O Ritual escrita por Elliot White


Capítulo 24
Família reunida


Notas iniciais do capítulo

Ontem não deu pra postar, mas hoje está aí, boa leitura!



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— Muito obrigado por terem vindo! – Saudou uma voz grave, vinda do meu pai. À sua frente, estavam uma garota com praticamente a minha idade, também era loira e de longos cabelos lisos, nas pontas as mechas estavam coloridas de azul. Ao seu lado, sentada onde parecia ser a recepção, se encontrava uma mulher mais velha, morena de madeixas igualmente lisas, mas bem curtas; pareciam ser mãe e filha. – Becky, estas são Stefani e Sunori, sua tia e sua prima. – Ele continuou olhando para mim, que estava do seu lado, me introduzindo às duas, que se levantaram na mesma hora.

            Fiquei por um segundo tentando me lembrar de quem eram, eu já havia ouvido falar em Sunori Kimonno, uma aluna que tinha se metido em um escândalo na escola. Sabia que era minha prima, porém nunca de fato a conhecera, e para ser sincera nem pretendia. A mulher que supostamente se tratava de minha tia, parecia gentil como toda mãe, mas eu não lembro de um dia tê-la visto antes.

            - Muito prazer – respondi, estendendo a mão para cumprimenta-las; tentando não demorar muito tempo pensando. Forcei um sorriso enquanto meu pai abria a porta da diretoria do colégio, seu local de trabalho. Suspirei de alívio por não ter que iniciar um diálogo com as duas.

            - Entrem, por favor – papai pediu, então todos nos dirigimos ao escritório, bem decorado e sofisticado; ao entrar alguém estava sentando em uma das poltronas em frente a grande mesa onde “Diretor Darwin” estava escrito. Assim que notou nossa presença, o sujeito se levantou e se virou em nossa direção.

            Minha garganta ficou seca. Era o mesmo homem que fora feito de refém pela seita, os mesmos longos cabelos platinados e lisos, o mesmo par de olhos azul-acinzentados, o rosto branco e um sorriso falso. Samael, o nome do demônio que veio me visitar em um sonho surgiu em minha mente.

            - Oh, meu amor, é você mesmo! – A mulher morena, Stefani, se apressou até o homem alto e o abraçou com força, emocionada. As cenas a seguir foram muito melosas, o loiro abraçou as duas, a mãe chorou, e a loira conversou por um bom tempo com ele, parecia que se tratava da primeira vez que se viam. Eu apenas observava séria de longe, tentando entender aonde aquele teatro iria chegar.

            Um sorriso alegre não saiu do rosto de meu pai nem por um segundo sequer, parecia que ele estava realmente satisfeito em reuni-los novamente, afinal o irmão dele retornara de uma longa viagem. E só agora vendo os dois lado a lado é que eu percebo como os dois são parecidos, os mesmos longos cabelos claros, a mesma altura, o mesmo rosto, enfim gêmeos perfeitos.

            Depois do que durou uma eternidade, de abraços dos irmãos matando as saudades e de um beijo entre o meu tio e sua mulher, as duas finalmente resolveram se ausentar por pelo menos um tempo, deixando apenas eu, meu pai e seu irmão no cômodo.

            - Então, essa é minha sobrinha – o homem olhou em meus olhos com um sorriso irônico no rosto, estendendo os braços em minha direção – Venha – prosseguiu, pedindo por um abraço, e com meu pai assistindo eu não poderia negar, então me aproximei e ele envolveu seus braços em mim, apertado. – Está muito bonita. Mas não mais que minha filha.

            O mesmo soltou uma gargalhada sarcástica e papai o acompanhou, até eu finalmente tomar uma atitude:

            - Pai, pode por favor nos deixar a sós por um momento? Tem uma coisa que eu gostaria de conversar com o meu tio. – Pedi, e depois de alguns segundos relutando, o bruxo finalmente entendeu e saiu.

            - Tudo bem, eu posso apresentar a Academia à minha cunhada e sobrinha. Já volto.

            Assim que ficamos sozinhos, me afastei do sujeito e respirei fundo, fazendo máximo que podia para processar o que acabara de acontecer e dialogar com o sujeito.

            - O que está fazendo? – Questionei.

            - Como assim, sobrinha? – Ele respondeu, em um tom de voz mais provocativo.

            - Eu não sou sua sobrinha! Você é Samael, um demônio e eu não sou nada sua! – Gritei, sem me importar se ouviriam, já farta dos joguinhos dele.

            - É melhor falar baixo, Becky. E agora eu me chamo Dante, não Samael. – Um sorriso branco e debochado se abriu em seu rosto. Era só o que me faltava.

            - Então, aquele refém da seita sempre foi o meu tio?

            - Por favor, querida, como é que você não percebeu isso se eu sou uma versão idêntica ao seu pai ambulante, só que mais bonita? – Samael respondeu, continuando com sua atuação.

            - O que vai fazer? Dante nunca mais irá voltar? – Perguntei.

            - Será que você não entende que precisava ser seu tio o meu receptáculo? Que é o sangue de sua família que nos interessa, por isso você esteve na seita, por isso eu te escolhi. Pela mesma razão sua prima já teve contatos com Baphomet. Talvez a família Kimonno seja amaldiçoada, Becky. – O demônio falava em sua voz, nada confiável, enquanto andava pela sala, até eu sentir sua mão pesada em meu braço, me prendendo. – Talvez por isso eu queira você do meu lado. Espero que aceite meu convite.

            “Nunca”, pensei, e estava pronta para negar o convite e dizer tudo o que eu pensava deste verme, porém fui interrompida quando ele me puxou para perto de si, me agarrando e me deixando impedida de tentar afastá-lo, o sujeito era forte. O que eu não esperava aconteceu: nossos rostos estavam muito próximos, eu podia sentir sua respiração, e seu par de orbes malignas estavam fixas nas minhas; logo sua boca estava colando na minha antes que eu pudesse pensar em desviar, Samael estava me beijando e prensando seus lábios, macios eu tenho de admitir nos meus, no entanto me enojava pensar que mesmo sendo o irmão de Baphomet, a sua boca e seu corpo pertenciam ao meu tio, e se ele estivesse em algum lugar dentro dele, esperava que não estivesse assistindo. É a segunda vez que me beijam contra a minha vontade, e sendo de pessoas que detesto. Isso precisa parar!


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Notas finais do capítulo

Deixem reviews por favor!! Boa noite e um abraço.