Fate escrita por anyoneelse


Capítulo 14
Se Joga!


Notas iniciais do capítulo

Preparem-se para ahazar na pista, porque hoje vai ser batidão pra todo lado! Vamo que vamo :P

https://youtu.be/04zaL7wIbmc



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"Tonight you won't be by your self just leave your problems on the shelf, you won't wanna be nowhere else"

Assim que o padrinho parou o carro na entrada do colégio eu fiquei chocada. A decoração era pouca, mas havia um feixe de luz em cada centímetro do caminho interno, até um grande pátio ao final.

Fomos andando junto a uma multidão de jovens. O lugar estava lotado! Não era pra menos, afinal todas as escolas de ensino médio foram convidadas. Kise era um modelo famoso mesmo.

– Riko! Ina! – ouvi Hyuga dizer, se aproximando. Estava bem arrumadinho pra quem só iria vir para dar apoio ao time, e claro que eu não deixaria barato.

– Nossa, tá todo bonito hein! Gostei de ver... – fitei-o de cima a baixo, fazendo suas bochechas ficarem rosadas – Não acha, Riko?

– E-Eu? – a garota me encarou, morrendo de vergonha, mas querendo me matar no fundo – Ah... É...

– Bom, vocês dois, por que não vão indo na frente? – me coloquei no meio do casal e apoiei meus braços em seus pescoços – Tenho que resolver umas coisas aqui e já alcanço vocês!

Dito isso os empurrei de leve, forçando um início de caminhada ainda que relutante. Sem dar brecha pra questionamentos, virei as costas e desapareci no meio daquela gente, sentando em um banco qualquer.

Aqueles dois eram feitos um pro outro, isso era óbvio! Dava pra perceber que eles tinham uma sincronia, o modo que sempre se entreolhavam antes de tomar uma decisão para o time ou até mesmo diante de uma situação difícil. Mas eles nunca ficavam sozinhos por muito tempo, então resolvi dar uma ajudinha pro futuro casal.

Acompanhei com o olhar os dois indo em direção ao tumulto maior, o meio do colégio. Ao centro, havia um palco grande, com uma mesa de som e alguns telões espalhados passando uma imagem sincronizada de borrões dançantes. A música não estava muito alta e tocava apenas como plano de fundo, por enquanto.

Mais atrás, algumas barracas de comes e bebes para comprar. Me lembrei de que Kise mencionara que o dinheiro arrecadado iria para alguma caridade, ou algo do tipo. Se eu já estava boquiaberta só de olhar o começo da festa, imagina quando ela realmente começasse?

As pessoas estavam bem vestidas, pareciam empolgadas por um evento grande assim lhes permitirem trocar a roupa batida da escola. Além de que era uma grande oportunidade de encontrar todos os jovens estudantes das melhores escolas da região em uma só noite e em um só lugar.

Peguei meu celular como impulso, logo após senti-lo vibrar. Era Kuroko avisando que as duas noivas estavam atrasadas na arrumação. Ótimo. Fiquei mexendo no aparelho por mais um tempo, mas parecia uma eternidade. Levantei os olhos para observar as pessoas de novo.

Aquilo era muito diferente das festas do Brasil. Nunca tinha visto uma organização tão grande em um evento escolar, era impressionante! Sem contar que lá sempre tinha um pessoal da pesada que dava um jeito de se infiltrar na festa pra brigar ou levar bebidas alcoólicas escondidas. Era patético.

Fui movida dos meus pensamentos pela aproximação de alguém, sentando ao meu lado no banco.

– Você é nova por aqui – um cara alto de sobrancelhas grossas disse, pegando meu rosto com uma das mãos – Me lembraria de alguém tão bonita assim.

– Não me toca – retruquei, sentindo um pressentimento ruim com aquele tom de voz que ele usava e o olhar esquisito.

Qual era o problema desse cara? Aliás, quem era esse cara? Só de sentir a proximidade que ele se posicionava eu tinha calafrios, parecia que ele tinha algo esquisito por trás de cada ação que fazia. Com isso, eu automaticamente entrava em modo de defesa e começava a tratar qualquer mexida com hostilidade.

– Nossa, a moça é arisca... – comentou com um sorriso no canto do rosto, passando o braço no meu ombro – Que tal me falar seu nome?

Minha cabeça fervilhava de raiva com seu ato de ignorar meu pedido. Queria dar um soco nesse idiota ali mesmo, mas não seria a melhor opção já que eu estava sozinha e não sabia quem ele era. Enquanto eu me decidia, o atrevido começou a passar a mão no meu braço, me forçando uma aproximação. Aí eu comecei a perder a cabeça.

– Tira a mão de mim, babaca, antes que eu acerte um soco no meio dessa sua cara – sibilei, fechando minhas mãos em meu colo, me segurando pra não fazer minhas palavras virarem realidade.

– Não precisa de tanta agressividade, linda... – ele disse, segurando em uma das minhas mãos, já com as juntas brancas de tanta força contida.

Retirei-a rapidamente do contato. Virei meu rosto para o dele, seu olhar era frio e indiferente, como se fosse acostumado à agressão. Aquilo só me fez agir com mais rapidez, levantei meu punho e o afastei, impulsionando para acertá-lo bem no estômago.

– Ina. – senti meu punho ser contido, com uma voz grave atrás de mim.

Me virei com ódio estampado, tentando ver a cara do ser que também devia estar querendo morrer pra me interromper assim. Meus olhos fuzilavam o recém-chegado até ver que era um Midorima plantado do meu lado, encarando o outro rapaz.

– É amiguinha do estrelinha, tá explicado! – o cara falou em deboche – Não sabia que você tinha amizades além daquela sua escola ridícula...

Olhei para o esverdeado, tentando acalmar a mente à medida que me perguntava de onde eles se conheciam. Notei, então, que o recém-chegado ainda não havia soltado minha mão, e agora fazia uma pequena força, indicando para eu me levantar e juntar-me a ele.

Respirei fundo e me desvencilhei do estranho, mas assim que levantei o mesmo puxou a barra da minha blusa. Tão rápido quanto aconteceu, foi desfeito. Midorima pegou seu punho e o torceu brevemente provocando uma dor considerável, visto que o esquisito me soltou do puxão.

– Não a toque novamente, Hanamiya. – disse em um tom frio, calmo e muito intenso.

Confesso que fiquei surpresa com a posição ameaçadora dele. Nem em um milhão de anos imaginei o metidinho me defendendo, muito menos se impondo fisicamente por mim. Podia não aparentar nenhuma expressão agressiva, mas seus olhos a demonstravam por completo. Por trás daqueles óculos era nítida a fúria que exalava naquele par de esmeraldas.

O tal do Hanamiya se levantou e saiu de perto, sumindo na multidão murmurando algo como “não vale a pena”. Só quando o perdi de vista reparei que ainda tinha contato físico com Midorima, me soltando rapidamente.

– Você não deveria bater nele, te causaria problemas na escola. – ele disse, colocando lógica na minha cara de dúvida.

– Ah... Obrigada. – respondi ainda um pouco carrancuda

– Vem. – ele começou a andar, sem cerimônias.

– Oi? – questionei

– Prefere ficar sozinha?

É, definitivamente não. Apenas o acompanhei na caminhada, meio sem graça com o gesto. Fomos em direção à entrada da parte principal e logo avistei um cara de cabelos vermelhos e olhar esquisito familiar. Antes de nos aproximarmos, virei meu rosto de leve e falei no tom mais baixo que consegui ainda audível ao esverdeado.

– Ninguém vai saber disso – e continuei andando.

Como quem cala consente, imaginei que estávamos resolvidos. Eu não queria que Kagami fizesse um caso disso, afinal de contas, se eu me complicaria com um soco não queria imaginar o que seria dele ao se vingar daquele cara com sua superproteção.

Nos aproximamos e instantaneamente atraímos o olhar do rapaz, que cordialmente nos cumprimentou.

– Não sabia que viria acompanhado, Shintarou. – disse, me dirigindo o olhar totalmente analítico

– Encontrei-a na entrada e não julguei apropriado deixá-la sozinha esperando. – Midorima respondeu por mim.

– Pelo visto está bem próxima de Kagami Taiga. Você é a treinadora dele, certo? – disse o ruivo, voltando-se para mim com um sorriso falso, ou simplesmente ocultando suas reais intensões.

– Sou auxiliar da treinadora, apenas cumpro as tarefas necessárias para o melhor desempenho do time. – respondi calmamente, mostrando que não falaria mais nada pra ele.

Midorima pareceu surpreso com a minha seriedade e pude senti-lo observar cada reação, ou a falta delas, em meu rosto.

Passado alguns minutos, um cara de cabelos claros se aproximou de Akashi e disse que estava a sua procura. Ele assentiu e com um breve aceno se distanciou com o rapaz. Ficamos os dois em silêncio por um tempo, até que um cara moreno se aproximou.

– Aí está você, Shin-chan! Estava te procurando por toda parte!

– Takao, pare de ser escandaloso – retrucou, ajeitando os óculos

– Essa não é a garota nova que você me contou? Aquela diferente das outras? – segurou o riso com uma das mãos ao ver a expressão de ódio do esverdeado

– Watanabe Ina – acenei sorrindo.

– Kazunari Takao – sorriu e voltou-se para o amigo, cutucando-o com o cotovelo – E então, qual vai ser a de hoje? Vamos dançar até o sol raiar, ou não?

Midorima apenas bufou, revirando os olhos. Como era possível dois opostos serem amigos assim? Claro que a resposta estava no basquete, mas a sincronia dos dois era tamanha que desconsiderava completamente a personalidade um do outro.

– Me recuso a isso. Só vim porque Kise me obrigou. – resmungou

– Isso é o que vamos ver! Até o final da noite eu consigo fazer você se soltar, pode apostar – dei uma piscada pra ele, entrando na conversa, e Takao me envolveu no pescoço com seu braço, demonstrando um sorriso enorme

– Essa aqui é das minhas, gostei de ver! – batemos os punhos sorridentes, fazendo um Midorima sorrir de canto, enquanto revirava os olhos outra vez.

– Estão animados, hein? – Kise apareceu e nos soltamos.

O loiro estava muito arrumado hoje, impecável na verdade. Era o anfitrião então eu não esperava menos. Logo atrás um cara com uma câmera e seu auxiliar se posicionaram, esperando Kise dar a ordem para que eles fotografassem instantaneamente.

– Você sabe dar uma festa... – aproximei de seu ouvido, com uma mão em sua cintura – Kise Ryouta não brinca em serviço mesmo.

Ele apenas riu balançando a cabeça negativamente, mas me puxando pra um abraço. Ele fez sinal para o fotógrafo, que se apressou em soltar um flash em nossa direção. O loiro tinha uma das mãos em minha cintura, estávamos bem próximos. A foto saiu no telão e pude ouvir algumas meninas reclamarem perto de onde estávamos, nos olhando.

– Agora você vai fazer sucesso, Ina – ele comentou baixinho, debochado

Eu fiquei em dúvida, mas logo entendi o recado. Grande parte das pessoas a nossa volta estavam de olhos vidrados em nós, desde as fãs grudentas do loiro até alguns rapazes que começaram a me notar.

– Você me paga, criatura – resmunguei corando, dando um pequeno beliscão em sua cintura antes de me desvencilhar de seus braços

– Mas não posso nem ficar longe um segundo que vocês já estão aprontando?

Kagami surgiu atravessando um pequeno grupo de meninas, seguido por Kuroko e Aomine. Assobiei maliciosamente em sua direção e tasquei um beijo em sua cara de emburrado, fazendo-a desaparecer instantaneamente.

– Divirtam-se! Mais tarde eu venho ver como estão – o loiro saiu após alguém o cutucar e direcionar para outro canto.

Os recém-chegados cumprimentaram minhas duas companhias até então, e pude perceber um certo atrito entre Midorima e Kagami, que parecia um pouco desconfiado da presença do esverdeado ali.

– E onde está o pessoal da Seirin? Achei que viria com a Riko – ele perguntou com um quê de ressentimento

– E eu vim! Mas ela ficou acompanhada rapidinho... – sorri maliciosamente, recebendo uma chuva de questionamentos.

– Bom, eu vou atrás de algo para comer – o amigo do esverdeado comentou

– Eu vou com você – completou Midorima, já se distanciando de nós

– Nos vemos depois – Kuroko cumprimentou-os

– Até – Midorima acenou para todos, perdurando seu olhar sério em mim

Acenei de volta e virei para os três que me rodeavam. Analisei o visual deles e me surpreendi positivamente.

– Não é aniversário de vocês, mas estão de parabéns viu... – cantei, recebendo reviradas de olhos dos mais altos e uma risada contida do mais baixo

– Você também está bonita, Ina. – Kuroko elogiou, me deixando um pouco surpresa e corada

Os outros dois o fitaram visivelmente desnorteados com a repentina fala do azulado. Antes que pudessem dizer ou comentar qualquer coisa, Kise subiu ao palco e começou a fazer a abertura oficial da festa.

O pessoal começou a ir à loucura quando uma mulher de uns 20 e tantos anos subiu ao palco e se posicionou atrás da mesa de DJ. Ao que parece ela era uma das mais renomadas da atualidade e muitos começaram a gritar em coro seu nome.

– Demos sorte, Ina – Kagami falou – Ela toca bastantes hits lá da América.

– Temos que representar então, Taiga – sorri confiante pra ele.

Nós passávamos muito tempo juntos ultimamente e eu já sabia de cor e salteado as músicas mais famosas dos Estados Unidos. Kagami era um fã nato de Eminem e, pasmem, Nicki Minaj. Ele sabia a letra de todas as partes de rap das músicas! Claro que com o tempo de convivência eu acabei aprendendo algumas, mas ele era simplesmente um mestre naquilo e não embaralhava nenhuma vez.

Enfim, sabíamos as playlists um do outro e consequentemente acabamos por gostar delas também.

Estava um pouco receosa de me soltar completamente e parecer uma maluca, mas assim que os tons iniciais da primeira música começaram a tocar, uma multidão nos empurrou para o meio da área, ficando de frente para o palco e rodeados de pessoas dançando freneticamente.

Pump It, do Black Eayed Peas estourou nas caixas e todos que estavam a nossa volta se soltaram imediatamente. E eu achando que eram retraídos... Mas a nossa turma era a mais calma dali.

Kise, do palco, começava a dançar um pouco com a DJ, mais para animar a multidão mesmo. Ela então começou a colocar vários trechos de músicas em sequência, novas e mais antigas, mas todas bem conhecidas. De rock a pop, incluindo várias músicas que eu desconhecia, vez ou outra aparecia uma familiar. Foi o caso de quando começou a tocar Sexy Back do Justin Timberlake.

Eu, e basicamente toda garota que ama pop, homens e respirar, amava ele. Entrei na vibe da festa e comecei a dançar loucamente, sem notar o que estivesse ao meu redor. De esguelha, reparei brevemente que os meninos estavam surpresos com o jeito que eu me soltei ao simples som de uma única música.

Acho que Kise, que estava descendo do palco, também reparou e começou a me fitar. Tive a certeza quando soltei uma piscada pra ele e em seguida recebi outra, junto de um sorriso. Resolvi brincar um pouco.

Meu ídolo pop estava cantando o segundo verso, e comecei a cantar e encenar de acordo com a letra da música, encarando o loiro no processo. Kise ria bastante, mas entrou no clima, atravessando a multidão assim que eu o chamei provocando com o dedo indicador.

Muitas meninas babando pelo modelo chegavam a bufar ao ver que ele vinha em minha direção. Joguei o cabelo para o lado, ainda dançando, enquanto ele se aproximava e me pegava pela cintura.

O rebolado daquele loiro me pegou de surpresa, ele sabia dançar muito bem! Não tinha vergonha de nada, se embalou nos meus movimentos mais ousados e acompanhou direitinho, até arriscou cantar algumas partes fáceis da letra.

Tão rápido quanto começou, a música acabou, deixando dois jovens de corpo quente de tanto requebrar.

Comemoramos nosso pequeno showzinho com um toque de mãos, e só aí me dei conta de que estávamos sendo fotografados o tempo todo. Olhei de relance para um dos telões que exibia as fotos. Numa delas, reparei no figurante ao canto, certo Aomine que encarava a nossa coreografia improvisada com um misto de frustração e surpresa.

– Agora temos uma atividade especial nessa noite – a DJ começou a falar, recebendo gritos animados da plateia

– Peraí que essa é minha deixa

O loiro comentou, andando apressado de volta para o palco. Comecei a rir do jeito desengonçado que ele atravessou a multidão, sendo agarrado várias vezes e saindo apenas com a ajuda de seus fotógrafos.

– Tá dando muita moral pra ele hoje – Aomine comentou com uma cara de entediado

– Ciúmes? – retruquei, dando um sorriso confiante pro moreno que apenas revirou os olhos

– Se aquietem, vocês dois – Kagami brigou, nos fazendo voltar a atenção para a moça do palco

– Eu vou ajudar vocês a saírem acompanhados daqui hoje, querem apostar? – ela comentou lá de cima e o pessoal foi à loucura

– Acho que isso é um sim! – Kise deu corda, participando da encenação.

– Bom, faremos o seguinte. – ela começou – Primeiro quero ver todo mundo anotando o número do próprio celular num papelzinho. Tem um pessoal identificado distribuindo alguns com caneta por aí, quem tiver interesse dá uma chegada neles.

Olhei ao redor, algumas pessoas uniformizadas em prol da instituição de caridade que estavam ajudando nas barracas começaram a passear entre as pessoas, entregando um pequeno papel em branco e deixando uma caneta em cada grupo grande.

Uma delas entregou os objetos a nós. Peguei a caneta e fiz o que a DJ pediu, mas observei que nenhum dos demais o fez.

– Ah, qual que foi gente, vamos colaborar com a brincadeira!

– Mas eu não estou interessado em ninguém, Ina – um deles comentou.

– E quem disse que eu estou? – retruquei – Vamos, é só pra entrar no jogo!

Eu insisti tanto que eles o fizeram, pegaram a caneta um por vez e escreveram o que foi pedido. Estávamos terminando quando Kise continuou com as instruções

– Agora é o seguinte. Vocês tem a chance de entregar esse único papel pra uma pessoa aqui hoje, eu vou ficar fora dessa brincadeira, quero acompanhar tudo aqui de cima – ouvi algumas garotas suspirarem, reclamando.

– Eu sei, meninas, mas ele realmente não pode brincar dessa vez. O motivo? Só pode entregar para quem você acabou de conhecer! Não se preocupem, a música vai ajudar vocês a entrarem no clima.

– Essa aqui é da Carly Rae Jepsen, e se chama Call me Maybe!

Kise anunciou e instantaneamente a música começou a tocar. Eles realmente sabiam dar uma festa, as pessoas estavam enlouquecidas!

Por um momento esqueci do papel em minha mão, só curti a música freneticamente com os meninos.

– E aí, vão entregar pra alguém? – perguntei, esperançosa

Antes que pudessem responder algo, uma baixinha de cabelos rosa apareceu em frente à Kuroko com seu bilhete em mãos, lhe entregando.

– Era pra entregar para alguém que não conhecesse, Satsuki. – o moreno constatou, entediado.

– Mas eu só tenho olhos para o Tetsu! – a rosada argumentou, abraçando um dos braços do menino em questão.

– Pode ficar com o meu então, Momoi – o azulado entregou o seu para a moça, sem muita animação, o contrário da reação dela.

Avistei o telão principal que mostrava o clipe da música alternando com imagens ao vivo da bagunça que estava acontecendo naquele lugar.

De grupos de garotos entregando seus bilhetes para um grupo de garotas, de mocinhas tímidas se declarando para seus paqueras e até meninos tímidos levando foras de suas senpais.

De relance, avistei um rosto conhecido de Hyuga recebendo o bilhete de uma garota mais nova de outra escola, ela apenas o cutucou e entregou o papel, sem dizer nada. O capitão ficou sem graça e ao seu lado Riko parecia um pouco chateada. Fuzilei seu olhar no telão, como se dissesse para aquele idiota olhar para o lado e prestar atenção na garota que tanto se importava com ele.

Tive minha atenção desviada quando um rosto bem conhecido apareceu nas telas. Me virei a tempo de ver uma das piranhas da Seirin entregando seu telefone para Aomine, que estava distraído com alguma coisa. A menina praticamente entrou na sua frente, pegando sua mão e colocando o papel nela, fechando-a para que o moreno o segurasse.

Tá certo que várias meninas foram atrás dele. Pelo visto ele era bem famosinho, mas eu não admitiria aquela biscate fazendo ele de bobo para aumentar seu próprio ibope. Assim que ela saiu de vista e a imagem no telão foi para outras pessoas, eu abri a mão do moreno e tomei o papel, amassando-o e arremessando-o bem longe dali. Com sorte algum babaca pegaria e faria o par perfeito com a broaca.

– Ciúmes? – Aomine questionou, em tom debochado.

– Não – fitei-o seriamente – Ela não merece que alguém que preste tenha o número dela.

Peraí. Era isso mesmo? Eu havia acabado de falar indiretamente que em minha opinião Aomine Daiki era alguém que prestava. Fiquei quieta depois desse deslize e fiz questão de voltar a dançar, tentando me fazer de indiferente.

Olhei de canto para o moreno, mas no mesmo instante ele também colocou no rosto sua melhor feição de despreocupado. Deduzi que era melhor esquecer o clima tenso que tinha se instaurado e voltar a prestar atenção na música.

O refrão estava se repetindo, já demonstrando o final que se aproximava.

– Ué, Kagami, não vai entregar pra ninguém? – perguntei

– Já entreguei – respondeu, corando um pouco – Vocês estavam tão ocupados que nem perceberam que eu saí.

– Parece que está passando muito tempo com sua sombra – Aomine brincou

– E você, não vai dar o imenso prazer de uma menina ter seu número?

– Não preciso de uma brincadeira pra falar com quem eu me interesso

Revirei os olhos. Como poderia ser tão metido? Ou seria convencido? Talvez só fosse sincero mesmo. Não prestei atenção no resto da conversa pra saber, só continuei dançando e olhando para o telão.

Ao todo, até que eu tinha recebido bastante atenção, considerando que eu estava rodeada de um monte de rapazes altos, sem contar com minha própria altura. Passei a mão pelo bolso da saia, revendo mentalmente os dois números que havia recebido.

O primeiro de um menino de uns 8 anos, acompanhado de sua mãe. Ela disse que eles estavam na tenda de comida, onde ela trabalhava naquela noite, e ele insistiu para que viessem ali, já que eu fui a primeira garota que ele tinha visto. Ela não quis ser rude, mas eu entendi que era por causa do meu tamanho.

Depois disso, uma menina mais ou menos da minha idade chegou. Achei ela demais só pelo fato de ignorar totalmente a presença dos meninos da nossa roda, deixando-os com o orgulho ferido. O fato é que ela estava me dando seu número, logo deixando implícito o porquê de não ter dado moral pra nenhum deles. Fiquei um pouco sem graça, mas agradeci pelo número mesmo assim.

E era isso. Confesso que eu senti um pouco pelo fato de nenhum provável alvo tenha chegado em mim, mas fazer o que né.

Passei os olhos por Kise, ele conversava algo com a DJ, talvez passando seu número pra ela. Ri com a possibilidade, mas fui retirada de meus pensamentos por um cutucão no braço.

– Ah... O-Oi.

Um cara de cabelos escuros e olhos azuis da minha altura chegou com seu papel em mãos. A música já tinha acabado e as atrações do palco começaram a conversar algo com a multidão, revendo as fotos mais marcantes da brincadeira no telão. Olhei mais atentamente ao rapaz a tempo de reconhece-lo de algum lugar, mas sem saber ao certo de onde.

– Eu acho que já te vi, não? – perguntei pensativa.

Na verdade também queria ajuda-lo a prosseguir com seu plano, ele parecia meio empacado e nervoso com a situação.

– Bom, acho que sim, eu... – ele continuou, sendo interrompido.

– Kasamatsu, da Kaijo? – Kagami esbravejou, notando então o menino já enrubescido.

Olhei para o palco novamente. Devia ser amigo de Kise. Tive a certeza desse meu palpite quando o loiro nos fitou e deu um pequeno sorriso de canto. Estreitei os olhos pra ele, que voltou a atenção para o que estava fazendo.

– Kaijo, é? – sorri para o recém-chegado, tentando quebrar o gelo – É do time do Ryouta então?

O tal do Kasamatsu parecia escolher as palavras com uma peneira, fitando o chão. Na mesma hora percebi que Aomine e Kagami estavam prontos para intervir, mas eu os fuzilei com o olhar mais mortífero que consegui fazer. Deixa o menino trabalhar, seus idiotas!

– Sim, eu... – ele fitou o papel em suas mãos, me entregando-o em seguida – Quero dizer, se você quiser... É que Kise falou muito de você, achei que...

– Obrigada, Kasamatsu. – aceitei o número, sorridente.

Antes que eu pudesse fazer qualquer outra coisa, ele pareceu entrar em curto circuito pelo fato de eu aceitar tão prontamente, dando um breve aceno a todos e se retirando.

– Quem diria, o capitão da Kaijo tem uma queda pela Ina! – Momoi comentou, empolgada.

Fiquei um pouco sem graça, coçando a cabeça e olhando para o pedaço de papel em mãos. Só aí percebi que ainda estava com o meu, dando um tapa em minha própria testa

– Ah, que droga! – desdobrei meu papel, guardando o outro em meu bolso junto aos outros – Eu não entreguei o meu pra ninguém!

Fiz bico e os outros caíram na risada. Logo eu, tão empolgada com a animação da festa, não consegui participar por inteiro. Cruzei os braços e fiquei resmungando por um tempo até que ouvi um Aomine bufar, revirando os olhos.

Ele separou meus braços, tomando o papel de minhas mãos. O observei pronta pra reclamar, achando que ele iria jogá-lo fora, mas me calei. Ele apalpou seu bolso traseiro, e colocou-o no que estava vazio, separado dos outros números. Analisando minha reação, ele pegou o seu próprio e colocou em minha mão, sem fazer alarde.

– Voltamos para a programação normal – a DJ anunciou do palco, dando início à próxima música.

Pera, para tudo gente, o que acabou de acontecer?

Ninguém teve tempo para fazer comentários sobre o ocorrido, porque no mesmo segundo a primeira fala da música seguinte começou.

“My life be like, oh ah, oh oh”

Naquele instante olhei para Kagami, incrédula que aquela música ia tocar. Virei de frente pra ele a tempo de ouvir um Aomine confuso ficar inquieto ao nosso lado.

– Vocês conhecem essa música? – ele perguntou, um pouco surpreso positivamente.

– Apenas observe – respondi com um sorriso desafiador.

O tema de Velozes e Furiosos: Desafio em Tóquio começou e acompanhamos a plenos pulmões. Com direito a pulos, danças e todo o resto, cantamos a música inteira, palavra por palavra, com sucesso. Kagami havia se soltado totalmente depois dessa, se igualando ao resto do pessoal que estava no meio do pátio.

– Isso aqui tá foda demais! – o ruivo esbravejou, extasiado.

– Já zerei a noite, festei ao som de Grits! – Aomine gritava para o amigo, os dois parecendo menininhas assistindo novela mexicana

– Ainda falta pra eu me dar por satisfeito, mas confesso que já estou gostando muito. – Kuroko completou, ainda tendo Momoi agarrada em si

– Só acho que vocês estão falando muito e dançando pouco – pontuei

– Não dá pra te ter de parâmetro, você não para quieta, Ina – Kagami brincou, bagunçando meus cabelos

Mostrei a língua pra ele, voltando a me concentrar em dançar à medida que reconheci “Problem” da Ariana Grande demonstrar suas batidas iniciais, misturadas com o final do tema do filme.

Não havia muito espaço então acabávamos dançando bem próximos uns dos outros. Kuroko, por menor que fosse sua presença, dançava continuamente e sem se expor demais. Geralmente acompanhava uma ou outra música que ele conhecia, mas não se dava o trabalho de surtar como eu estava surtando. Além do mais, Momoi permanecia colada em si o tempo todo, presa em alguma fantasia mental.

Aomine era estilo galã da balada, dançava mas não se entregava à música por mais contagiante que fosse e, sinceramente, aquilo me deixava entediada. Ah, até aprece que você nunca ouviu “Whenever, wherever” da Shakira, meu querido, tenho certeza que já rebolou altas vezes na sua casa. Mas tenho que dizer que esperava bem menos emoção do moreno, que se deixava entrar no clima vez ou outra, como quando tocou Walk This Way, do Aerosmith.

Taiga já estava bem à vontade e recebo o mérito por isso. Quando estamos sozinhos em casa ele se solta um monte, foi até o chão comigo outro dia! Sendo assim, no começo da festa depois que percebi que os japas também sabiam curtir uma festa direito, joguei a opinião de quem fosse para o alto e dancei tudo o que podia.

Desde então, comecei a colocar o Kagami caseiro em prática, igual quando fiz para ensiná-lo a dançar funk. O resultado foi um ruivo eufórico em quase todas as músicas, trazendo a tona diversos tipos de danças, que conclui serem frutos da sua estadia nos Estados Unidos.

A música da vez era Anaconda, da Nicki Minaj, e o ruivo não continha mais sua emoção. Cantava todas as palavras no timing perfeito, o que deixou os outros três espantados por seu lado festeiro. Eu já sabia dançar aquilo de mil maneiras diferentes e comecei a gargalhar comigo mesma ao perceber que até o pessoal do Japão rebolava melhor que eu.

Olhei de relance para Aomine que admirava o vídeo do telão quase babando e revirei os olhos. Fui até ele e ergui minha mão na altura do seu queixo, puxando-o em minha direção.

– A letra não é tão importante quanto a dança, sabia?

– Eu não sei fazer isso não, Ina... – ele riu fracamente

– Se prestasse mais atenção a sua volta, talvez aprendesse alguma coisa... – sussurrei em seu ouvido

Peguei suas mãos e as posicionei em meu quadril, eu ficando de costas pra ele, assim ele teria uma noção de como se movimentar com o padrão da música. Eu abaixava um pouco e serpenteava rebolando de leve.

De começo ele parecia envergonhado demais para agir daquela forma comigo, ainda mais na frente de Momoi que estava visivelmente desviando o olhar de nós, mas depois parece que nem ligou mais ao ver minha expressão de diversão naquilo tudo. Eu queria mais é festar, aproveitar ali com todos e me sentir em casa de uma vez por todas, sem me prender ao que seria certo de fazer ou mais adequado. Foda-se o padrão.

No refrão da tal música eu fui requebrando ao ritmo da melodia, levando-o comigo até o chão, e subindo devagar arrebitando o quadril em sua direção, voltando a ficar ereta.

Dei uma risada pela reação de descoberta de um novo passo que ele fez, me afastando para voltar a dançar com todos. Senti suas mãos afirmarem em mim e sua boca se aproximar do meu ouvido.

– De novo, quero aprender.

– Quem te viu, quem te vê, garanhão – debochei, aceitando a proposta

Continuamos juntos até o final da música. Variei um pouco no que eu dançava, mas tudo dentro do padrão desce e sobe do funk.

Tenho que admitir, o moreno me acompanhou bastante até, pra quem não dançava. Olhei pra ele de canto, com um sorriso baixo. Ele estava um pouco descompassado na respiração, mas em um estado de êxtase, sorrindo.

– Só a Ina pra conseguir te fazer se soltar desse jeito – Kagami brincou, dando um soco no braço do outro, rompendo-o de seus pensamentos.

– Duvido.

Uma garota da nossa idade, mas com a aparência desgastada apareceu, entrando na conversa. Ela tinha o cabelo comprido e preto, e usava roupas normais para quem me fez arrepiar só com uma palavra. Ao seu lado, um cara alto com tranças no cabelo, me fitava com um olhar esquisito e um sorriso debochado no rosto.


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Notas finais do capítulo

Eu até tento sair da treta, mas a treta não sai de mim :/

https://youtu.be/04zaL7wIbmc

Música de festa porque Travie McCoy é o cara nesse quesito, mas pode ter certeza que se fosse num apartamento eu colocaria Latino aqui hahahahaha

Beijocas!



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