POV Edward

— Me corrija se eu estiver errado: Não era pra você estar lá a – olhei em meu relógio e continuei – cinco minutos atrás, já que é a sua formatura?

Disse enquanto terminava de tirar a louça do café da manhã. Bella, como sempre, estava atrasada. Era suposto os formandos estarem na escola com pelo menos uma hora de antecedência, para se organizarem e tudo mais.

Cinco meses se passaram desde que Bella havia voltado à escola. Ela estava no segundo ano do ensino médio quando a tragédia aconteceu e estava prestes a entrar no período de férias de verão, por isso ela estava tão atarefada no dia mórbido da morte de seu pai e não pode fazer o jantar. Um ano se passou até que Bella decidisse voltar à casa de seu pai e me contar tudo o que aqueles malditos bandidos fizeram com ela.

No dia seguinte a esse fato, Bella havia me comunicado que iria voltar para escola e eu passei os três meses que antecederam a volta às aulas tentando convencê-la do contrário, mas ela estava irredutível. Alice havia passado as férias de verão inteira estudando com Bella, ensinando-lhe e mostrando-lhe o que os professores tinham passado. Descobri mais tarde que Bella havia ido à escola com Alice e conversado com o diretor, que aceitou que ela voltasse e continuasse junto com sua antiga turma, que já estava no terceiro ano, caso ela conseguisse alcançá-los.

Bella passou um mês inteiro fazendo provas e mais provas, trabalhos e mais trabalhos. No final, Bella conseguiu alcançar sua turma. O diretor, impressionado, deixou-a ficar no terceiro ano e hoje era sua formatura.

O ano que passou pode ser considerado proveitoso. Eu estava a cada dia mais apaixonado por Bella e sabia que no fundo ela estava apaixonada por mim também. Estávamos cada vez mais próximos e qualquer um percebia isso. Bella havia ganhado peso conforme se alimentava melhor e estava mais linda que nunca. Uma vez, sem querer, eu a peguei só de toalha e foi a primeira vez que fiquei excitado por ela. Foi constrangedor, mas no final pensei que naquele momento, meu amor estava completo. Além de sentir carinho, um sentimento de posse e superproteção e amá-la incondicionalmente, eu também começara a desejá-la.

Agora eu não tinha dúvidas que estava mesmo apaixonado por ela.

Com o passar dos meses, me vi obrigado a comprar uma cama de casal para Bella, uma vez que ela assumira que dormia melhor comigo. Eu sabia que era verdade por que eu notava que ela ainda tinha pesadelos quando dormia sozinha. Acabou que dormíamos juntos todos os dias e cada dia que passava, ficava mais difícil esconder minha excitação por ela pela manhã.

Ela também já havia me visto de toalha. Lembro-me como se fosse ontem, já que foi a primeira vez que ela demonstrou sentir desejo por mim também.

Eu estava passando de toalha pelo corredor, indo para meu quarto quando trombo com alguém. Segurei a pessoa instintivamente e senti o cheiro maravilhoso de morangos. Olhei para Bella que estava em meus braços e a peguei me olhando enquanto mordia os lábios e não desviava seus olhos do meu corpo. Ela vestia um babydoll minúsculo e estava sem sutiã, e foi assim que descobri que ela me desejava. Imediatamente seus seios ficaram túmidos e almejei sugá-los naquele momento.

Claro que eu tentava esconder ao máximo o fato de que eu a desejava, já que eu não queria que ela se afastasse de mim. Entretanto, se mostrou ser uma coisa muito difícil. Várias vezes houve momentos em que quase nos beijamos, mas ela sempre se desvencilhava e saia, corada como um tomate, indo em direção ao seu quarto.

No final, eu sabia que era apenas uma questão de tempo até que ela superasse tudo que passou, me desse um voto de confiança e entregasse seu coração a mim. Com todo o amor que sinto por ela, eu esperaria, teria paciência. Quando ela estivesse pronta, eu me declararia e a pediria em namoro. Terminaria de juntar todos os cacos de seu coração partido e seríamos felizes para sempre.

Durante o ano que se passou, Bella ainda estava um pouco hesitante quanto a outras pessoas, mas melhorou consideravelmente depois que começou a ir ao psicólogo que procurei para ela. Eu poderia dizer que Bella estava consideravelmente melhor, quase normal. Digo quase por que ela ainda se recusava a sair com os amigos e fazer coisas de adolescentes normais, como ir ao shopping com a louca da amiga dela, Alice Brandon.

— Era sim, mas esse vestido não quer fechar de jeito nenhum.

Disse Bella, me tirando de meus devaneios. Ela estava deslumbrante. Seu cabelo estava solto, caindo em cachos perfeitos até o meio de suas costas desnudas pelo vestido azul, que por sua vez estava aberto. Ela calçava saltos pretos enormes que a deixavam sexy e seu rosto continha uma maquiagem básica, que a deixou com um ar bem natural. Tive que forçar minha boca a se fechar, por que se eu a deixasse aberta mais um pouco, babaria. Ela estava tão linda que quase a agarrei ali mesmo.

Bella se colocou a minha frente e se virou, com um pedido mudo para que eu fechasse o vestido, logo colocando seu cabelo de lado e revelando seu pescoço. Engoli em seco ao perceber que eu podia ver a beirada de sua calcinha preta de renda e o fecho de seu sutiã, igualmente negro. Sua pele alva estava quase toda a mostra e o vestido modelava perfeitamente seu traseiro empinado. Uma vontade súbita de encoxá-la e abrir seu sutiã, desnudando Bella ali mesmo tomou conta de mim. Respirei fundo e tratei de fechar o maldito vestido que ficava tão bem nela.

Fiz questão de tocá-la enquanto subia o fecho e percebi Bella estremecendo. Quando ela ia se virar, segurei em sua cintura e sussurrei em seu ouvido, dizendo para que ela esperasse. Busquei em cima da mesa um dos presentes de formatura que eu daria a ela. Cheguei bem perto e ouvi Bella suspirando. Coloquei o colar que eu havia comprado para ela, a fim de que ela nunca se esquecesse de mim.

— Oh, Edward, é lindo! Obrigada, obrigada, obrigada.

Disse indo me abraçar. Segurei sua cintura firmemente e diferente de todas as vezes que ela me abraçava, Bella não enlaçou minha cintura. Timidamente, suas mãozinhas subiram pelo meu peito e acabaram envolvendo meu pescoço. Senti todo seu corpo de encontro ao meu e não pude deixar de suspirar. Com todo respeito, Bella estava extremamente gostosa daquele jeito e não ajudava o fato de eu ter visto um pedaço de sua lingerie antes de fechar o vestido. Não deixava muito espaço para a imaginação e isso estava me deixando excitado. Antes que Bella sentisse meu desejo por ela, soltei-me do abraço e perguntei se ela estava pronta. Ela disse que sim e desci para a garagem, já que eu consegui me arrumar a tempo de levá-la.

Chegando lá, dei-lhe a chave de meu volvo para ela, que me olhou curiosa.

— Você me disse que foi aceita na Universidade de Washington, em Seattle e na Universidade de Dartmouth, em Hanover. Você já se decidiu para onde vai?

— Achei que já tinha te dito que quero ir pra Seattle. É mais perto daqui.

Sorri largamente e disse:

— Esse é seu segundo presente de formatura. Quero que fique com meu carro, assim pode vir me ver a hora que quiser, já que são só três horas e meia até aqui.

Bella arregalou os olhos para mim, não acreditando que eu estava lhe dando um carro.

— Edward, eu não posso aceitar. Você só tem esse carro e...

— Bella – disse colocando meu dedo indicador em seus lábios vermelhos pelo batom – Eu posso andar de viatura. Quase não uso o Volvo mesmo. Quero te dar isso, me deixe te dar isso.

— Oh, Edward!

Disse pulando em meus braços. Abracei-a com força e suspirei, sentido seu maravilhoso perfume. Ficamos abraçados por um tempo, mas logo tive que soltá-la, alegando que ela já estava atrasada o suficiente. Bella se desesperou e pediu para que dessa vez eu dirigisse, por que ela estava muito nervosa e teria muito tempo para usar o carro. Sorri para ela e fomos para sua tão esperada formatura.

[...]

— Estou exausta...

Disse Bella, enquanto tirava seus enormes saltos. Não me segurei e olhei para seu lindo traseiro empinado, que estava mais a vista ainda já que ela estava meio abaixada. Logo desviei o olhar e tranquei a porta do apartamento. Quando me virei, quase tomei um susto, uma vez que Bella estava a minha frente. Olhei fundo em suas orbes cor de chocolate derretido e percebi que ela corava.

— Edward, eu sei que já agradeci, mas preciso falar novamente. Esses dois anos foram difíceis, mas tenho certeza que foram bem melhores com você em minha vida. Todos os dias eu agradeço a Deus por você ter me encontrado e não qualquer outro policial. Eu não tenho palavras para expressar a gratidão que sinto por você.

Me aproximei mais a ela e percebi que sua respiração se acelerou. Toquei sua bochecha delicadamente e quando nossos rostos estavam a centímetros de distancia, sussurrei:

— Você só sente gratidão por mim, Bella?

— Edward...

Colei nossos lábios e a principio, não fui retribuído. Logo em seguida, Bella suspirou e rodeou meu pescoço com seus braços, pegando em meus cabelos perto da nuca, me fazendo dar um pequeno gemido. Me aproximei mais de minha boneca de porcelana e enlacei sua cintura, trazendo-a mais para perto de mim. Obviamente minha excitação já estava nas alturas e eu havia me esquecido de afastar meu quadril para não assustar Bella.

Tarde demais.

— Bella!

Gritei quando minha boneca de porcelana descolou nossos lábios e saiu correndo. Não era desse jeito que eu planejava terminar nosso primeiro beijo. Fui atrás dela e a encontrei no quarto, jogando suas roupas de qualquer jeito na mala. Estranhei o fato, já que Bella só iria pra universidade daqui a uma semana, uma vez que já estava tudo resolvido por lá.

— O que está fazendo?

Perguntei confuso com uma pitada de exasperação. Em nenhum momento Bella se dispôs a olhar para mim. Continuou a arrumar suas malas como se eu nem estivesse no quarto. Fui até ela e a segurei pelos ombros, percebendo tarde demais que lágrimas caiam por seus lindos olhos chocolates.

— Bella, pelo amor de Deus! O que está acontecendo?

Ela me olhou como se não me visse e mais lágrimas escorreram por seu lindo rosto em formato de coração.

— Edward, nós... Nós n-não podemos ficar juntos. E-eu não sirvo pra você.

— O que? Do que diabos você está falando, Isabella?

Bella estremeceu ao ouvir minha voz fria e dura dizendo seu nome. Eu sabia que as únicas ocasiões em que a chamava de Isabella era quando a coisa estava mesmo feia.

— E-eu não sou boa o suficiente pra você. Mal consigo encostar em seu membro! Fora que meu corpo é podre e você merece coisa melhor. Algo melhor que uma pobre coitada que foi brutalmente estuprada e quase morta, que mal falava e mal comia, que...

— Isabella, cale a boca.

Ordenei fazendo-a se calar instantaneamente. Eu não queria ser rude com minha boneca, mas depois de ouvir tais baboseiras, eu não podia me controlar. Cheguei mais perto de Bella, peguei em seu queixo e a fiz olhar em meus olhos.

— Isabella, você não é podre. Muito pelo contrário, não há pessoa mais imaculada e pura que você. O fato de você ter sido agredida não influencia em nada, só muda uma coisa: Terei que lutar um pouco mais que o normal para ter sua confiança e isso é tudo.

— Edward...

— Shhh – Coloquei meu dedo indicador calando seus lábios – Eu te amo, Bella. Amo como nunca amei ninguém, amo com todas as minhas forças, com todo meu ser, com todo meu coração. Sou seu desde o momento em que te encontrei e nada pode mudar isso. Não pense que vou desistir de você. Vou lutar por você até meu último sopro de vida, te proteger e cuidar de você, te amar como você merece ser amada, na esperança de um dia ser retribuído.

Bella me abraçou com força e meus braços automaticamente rodearam sua cintura. Senti meu pescoço sendo molhado e sabia que minha boneca ainda chorava. Passei minhas mãos por seus cabelos, acariciando-os na tentativa de confortá-la. Aos poucos Bella foi se acalmando até que em um momento, ela se desvencilhou de mim, secou suas lágrimas e disse firmemente:

— Edward, nós não podemos ficar juntos. Eu não estou pronta para entrar em um relacionamento agora, mas quero que saiba de uma coisa: Eu também te amo – Disse ela colocando uma de suas mãos em meu rosto – Te amo de forma avassaladora. Eu te amo hoje, te amarei amanhã e tenho certeza que continuarei te amando por toda minha vida.

Lágrimas vieram aos meus olhos com sua declaração e tudo que eu podia pensar é o quanto essa mulher estava me transformando em um maricas. Sorri para ela, mais feliz do que já estive em toda minha vida. Bella me amava, me amava tanto quanto eu a amava. Eu mal conseguia segurar a emoção. O que me ajudou a não derramar lágrimas de alegria foi meu cérebro processando o começo de sua declaração. Eu entendia que ela ainda não estava pronta, mas meu coração ainda se despedaçava ao saber que mesmo sendo correspondido, não ficaria com minha boneca de porcelana.

— Eu te esperarei, minha pequena boneca de porcelana. Eu te esperarei a vida inteira se for preciso. Sabe por que? – Bella balançou a cabeça negativamente, com lágrimas começando a cair de seus profundos olhos castanhos novamente – Por que o amor é paciente, o amor é bondoso. Não inveja, não se vangloria, não se orgulha. Não maltrata, não procura seus interesses, não se ira facilmente, não guarda rancor. O amor não se alegra com a injustiça, mas se alegra com a verdade. Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.

Disse enquanto acariciava suas bochechas retirando as lágrimas dali. Lembrei-me que esse era um versículo bíblico que minha mãe lia todos os dias para mim antes que eu dormisse até eu sair de casa. Bella me abraçou fortemente, mas cedo demais se desvencilhou de meu abraço.

— Eu preciso ir.

— Bella – disse a fazendo parar onde estava, uma vez que ela já tinha se virado e ido em direção a suas malas – Achei que você só iria para Seattle amanhã.

Isabella me lançou um olhar culpado, respirou fundo e disse:

— Edward, eu acho melhor nos afastarmos um pouco. Preciso superar, preciso me recuperar... e estar perto de você não vai me ajudar muito.

Minha expressão mudou de curiosa para surpresa em instantes. Arregalei os olhos não acreditando no que estava ouvindo.

— Bella, você...

— Não, Edward – me interrompeu erguendo uma mão em um claro sinal de pare – Já me decidi. Vou fazer psicologia em Dartmouth e ficar um tempo longe. Será melhor para nós dois. Posso usar o dinheiro da venda da casa de meu pai até conseguir um emprego. Vou conseguir me virar sozinha. Entretanto, como decidi agora, precisarei deixar tudo pronto lá, por isso quero ir hoje.

— Pelo amor de Deus, Isabella! Você não precisa ir pra Dartmouth por causa de um beijo e uma declaração de amor. Já estava tudo pronto para você ir para Seattle. Se não quiser, não precisar vir aqui.

Implorei sem saber o que fazer. Claro que omiti o fato de que se ela não viesse me visitar, eu iria até ela, mas estava na cara que ela sabia bem de minhas intenções, já que ergueu a sobrancelha em sinal de incredulidade.

— Edward, eu já me decidi. Você pode me levar ao aeroporto?

— Bella, Alice vai te matar por não se despedir dela.

Por um momento, pensei ter convencido minha teimosa boneca a ficar, mas logo sua expressão mudou e eu sabia que ela seria irredutível quanto a isso. Suspirei derrotado e assenti, saindo de seu quarto logo em seguida. Eu não queria vê-la partir, mas não teria escolha.

Só esperava que ela voltasse um dia.