Assim que meu sonho ficou sintonizado, notei duas coisas. Primeira, eu estava sentado no meio do Olimpo, Hefesto olhava orgulhoso para mim, junto de todos os outros Olimpianos. Segunda, eu ainda abraçava Calipso. Senti meu rosto esquentar, e não foi só o rosto, Calipso acordou lentamente e, assim que notou onde estávamos, se afastou apressadamente de mim.

–Filho, você teve sorte! Calipso é uma garota incrível, vocês serão felizes juntos.- o deus fez um aceno de cabeça em direção a ela, que retribuiu, junto de uma pequena mesura.

–Senhores.

–Rosto Peludo e companhia limitada, como vocês me acharam de novo? Vocês vieram dar um aviso de morte ou algo do tipo? Dizer que querem me matar porque eu ressuscitei?

–Que garoto insolente!- a voz de Zeus retumbou na minha caixa torácica -Não, menino. Você veio para dizermos que estamos felizes por Gaia ter sido derrotada. E que queremos recompensá-lo.

Em seu trono, Apolo piscou pra mim, sorriu, e erguem os polegares, num típico sinal de joinha.
Hefesto assumiu a palavra.

–Quero também dizer que salvei o que pude do seu navio, como, o motor, as coisas que estavam nas cabines, as Esferas de Arquimedes, os pergaminhos sobre como construí-las e os controles de navegação. O resto foi destruído. E achei importante guardar isso também.

Ele me entregou dois desenhos, um era feito de giz de cera de uma trirreme grega, e outro a carvão onde uma menina olhava com raiva para mim. Assim que Calipso viu o desenho a carvão, ela pegou da minha mão.

–Leo Valdez,- disse ela - como e por que você tinha um desenho meu no seu quarto?

Afrodite enxugou uma lágrima.

–Owwnnnnnn!!!!!!! Que fofos!

Zeus revirou os olhos.

–Vamos, garoto, chega de perder tempo! Diga logo o que quer!

Olhei para Calipso, e peguei meu desenho de volta, ela fazia um biquinho raivoso, igual ao desenho.

–Zeus, primeiro, eu gostaria de saber se Calipso ainda é imortal, ou ela irá envelhecer como uma semideusa normal.

Zeus coçou a barba bem aparada.

–Ela não é imortal desde que deixou a ilha.

Olhei para minha namorada, cujo os olhos havia se tornado mais brilhante.

–Calipso ficará com meu desejo.

Ela olhou pra mim, incrédula (palavra estranha).

–Leo, não posso aceitar, você morreu por isso!

–Aceite ou eu vou desejar um estoque infinito de balinhas.

–Eu desejo....- ela respirou fundo -Eu desejo........Podemos desejar coisas depois?, não estou muito criativa agora...

–Assim seja.

Pouco antes do sonho se extinguir, ouvi Hefesto e Afrodite gritarem:

–Temos surpresas para vocês!

Ótima surpresa

Acordei com Calipso gritando ao meu lado, estávamos caindo, que novidade. O chão se aproximava depressa, peguei do meu cinto de ferramentas uma esfera de ouro imperial.... Havia um bilhete preso a ela "Leo, peguei seu dragão emprestado para constertá-lo. Ps: Gire para acionar o paraquedas." Olimpianos definitivamente precisam aprender a definir prioridades. Gritei para Calipso se segurar em mim e girei o dispositivo, automaticamente um enorme pano branco se estendeu, diminuindo gradualmente a velocidade da queda.

Caímos no chão com mais suavidade do que se não tivéssemos o dispositivo que Hefesto nos dera.

–Obrigado, pai!- disse, sarcástico, depois notei que Calipso olhava para mim como se eu fosse uma máquina bem lubrificada -O que foi? Hm...gostei- completei quando vi as roupas que usava.

Uma camiseta branca limpa, uma calça jeans nova, tênis pretos, e ao invés de uma JAQUETA militar, eu usava um COLETE militar. Ela também ganhara roupas novas, ela vestia uma camisa xadrez vermelha por cima de uma regata branca, um short jeans rasgado e um AllStar também vermelho. Nos ombros, tinha uma mochila. Ela logo percebeu isso também, porque tirou do ombro e se ajoelhou no chão e começou a tirar as coisas de dentro, tinha duas escovas e uma pasta de dente, um pente, alguns salgadinhos e doces, garrafas de água, mudas de roupa e dinheiro, tanto dólares quanto dracmas. Abrimos outro boso da mochila e achamos um suprimento inesgotável de Fonzies (salgadinhos italianos) e sabonete.

–Obrigado gente!- gritei para o céu.

Calipso começou a dobrar o paraquedas e o guardou na mochila, alegando que talvez precisassemos mais tarde. Enquanto isso, eu contava nosso dinheiro, ao todo 100 dólares e 50 dracmas de ouro.

Comecei a pensar em por que alguns olimpianos eram tão legais enquanto outros são completos bundões...

–Vamos!- chamou Calipso -Temos que resolver o que fazer da vida.

Começamos a caminhar, saindo do parque(?) onde estávamos e percebendo que estávamos no México, droga, até tínhamos dinheiro para passagens de avião -acho- mas não tínhamos identidades nem passaporte.....

–Com fome?- perguntei pra ela, avistando um McDonald's -Provavelmente sim, não comemos nada antes, você tem que provar isso- disse, já puxando-a pelo pulso para dentro do restaurante climatizado.

Foi engraçado voltar a falar em espanhol depois de tanto tempo, as palavras saiam enroladas e carregadas de sotaque, pude ver Calipso reprimir a risada. Mas o atendente consegui me entender. Cinco minutos depois estavamos sentados na mesa, Calipso encarava seu BigMac provavelmente pensando que ele não era igual a foto. Ela abriu bem a boca e tirou uma bela mordida, arregalando os olhos em seguida.

–Essa. É uma das melhores coisas que eu já comi! E eu tenho três mil anos de idade, já comi muita coisa!!!

–Espere até comer o do Burguer King, ou Johnny Rockets. Dão de dez a zero nesse aqui...

O funcionário ao meu lado me olhou de cara feia. Fazer o que, gosto é gosto, cada um tem o seu... Assim que terminamos os hambúrgueres, pedi dois McFlurrys de Oreo, e após um gole Calipso quase desmaiou, falando que aquilo sim superava o BigMac.

–O que fazemos agora?

Uma ideia extremamente clichê e divertida passou pela minha cabeça

–Agora, corazón, nós pegamos um trem.....