So Far Away escrita por Taty Delicate


Capítulo 6
Capítulo 6


Notas iniciais do capítulo

Eeeeeeeeei Jude (8)

Ainda lembram dessa fic? Ainda bem que é uma short, hein kkk Não me esqueci de vocês, só ando meio sem tempo para postar. Enfim, o importante é que aqui estou eu com mais um capítulo fresquinho pra vocês. Não estou muito tagarela hoje, então... bem, enjoy it!



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POV Edward

Plans of what our futures hold

Foolish lies of growing old

It seems we're so invincible

The truth is so cold

(Planos do que o nosso futuro nos reserva. Mentiras tolas de "envelhecer". Parecia que éramos tão invencíveis... a verdade é tão fria)

— Amor?

Perguntou Bella, enquanto estava deitada em meu peito. Eu a enlaçava ternamente enquanto ambos estávamos aconchegados em cima de uma coberta, a qual estendemos na nossa clareira.

Uma vez, enquanto procurava fugitivos que haviam corrido para a floresta, eu e meus colegas achamos esse lugar. Achei-a tão linda e tão cara de Bella que na semana seguinte, eu a havia trago para cá. Como não podia deixar de ser, Bella adorou o lugar. Tudo isso havia acontecido antes dela ir fazer faculdade em Hanover e ainda éramos amigos naquela época.

Bella terminou de comer o pedaço de maçã que estava em sua boca, que ela havia pego na cesta de piquenique que trouxemos e continuou:

— Você não acha que já está na hora de termos filhos?

Quase arfei com sua pergunta. A surpresa foi tão grande que fiquei momentaneamente calado. Já estávamos completando dois anos de casados e tudo que me veio à mente foi o dia em que conversei com o médico que atendeu Bella depois de eu tê-la levado ao hospital. Ele havia dito que a região do útero, do colo, da vagina e até da vulva estavam comprometidos pela brutalidade do estupro. Disse também que diversas cirurgias estavam sendo feitas e a maior parte delas eram de reconstrução. Seria quase impossível Bella engravidar, isso se superasse o trauma de ter sido estuprada.

Vendo-a agora, com seus 34 anos de pura beleza e felicidade, eu não conseguia comparar com a Bella que não tomava banho enquanto eu não saísse de casa. Nossa lua de mel foi extremamente difícil, já que com os traumas, Bella era muito sensível e mesmo depois de muito tempo, ainda temia fazer sexo. Tentei ser o mais carinhoso possível, mas ela não pode conter as lágrimas que caíram depois do ato que fizemos. Ela alegara que sentira um pouco de dor mesmo não tendo mais seu hímen e me senti muito culpado, mesmo sabendo que não era por causa da dor que ela chorava. Depois da nossa primeira noite, ficamos duas semanas sem fazer amor até que ela tomou a iniciativa e nos amamos por um curto período de tempo.

Ainda era difícil para ela e mais ainda para mim, que era acordado por seus gritos. Mesmo com todo o amor e carinho que eu dedicava a ela no ato, os pesadelos de Bella haviam voltado e mais uma vez, decidi esperar que ela superasse tudo. Uma noite qualquer, eu a encontrei no sofá chorando silenciosamente. Tentou desconversar, mas consegui convencê-la a me dizer o que estava havendo.

Ela chorava por que se sentia defeituosa. Alegava não ser útil para dar prazer ao próprio marido, que me fazia sofrer mais do que me fazia feliz, que não era capaz de fazer um ato tão simples como sexo com a única pessoa que um dia julgou certo se entregar. Meu coração se apertou no ato, por que minha menina estava sofrendo e eu sabia que não havia muitas coisas que eu pudesse dizer que a fariam se sentir melhor.

Deixei-a chorar e depois fiz um discurso enorme dizendo o quanto eu a amava, o quanto eu a desejava, que eu esperei por ela por muito tempo e que só ela tinha o poder de me satisfazer. Disse que por ter sofrido muitos traumas, era normal sentir dificuldade em fazer sexo, mas que eu era a pessoa que mais a amava no mundo e que eu a ajudaria a superar isso.

Naquela noite, nos amamos no tapete da sala e nunca mais minha boneca teve pesadelos. Ou pelo menos não teve pesadelos até então, dois anos depois de eu ter dito na igreja que eu aceitava ser seu marido.

Eu sabia que a pergunta de Bella quanto a filhos era válida. Já tínhamos dois anos de casados, estávamos mais velhos, tínhamos uma vida estável e Bella admitiu uma vez que sempre quisera ser mãe. Eu daria isso para ela, mas eu temia o que enfrentaríamos no processo. A frase que o médico havia me dito, a maldita frase que dizia que seria quase impossível que Bella engravidasse, perturbava minha mente como poucas coisas o fizeram. Tinha muito medo de perdê-la, de fazê-la sofrer. E se ela morresse no parto? E se não conseguisse engravidar?

Se Bella havia ficado quase depressiva por, no inicio, não conseguir fazer amor comigo, se ela não conseguisse engravidar, minha boneca morreria.

— Edward – chamou minha atenção, tirando-me de meus devaneios. Eu nem havia percebido que ela havia erguido a cabeça de meu peito e só olhei para ela quando sua mão tocou meu rosto delicadamente – Eu sei que será complicado. Sei que fui prejudicada pela tragédia que aconteceu, mas há tratamentos, meu amor. Sei que posso ser capaz de carregar o fruto do nosso amor e seremos ainda mais felizes do que já somos.

— Bella, você não acha que somos felizes o suficiente? Acha que não te completo como deveria?

É claro que meus medos eram infundados, já que o que eu verdadeiramente temia era perdê-la, mas minha Bella me conhecia como ninguém e como renomada psicóloga, ela sabia muito bem que meu problema não era insegurança.

— Edward, você não vai me perder. Muitos anos já se passaram e você sabe que sonho em ser mãe. É claro que você me completa e nunca fui mais feliz em toda a minha vida, mas ambos sabemos que a felicidade só será plena se tivermos um pedaço de nós, uma prova do nosso amor correndo pela casa e nos chamando de pais.

— Podemos adotar, Bella. Sei que há muitos orfanatos em Washington e...

— Edward – disse Bella, colocando o dedo indicador em meus lábios, me interrompendo – Eu quero ser mãe, quero sentir meu bebê crescendo dentro de mim, quero ter os desejos mais loucos e te fazer sair de madrugada com a desculpa de que meu filho não ficaria com cara de alimento, quero chorar de emoção ao ouvir seu coraçãozinho batendo, quero chorar de alegria ao descobrir seu sexo, quero dar nome ao fruto do nosso amor, quero amamentá-lo, quero vê-lo crescer e competirmos para ver se ele fala mamãe ou papai primeiro, quero ser mãe coruja e ver você sendo um pai babão. Eu sei que a idade e meus traumas vão ser um empecilho, mas já estamos no século 21. A tecnologia e a ciência avançaram muito e tenho certeza que tudo dará certo.

Não tinha como não me emocionar com as palavras de minha Bella. Ali ela havia me convencido a correr riscos com ela só para termos a felicidade plena. Continuamos a conversar sobre nosso futuro, que morreríamos velhinhos com nossos filhos correndo atrás de nossos netos no enorme quintal que teríamos. Decidimos nomes, caso fosse menina e caso fosse menino, embora eu desejasse arduamente ter uma menina para chamar de minha princesa. Eu queria ter uma miniatura de minha Bella correndo pela casa, mesmo que eu soubesse que se fosse parecida com a mãe, eu teria muitos problemas com a coisa toda de namorado.

Bella, entretanto, queria um pequeno Edward, de olhos verdes e cabelos acobreados jogando bola dentro de casa e quebrando seus vasos, para ela ralhar com ele e eu o defender. Ficamos tanto tempo ali, fazendo planos sobre o que nosso futuro nos reserva. Mentiras tolas de "envelhecer". Parecia que éramos tão invencíveis...

A verdade é tão fria.

Hoje vejo que eu deveria ter discutido mais, convencido-a a adotar alguma criança, por que pelo menos ela estaria ao meu lado. Talvez convencê-la a usar uma barriga de aluguel, para que ela sentisse pelo menos metade do que queria, enfim, havia varias opções que pelo menos a deixaria viva ao meu lado. Insistir com essa coisa de gravidez foi um erro.

Depois de nossa tarde, fizemos questão de passar o resto da noite trabalhando para que nosso filho viesse. No dia seguinte, eu havia ligado para Rosálie, que ficara exultante em ser a médica que acompanharia nosso caso, já que ela sabia de tudo que havia acontecido e de quebra, ainda era uma das melhores ginecologista e obstetra de Washington.

Foi muito difícil Bella engravidar. Mesmo que trabalhássemos arduamente para isso, a cada mês que Bella fazia o teste de farmácia e dava negativo, era mais choro e sofrimento por parte de ambos. Rosálie continuava a nos instruir, nos indicou tratamentos específicos que deixamos para fazer depois, já que eu havia gasto todas as minhas economias com o casamento e gostava de mimar minha esposa tanto quanto possível.

Depois de um ano inteiro de testes de farmácia dando negativo, Bella decidiu fazer o tratamento que Rosálie indicara. Gastamos muito com isso e tivemos que viajar para Seattle, já que nem Port Angeles e nem Forks tinha estrutura para isso. Alguns meses de tratamento e já dava resultados. Bella engravidou cinco meses depois de termos nos mudado para Seattle.

Ficamos exultantes. Nenhuma palavra poderia exprimir o quão felizes estávamos. Voltamos para Forks, já que o tratamento dera resultados e queríamos que nosso filho nascesse na cidade em que nascemos e fomos criados. Minha família quase enlouqueceu. Todos mimavam Bella a medida do possível para nossa condição financeira, mas todo o amor e carinho lhe eram dedicados. Rosálie fez questão de cuidar muito bem de Bella, já que as duas criaram um laço muito forte desde que a doutora havia se disposto a ajudar com o desejo de ser mãe de minha boneca.

Eram inseparáveis.

Alice, a antiga melhor amiga de Bella, deu muitos pulos de alegria, mas via Skype. Ela tinha uma boutique em Milão e depois de cursar moda por lá, decidiu construir sua vida na Itália após conhecer Jasper Hale, que cursava administração. Alice conseguira criar uma boa vida lá. Tinha dois filhos e era casada, sua boutique era um sucesso e tinha filiais, por isso não pudera voltar e visitar Bella.

Aparentemente, Rosálie e Bella estavam mais inseparáveis do que Bella fora com Alice um dia. Toda semana, Rosálie ligava para Bella para saber como estava e quando não estava exausta pelos plantões, ia aos domingos na casa dos meus pais e passava a tarde conversando e até examinando Bella.

O problema veio quatro meses depois. No meio da noite, Bella acordara gritando e gemendo de dor, o que quase me causou um susto de morte, já que nossa cama estava ensopada de sangue. Bella estava sofrendo um aborto. Corri para o hospital e infelizmente não era plantão de Rosálie. Minha boneca foi recebida pela equipe de emergência e eu andava para lá e para cá, depois de ter ligado desesperado para minha cunhada, que mesmo fazendo apenas duas horas que tinha saído do hospital, voltou correndo.

Aquele foi um dos piores dias da minha vida.

Bella abortara e nem mesmo Rosálie conseguira salvar meu bebe. Minha boneca ficou internada uma semana e sua depressão atingia a todos, principalmente a mim. Eu deveria ter desistido dessa ideia, adotado uma criança ou usado barriga de aluguel, mas Bella negou veemente e não fui homem suficiente para convencê-la. O preço da minha fraqueza foi sua vida.

Toda vez que Bella engravidava, ela sofria um aborto. Rosálie já estava preocupada e já tinha me aconselhado a fazê-la desistir, mas minha mulher era teimosa. Uma vez até tentei fazer greve de sexo, mas algumas semanas depois, minha menina conseguira me seduzir e naquela noite, ela engravidou novamente. Abortou na metade do terceiro mês e eu já não aguentava aquela situação. Toda vez que eu via seu sangue escorrer, meu coração se partia mais e eu não sabia quem estava mais depressivo naquela casa: Eu ou Bella.

Tentamos até fertilização in vitro e essa foi a gravidez que mais durou: cinco meses e meio.

Passamos sete anos nessa agonia e depois de todo esse tempo, eu estava irredutível. Não faria minha Bella sofrer mais. Com 41 anos, Bella já não tinha apenas seus traumas a impedindo. A idade avançada também não ajudava em nada e não havia um médico que conhecia nossa situação que não tenha nos aconselhado a desistir antes que fosse tarde demais.

Deus! Por que eu não os ouvi? Por que fui tão fraco e deixei que minha mulher se autodestruísse dessa maneira?

Mesmo assim, Bella não desistira. Eu não podia obrigá-la a tomar anticoncepcionais, então o jeito foi fazer amor com camisinha. Entretanto, Bella deu um jeito de me enganar e perto de meu aniversario de 49 anos, minha menina me entregara um envelope branco com fita vermelha. Eu estranhei, mas quando abri quase chorei. Eu não sabia se era de raiva, frustração, o sentimento de ter sido enganado, ludibriado, perda, dor ou sofrimento.

Bella estava grávida novamente. Brigamos e esse foi o pior aniversário que passei em minha vida. Até minha família ficou triste com a noticia, pois amava Bella tanto quanto eu e não aguentava mais aquela situação, assim como eu não aguentava mais. Sem apoio, Bella ficara arrasada, mesmo que ela dissera que desta vez tinha um bom pressentimento. Eu, ao contrário, tinha um péssimo pressentimento com essa gravidez, um pressentimento que não senti em nenhuma outra.

Demorou um tempo para eu e minha família aceitar a situação e tudo só se resolveu quando em um domingo, Bella se levantou e anunciou que se dessa vez não desse certo, ela desistiria. Todos ficaram felizes com essa noticia, mas trataram de não demonstrar. Bella estava com os hormônios a flor da pele e ninguém queria desagradá-la.

Vivemos a gravidez como se fosse acabar a qualquer momento. Fizemos tudo que Bella queria e a felicidade só aumentou quando chegou o sexto mês, estagio mais avançado que Bella já havia chegado em todas as suas tentativas de engravidar. Claro que haviam complicações, a gravidez de Bella era de extremo risco pela idade já avançada, pelo trauma que sofreu na adolescência e pelos estragos que os inúmeros abortos haviam feito ao seu útero. A cada vez que sua pressão aumentava e eu tinha que levá-la ao hospital, meu peito se apertava mais.

Quando descobrimos que era uma menina, chorei de emoção como há muito tempo não fazia. Nossa pequena Renesmee viria ao mundo e Rosálie me garantiu que ela estava saudável como um cavalo, embora tivesse que admitir que Bella não estivesse tão bem assim.

Um dia, eu estava sentado no sofá com minha esposa deitada em meu colo quando a sinto estremecer. Um gemido de dor escapou de seus lábios e comecei a me desesperar. Isabella se contorceu e segurou seu ventre como se segurasse sua vida. Seus gemidos iam aumentando até chegarem a gritos e meu desespero foi às alturas, principalmente pelo fato de eu a chamar e ela não me responder. Uma mancha vermelha se espalhou pelo estofado e tudo que eu conseguia pensar era:

Não! De novo, não!

Isabella estava em seu oitavo mês de gravidez e eu estava vendo a maldita mancha de sangue novamente.

Agora eu estava aqui, ouvindo o que eu reconheci como sendo a música So far away, da banda preferida de minha pequena boneca de porcelana. Ela havia trago Renesmee ao mundo e dado sua vida por isso.

Planos do que o nosso futuro nos reserva. Mentiras tolas de "envelhecer". Parecia que éramos tão invencíveis...

A verdade é tão fria.


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Notas finais do capítulo

Bem, essa é minha primeira fic com muito drama, com tempo psicológico, ou seja, de trás para frente, e ainda por cima toda escrita em POV Edward. Espero que estejam gostando.

Comentem e beeeeijos!



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