Nossa Amável Justiça Vingativa escrita por Fada Dos Tomates


Capítulo 15
Desejos Miseráveis


Notas iniciais do capítulo

Oie, genti!
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Curtam!



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Hikari

Por quê? Por que nunca consigo ficar junto de quem amo?

Kori pulou, em direção à morte iminente no tsunami, um tsunami de desespero e loucura. “Eu te amo” foram suas últimas palavras. Mas de quê isso vale? Se continuarei sozinha, se não sei o que fazer, se posso acabar com morrendo, de quê isso vale?

Todos ficaram pra trás, não sei nem se estão vivos, mas só consigo chorar por Kori enquanto voo sem rumo na destruição, tentando não olhar para as pessoas mortas ou arrasadas na superfície de um mundo lamentável.

Eu amei Kori, por um dia. Num dia, consegui amar tão intensamente. Mas não é o suficiente. Será que amor eterno existe mesmo?

Talvez não neste mundo. Que Kami destruiu.

Tenho vontade de cair na desgraça ao meu redor, desaparecer. Nunca consigo amar alguém, todos que me amam morrem. Sempre. As pessoas morrem ao meu redor e não posso fazer nada.

–Luz... Onde está a luz agora? – debocho engolindo lágrimas.

O que estou fazendo ao voar por aí? Nem tenho pra onde ir. A outra parte da Chave está no meio do oceano. Não posso alcançar nem mesmo à margem do mar.

Minhas costas doem de voar, não estou acostumada a possuir asas, elas são muito úteis, mas cansam.

Preciso ser forte, preciso pensar direito. Minha consciência fracamente avisa que devo fazer algo mesmo que todos tenham se ido, devo vingá-los se não for por mim mesma, não é? Devo pensar nesta humanidade que luta pela vida...

Que humanidade lastimável. Onde está todo mundo? Eles morrerão de qualquer forma...

Estou perdida, estamos perdidos.

–E é assim que você desistirá? – uma voz já familiar me assusta.

Tudo voa ao vento que assovia em meu ouvido. Morte está à espreita na escuridão sob uma montanha de pessoas miseráveis.

–Vai desistir assim tão facilmente? – ouço a voz, mas não vejo sua boca se movendo.

A única coisa que percebo é seu triste olhar da cor do céu, seus olhos são azuis. Nunca tinha percebido, mas ela jamais havia me deixado ver seus olhos.

–As pessoas precisam de motivos pra seguir em frente, se não for seguir por si mesma, siga por Kori. Ele acreditou que você era capaz, você é? – pergunta.

Então, ele...se matou por isso?

Que idiota...aquele idiota...

Cerro os dentes e me viro para a rajada de vento, bato as asas e não olho mais para trás.

O futuro há de ser melhor, vou lutar pra que seja, não devo ser a única pessoa em desespero. Kori acreditou em mim, devo honrar isso.

Aika

–Nii-sama... – abro os olhos respirando com dificuldade.

O frio, o terrível frio me congelando e fazendo meu corpo doer. Fora a água quase afogando o mundo. O que está havendo?

–Ah, finalmente a princesa acordou! – comenta Johann me olhando irritado – Vamos, caminhe por si mesma agora! Estou farto de carregá-la!

Ele me larga no chão e caio na água de fraqueza. Não consigo me levantar e me debato em desespero. Como ele pode ser tão rude? Não vê que estou fraca?

–Ora, que garota miserável! – ele me levanta.

Há algo em minha boca atrapalhando ainda mais a respiração, uma focinheira. Por que estou com uma focinheira?! E correntes...correntes me prendendo.

–Por que... – tento falar, mas minha voz está terrivelmente inaudível e rouca.

–Este é o fim do mundo, estamos procurando os outros – diz Johann sem saber nem do que estou falando – Kori correu para a morte, junto com a namorada. Aoi saiu voando por aí sem dar satisfação, o resto não sei onde estão.

O quê?! Fim do mundo?! Kori morreu?! Do que ele está falando?!

–Que está olhando?! Eu só te salvei porque você é importante pra Kami, e...esqueça o que aconteceu entre nós. Você não é nada pra mim, entendeu? – fala ele friamente – Nada.

Um soco no estômago. É o que suas palavras foram. Uma facada no coração, no fundo da tristeza sombria de meu coração em pedaços.

Raiva, só sinto raiva. Ele é um demônio miserável. Quero...vermelho de novo?

Não aguento mais desejar essa coisa brilhante e sem gosto, essa coisa quente e asquerosa, essa coisa que corre em minhas veias, mas ainda que me faça viva, odeio.

Odeio desejar.

Sora, ele era um herói, ele era puro e bom. Ele não desejava.

E se eu parar de desejar?

A adrenalina toma conta de mim e num instante não sinto mais nada. É minha chance, é minha chance de não sentir mais nada.

Assim ninguém mais odiará, não é? Ninguém mais será triste, ninguém mais se machucará...

Liberto-me de Johann e pego sua espada discretamente. Agora é a hora perfeita.

–Que está fazendo? Sua louca! – exclama ele despreocupado.

–Fim da linha, pra mim.

–Quê?

Acho que ele entendeu. Não há necessidade de eu estar viva, aqui só faço os outros chorarem. Os outros só me odeiam.

Quando estou prestes a arrancar minha própria vida. Ele tenta tomar a espada de minhas mãos. Desvio e ele bufa.

–Não pode me impedir – digo.

–Que seja – suspira – Mas não suje minha espada com seu sangue imundo!

Johann tenta de novo pegar seu pertence, mas eu mesma o machuco com a lâmina.

Ele para e limpa o sangue negro da bochecha.

–Como se atreve? – um breve sorriso e seus olhos brilham.

Os raios sob o mundo em ruínas assustam quem quer que tenha restado na demolição. Johann rapidamente me chuta jogando me para trás e quase me derruba. Bloqueio um golpe seu com a própria espada e acabo sorrindo também.

–Você é interessante – falo ainda com a voz rouca – Seu demônio miserável!

–Você é quem está miserável agora! – retruca.

Johann pula para trás me jogando para o lado ao segurar minha roupa. Desvia de um golpe com a espada e questiona:

–Por que quer morrer?

–Por que eu deveria responder? – retruco tentando feri-lo de novo.

–Morrer por si mesmo é covardia! – comenta.

–Tem razão – concordo correndo – Mas quem disse que eu me importo?

–Você deveria ser mais valente – ele morde meu braço fazendo-me soltar um grito fininho e quase soltar a espada – Não é o que prometeu a Sora?

Arregalo os olhos e acabo caindo no chão com um chute seu. Como esse garoto pode saber sobre Sora? Como?

–Pensei que tivesse mais palavra, Aika – ele me dá uma chave e fico sem poder escapar.

Quase afogada no chão, com o corpo todo dolorido lágrimas correm por minhas bochechas. Lágrimas de arrependimento. É o que prometi, não? Deveria cumprir.

–Pare de se lamentar e sentir pena de si mesma – ordena Johann – Não existe nada mais miserável que tirar a própria vida.

–Por que está fazendo isso? – indago, é meio confuso, disse que eu não era nada pra ele.

Johann retira minha focinheira, me solta e olha para o céu trovejando cada vez mais.

–Venha Kami – berra – Venha se tiver coragem! Você é só uma garotinha sozinha e covarde! Nós estamos prontos!

Apavoro-me com suas palavras insolentes, já não basta o que está havendo. Será que ele quer mais? É louco?

Os raios começam a cair ao nosso redor.

Incendiando as árvores, explodindo os carros que restaram, apavorando quem quer que tenha consciência para temer. Os raios destroem tudo.

–Sua covarde! Eu sabia! É só uma covarde! – continua Johann a gritar.

–Para! – peço – Para com isso! Kami vai ficar com...

Uma mão assustadora me toca, perco a fala, a loucura tomando conta de meu ser. Seja quem for essa pessoa, me deixa maluca, não posso nem pensar direito. Respiro ofegante, e deixo escapar um gemido ao toque sedutor daquele demônio.

Johann ouve e olha para trás, sua expressão de raiva jamais vi antes. Nunca havia visto alguém com tanta raiva.

Fecho os olhos sentindo o toque desejando o que não deveria, miseravelmente.

–O que está fazendo? – pergunta Johann amargamente com um olhar fulminante.

–O que você vai fazer, pirralho? – provoca o audacioso sedutor.

–Solte-a – ordena o menino.

–Por quê? – a voz desafia.

–Porque eu quero – responde – Ela...é minha.

Suas palavras... Como podem significar tanto? Se ele disse que eu não era nada, se ele é só um demônio miserável... Por que começo a chorar?


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Notas finais do capítulo

Awn! Slá, shippo muito!
Na verdade, a Aika não é irmã do Johann, ele tinha uma irmã que morreu. Acontece que ele viu o espírito da irmã na Aika.
Vão dizer que eles não são muito fofos?



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