O Ritual escrita por Elliot White
Notas iniciais do capítulo
Bom, eu andei pensando, Becky é uma garota e nunca menstruou na história ainda, então esse é o motivo do título do capítulo, leiam
Hoje não é um bom dia.
Entrei no banheiro, fechando a porta tentando não fazer barulho e me concentrar em observar o cômodo até que pudesse confirmar que não houvesse ninguém. Nem um daqueles monstros, demônios ou o que fosse. Logo me tranquei em um dos reservados, sentando na latrina e abrindo o zíper da mochila, depois de verificar que eu estava a sós.
Mexi até achar o absorvente e usá-lo. É, foi um péssimo momento para ficar menstruada, em meio ao pandemônio que está lá fora. Mas pelo menos eu sei que não estou grávida. E como poderia estar, se ainda sou virgem?
- Está tudo bem? – Wendy perguntou, do lado de fora ao me ver saindo. “Não”, pensei, eu estava de TPM e comigo funcionava assim: a TPM durava antes, durante e depois da menstruação. Por isso, hoje não é um bom dia.
- Claro. – Respondi. – Vamos. – Pensei em o quanto seria difícil fugir sem rumo em busca de vingança com esses poucos pertences, eu já gastei um absorvente, onde eu iria conseguir mais?
Tentei não pensar mais nisso e sair o mais rápido de lá. Só que alguém nos esperava não muito longe: um dos capangas integrantes da seita, o garoto negro, alto e forte. Estava com o mesmo manto e capuz pretos do ritual, e nos olhava fulminantemente.
- Ora, ora, o que temos aqui? – Provocou, em sua voz grave; troquei um olhar rápido com Wendy, precisávamos agir rápido, não havia tempo.
O moreno se adiantou, dando um passo à frente, segurando a minha mão, mas eu permaneci imóvel de onde estava. O bruxo já o barrava de imediato:
- Onde pensa que vai, pequeno íncubo? Foi por sua culpa que perdemos Adão e Chris, porque você não quis seguir o mesmo caminho que sua irmã. – O mesmo proferiu em tom de zombaria, irritando o moreno e tocando em sua ferida. O troglodita provavelmente esqueceu de citar de propósito que Nestor havia nos ajudado, afinal ele não iria admitir um erro de seu próprio grupo.
Wendy não quis prolongar a briga, atingiu em cheio um soco no estômago do maior, que soltou um urro de dor em seguida; o golpe foi bom, porém não iria nos livrar dele tão fácil, ele era maior que nós dois, talvez até juntos, mas éramos dois contra um, e eu não iria perder.
O íncubo foi agarrado pela gola da jaqueta laranja que usava e erguido até dois pés do chão, ou mais, esperneando-se e gemendo tentando se soltar; à nossa volta os alunos seguiam correndo e fazendo barulho sem parecer se importar.
- Solta ele! – Gritei, chamando a sua atenção, e recebendo um olhar assassino sobre mim, porém ele não iria me obedecer, então precisei agir: me concentrei deixando a energia canalizar e fluir sobre meu corpo até expulsá-la em forma de magia – uma rajada de partículas de pólvora lançadas em força máxima contra o bruxo, o jogando alguns metros longe, e por azar, Wendy também, se soltando das garras dele e levando um tombo no chão.
Corri até eles, ouvindo seus lamentos de dor e vendo o moreno se levantar e levar seu punho até o oponente, o enchendo de socos no rosto, mas parece que ele era bem resistente a isso, um perfeito sacripantas pra lá de feio. O garoto não demorou muito a revidar, se jogando com tudo em cima do íncubo e o derrubando novamente, e se eu não fizesse nada ele iria dar uma surra no cara que eu amo.
- Não! – Berrei, surgindo entre os dois e me pondo na frente do negro, que me encarou do pior jeito possível e já se preparava para a próxima, mas eu fui mais rápida: acertei em cheio suas partes íntimas com um chute forte, eu estava usando botas de inverno bem pesadas. O maior rugiu de dor e caiu devagar e molengo no chão. Se corrêssemos agora não teríamos problema.
- Vamos! – Avisei Wendy, o ajudando a se levantar, no entanto ele relutou. O membro da seita continuava abatido e imóvel.
- Espera – o moreno se dirigiu até o inimigo no chão, me deixando confusa. O que ele queria? – Acha que ele veste o mesmo número que eu?
*
Mais tarde, já estávamos dentro do prédio de onde aquele clarão forte saíra, passamos por muitos “espectros”, como resolvemos chamar os bichos humanoides que patrulhavam o lado de fora, e muitos alunos em pânico, além de vários corredores parecidos do lado de dentro e escuros, até encontrarmos um lugar onde a seita estava, confirmando que aquilo foi obra deles. Nos escondemos enquanto os observamos.
A sala era ampla, e decorada com um estilo bem sofisticado, no centro estava Samael, com os mesmos trajes sociais e finas de sempre, em nada lembrava o homem que a seita fizera de refém, que agora eu sabia que era o meu tio. Ao seu lado estava Nestor, amarrado com cordas em um banco comprido, o lugar lembra um auditório, e suas mãos estavam atadas e sua boca tampada. Em seu rosto, sofrimento estampado, e aparência de ter apanhado muito. Logo mais alguém se juntou a eles, para meu espanto, Shalia, com os cabelos presos como eu nunca vira, o que disfarçava um pouco o volume. Suas roupas não eram as costumeiras, eram escuras e sombrias. Então, ela não estava morta. Parece que nem tudo naquela visão foi verdadeiro.
- E agora? – Wendy sussurrou, ao meu lado.
- Eu não sei. Meu pai não está aqui, mas Nestor corre perigo. – Expliquei, em voz baixa.
- Olha não é bom ficarmos aqui. Não podemos salvar todo mundo e sinceramente, seu pai é o diretor do colégio, é um bruxo e acho que ele sabe se virar sozinho. – o moreno seguiu murmurando, ele tinha razão, porém eu não tinha mais certeza se fugir e ignorar isso tudo seria a coisa certa a fazer. [...]
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A tentativa foi deixar um pouco cômico, até a próxima!