O Ritual escrita por Elliot White


Capítulo 23
Olga




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Girei a maçaneta, mas a porta não abria. Wendy devia ter trancado. Bati na mesma, aguardando resposta. Agora o sol estava forte, mesmo estando frio ainda, e devia ser mais ou menos meio-dia.

— Sério, como pode ter achado que essas roupas serviriam para mim? Estão apertadas! – Sua voz masculina bradou ao abrir a porta, pouco depois de eu ouvir o barulho das chaves se mexendo nas engrenagens. Ele se referia às minhas roupas, que estava usando, uma jaqueta laranja e uma calça jeans feminina do meu tamanho, roupas de garota, porém era o que tinha. Realmente estavam muito justas em seu corpo; seus cachos negros estavam molhados, o que significava que o íncubo tinha finalmente tomado banho. Ainda bem. E parecia estar com o humor um pouco melhor, o que mudou totalmente quando ele me viu entrar com sua irmã menor em meus braços. Sua expressão ficou séria e todo o seu astral desabou, em questão de segundos, me doía ver isso, mas eu sabia que iria acontecer.

Ele tomou o corpo carbonizado e desfigurado de Olga de mim e o abraçou, agora ajoelhado no chão, enquanto todos os sentimentos de luto retornavam, ele começou a chorar, soluçando na minha frente eu fiquei sem ação.

— Não...não... – o moreno soltou as negações, alisando os cabelos do cadáver, ruivos, era a única coisa que sobrara dela ileso. Vendo a cena lágrimas escorriam pelo meu rosto; eu sabia que a culpa era minha.

— Eu quero que saiba...que eu vinguei sua morte. Eu dei uma surra naquela bruxa. – Falei, sem saber de que forma consolá-lo. O moreno lançou o pior olhar que alguém poderia receber para mim, furioso.

— E de que isso adianta? Não vai trazê-la de volta, ou vai? – A resposta foi amarga e áspera, mas já era esperada. Não queria que as coisas tivessem chegado a este ponto, queria que o Wendy que havia dito que me ama voltasse.

— Me desculpa. Eu...queria que tudo fosse diferente. – Comecei soluçando e gaguejando ao falar, o olhar baixo, simplesmente não conseguia olhar em seus olhos. – Eu te amo, Wendy. Eu te amo de verdade.

— Não me venha falar de amor agora. Isso tudo foi sua culpa, e sabe disso. Se eu nunca tivesse te conhecido, talvez minha irmã estivesse viva. – O mesmo se levantou e saiu pela porta, quem sabe fosse sua raiva falando por ele, mas me machucava ouvir isso de toda forma. E o pior é que ele estava coberto de razão.

O deixei sozinho, enquanto enterrava a garotinha e depois de algumas horas ele voltou e me disse onde estava seu túmulo, na floresta perto de onde ficava a pequena casa dos dois; então fui até lá sozinha para vê-la; apenas um graveto cravado na terra, salpicada de neve, marcava onde Olga estava enterrada. O mínimo que eu podia fazer era pagar por uma lápide, e é o que irei fazer assim que tudo isso acabar.

Assim que voltei, alguém bateu na porta. Eu e Wendy nos olhamos, sem imaginar quem poderia ser. Logo uma voz conhecida chamou:

— Abra Becky, sou eu! Rápido, eu sei que está aí! – Era o meu pai, o diretor da Academia. Meus olhos saltaram na hora, e o moreno ficou sem saber o que fazer. Apontei depressa para o banheiro enquanto o indicava para que fosse com urgência, e assim que ele estava lá dentro e trancado, atendi papai.

— Olá, pai. O que foi?

— Ah, ainda bem. – Fui pega desprevenida por um abraço caloroso e apertado, senti seu perfume de perto e tentei retribuir, sem entender.

— O que houve?

— Eu soube o que aconteceu, daquela seita e daquele ritual de magia negra. Você está bem? – Ele perguntou, já entrando no meu quarto e fechando a porta.

— Estou, mas como soube disso? – Respondi, ainda processando aquilo tudo em minha cabeça.

— Querida, um dia vai entender que nada acontece nesta escola sem que eu saiba. – Darwin foi curto e claro, e continuou – aqueles alunos serão punidos, assim que encontrarmos eles.

— Vocês os pegaram?

— Ainda não, é claro que estão escondidos, nãos será fácil acha-los. – Meu pai respondeu, se sentando em minha cama. – Eu vim aqui para te dizer outra coisa. Preciso que venha comigo até meu escritório. Há um outro assunto para tratar. Teremos tempo para conversar sobre isso, uma outra hora, com mais calma. Você ficou fora um bom tempo, e eu nem pensei que estaria aqui hoje. Mas isso não interessa, o que eu quero te mostrar, é o meu irmão. Ele finalmente está de volta. Quero que o conheça, filha. – O mesmo abriu um sorriso ao contar isso, parece que estava ansioso.

— Como é? – Questionei lentamente, tentando lembrar de quem era o irmão dele, alguém que eu nunca vi, a não ser em fotos, minha mãe falou poucas vezes sobre ele, que ele só havia me visto quando eu era um bebê. Isso queria dizer que se trata do meu tio. Ah, lembrei, os dois são irmãos gêmeos.

Dante voltou de sua viagem, vamos, eu te conto tudo no caminho. – Ele se levantou e agarrou meu braço, já abrindo a porta e me levando junto, sem ao menos dar uma chance de pensar sobre isso. Espero que Wendy fique bem sozinho.


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Notas finais do capítulo

Então é isso, Olga está morta. Continuem lendo, comentem, favoritem etc e abraços!



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