– Como? – Olhei para Gil com os olhos arregalados. Era obvio que ele já havia percebido sua semelhança com a de Julia.

– Sar, eu não sou idiota. Pelo menos não mais. – Ele sorriu calmo. – Me deixa segurar minha filha?

– Claro. – Julia ainda fazia um pouco de manha. Entreguei-a em seu colo.

Gil segurou-a com cuidado, como se tivesse controlando cada um de seus movimentos para não machuca-la. Julia olhou no fundo dos olhos de Gil, parando de fazer manha e pelo contrário abrindo um lindo sorriso.

– Esses olhos azuis... Este sorriso... Sar. – Ele fitou-me tirando por poucos segundos seu olhar de Julia. – Estou procurando algo de você nela. –Ele riu. – Exceto pelo brilho nos olhos, e o nariz, poderia dizer que é só minha.

Não o respondi. Ele estava certo. Pelo menos minha mãe não havia mentido. Alguma coisa de mim Julia tinha.

Ele voltou a olhá-la. E seu olhar era tão intenso para ela, tinha tanto amor que por algum momento senti-me culpada de culpada de privar Julia da presença de seu pai. Apesar de todos os erros que pudesse cometer, era seu pai, e pelo visto a amava desde aquele momento, desde aquela pequena troca de olhar.

Estavam lindos. E meu amor, ainda aceso.

Perdi-me em um pensamento, de podermos ser feliz os três. Que Gil me amasse, que Julia crescesse entre nós dois. Seria lindo.

– É Julia, não? – Disse Gil voltando a me olhar e me acordando de meus pensamentos.

– Sim, Julia Sidle.

– Nós precisamos conversar. Está faltando um Grissom no nome dela. – Ele sorriu ainda com ela no colo.

– Talvez seja melhor não. Pelo menos não aqui. – Eu não queria falar deste assunto naquele momento, tinha muita gente e todos queriam minha atenção, todos queriam ver Julia.

– Vamos conversar outra hora. – Ele devolveu-me Julia com relutância. Ele percebeu o quanto estava atordoada no meio de tanta gente.

– Te ligo para combinarmos.

– Só me promete uma coisa? Não irá fugir antes de conversarmos. – Ele sorriu.

– Não irei embora antes de dois meses e meio. Prometo-lhe. – Sorri de volta.