, não queria que ele as visse.

– Por que sempre foge assim? – Ele perguntou sério.

– Para que você venha atrás. – Falei ironicamente, mas tinha um fundo de verdade nisto.

– Sar. – Ele suspirou, ele moveu as mãos para tocar em mim, mas não teve coragem.

– Gostou de falar meu nome? – Ainda mantinha o tom irônico na voz.

– Isso é TPM? – Gilbert bufou. – Só nessa época você fica tão mau humorada. – Agora ele quem ironizou.

– Não, é pior. – Voltei a olhar para o mar. O mar estava lindo, naquele momento me sentia parte dele, principalmente quando as ondas quebravam, parecia meu coração.

– O que é então? –Ele finalmente tomou coragem e levou a mão até meu rosto, me fazendo encará-lo, consegui olhar no fundo de seus olhos azuis, e reparei em seu rosto, sua boca, ele me deixava fora de centro. Estava quente como se fosse derreter, estava excitada, e me dei conta que já não tinha mais dezesseis anos, nem ele. Ele não era mais um menino, e se voltássemos não seriamos namoradinhos que se encontram em lugares públicos, ele já era um homem, e eu uma mulher.