O Ritual escrita por Elliot White


Capítulo 26
Especial


Notas iniciais do capítulo

Boa noite, hoje tem capítulo novo sim! Boa leitura.



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Voltei para o meu dormitório, por sorte a porta estava aberta e se eu estiver certa Wendy estaria me esperando. Não me enganei, o moreno estava sentado da beirada de minha cama observando a vista pela janela, enquanto abraçava sua própria perna. Fechei a porta anunciando que havia chegado:

            - Oi.

            - Ah, Becky, até que enfim, quero te mostrar uma coisa! – O mesmo se levantou ao me ouvir chamar, um sorriso estampava seu rosto e me admirei vendo que ele usava um casaco verde e uma calça da mesma cor, sendo que as roupas que eu havia lhe dado não eram estas, eu nem ao menos tinha estas roupas.

            - Espera, o que está vestindo? – Perguntei.

            - Como assim? As mesmas roupas de sempre. – O íncubo respondeu, e agora eu notei que tinha uma alça em volta do seu peito, que mantinha uma espécie de bolsa em suas costas, que mais tarde notei que várias flechas (essas de atirar com um arco mesmo) dentro. Desde quando ele era um arqueiro?

            - É claro, Arqueiro Verde. O que quer me mostrar? – Ironizei.

            - Sou eu – Uma voz infantil surgiu no quarto, e não sei de onde, mas lá estava ela, sorrindo e se movimentando em uma cadeira de rodas novamente – Olga!

            - Ah minha nossa, é você mesmo! – Exclamei, chegando mais perto da pequena, sem poder impedir que algumas lágrimas se derramassem, sorri de orelha a orelha a vendo ali na minha frente, viva e falando, seus longos cabelos ruivos radiantes, porém sua roupa era uma fantasia estranha, um tipo de chapéu com chifres cobria sua cabeça; e suas roupas aparentavam ser de couro e costuradas à mão, seus pés calçavam um par de botas muito fofo revestido de lã.

            - É muito bom vê-la de novo, loirinha.

            - Que fantasia é essa? Isso é alguma brincadeira? – Enquanto falei um animal entrou pela porta, que eu não lembrava de ter deixado aberta, era um cervo baixo, provavelmente um filhote, de pelagem branca que eu reconheci na hora: o mesmo que a seita cortara em um dos meus testes de iniciação e que eu salvei, mas a cicatriz do corte não estava mais em seu pescoço, e na sua testa brotava um estranho chifre pontudo que não combinava nem um pouco, aliás cervos não tem chifres, apenas galhada, porém ele ainda é muito jovem para ter uma. Ao entrar no dormitório o mesmo foi até Olga e gritou:

            - Bééé! – OK, isso está ficando estranho mesmo, eu simplesmente não sei o que está acontecendo aqui.

            - Olá, Uni. – a pequena súcuba acariciou o bicho.

            - Uni?

            - É, o nome dela, Becky, e essa sua roupa está muito engraçada em você. – A garotinha riu e eu ergui meus braços, estavam cobertos por longas mangas verde e o meu vestido ia até o chão, arrastando sendo apenas contido por um cinto; apalpei minha cabeça e percebi um chapéu de pano pontudo da mesma cor, enquanto que um par de óculos de grau caía no solo. Desde quando eu usava óculos?

            - Que porra é essa? – Perguntei, mas antes de ter uma resposta, uma voz gritou:

            - Crianças, venham aqui! – A voz era masculina e familiar para mim, logo Wendy girou a maçaneta e abriu a porta, ainda trajado naquela fantasia esquisita, e lá fora estava um senhor muito baixinho, em uma estranha veste de gala vermelho-sangue, seus cabelos loiros muito claros desciam até seus pés, que não ficavam muito distantes da sua cabeça, mas sua cabeça era um pouco calva em cima. Seu rosto lembrava muito o do meu pai, por mais bizarro que parecesse. Sua voz soava a mesma.

            - Eu descobri um jeito de vocês voltarem para casa, mas primeiro terão que fazer uma coisa. – Ele continuou sendo interrompido imediatamente por outra pessoa:

            - Cale a boca, velho! – A voz era igualmente grave e masculina, porém bem mais monstruosa, assim como sua aparência: um vestido escarlate muito parecido com o do velhote, porém o sujeito era bem mais alto, bem mais que eu e Wendy. Na cabeça, um par de um único chifre vermelho decorava o ser, do lado esquerdo, que possuía cabelos longos e platinados como o de meu pai, e seu rosto também era similar, mas eu sabia a diferença entre os dois, o grandão estava mais para Dante, e o pequeno lembrava mais papai mesmo. Seus dentes eram pontudos e feios, a pele pálida e duas asas de morcego gigantescas pairavam em suas costas, muito parecidas com as asas de íncubo de Wendy.

            - Ah não, é o vingador, Becky! Faça alguma coisa! – Olga berrou.

            - Vingador? E fazer o quê? O que eu poderia fazer? – Questionei, enquanto a via do lado de fora do quarto, de cadeira de rodas, o cervo Uni ao lado dela, e Wendy pelo cenário nevado de inverno.

            - Pegue alguma coisa no seu chapéu! – Ela gritou em sua voz de criança, e eu fiz o que ela pediu, sem entender muito bem, fucei no chapéu, mas não tinha nada lá dentro. Antes que eu pudesse avisá-la uma nova voz soltou uma ofensa a mim:

            - Sua inútil! – A voz era feminina e muito familiar a mim, e veio de perto do Vingador, ou de Samael, porém eu não via nada próximo a ele. Sem parar de fuçar no chapéu, logo achei algo rígido e tirei, notando que eram os “meus” óculos.

            Os coloquei, estranhamente grandes para meu rosto, era uns óculos estilo ‘fundo de garrafa’, e com eles pude vê-la: uma espécie de sombra que se movia e flutuava no ar, um par de asas adornava suas costas da mesma forma que o gêmeo de meu pai, como se precisasse já que se tratava de um fantasma.

            - Quem você chamou de inútil, criatura? – Provoquei.

            - O mestre irá acabar com você, amadora! – Ao dizer esta frase, pude perceber que era a mesma voz de Shalia, aquela mesma voz irritante que eu aprendi a odiar.

            - Isso é um jogo comigo, garota? – Questionei, mas antes que pudesse ter uma resposta, mas alguém surgiu, como se não fosse o bastante.

            - Ninguém vai acabar com ninguém aqui! – Uma nova voz, já conhecida, pronunciou, e de onde ela veio foi o lugar mais grotesco possível, um corpo enorme de dragão com cinco cabeças na ponta de cinco longos pescoços, um de cada cor que eu não consegui identificar, acho que além de míope eu estava ficando daltônica! Quem falou estava na esquerda, e a cabeça pertencia à Adão, o capanga moreno e forte da seita, como estaria se estivesse vivo e fosse um bruxo normal. – Eu é que vou! Ou melhor, nós! – Outra voz soou, também memorizada, a de Chris, a garota da seita também, falando do outro canto do monstro, da direita, com sua cabeça humana e um par de óculos sobre os olhos. – Por favor, não os machuque – Mais uma voz se mostrou, masculina e pertencente à Nestor, o único membro bom da equipe, vindo de sua cabeça humana ao lado da de Chris, e também de óculos, no centro estava o negro, o outro capanga do grupo, uma língua fina, comprida e nojenta caindo de sua boca; ao lado dele a última cabeça humana pertencia à Baphomet, espera aí, não era humana, era aquela cabeça de bode que eu via nos sonhos – ou melhor, pesadelos – e que me assombrava até hoje, daquele demônio chifrudo que abriu sua bocarra e uma rajada de fogo emergiu dela, atingindo Dante/Samael que tentou lutar e se defender, com a Shalia tentando ajudar ao seu lado, o que obviamente não deu certo já que ela era uma sombra apenas.

O Vingador usou suas asas como escudo contra as chamas, sem muito sucesso, e em seguida recebeu duas flechas sendo cravadas nos membros, que eu logo identifiquei – vieram de Wendy, ele era bom como arqueiro. Logo ele seria derrotado, mas isso fica para a próxima.


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Notas finais do capítulo

Primeiro de abril! Haha xD esse capítulo deve ter feito muitos leitores se perguntarem 'WTF?' pois é, era esse o objetivo. E quem identificou a referência? No que a história foi baseada? Quem era dessa época irá se lembrar, provavelmente. No próximo as coisas voltam ao normal, ou não. Abraços!