A Prayer For The Heartless escrita por Izzy Aguecheek


Capítulo 8
Alec e Isabelle


Notas iniciais do capítulo

Não, ainda não é a Clary! :P Mas espero que gostem mesmo assim xD



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And you can’t touch my brother

And you won’t keep my friends

E você não pode tocar no meu irmão

E você não vai manter meus amigos

My Chemical Romance – Honey, This Mirror Isn’t Big Enough For The Two Of Us

Sebastian demorou algum tempo para sair do quarto. Em parte, foi porque ele estava se preparando psicologicamente para lidar com toda a merda dos irmãos Lightwood, mas o principal motivo foi que ele estava tentando descobrir como amenizar a ressaca. Após algumas tentativas frustradas, foi obrigado a concluir que teria que esperar até chegar em casa para tomar um remédio para dor de cabeça, se enfiar debaixo das cobertas e passar o fim de semana evitando Valentim.

Parecia um bom plano, mas, para pô-lo em prática, ele precisaria sair daquele quarto e encarar os Lightwood. Suspirando, Sebastian se levantou lentamente e percebeu que estava descalço, embora não se lembrasse de ter tirado os sapatos. Encontrou os tênis junto à parede, ainda sujos de vômito, o que fez com que ele torcesse o nariz e considerasse se deveria ou não calçá-los. Entretanto, não havia outra opção. Sebastian verificou que havia pego todos os seus pertences, saiu do quarto e desceu as escadas.

Alec e Isabelle Lightwood estavam na cozinha. Ambos pararam de falar quando viram Sebastian se aproximar.

Por um minuto, fez-se silêncio total enquanto os três se encaravam, deixando a atmosfera perceptivelmente mais tensa. Mentalmente, Sebastian estava preparando as respostas rápidas para qualquer comentário que os Lightwood pudessem fazer; a ideia de uma troca de alfinetadas tão cedo o deixava animado.

O silêncio foi rompido pelo som de passos na escada. Logo em seguida, um menininho de cabelo bagunçado, óculos e pijama azul surgiu na sala de estar. Ele começou a falar alguma coisa, mas parou ao ver Sebastian. Parecendo genuinamente curioso e nem um pouco assustado, o menininho perguntou:

– Quem é você?

Sebastian deu seu sorriso mais venenoso.

– O bicho-papão.

Isabelle se levantou de um salto e andou com passos firmes até o menininho. Alec estava logo atrás dela.

– Ele não é ninguém, Max – O olhar dela era penetrante o suficiente para abrir um buraco no chão. Por sorte, o sorriso de Sebastian era ainda mais afiado.

– E ele já estava de saída – Alec tinha o mesmo tipo de olhar, mas parecia mais defensivo do que ofensivo. – Volta pro seu quarto, ok? Eu vou te chamar quando o café ficar pronto.

Enquanto Max subia as escadas, Sebastian jogou a cabeça para trás e riu. Ele odiava a própria risada, aquele som seco, morto e vazio, mas adorava o efeito que ela tinha sobre as pessoas. O maxilar de Alec se retesou, exatamente como o de Jace na noite anterior, e Isabelle cruzou os braços sobre o peito.

Sebastian concluiu que Isabelle era mais inflamável, então decidiu começar por Alec.

– Tanta raiva não combina com um rosto tão bonito – Ele sorriu para o garoto mais velho. – Será que o seu dono estaria disposto a compartilhar?

Isso pareceu pegar Alec de surpresa. Ele piscou, atônito.

– Meu dono?

– Oh – Sebastian deu de ombros. – Achei que você soubesse que é o novo bichinho de estimação de Magnus Bane. Pelo menos você sabe que aquele galinha não consegue dormir por muito tempo com uma pessoa só, certo?

A reação foi imediata. Os olhos azuis de Alec se estreitaram, queimando de uma forma que Sebastian nunca vira antes. Todo o corpo dele estava tenso, mas foi Isabelle quem se pronunciou, dando um passo à frente para ficar face a face com Sebastian:

– Você não estava de saída?

– Estou considerando ficar mais um tempinho – O filho de Valentim sacudiu os ombros, mostrando os dentes em uma expressão que era em parte sorriso, em parte careta.

– Você deveria considerar sair correndo, antes que eu chute seu traseiro – retrucou Isabelle, sem se intimidar. Sebastian piscou um olho para ela.

– Adoro garotas malvadas.

Ele viu a mão voando na direção de seu rosto a tempo de pará-la, embora tenha sido por pouco, mas, de certa forma, o estrago já estava feito. Ele podia aguentar aquilo de Valentim. Podia aguentar de um estranho em uma boate, se estivesse bêbado o suficiente. Que inferno, podia aguentar até de Jace, se conseguisse revidar. Mas não ia deixar que a princesinha dos Lightwood se achasse no direito de agredi-lo.

– Quem você pensa que é – começou Sebastian, falando devagar por entre os dentes cerrados. Seu sangue estava borbulhando, quente e venenoso. – para me bater?

No segunde seguinte, Sebastian foi empurrado para longe de Isabelle. Alec se posicionou na frente da irmã protetoramente. Era difícil parecer ameaçador usando uma camisa velha com buracos nas mangas e uma calça estampada de pijamas, mas a expressão de puro ódio em seu rosto tornava isso possível.

O problema era que Sebastian não se intimidava facilmente.

– E quem você pensa que é – disse Alec, no mesmo tom que Sebastian usara anteriormente. – para querer nos dar ordens dentro da nossa própria casa?

Isabelle pareceu orgulhosa do irmão, embora provavelmente não estivesse satisfeita em parecer precisar de proteção. Sebastian sentiu algo se retorcer no fundo do estômago; a sensação era familiar. Inveja.

Teria Clary pulado na frente dele daquele jeito? Teria ela pensado em defendê-lo, mesmo sabendo que ele não estava em perigo vital? Ele teria feito isso por ela. Estranhamente, sem nenhum motivo, ele a teria defendido. Até a morte.

Ele sabia que ela não faria o mesmo.

Sebastian estendeu a mão.

– Sebastian Morgenstern. Não posso dizer que é um prazer conhecê-lo.

– Sebastian – Era a voz de Jace, vindo da porta da frente, dura e fria como uma facada nas costas. – O que você está fazendo aqui?

Aquilo o magoou. Com a voz derramando veneno, Sebastian respondeu:

– Você deveria saber, considerando que foi você quem me trouxe para cá.

Ele soou ferido, e se odiou por isso. No mesmo instante, Isabelle se virou na direção de Jace.

– Foi?

Jace não respondeu, então Sebastian respondeu por ele:

– O quê, pensou que eu tinha invadido? – Ele riu. – A perfeita família Lightwood. Perfeita, o caralho. Vocês são ridículos, sabiam disso?

Os olhos de Alec se estreitaram ainda mais. Ele não havia se virado para falar com Jace, fosse porque já sabia que ele levara Sebastian até lá, fosse porque sabia quem era o verdadeiro problema.

Não se atreva – A voz dele estava baixa agora, perigosa. Sebastian gostou disso, e, portanto, continuou:

– Vejamos. A filhinha amada é uma puta barata – Ele ergueu as mãos, como se estivesse contando pensativamente algo nos dedos. – Um dos filhos está dando para a drag queen mais infame da cidade, e outro faz tanta merda que nem consegue dormir à noite. Mamãe obviamente não está dando conta do serviço, e papai precisa procurar conforto em outro lugar – Ele abriu um sorriso amigável. – Tem alguma coisa errada com aquele menininho, também?

Ele viu o olhar de Jace dardejar rapidamente para a escada, e olhou naquela direção. O pequeno Max Lightwood estava de pé no topo. Parecia estar tentando assimilar as palavras de Sebastian ao mesmo tempo em que desejava ignorá-las.

Imediatamente, Sebastian explodiu em gargalhadas. Não eram as gargalhadas de antes, forjadas e forçadas para incomodar as pessoas; estas eram de verdade, o que era ainda mais perturbador. Os Lightwood ficaram imóveis, perplexos, por alguns instantes. Honestamente, era uma surpresa que eles o tivessem deixado completar o discurso. A verdade deve ser difícil de ouvir, pensou Sebastian maldosamente.

Então, todos eles reagiram de uma vez só. Max correu escada acima, sumindo do campo de vista de Sebastian. Alec rosnou:

– Fora daqui.

Ao mesmo tempo, Isabelle anunciou:

– Eu vou matá-lo.

E Jace, em uma mistura de repreensão, culpa e ordem, disse:

Sebastian.

Para Sebastian, aquilo foi o cúmulo. Ele não tinha mais nada a fazer ali, e Jace Herondale não falaria daquele jeito com ele. Sebastian seguiu para a porta, mas parou ao ficar frente a frente com Jace.

– Pense nisso, Herondale – cuspiu. – quando sentir o impulso de se meter na vida dos outros.

Dando um encontrão proposital no ombro de Jace, ele saiu e bateu a porta atrás de si.

Mais do que tudo, naquele momento, Sebastian quis ir para casa. Não havia nenhum motivo para isso, a não ser, talvez, lembrar a si mesmo de que ele, como membro da família Morgenstern, não tinha o menor direito de falar da família Lightwood, mas era o que ele queria. Talvez fosse esse o conceito de lar: o lugar para onde ele sempre voltaria, independentemente das razões.

Porém, ele não pretendia ficar lá. Sebastian estava cansado. Para ele, o conceito de lar não tinha nada a ver com apego; era pura necessidade. Ele iria para casa, pegaria o que precisava e iria embora. Não para sempre, provavelmente, mas não queria pensar nisso agora. Iria procurar um sinal. Um amigo. Qualquer coisa. Aproveitar o vazio.

Sebastian começou a caminhar, e mal percebeu quando começou a correr. Sua cabeça doía, mas isso não o fez diminuir a velocidade. Por algum motivo, estava com pressa.


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Notas finais do capítulo

O da Clary provavelmente só vai sair no fim de novembro ou no começo de dezembro, por motivos de semana de provas. Talvez até depois, se eu não passar de ano. Mas juro que sai :P Até lá!



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