Acordei com Melanie me chamando. Enquanto ela arrumava a cama, eu dei banho em Owen e o vesti, e me vesti também.
Tomamos café juntos, e Owen ainda estava muito animado por ter visto um príncipe de verdade.
Um pouco depois do café, uma batida na porta. Eu sabia que era Maxon.
Abri a porta e, como esperado, Maxon estava lá, de terno e gravata, como sempre.
– Bom dia! – ele disse alegre, e eu sorri. – Posso entrar?
– Pode. – eu disse e abri espaço para que ele pudesse passar.
Owen brincava no tapete perto da cama. Maxon foi até lá e se sentou ao lado dele.
– Oi! – Maxon tentou chamar sua atenção. Owen estava muito tímido.
– Oi.. – ele disse, bem baixinho. Me sentei do outro lado, e incentivei:
– Ele é o príncipe, lembra filho? – ele assentiu com a cabeça. – então, você não quer conversar com ele?
– Cadê sua coroa? – ele perguntou, e eu dei uma risadinha.
– Ela é pesada. – Maxon tentava fazer com que ele entendesse. – Não dá pra usar toda hora. – Owen murmurou um “ah”
Em alguns minutos, Owen deixou a timidez de lado, e já brincava com Maxon. Eu apenas observava os dois.
– Preciso ir. Tenho uma reunião agora. – ele disse, se levantando após dar uma olhada no relógio que tinha em seu pulso.
– Tudo bem – eu disse, ainda meio seca. Eu ainda não conseguia tratá-lo como antes.
– Até mais tarde – ele disse, já saindo do quarto, mas não sem antes acenar animadamente para Owen, que respondeu da mesma forma.
Passei o resto do dia com Owen, no quarto. Eu estava gostando de passar tanto tempo com Owen. Brincamos e desenhamos por horas, mas uma coisa me preocupava: Owen era apenas uma criança. Precisava de sol, ver gente e brincar ao ar livre. Se ficássemos muito tempo no palácio, ele seria privado de tudo isso. Eu precisava falar sobre isso com Maxon. No início da noite, dei banho em Owen e também tomei banho. Vestimos nossos pijamas e pedi à Melanie que avisasse na cozinha que, ao invés do jantar, gostaríamos de pipoca e refrigerantes. Em meia hora, eles trouxeram. Liguei a televisão, que ficava presa à parede, e coloquei num canal onde um filme infantil estava prestes a começar. Nos sentamos na cama e encostamos na cabeceira. Joguei um edredom sobre nós dois. O filme começou e assistimos até pouco mais da metade, quando ouvi batidas na porta. Me levantei, joguei um roupão sobre o pijama, e abri a porta. Maxon.
– Incomodo? – ele perguntou, ao ver minhas roupas.
– Não. – eu disse, meio sem jeito. – Quer entrar? – perguntei, já abrindo espaço para que ele passasse. Ele entrou e, ao ver a bagunça que estava minha cama, com pipocas jogadas pelo edredom e pelo chão, me olhou sem entender.
– Sessão de cinema. – eu expliquei.
Maxon puxou a cadeira da minha penteadeira e se sentou, apontando para a cama, para que eu me sentasse também. Me sentei, desta vez mais comportada na beirada da cama. O filme não acabou a terminar, e quando os créditos começaram a rolar pela tela, percebi que Owen já dormia. Desliguei a televisão e, com cuidado para não acordar Owen, troquei o edredom, colocando um limpo. Maxon permanecera quieto.
– Esperava chegar a tempo de jantar com vocês – ele disse.
– Desculpe. Resolvemos não jantar hoje. – eu disse.
– Tudo bem.
– Maxon... Eu queria conversar – eu disse, me lembrando do que me afligia mais cedo.
– Sobre...? – ele me incentivou a dizer.
– Owen... Sabe? Ele é só uma criança. Não é justo que fique trancado no quarto o tempo todo. Precisa sair um pouco. – eu disse.
– Entendo o que quer dizer... Tudo bem, pode sair com ele um pouco, mas tome cuidado. Kriss nunca vai aos jardins, mas pode ver vocês pela janela. Fique nas partes mais escondidas.
– Obrigada. – eu dei um sorriso sincero, estava realmente agradecida.
Era hora de dormir. Maxon se despediu de mim com um sorriso, sem contato físico.
No dia seguinte, acordei com Owen se mexendo ao meu lado.
– Bom dia – eu afaguei seus cabelos, mas ele resmungou e se virou na cama. – Vamos Owen, hora de levantar. – eu disse, me levantando. Ele resmungou de novo. – Tudo bem, cinco minutos ok?
Melanie e Louise não estavam ali, mas o café da manhã já estava sobre a mesa. Me troquei e abri as cortinas e as portas que levavam para a sacada.
– Owen, vem. – eu disse e tirei o edredom de cima dele, para dobrar. Finalmente ele se levantou e foi se trocar.
Tomamos café da manhã juntos, e eu resolvi leva-lo ao jardim para se distrair um pouco.
Owen pegou uma bola e eu o guiei, pelos corredores que eu conhecia tão bem, até o jardim, mas com medo de ser vista por Kriss ou pelos pais de Maxon. Como ele havia pedido, fiquei numa parte mais afastada, perto da área de trabalho dos funcionários. Owen tentava me ensinar a jogar mas eu definitivamente não tinha facilidade com isso. Acho que o barulho da bola batendo contra o chão atraiu um menino, filho de uma funcionária do palácio, que veio brincar com Owen.
Me deitei debaixo de uma árvore, aproveitando a sombra, e observando os dois brincando. Eu podia ver a felicidade de Owen.
Em um momento, a mãe dele até veio conversar comigo. Falamos sobre a seleção e ela ficou feliz por seu filho brincar com Owen, porque poucas crianças moravam com as mães no palácio. Eu prometi traze-lo sempre que pudesse.
Ficamos lá por horas, mas eu já estava cansada, e os meninos também. Resolvi voltar para dentro. Acompanhei o menino (que descobri se chamar Dylan) até o quarto de sua mãe, e depois subi com Owen para o meu andar. Porém, bem perto da minha porta, dei de cara com Kriss.
– America? – ela disse, com a sobrancelha arqueada. – O que faz aqui?