O Ritual escrita por Elliot White


Capítulo 29
Final - Parte I


Notas iniciais do capítulo

Hoje tem capítulo novo! É o capítulo final, que eu dividi em duas partes pq né, se repararem essa já está bem grandinha. Não abandonei a história não u-u



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— Nós vamos fugir, como você disse, e iremos em busca de vingança. Não importa para onde. Nem que isto seja a última coisa que façamos. – Wendy falou, me olhando nos olhos, estava escuro, mas eu podia ver seus pupilos, um acinzentado e outro verde. Não parecia ele falando, será que mudou de ideia assim tão rápido? Pensar em passar dias isolada com ele me assombrava, mesmo sabendo que era com ele que eu desejava estar. Estaria longe de tudo e de todos, e além disso o moreno é um íncubo, o que significa que o meu desejo por ele sempre estaria intenso, era essa a sua magia. No entanto, nossa relação ainda estaria um pouco fragilizada pela morte de Olga e continuará assim por um bom tempo.

            - Se isso acontecer, quero que saiba que eu te amo. – Falei, desta vez tocando em sua face, estava quente.

            - Eu também te amo. – Seu rosto já estava próximo do meu, porém agora seus lábios se grudaram nos meus, eram macios e com o beijo senti um sabor ao mesmo tempo doce e salgado. Fechei os olhos, tentando não estragar o momento, que durou pouco.

            Notei uma presença conosco; o cômodo era amplo, e a seita estava longe, mas qualquer barulho seria escutado. Assim que o beijo acabou, abri os olhos e o enxerguei, era um deles, seu rosto era uma caveira humana envolta em uma aura fantasmagórica assim como todo o seu corpo. Vendo minha expressão, Wendy se virou e o encarou, assustado. Sem poder pensar antes de agir, a criatura o agarra pelo pescoço e o ergue no ar, com sua mão esquelética, os braços pareciam humanos e o peito masculino, porém era um monstro.

            - Cuidado! – Exclamei, tentando não elevar a voz.

            O íncubo se esperneava tentando se soltar enquanto gemia de dor, e embora eu economizasse ruídos vendo a cena, logo eles perceberiam que não estavam a sós no prédio. Logo tomei uma atitude gerando a pólvora mágica entre o punho do espectro; precisei de mais esforço afinal não estava exatamente próximo a mim, e então aumentar a pressão das partículas para lhe causar dor e o forçar a soltá-lo.

            Não foi fácil, e eu fiquei cansada no final, mas o moreno enfim ficou livre, soltando um grito de lamento, caindo no chão e causando um estrondo (agora a seita saberia que estávamos aqui). O monstro nada sentiu, apenas permaneceu imóvel. Era impossível saber o que pretendia. Enquanto fui até Wendy ver como ele estava, respirando com dificuldade, fui agarrada por trás por seus dois braços fortes, sentindo imediatamente um frio congelante e algo intimidador que nunca sentira antes.

            O ser fantasmático seguiu a me elevar no ar, como fizera com o íncubo, eu não conseguia me mover nem pensar, lamentava e nada mudava, estava presa. Foi então que algo inesperado aconteceu: não foi por intenção minha, mas eu me libertei das garras do espectro, talvez fossem meus novos poderes agindo por si próprios, e como Samael disse, “eu nunca estaria desprotegida”. Então eu vi o monstro pelas costas, era transparente e sua coluna vertebral estava toda visível, da cintura para baixo existia apenas uma sombra tremulante, não havia pernas. Durou apenas alguns segundos, porém eu senti que estava imaterial, como ele e então voltei, como se estivesse em um tele transporte, por trás do inimigo, e o agarrei pelo ombro e pescoço com firmeza. Urrei enquanto lutava e tentava derrota-lo, mas parecia que ainda faltava muito para que isso acontecesse.

            O adversário se remexeu tentando se livrar de mim e sua voz demoníaca proferia palavras que eu não entendia. Ele só parou quando surgiu em sua frente o seu mestre, em roupas despojadas e cabelo sem imperfeições, Samael o olhou fulminante.

            - Ora, ora, quem é que resolveu retornar. – Sua voz grave anunciou, nos observando com seus olhos azuis. – Traga-os. – Ordenou ao espectro, que estava estático comigo o agarrando, que ao receber a ordem se dirigiu até Wendy e o puxou pelo capuz, ele estava vestindo o manto preto e as calças e blusões do membro da seita, que ficara apenas de cueca onde nós o deixamos.

            Eu estava imóvel sendo carregada de garupa pelo monstro, como se fosse uma brincadeira, e o moreno era arrastado pelo chão até onde parecia ser o salão do auditório, em frente aonde se encontravam diversos bancos vazios. O homem alto se juntou à Shalia e a Nestor, amarrado em um canto e vendado. Enfim, o fantasmático nos deixou, de um jeito nada delicado.

            - Foi você o responsável por isso? – Perguntei.

            - Eu te avisei que as coisas iriam ficar...sombrias. – O demônio respondeu, lentamente.

            - Onde está o meu pai? – Questionei, em tom alto.

            - Eu não sei. Olha, nós dois dividimos o mesmo útero, mas não nascemos grudados. – Samael respondeu, em tom de ironia.

            - O que fez com minha prima? E a mulher de Dante?! – Desta vez gritei, cansada de não receber respostas.

            - Isso virou uma entrevista agora? Por acaso acha que eu tenho cara de Google? -  O mesmo continuou com seu sarcasmo, e isso estava me irritando. Esse desgraçado me devia ao menos uma explicação depois de levar Olga para poder renascer.

            - Me diga Becky, andou pensando na minha proposta? Sobre nós dois, trabalhando juntos? – O meu tio prosseguiu com seu tom malicioso.

            - O que te fazer pensar que eu aceitaria isso, depois de tudo? Depois do que você fez com Olga? – Neguei o seu convite, mais uma vez, minha resposta era definitiva.

            - Você fala como se não tivesse nenhum dedo nesta história, bruxa. – O loiro abriu um sorriso branco, como a sua pele, e continuou – Shalia, traga-as para mim.

            A antiga líder da seita, que agora deveria ter sido rebaixada, estava quieta em um canto, e ao receber a ordem se ausentou, eu não podia imaginar o que ela iria trazer. Antes que pudesse refletir sobre isso, Wendy falou, em sua voz masculina:

            - Será que alguém pode me explicar o que está acontecendo aqui? – Perguntou, chamando a atenção do demônio. Até então ele ainda estava jogado no chão onde o espectro, que estava em silêncio ao meu lado o deixara.

            - Você deve ser o íncubo que deveria ter sacrificado. Teve a sorte de ser poupado – Samael então o olhou com uma cara de chacota – Sua irmã não teve a mesma sorte. – Provocou, em sua voz grave, e atingiu o moreno, que se levantou sem pensar, movido pela raiva. O parei, segurando em seu braço antes que fizesse algo leviano. – Um súcubo e um íncubo deveriam ser sacrificados para então Baphomet, meu irmão ressurgir. Isso não iria acontecer, afinal aquele demônio está preso, e fraco. Isolado no inferno. Mas olhem pelo lado bom, agora eu surgi. Já estava entediado no submundo e alguém precisava dar um fim naquele ritual.

            Assim que ele terminou, Shalia retornou, trajando vestes sombrias, e voltou com duas pessoas também vestidas de preto: uma jovem, loira e aparentando ter a minha idade. Quando a conheci, minha prima Sunori tinha mechas pintadas de azul nas pontas do longo cabelo, mas agora estavam na mesma cor das roupas; negro. A outra era a mãe dela, mais velha, madeixas curtas, lisas e castanhas. As vestimentas no mesmo tom. Seus olhares pareciam vidrados, a aparência entregava que as duas estavam fora de si.

            - O quê...? – Iniciei a frase, que não pude terminar, sendo interrompida pelo irmão de Baphomet:

            - Como vê, Srta. Kimonno, eu estou disposto a fazer tudo para tê-la do meu lado. Esta é a sua família e está sob o meu controle. Não imagina do que mais eu seria capaz. – As duas permaneceram silenciosas atrás dele enquanto o loiro explicava.

            O deixei sem resposta, enquanto usava uma magia a longa distância até as amarras em volta do punho de Nestor, se ele seria o único que eu poderia salvar, que seja. Eu vou ir embora daqui. Precisei me concentrar muito para fazer a mágica dar certo, sem poder olhar para o bruxo, o único da seita que já me salvou, que já se importou comigo. Se eu fizesse isso entregaria o jogo. As moléculas de pólvora fizeram o seu trabalho, logo o prisioneiro estava livre, porém ele pendeu para o lado e caiu, se jogando no chão. De alguma forma o seu corpo estava mole como se estivesse desmaiado, talvez de tanta tortura que sofreu.

            Que se dane! Se Nestor é um traidor, é por minha causa. Fui até ele, arrancando a venda que estava em sua boca, o ajudando a se levantar. Sua aparência era debilitada, parecia ter apanhado muito. Os óculos estavam quebrados e ainda se mantinham em seu rosto. Fui rápida, mas todos já estavam de olhos bem atentos a mim.

            Samael então se pôs a gargalhar insanamente enquanto nos encarava. Olhei para Wendy, que estava de pé, mas cercado pelo espectro. Se quiséssemos fugir, teria que ser agora.

            - Vamos! Agora! – Exclamei.


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Notas finais do capítulo

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