I Found Love escrita por AnnieSmith


Capítulo 14
Capítulo 13




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—  Estou a ver que você gostava de se meter em encrenca – disse, rindo-me da história que me estava a contar, a sua vida em outro tempo.

                –  Não gosto de injustiças, não importava de quantas vezes caísse, o quanto doesse, o importante era não desistir e lutar contra o que está errado.

                Estávamos caminhando por um parque perto da cafetaria. Era um sítio agradável e fresco, bastante verde com árvores altas e relva por todo lado, tinha um parque infantil aonde várias crianças brincavam animadas sendo vigiados pelos pais que estavam sentados nuns bancos próximos, no centro existia um pequeno lago em que habitavam alguns peixes e um grupo de patos, por cima da água, uma ponte. Steve e eu estávamos a dirigir-nos para esta para termos total visão dos seres vivos que nadavam na água.

                –  Concordo com você, independentemente do quão uma situação seja difícil não devemos desistir.

                –  Admiro a sua coragem em relação a tudo o que esta a viver por causa do seu tio, muitos teriam entrado em pânico e esconder-se.

                –  Eu também sinto medo Steve – desabafei – mas tento ultrapassar isto, a minha ajuda é imprescindível nesta situação. Também sei que você estará aqui para me proteger do que acontecer – disse, esperei uma resposta de Steve, mas este olhava para o chão com um sorriso envergonhado.

                –  Como sei que a S.H.I.E.L.D o fará também – acrescentei envergonhada depois de perceber o que tinha dito - os patos são muito queridos, principalmente aquele pequenino – disse tentado mudar de assunto.

                –  Sim é bastante engraçado – falou Steve. O silencio instalou-se, olhei para o Capitão e este estava a olhar para a frente com um olhar pensativo. Olhei na mesma direção que ele, o lago estendia-se com a sua água límpida, o céu começava a atingir os tons de laranja do final da tarde e uma brisa passava levantando os meus cabelos. Inspirei e soltei o ar, estava a adorar o passeio e de estar com Steve, parecia que não havia preocupações.

                –  Você tem razão Grace – disse Steve e fitei-o, este continuava a olhar para a paisagem – eu sempre irei-lhe proteger – finalizou me encarando.

                Olhei para o lago envergonhada, não sabia porque, mas sentia-me bem por saber que sempre terei Steve ao meu lado. Continuamos em silêncio a aproveitar a vista que tínhamos à nossa frente. Estava perdida em pensamentos até que Steve os interrompe:

                –  Grace é melhor irmos embora – disse, mas não estava a olhar para mim, mas sim para o meu lado direito. Olhei para o mesmo ponto que ele, mas não vi nada de estranho, só pessoas a caminhar ou a correr pelo parque.

                –  Tudo bem, mas há algo de errado? – perguntei – Você está estranho.

                –  Ainda tenho de passar na S.H.I.E.L.D. Prometi ao Fury que iria antes de anoitecer – disse dando um pequeno sorriso no final.

                –  Tudo bem, vamos – caminhamos para fora da ponte e voltei a olhar para trás, mas não vi nada de estranho.

                Acordei já atrasada para a primeira aula do dia, tinha-me esquecido de colocar o alarme na noite anterior, pois adormeci enquanto conversava com Steve por mensagens. Levantei-me quase caindo no chão e dirigi-me ao armário para escolher a roupa que iria utilizar durante o dia. Peguei na minha mala que já contia tudo o que precisava para a universidade e para o estágio. O próximo ónibus só passava na paragem perto do meu prédio daqui a cinco minutos, fazendo com que me atrasasse mais, mas como era uma aula com vários alunos, o professor poderia não reparar no meu atraso. Passado quinze minutos já estava a passar as portas do edifício de Belas Artes, faltava dez minutos para o final da aula, por isso, nem valia a pena entrar, simplesmente anunciaria a minha falta. Sentei-me em um dos bancos à espera dos meus amigos enquanto conversava com Stefani pelo celular.

                – O que aconteceu? Se atrasou para a aula? – disse Hope que vinha acompanhada com Danielle.

                – Sim, esqueci-me de ligar o alarme – respondi – o resto do grupo?

                –  Camille e os garotos foram comprar algo para comer. Eles estão à nossa espera, vamos? – perguntou Danielle.

                –  Sim vamos rápido, ainda não tomei o café da manhã.

                Caminhamos em direção ao resto do grupo. A manhã continuou tranquila, passamos o intervalo a conversar e fomos para outra aula. No fim despedimo-nos e cada um foi em direção ao local em que está a estagiar, Elliot e eu almoçamos em um restaurante perto do museu de Arte Contemporânea e depois fomos trabalhar. Hoje estava responsável por catalogar as obras de arte da próxima exposição que seria colocada daqui a alguns dias, gostava mais de estar na sala de exposições a conversar com os visitantes sobre as peças, mas tínhamos de rodar os cargos e hoje era a minha vez de estar nos fundos. A tarde passou e já estava de volta a casa, sentada no ónibus enquanto admirava o final da tarde alheia ao barulho das outras pessoas à minha volta. Sai caminhando até ao meu prédio, que finalmente, daqui a uns dias, o deixaria para voltar ao antigo. Peguei no celular com a intenção de ligar à minha mãe, tentava sempre telefonar todos os dias.

                –  Oi mamã! - disse.

                –  Oi querida, como foi o seu dia?

                – Foi bom, fui às aulas depois tive estágio, um dia normal e o seu? - perguntei já estava dentro do prédio.

                –  Também, hoje o seu irmão fez a candidatura para a universidade, espero que ele fique aqui em Inglaterra, não aguentaria outro filho longe de mim.

                –  Mamã! - exclamei - você sabe que é o meu sonho e tinha ótimas oportunidades aqui –  acrescentei, mas minha mãe pode ficar descansada porque meu irmão quer ir para a universidade de Cambridge.

                –  Eu sei querida... Mas tenho tantas saudades tuas, falando nisso, eu estive a falar com o seu pai e pensamos em passar alguns dias de férias aí em Nova Iorque, assim podíamos estar juntos algum tempo.


                –  Eu não sei se seria uma boa ideia mãe - falei, rodando as chaves na fechadura do apartamento - eu estou muito ocupada com o estágio e para além do mais eu tive em Milton à pouco tempo - eu queria muito que a minha família viesse me visitar, mas tinha medo que corressem perigo por causa do meu tio.

                –  Não importa Grace, quando não pudermos estar contigo visitaremos a cidade. Ou há algum problema em irmos a Nova Iorque? - perguntou. Queria tanto desabafar com ela, contar-lhe o porquê de não querer que me visitassem, mas não podia. Comprometi-me a ficar em silêncio.

                – Não mamã. Quando estão a pensar em vir? - perguntei sentando-me no sofá, não importa o que dissesse, não iria mudar de opinião, mas talvez pudesse adiar a visita.

                –  Daqui a três semanas, mas ainda não está totalmente decidido a data - respondeu, tentei pensar em  uma desculpa que servisse até que visualizei um panfleto na pequena mesa da sala. Sorri triunfante.

                – E que tal fosse daqui a um mês? Vão inaugurar uma exposição de um artista brilhante e muito famoso no museu de arte contemporânea, até irão fazer uma festa.


                –  Excelente ideia! Vou convidar a Ellie para vir connosco de certeza que vai adorar lhe visitar também.

                – Claro - ótimo mais uma pessoa que pode ficar em perigo por minha causa - já tenho saudades dela e vossas também. Acabei de chegar a casa mamã e queria mudar de roupa e tomar um duche.

                – Tudo bem querida, me ligue amanhã, sim?

                – Sim, mande um beijo para o papá e para o Arthur.

                – Adeus Grace.


                –  Adeus.

                Desliguei, deixando o meu corpo cair para o lado suspirando, só espero que nada aconteça, pelo menos consegui adiar a viagem, até lá tudo podia acontecer. Continuei na mesma posição enquanto mexia no celular até ganhar vontade para fazer o que tinha dito a minha mãe, tomar um duche e vestir uma roupa mais confortável. Após isso comecei a preparar o jantar enquanto via qualquer coisa que passava na televisão, virei o bife que estava a grelhar, mas foi interrompida pelo som da campainha.

                Diminui a chama do fogão e dirigi-me à porta. À minha frente estava Steve Rogers, no meu rosto formou-se um sorriso, mas no dele tinha uma expressão séria. Deixei-o passar, estava confusa, ontem tinha corrido tudo bem.

                –  Me desculpe por vir sem lhe avisar Grace – disse Steve.

                –  Não há problema – falei enquanto caminhava para o fogão tirando a comida e colocando em um prato – Aconteceu alguma coisa?

                –  Um dos agentes da S.H.I.E.L.D encontrou alguém, não o carteiro, a colocar um envelope na sua caixa de correio, uma carta do seu tio – disse-me entregando um papel que contia fotos dessa pessoa.

                –  Será que trabalha também para a Hidra? – perguntei a Steve.

                –  Na minha opinião é simplesmente um civil que foi pago para entregar as cartas. De qualquer forma a organização já o intercetou e está neste momento a interrogá-lo.

                –  Acha que essa tal pessoa sabe aonde meu tio está? – perguntei.

                – Duvido que sei tio correria esse perigo, podemos não encontrar a sua localização, mas podemos descobrir outras informações – abriu novamente a pasta em que tirou as fotos – a carta é dirigida a si, se quiser ler.

                –  Isto é uma invasão de privacidade – disse soltando uma risada breve, o envelope já estava aberto como era de esperar. Mas o nervosismo já começava a controlar o meu corpo que ficava sempre assim quando o assunto era William Smith.

                –  Não estava à espera de que a S.H.I.E.L.D lhe pedisse permissão para abrir a carta, pois não? – perguntou Steve ironicamente.

                “Querida Grace,

                Estes solitários dias nesta cidade só melhoram quando tenho a oportunidade de observá-la. Entendo agora o porquê de você trocar a beleza de Inglaterra pela vivacidade de Nova Iorque, as pessoas, a arte e a música que espreitam no virar de cada esquina. Porém há sempre uma sombra que espreita, mentiras e segredos, não das pessoas que desconhece, mas sim daquelas que estão mais perto. Mesmo longe estarei a vigiando e protegendo de tudo que nos tenta afastar, a verdade está cada vez mais próxima.

                Não se preocupe, só me aproximarei se for necessário, sei que a minha presença é indesejada por si. Você quer me longe, mas verá que será você a procurar-me no prédio mais alto, quando as estrelas brilharem no céu escuro, o mesmo céu que rodeia o mundo que um dia iremos conquistar e depois, as estrelas que o iluminam.

                Com amor,

                Tio William”

                – Não sei o que dizer, nem o que pensar – desabafei.

                –  Esse é o objetivo do seu tio, entrar na sua mente, confundi-la. Não pode deixar Grace – aconselhou Steve.

                – Eu tenho noção disso Capitão, mas estas cartas, elas parecem um enigma. Não entendo esta obsessão pelas estrelas… - fui interrompida pelo toque de um celular. Vi Steve a tirá-lo do bolso das calças.

                –  Me desculpe, preciso de atender.

                – Tudo bem.

                Saio do meu apartamento para ter mais privacidade, enquanto isso, reli novamente a carta à espera de encontrar algo que me tivesse escapado na primeira leitura, mas continuava a não entender nada. Passado cinco minutos Steve volta, mas não consigo entender a sua expressão facial.

                –  A S.H.I.E.L.D conseguido descobrir em que local ocorreu a entrega do envelope ao individuo que a colocou na sua caixa de correio. Foi perto deste quarteirão – disse-me entregando o seu celular. Observei os prédios, eu conhecia aquela rua, ficava a dez minutos da minha faculdade. Um daqueles prédios era bastante utilizado pelos alunos de fotografia para tirarem fotos da cidade.

                –  Steve…eu não tenho a certeza, mas acho que sei em que local está o meu tio, ou um local em que ele pode aparecer.

                –  Como assim Grace? – perguntou Steve, olhando para o celular à espera que apontasse o local.

                –  Estas cartas, o local em que houve a entrega da carta, o meu tio quer que o procure. Este prédio é bastante usado pelos alunos da minha universidade para tirarem fotos da cidade, principalmente à noite, à procura de uma dualidade, as luzes e as estrelas a iluminar a cidade. O meu tio está sempre a referi-las e na última carta que ele enviou, disse “…será você a procurar-me no prédio mais alto, quando as estrelas brilharem no céu escuro…”. Entende? Ele quer que eu siga as pistas dele para o encontrar.

                –  Grace, pode ser só uma coincidência e mesmo que tenha razão você não irá encontrar-se com o seu tio, pode ser uma armadilha.

                – Eu sei que pode ser só uma coincidência- falei suspirando- mas também pode ser mesmo está a intenção do meu tio, acho que é uma boa oportunidade para o capturarmos…

                – Não colocando a sua vida em risco, a S.H.I.E.L.D trata disto – interrompeu-me Steve.

                –  Você sabe que o meu tio não irá aparecer se souber que a S.H.I.E.L.D tiver metida nisto. Eu posso ajudar a resolver este problema Steve!

                Steve não respondeu, por isso continuei:

                –  Se a S.H.I.E.L.D souber desta hipótese vai querer tentar e aí a sua opinião não terá valor. Você mesmo disse que meu tio nunca me machucaria e nem temos a certeza se este meu palpite esteja certo. Também tenho a certeza de que você e a organização conseguirão um plano para que, mesmo longe de mim, me consigam proteger. É uma decisão minha Steve, eu comprometi-me a ajudar, tenho medo do que possa acontecer, mas preciso de uma resposta do meu tio. Desta verdade que ele tanto esconde.

                – Isso pode ser uma armadilha, se calhar não há verdade nenhuma é só uma maneira de conseguir aproximar-se de si. Ele sabe muito bem que você ajuda a S.H.I.E.L.D só não lhe contactou porque está a ser protegida. Naquele prédio, ele só aparecerá se souber que não há perigo para ele, e sem esse perigo, ele poderá fazer o que quiser.

                Steve tinha razão, no que me estava a meter? Podia acontecer tanta coisa, será que a verdade valia assim tanto a pena? Porém sei que meu tio nunca irá desistir de tentar aproximar-se de mim, só estou a adiar o inevitável.

                –  Eu concordo com você, mas, pelo menos, podia partilhar esta informação com o diretor Fury? Pode encontrar outra solução para este problema.

                – Sabe que ele vai-lhe propor a sua ideia, certo? A de ir ter com o seu tio.

                –  Sim sei Steve, mas também sei que se o fizer é porque tem um plano para me proteger.

                Steve suspirou pegando no celular com o objetivo de ligar a alguém. Voltou a sair do meu apartamento e caminhei para a janela observando as estrelas que iam aparecendo no céu que começara a ganhar tons escuros. “Quando as estrelas brilharem no céu escuro, o mesmo céu que rodeia o mundo que um dia iremos conquistar e depois, as estrelas que o iluminam.”, só espero não me arrepender.


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