Chiclete escrita por Thalita Moraes


Capítulo 2
Futuro Ex-Namorado


Notas iniciais do capítulo

Como vocês não falaram nada sobre as aspas, a história vai continuar nesse ritmo.



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O baile de formatura do terceiro ano estava chegando. Geralmente, a escola inteira ficava animada com as festas, e não era somente os formandos que iriam para a festa. Nós que estavamos no segundo ano, tinhamos ainda mais essa para festa para curtir e outra para planejar.

Só para você ter uma noção, o ano escolar começou em setembro e termina agora, em junho. Na última semana, é quando os terceiristas resolveram fazer a festa deles, para terminar a escola com um bang.

George me convidou para ir para a festa, embora eu desejava, secretamente, que Juan me convidasse para o baile. Coisa que seria dificil de fazer, sendo que eu era a namorada do George. Depois que eu comecei a sair com ele e andar com ele pela escola, eu conheci, e digo conheci de verdade, quem era Juan. Ele era o melhor amigo do meu namorado, aquele que me ajudava e me consolava quando George me deixava de lado para sair com os amigos dele. Aquele que me ajudava com o dever de matemática. Aquele que segurava a porta para eu entrar primeiro.

Aquele por quem eu estava lentamente me apaixonando.

Não, Sara, você não pode se apaixonar por ele. Eu tentei colocar bom senso na minha cabeça, mas não conseguia. O sorriso dele, o olhar carinhoso...

Eu já estava namorando com George há dois meses já, desde o nosso primeiro encontro. E tenho que ser sincera, eu não gostava muito dele. Não sei porque eu continuei vendo ele, acho que eu não queria ser a v*dia da escola que termina com um para ficar com outro.

Mas no começo, nas duas primeiras semanas, era diferente. George era gentil e legal comigo, e pagava meu milkshake e me levava para dar uma volta no shopping. Mas ele começou a sumir enquanto passeavamos no shopping, até que teve um dia que ele me deixou lá, sentada, com o milkshake dele derretido. Então, eu liguei para o Juan.

Ele chegou quase que imediatamente, me cobriu com o casaco dele para me proteger do frio da noite, e me levou até minha casa. Eu ainda tinha que devolver o casaco dele.

Depois daquele dia, eu pensei em terminar as coisas com George, mas eu fui hipnotizada pelas desculpas dele. Mas eu não estava pensando nele quando eu pensei em voltar a relação, pensei na amizade que eu perderia com Juan caso eu terminasse as coisas com George. Então, eu continuei naquele relacionamento destorcido.

Eu estava com George pelo Juan, e o George... Pra ser sincera, eu não sei porque contínuavamos naquele jogo de gato e rato. Porque toda vez que o George pisava na bola, o Juan estava lá por mim.

Naquele dia específico, eu tinha sido deixada para trás pelo George. Mas daquela vez, eu me recusei a deixar aquilo de lado e eu queria saber para onde ele tinha ido. Eu vi ele entrando em uma loja de roupas femininas e, estranhando, eu segui ele. Foi então, que eu vi ele de mãos dadas com uma das atendentes. Eu mordi meu lábio para evitar de fazer algum som. Talvez ela fosse a irmã dele, ou prima ou alguma pessoa importante para ele.

Então, ele beijou ela.

Tá, talvez ela não fosse uma prima.

Eu considerei minhas opções. Eu nunca fui uma garota de fazer escândalo, prefiro resolver isso entre eu e ele, sozinhos. Então, eu tirei uma foto dos dois para ter provas mais tarde.

Então, eu liguei para o Juan vir me buscar, sabendo que George tinha me deixado ali, de novo. Não precisei nem explicar.

“Ele te deixou de novo?” Ele perguntou, depois de um suspiro. “Onde você está? No lugar de sempre?”

“Sim” Eu respondi, indo em direção ao canto onde eu sentava toda vez. Em frente à fonte no meio do shopping. Eu não queria que o George me visse ali. Não queria causar um escândalo. Então, me passou pela cabeça que talvez ela não sabia que eu existia. Talvez, ela também não sabia que ele estava tendo um caso comigo. Talvez, ela fosse uma vítima, assim como eu.

Já me arrependendo da minha decisão, eu dei meia volta e entrei na loja. Fui imediatamente abordada por uma atendente desesperada para fazer alguma venda.

“Não, eu vim aqui para ver uma pessoa” Eu respondi, tentando ser mais gentil possível.

“Quem seria?” Ela me perguntou, querendo se fazer de útil.

“Eu posso encontrar ela...” Eu tentei, mas a moça na minha frente não queria que eu continuasse. Eu comecei a presumir que ela também estava no time da outra garota e estava tentando salvar a pele dela, então, resolvi contar a verdade. Eu peguei meu celular e mostrei a foto da garota beijando George. “Eu quero encontrar essa garota aqui.”

A moça olhou para o meu celular e pareceu confusa.

“Ele é meu futuro ex-namorado” Eu disse. E então, ela pareceu simpatizar comigo. Nós mulheres, quando somos traídas, adquirimos um certo nível de parceria com outras mulheres que passam pela mesma situação. Então, a moça na minha frente, apenas fez uma careta e disse que me levaria até ela.

Ela estava no canto da loja, num lugar fora do alcance das câmeras e clientes, com George. Eu admito que, por mais que eu não tivesse muitos sentimentos por ele, eu estava brava com ele por ter me enganado. E um pouco irritada comigo mesma por ter caído na dele. E irada por ele ter feito eu perder meu tempo.

Eu fiquei ali, de braços cruzados, quando ele me viu ali. Eu só arqueei a sobrancelha quando George resolveu surtar.

“Sara” Ele disse, com o rosto de quem viu um fantasma. Francamente, eu não sei porque ele estava tão espantado daquele jeito. Para alguém que saía no meio do encontro para namorar outra pessoa no mesmo lugar, ele estava fadado para que eu encontrasse ele e descobrisse o segredinho sujo dele.

“Quem é Sara?” A mulher nos braços dele perguntou. A moça de mais cedo ainda estava ali por perto, apenas esperando o barraco estourar.

“Eu tenho que te fazer a mesma pergunta” Eu disse, ainda com os braços cruzados, me controlando para não esquartejar ele.

“Calma.” George me disse. Eu apenas arqueei as sobrancelhas, mordendo meus lábios, me segurando. Eu queria dar um belo de um tapa na cara dele. “Não é o que você está pensando”.

“Então o que é que está acontecendo?” Eu perguntei, tentando parecer calma, com um sorriso que eu não percebi que eu estava dando.

“Eu... Ela...” George gaguejou.

“Eu sou a namorada dele” A mulher nos braços dele, ou melhor, que estava nos braços dele. Ela se soltou dos braços dele e resolveu cruzar os braços na minha frente. “E você quem é?”

“Eu sou a namorada dele” Eu disse, tentando não mostrar nenhuma emoção. “Quer dizer, ex namorada. O que a gente tinha, George, já era. Acabou.” Eu me virei e assim, dei o fim para todas as vezes que ele me enganara. Todas as vezes que ele mentia para mim na cara lavada. Lembrei de todas as vezes que eu perguntei onde ele estava, me perguntando até onde era verdade. Eu ouvi de longe a mulher olhar para ele e começar a discutir sobre o fato de ele ter outra namorada.

Minta para duas e você terá nenhuma.

E eu voltei para me sentar em frente à fonte, esperando pelo Juan, que chegou em menos de minutos. Eu não sabia se eu chorava ou se eu me sentia aliviada. A verdade é que, por mais que eu ficasse com George pela amizade que eu tinha pelo Juan, eu tinha me machucado, porque eu me deixei acreditar na lábia dele. No jogo dele. Eu me enganei quando ele disse que gostava de mim. Não, eu fui enganada. E era isso o que mais machucava.

Que eu me deixei entrar numa situação dessas.

“Porque está chorando? O que aconteceu?”

Eu nem tinha percebido que eu tinha começado a chorar. Eu rapidamente limpei as lágrimas da bochecha, suspirei, e contei o que descobri.

“George tinha outra. E ele encontrava com ela aqui, nesse shopping toda vez que me trazia aqui” Eu disse, sem querer olhar para o rosto gentil dele. Eu me levantei. “Me leva para casa”

Ele não falou nada, apenas me acompanhou até o carro dele.

“Sara!” George gritou atrás de mim. “Espera, por favor! Deixa eu explicar!”

Eu olhei para trás e vi ele correndo em minha direção. Naquele momento, eu não consegui me segurar. E antes que eu pudesse perceber, eu já estava com a mão ardendo e o rosto dele vermelho, com a marca de meus cinco dedos.

As pessoas começaram a olhar, curiosas para saber o barraco que estava acontecendo. Mas eu nunca fui disso. Não gosto de causar cena. Então, para não piorar a situação, eu virei as costas e fui em direção ao carro do Juan. Eu ouvi George perguntando para Juan de longe.

“Você não vai dizer nada?”

“Você trouxe isso para si mesmo, cara” Ele disse e veio abrir a porta do carro para mim. Juan dirigiu por um tempo e então parou na frente da minha casa, esperando que eu descesse. Eu queria entrar na minha casa, me enfiar debaixo da coberta e chorar até que eu me sentisse melhor. Mas aquilo não me faria me sentir melhor.

“Porque eu deixei isso acontecer?” Eu me perguntei, em voz alta, olhando para meus pés. Eu me senti como uma pessoa desprevenida pega chuva no meio da rua, porque não confiou na previsão do tempo para levar um guarda chuva. Juan colocou a mão dele em cima da minha e olhou fundo em meus olhos.

“Não foi você quem deixou isso acontecer. Isso é culpa dele. Coisa dele”

“Você sabia?” Eu perguntei, olhando fundo nos olhos dele. Juan desviou o olhar. “Você sabia.”

“Desculpa. Foi errado de mim não dizer nada.”

“Desde quando?” Eu perguntei, ignorando as desculpas. Ele lambeu os lábios.

“Antes de vocês começarem a sair.” Ele disse. E eu me senti como uma daquelas garotas. Eu era o caso. A outra. Eu voltei a olhar para os meus pés, sem saber como agir.

“Porque ele fez isso comigo?” Eu perguntei para ele, me lembrando do dia em que George me pediu meu número. Ele tinha dito que era para um amigo, e eu vi Juan olhando em nossa direção, com nem pouco de discrição, esticando o pescoço de longe. De imediato achei que fosse para ele. E eu pensei porque não. Mas quando George me ligou e se encontrou comigo, eu não sei o que me fez continuar com ele. Talvez fosse o carisma. Talvez fosse a maneira como ele tinha de me fazer me sentir especial. Quer dizer, pelas duas semanas que durou a atenção.

“Na verdade, ele tinha realmente pego o seu telefone para mim. Mas eu não tive coragem de aparecer no encontro e... Bom, parecia que vocês dois estavam se dando bem”

Eu olhei para ele, um pouco surpresa. Pelo menos, quanto à isso, eu não estava enganada.

“E eu entendo se você disser não, mas agora, você está sem par para o baile de formatura” Eu levantei uma sobrancelha, sem precisar dizer nada. “Nós poderíamos ir como amigos”.

Eu sorri. Pelo menos eu não ia perder a amizade dele.

“Pode ser. Como amigos.” Eu disse. Ele colocou a mão no bolso, procurando por alguma coisa. E então, me ofereceu um chiclete. Eu aceitei. “Te vejo amanhã”. Eu disse e saí do carro, mascando o chiclete. Eu parei na porta para olhar para trás, ele estava ali, parado, esperando eu entrar dentro de casa. Ele tinha uma maneira de conseguir me fazer me sentir melhor. Eu entrei e fui direto para meu quarto. Demorou um pouco para que eu conseguisse ouvir o barulho do motor do carro dele.

Eu ainda estava me sentindo ruim sobre ter sido enganada pelo George. Mas pelo menos, eu não estava mais chorando. Era hora de pegar um pote de sorvete e assistir filmes de comédia romântica para conseguir superar o resto.


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Notas finais do capítulo

Como vocês veem, esse capítulo foi narrado pela Sara, e não é exatamente linear. O próximo capítulo será narrado por Juan, para seguir o estilo. E, como eu não pretendo fazer uma história muito longa, vai ser narrado somente os pontos mais importantes da história. Como as cenas da propaganda. Mas como vocês podem ver, não está exatamente igual. Eu apenas estou colocando um pouco mais de tempero para ver como fica e estou gostando. E vocês?



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