A Prayer For The Heartless escrita por Izzy Aguecheek


Capítulo 6
Seelie


Notas iniciais do capítulo

Demorei? O capítulo é curtinho, sim. Não havia realmente como fazê-lo maior sem ficar enchendo linguiça, já que a relação Sebastian x Seelie não é lá muito complicada. Em compensação, creio que o próximo - Sebastian x Jace - será enorme :P



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Maybe you’re right
Maybe this is all that I can be
But what if it’s you and it wasn’t me?
What do you want from me?

(Talvez você esteja certa
Talvez isso seja tudo que eu posso ser
Mas e se for você e não fosse eu?
O que você quer de mim?)

The Neighbourhood - W.D.Y.W.F.M.

O porteiro do prédio luxuoso já conhecia Sebastian, e o deixou entrar sem questionamentos. Sebastian se perguntou quanto ele recebia para não contar a ninguém sobre suas visitas. Talvez Seelie transasse com ele como forma de suborno, imaginou, divertindo-se com a ideia.

Ela o estava esperando estirada no sofá da sala com uma taça de vinho na mão e a porta do apartamento aberta, embora ele a tenha trancado ao entrar. Seelie Fairfolk não se levantou para cumprimentá-lo; esperou que ele fosse até ela. Normalmente, Sebastian teria jogado um pouquinho antes de ir, tentado fazê-la ceder, mas não naquela noite. Ele seguiu direto na direção da mulher, que sorriu.

– Anormalmente pontual – observou.

Na verdade, Sebastian chegara dez minutos atrasado – uma marca histórica para quem normalmente só chegava uma hora após o horário marcado –, mas ele não viu necessidade de apontar isso. Por causa do comentário, decidiu sentar um pouco afastado, em uma poltrona de couro. Imaginou se era ali o assento preferido do Sr. Fairfolk e sorriu.

– Eu não estava realmente ocupado – respondeu.

Seelie retribuiu o sorriso. Estava completamente nua, deixando à mostra o corpo impecável que não revelava, em hipótese alguma, sua idade. Um dos pés descalços estava jogado por cima do braço do sofá, enquanto o outro permanecia firmemente plantado no chão. Aquilo era parte do jogo, também. Ver quanto tempo ele resistiria.

Deliberadamente, Sebastian ignorou esse detalhe. Ele não estava com paciência para joguinhos, mas engolir o próprio orgulho estava fora de cogitação para um Morgenstern; ele decidiu acelerar as coisas. Bocejando, olhou preguiçosamente para o próprio relógio de pulso – um presente caro de sua amante rica.

– O Meliorn foi para uma festa? Talvez eu dê uma passada lá depois – Talvez eu foda ele também. O que você acha disso?

– Nós teremos bastante tempo hoje – Seelie se sentou, pousando a taça de vinho sobre a mesa. Seu cabelo acobreado caía por cima de um dos ombros, expondo parte de seu pescoço alvo e gracioso. – A menos que não queira se arriscar.

Sebastian ergueu uma sobrancelha. Ele precisava admitir: Seelie Fairfolk era uma adversária digna. Ela sabia o que estava fazendo, e o fazia da forma mais elegante possível. Ele a invejava por isso; não havia elegância em suas atitudes, apenas prepotência e falsa confiança, e ela sabia, assim como ele sabia que ela na verdade precisava urgentemente de alguma atenção, coisa que o marido não lhe dispensava.

Claro, eles não tocavam nesses assuntos. Fazia parte do acordo tácito entre os dois. Então, Sebastian apenas fez um gesto com a mão, pegou a taça sobre a mesa e deu um gole no líquido. Vinho. Da melhor qualidade, como sempre. Boa parte de ter classe vinha de ter dinheiro; aprendera isso com Valentim.

– Você me conhece – disse. Deu um sorriso, os lábios agora mais avermelhados contrastando com a pele pálida. Ele partira para a sedução direta; não estava com humor para sutilezas. – Posso correr o risco, se você me der algo que valha a pena.

Seelie se levantou e se aproximou dele. Mesmo quando ela se sentou em seu colo, uma perna de cada lado das suas, Sebastian sabia que o jogo não estava necessariamente ganho. Conhecer o inimigo era o primeiro passo para batalhas como aquela, e aqueles dois se conheciam bem; Seelie sabia como aquela manobra funcionava.

– O que você me dá em troca?

Sebastian debochou, só para tornar as coisas interessantes:

– Eu nunca te ofereci nada em troca.

Os lábios de Seelie passaram pelo pescoço do garoto e pararam junto a sua orelha, enquanto as mãos dela trabalhavam em abrir a braguilha da calça dele.

– Então, nada feito, jovem senhor Morgenstern.

O corpo de Sebastian ficou tenso na mesma hora.

– Não me chame assim.

– Por quê? Não gosta do próprio nome? – Dedos se infiltraram embaixo de suas roupas, e Sebastian fechou os olhos, controlando cuidadosamente suas reações. – É um nome imponente, isso é verdade. Estrela da manhã.

Sebastian abriu os olhos e pousou as mãos levemente na base das costas dela, sorrindo da forma mais predatória possível.

– Imponente, sim. Como Lúcifer.

Algo na expressão dele pareceu perturbá-la. Sebastian gostou daquilo, e aplicou um pouco mais de pressão nas mãos. Foi a vez dele de se aproximar para falar-lhe no ouvido:

– Aqui está o que eu te ofereço em troca – Suas unhas afundaram na pele dela; Seelie arfou baixinho. – Eles falam sobre o Céu, mas garanto que o Inferno é ainda melhor.

Seelie demorou um instante para responder. Quando o fez, Sebastian soube que o jogo fora vencido, e que aquela noite seria bastante longa.

– Eu nunca estive em nenhum dos dois – disse ela, puxando levemente o tecido da camisa dele. – Mas o Inferno me parece uma ótima opção.
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Quando eles acabaram, Sebastian não se sentia melhor. Não havia a satisfação costumeira de uma vitória contra uma oponente poderosa – era assim que eles encaravam as coisas: em termos de vitória e derrota – nem de uma noite bem aproveitada, apenas a sensação de vazio que passara a acompanhá-lo nos últimos dias.

Seelie havia se levantado e estava de pé a alguns metros da cama, arrumando o cabelo e fitando o próprio reflexo no enorme espelho na porta do guarda-roupa.

– E como vai a família? – perguntou, em tom casual.

Sebastian odiava quando ela fazia aquilo. Jogos de sedução eram uma coisa; provocação deliberada e meter o dedo na ferida eram outras, e sua tolerância não se estendia a elas.

– Vai bem – respondeu, com ferocidade. – Pelo menos meu pai não anda transando com nenhum amigo meu. Isso seria realmente preocupante.

Pelo reflexo no espelho, deu para ver que ela estava sorrindo, imperturbável. Havia crueldade naquele sorriso – o sorriso de uma predadora mostrando os dentes ao capturar a presa.

– É isso que você sempre vai ser, sabe – disse ela, mexendo despreocupadamente nos cachos perfeitos. – Um amante. Um filho renegado. Uma segunda opção.

O comentário não o machucou; ecoou dentro dele algumas vezes antes de ir se juntar ao som da voz de Valentim chamando-o de filho e ao da própria voz chamando Jocelyn de mãe, em algum lugar no vazio em seu peito. Ele não conseguiu pensar em uma boa resposta, mas a atitude permaneceu intacta.

– Tá, que seja – Bocejou, sentando-se. – Já acabamos por aqui? Tenho outros compromissos.

Seelie deu de ombros, sem olhar para ele.

Minutos depois, Sebastian estava do lado de fora do condomínio, completamente vestido, sozinho e sem a menor vontade de ir para casa. Ele não queria tentar dormir. Não sabia exatamente por que, mas sabia que não conseguiria; ficaria acordado por horas, quem sabe até o sol nascer, fitando sem ver o teto e se perguntando o que havia de errado consigo mesmo. Isso acontecia, às vezes.

A boa notícia era que ele não precisava ir para casa. Era sexta-feira, o que significava que não tinha aula no dia seguinte. Valentim não pegava tanto em seu pé nos fins de semana. Sendo assim, Sebastian decidiu procurar algum lugar para se divertir. Iria a vários lugares, se fosse preciso – estava determinado a encontrar uma distração que durasse a noite inteira, quem sabe o fim de semana inteiro. Uma festa com música alta – não importava se era boa ou não – e quem sabe um pouco de álcool. Algo além de álcool, se fosse preciso.

Mas, estranhamente, o que ele mais queria não era isso. Não queria só o barulho, a confusão e os redemoinhos de cores, embora estes fossem bastante atraente. Estranhamente, naquele momento, Sebastian desejou ter alguém para procurar por tudo isso com ele.

Talvez Seelie Fairfolk não fosse a única que precisava de atenção.

Definitivamente, ela não era a única a não querer admiti-lo.


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Notas finais do capítulo

Eu não corrigi nem nada, então, por favor, apontem algum erro, se houver. O próximo pode demorar - estou meio ocupada e ele vai ser mais complicadinho de escrever. Mas provavelmente vai ser maior, então yay ;) até lá!



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