P.O.V. Calipso

Festus voava sem pressa, estávamos viajando a seis horas, portanto os últimos raios de sol faziam o enorme dragão de metal reluzir dourado. Sorri. Sentia como se o vazio que me acompanhou durante todo o tempo depois de ele ir embora estivesse indo embora e sendo preenchido. Viajamos ao som das aventuras de Leo, contadas pelo protagonista.

Leo virou e ficou de frente para mim. Minha barriga roncou tão alto que ele cutucou-a com o dedo

–Tem um bando de leões famintos aí ou o que?

–Só estou com fome. Você me disse uma vez que tem balas de menta no seu cinto. Estou certa?

Ele colocou a mão em um bolso do cinto e puxou uma caixa pequena com balinhas azuis dentro. Abriu a caixinha e virou um quarto do conteúdo na boca, fazendo uma careta. Fui mais esperta que ele (obviamente), peguei uma e depois comi mais.

As asas de Festus se moviam bem devagar. Leo se levantou lentamente e se apoiou no pescoço de Festus, que não gostou, e quase o derrubou. Então nós ficamos num silêncio confortável durante alguns minutos, só olhando nos olhos um do outro.

Fiquei de pé num pulo, e me desequilibrei, Leo colocou as mãos na minha cintura para me estabilizar. E se sentou, me virando, de modo que sentei entre suas pernas.
Uma de suas mão foi para o meu rosto e a outra para meu quadril, subi minhas mãos para a parte de trás da sua cabeça, nossos narizes se tocavam, seu hálito tinha um cheiro forte porém agradável de menta. Então, ele me beijou... e... e... Deuses! O beijo dele era hesitante e calmo, porém apaixonado. Seus lábios quentes tocavam os meus, lançando ondas de calor e conforto para todo o meu corpo. Afastei ele de mim e dei um meio sorriso, recuperando o fôlego.

–Devo confessar, é difícil odiar uma pessoa como você! Mas vale o esforço.

–Ao que parece, você gosta bastante de me beijar para alguém que me odeia.

Corei, ele sorriu, fazendo com que eu tivesse que fazer um certo esforço para continuar em forma sólida.

–.....idiota.....

–Posso ser idiota, mas tenho uma namorada supergostosa que me ama.- me controlei ao máximo para não ficar mais vermelha.

–Eu não amo você Leo Valdez, também nunca amarei....- o silêncio reinou por algum tempo -Você me chamou de "namorada supergostosa"?

–Huuuumm......... Hãããã......- ele estava corando? -Eu falei isso em voz alta?

–Sim, falou.

–Droga! Pelo visto chamei, você não é minha namorada?

–Oficialmente, não.

–Então.....Quer ser?

–Hmmmmm..............- fiz cara de quem refletia sobre o sentido da vida, olhei para ele e sorri, apertando o abraço -Pode ser...

Ele abriu um sorriso gigante e me beijou de novo; fiquei surpresa por um pequeno instante, quis separá-lo de mim e fazer alguma brincadeirinha, mas, aquilo era tão bom......, senti meus olhos se revirarem e começarem a se fechar contra a minha vontade....

Demorou pouco tempo para ele pedir para aprofundar o beijo, abri levemente minha boca, permitindo que sua língua passasse e travasse uma batalha por espaço contra a minha. Ao contrário do primeiro, esse beijo era apaixonado e levemente feroz; era perfeito. Mas, como sempre acontece algo trágico que impede o casal de se beijar eternamente. O fôlego faltou. Me afastei dele, que ficou meio atordoado.

–Por quanto tempo a gente se beijou?- perguntou, olhei para o céu, a lua já havia subido. Dei de ombros.

Leo olhou nos meus olhos, então abaixou o olhar lentamente até meu quadril, e o subiu de volta, parando nas mangas curtas da minha camiseta. Ele tirou a jaqueta em farrapos e colocou sobre meus ombros. Fiz uma careta.

–Leo, você não vai ficar com frio?

–Relaxa, eu aguento.

Contrariada, vesti a jaqueta, e me aninhei junto ao seu peito.

–Boa noite, flor-do-dia.

Então, ele me abraçou com mais força, olhei para seus braços ao redor de mim e disse, quase num sussurro.

"Eu te odeio."

Ele esboçou um leve sorriso.

"Eu sei, é por isso que eu te amo..."

Sorri, fechei os olhos e tentei sincronizar meus batimentos cardíacos com os dele.