I Found Love escrita por AnnieSmith


Capítulo 13
Capítulo 12




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Andava para a frente e para trás na minha sala de estar, sem saber o que fazer e apavorada pela carta que tinha recebido. Meu tio sabia aonde morava, em que museu tinha começado a estagiar e que a S.H.I.E.L.D me tinha contactado. Ele me seguia, me vigiava e eu não tinha apercebido disso, porém por outro lado, a organização já me tinha avisado que tal possibilidade era certa. Não queria estar nesta situação, porque é que tinha de acontecer? Sentei-me novamente no sofá, limpando as lágrimas que continuavam a cair na minha face para ler mais uma vez aquelas palavras, tentando encontrar uma pista que solucionasse aquele problema. Uma coisa me intrigava, em todas as cartas de meu tio tinha sempre a mesma frase “…para que um dia conquistemos o mundo e depois as estrelas…”, aquela afirmação tinha de ter algum significado, mas não conseguia perceber o qual.

                Os meus pensamentos foram interrompidos pelo som da campainha. Levantei-me dirigindo-me a esta, nervosa por quem estava do outro lado, mas tinha quase a certeza que só podia ser uma pessoa. Abri-a e a minha frente encontrava-se Steve, vestindo um casaco de couro e continha um capacete na mão. Os seus olhos incrivelmente azuis, ao contrário da última vez que o vi, não tinham raiva nem deceção, mas sim preocupação e isso fez-me sentir um pouco aliviada, como se um peso que sentia se libertasse. O Capitão era o único que me poderia ajudar nesta situação.

—  Steve Rogers –

                Caminhei pelos corredores da S.H.I.E.L.D, vários agentes passavam por mim alguns apressados para irem para as suas missões outros a fazer o seu trabalho quotidiano. Tinha-se passado dois dias depois de viajar para Milton, aproveitei-os para descansar e principalmente ler o caderno de anotações de William Smith. Aquele caderno tinha o potencial de ser a chave para todas as nossas perguntas, que depois de bem analisado por especialistas da organização poderíamos encontrar várias informações. Não sei se a Grace teve a noção do poder que tinhas nas suas mãos. Pensar naquela garota ainda me fazia sentir chateado, porém esse sentimento ia-se esvaindo aos poucos, mas isso não elimina a sua irresponsabilidade para este assunto.

                Suspirei e entrei dentro da sala onde se realizaria uma reunião com alguns vingadores. Tinha chegado mais cedo, por isso, não estava à espera que alguém já tivesse lá, mas estava enganado. Sentada numa das cadeiras, analisando alguns papéis estava Natasha. Esta virou seu rosto para mim e deu-me um grande sorriso. Caminhei em sua direção e sentei-me na cadeira em frente a esta.

                –  Chegou bastante cedo hoje – afirmei.

                –  Não tinha nada para fazer, por isso, vim para aqui vendo alguns detalhes da minha próxima missão – disse guardando os papéis que segurava na sua mão – Como correu em Milton? Encontrou alguma informação importante? – perguntou.

                –  Mais ou menos – respondi suspirando.

                A ruiva olhou-me com uma expressão confusa. Comecei a contar o que aconteceu na missão, o que descobri, como felizmente a Grace não tinha corrido perigo mesmo pela irresponsabilidade desta. Por fim, contei que tínhamos encontrado um pequeno caderno de anotações repleto de informações úteis sobre o soro.

                –  Mas você não acha estranho estar assim um caderno, tão importante como aparenta ser deixado numa caixa no meio de uma cave. Tudo bem que o Smith tenha vivido lá, mas ele é esperto demais para deixar num local em que qualquer pessoa possa encontrar – disse Natasha. Ela tinha razão, qual era a probabilidade estar aquele caderno ali, não se esqueceria de uma coisa tão importante. A não ser que.

                –  Estava direcionado à Grace. Ele deve querer com que esta fique com o caderno.

                 –  Não acha que ela está a fingir? Que na realidade é cúmplice do trabalho do tio? – perguntou Natasha.

                –  A S.H.I.E.L.D teve a investigá-la intensivamente e não descobriu nada. Mas claro ela pode estar a mentir muito bem e encontrar-se a vários passos à frente de nós – respondi.

                – Qual é a sua opinião? – voltou a fazer uma pergunta.

                –  Acho que ela está a dizer a verdade, tudo nela é espontâneo. Eu acho que fui bastante duro com a Grace – desabafei suspirando.

                –  Partilho da mesma opinião Steve, não se pode esquecer que ela é uma simples civil, tudo isto era desconhecido para ela há uns meses. As vezes pode não ter noção do que realmente está a acontecer e nem tem ninguém para com quem falar sobre o que o tio faz.

                –  Acha que errei? – perguntei à ruiva.

                –  Também não estou a dizer isso. Provavelmente reagiria da mesma forma que você e a sua atitude pode ter feito com que se percebe a gravidade da situação. Mas acho que deveria falar com ela e ser o seu apoio, sei que não tem essa obrigação, mas você é a melhor pessoa para esse trabalho.

                –  Tenho de encontrar a melhor altura para conversar com ela, pensar no que lhe direi, foi tudo muito recente. Obrigada Nat – agradeci com um sorriso.

—  Grace Smith –

                –  Entre por favor – disse o deixando passar pela porta.

                Steve entrou e fiquei a admirá-lo por trás. Este virava a cabeça ligeiramente para lados, supos que estivesse a observar o ambiente. Este rodou os pés estabelecendo contacto visual comigo, parecia querer dizer alguma coisa, mas não encontrava palavras para o fazer. Depois de cinco segundos daquele silêncio pronunciei:

                –  Obrigada por vir senhor Rogers, não o queria incomodar, mas não sabia a quem pedir ajuda – disse dirigindo-me ao sofá aonde se encontrava a carta, mas fui detida por Steve que me agarrou o pulso.

                –  Antes de falarmos sobre o seu tio, eu queria pedir-lhe desculpa Grace. Fui severo demais com você, mas no momento – falou fazendo uma pausa, o seu olhar demonstrava que estava arrependido – não soube reagir de outra forma e queria também lhe mostrar o quão esta situação é grave.

                –  Eu compreendo. Eu errei, se fosse eu no seu lugar reagiria muito pior. Vamos esquecer o que aconteceu e focar-nos no que temos em mãos.

                –  Tem razão. Me mostre a carta – disse Steve.

                Caminhei para o sofá sendo seguida pelo Capitão, sentamo-nos e dei-lhe a carta que o meu tio me escreveu. Analisei a sua expressão enquanto lia a carta, quando acabou do fazer suspirou com um ar pensativo.

                –  O seu tio saber informações sobre si, como por exemplo, onde mora e o museu em que estagia não surpreende, é bastante fácil alguém descobrir isso, principalmente para uma pessoa poderosa como o seu tio – falou.

                –  Mas o que posso fazer? Tenho medo, não quero que ele se aproxime de mim. Ele é meu tio, mas parece uma pessoa completamente desconhecida…

                –  Eu sei Grace, mas a S.H.I.E.L.D fará tudo para a proteger, eu mesmo farei tudo o que me for possível para tal. O seu tio – falou dando uma pausa – existe qualquer ligação entre você e o seu tio que nós não conseguimos perceber, acredito que ele nunca lhe magoaria.

                –  Eu sinto isso também – desabafei – não entendo o porque, pois, simplesmente sou sua sobrinha e desde alguns anos já não somos assim tão próximos. Quero acreditar que ele nunca me machucaria, mas ao mesmo tempo tenho receio…

                –  Eu compreendo, isto mudou a sua vida completamente e é uma situação que foge do seu controlo. A S.H.I.E.L.D vai capturar o seu tio e tudo vai voltar ao normal – disse-me confortando. O seu olhar carinhoso, o tom da sua voz e o seu comportamento me fazia acreditar que tudo ficaria bem, o medo saiu dos meus ombros.

                –  Acha que este meio de correspondência comigo vai continuar? – perguntei.

                –  Tenho quase a certeza que sim, como o seu tio disse, ele não se irá aproximar pois sabe que se o fizer a S.H.I.E.L.D vai tentar o capturar, por isso, este é o melhor meio que ele pode utilizar. O envelope está em branco, não foi o carteiro que veio fazer a entrega, o seu tio deve ter contratado alguém se não os agentes da S.H.I.E.L.D o veriam – respondeu olhando para o envelope.

                – Há agentes da S.H.I.E.L.D a rondar o meu prédio? – perguntei surpreendida.

                –  Não deveria ter dito isto – respondeu soltando um pequeno riso quebrando um pouco a tensão no ar – como acha que conseguimos proteger a todo o tempo?

                Ia fazer mais uma pergunta mais este deteve-me:

                –  Não lhe irei contar mais informações sobre os agentes – sorri envergonhada depois de ter ouvido as suas palavras – posso levar a carta?

                –  Sim pode, obrigada Capitão por ter vindo.

                –  Não tem de agradecer Grace, estamos juntos para capturar o seu tio, me desculpe outra vez pelo que aconteceu em Milton.

                –  Já nem me lembro - disse rindo fazendo o rir também.

                –  Tenho de ir, ainda hoje levarei a carta à S.H.I.E.L.D. Sempre que precisar, por qualquer motivo, mesmo que acha que não seja necessário me contacte.

                –  Farei isso Steve. Vou consigo até á porta.

                Dirigimos nos até esta e abri a porta me despedindo, mas antes de a passar Steve fala:

                –  Para me tentar redimir sobre a minha atitude, aceita tomar um café algum dia? Como amigos claros – perguntou tímido.

                –  Aceito sim, pode ser daqui a três dias? Tenho não tenho estágio durante a tarde.

                –  Perfeito, até lá Grace.

                Passou a porta e fechei-a encostando-me nela em seguida soltando um sorriso.

                Três dias se passaram rapidamente, ocupados pelas aulas e o estágio. Sai do chuveiro enrolando-me numa toalha branca. Tinha chegado a pouco a casa das aulas matinais e agora teria a tarde livre para sair com Steve, estava um pouco nervosa e nem sabia porque, mas felizmente Steve já não está chateado comigo. Tentaria não me preocupar tanto como meu tio e acreditar nas palavras do Capitão, a S.H.I.E.L.D iria-me proteger. Sequei o meu corpo e o meu cabelo loiro e escolhi a roupa que iria levar, uma calça jeans, uma blusa e sapatilhas, queria uma coisa simples era só um encontro de amigos. Fiz a maquilhagem, vesti-me e sentei-me na cama, já pronta à espera de que Steve chegasse.

                Após dez minutos, este manda-me mensagem pedindo para descer. Sai do apartamento e dirigi-me ao elevador. Quando cheguei à rua, estava o Capitão sentado em cima de uma moto, com um casaco de cabedal, óculos de sol e capacete. Nas suas mãos encontrava-se outro e a sua face contia um grande sorriso. Aproximei-me dele e disse:

                –  Boa tarde, vamos de moto? – perguntei.

                –  Boa tarde, sim se não for um problema para você – respondeu.

                –  Eu nunca andei de moto, mas parece que é hoje que vou experimentar.

                –  Você vai adorar, primeiro o capacete – disse me entregando-o e ajudando a colocá-lo.

                –  Antes de partirmos, tem preferência no café? Ou posso escolher? – perguntou Steve.

                –  Me surpreenda! – exclamei rindo.

                Este assentiu e subi para a moto, me agarrando ligeiramente a Steve, mas quando este começou a conduzir já o abraçava com força. A sensação era incrível, os prédios a passarem rápido na minha visão, o vento a bater o meu corpo, o céu azul por cima das nossas cabeças. Fui aproveitando a vista até que percebo que estamos a passar a ponte para Brooklyn e passado cinco minutos paramos em frente a uma cafetaria, com um aspeto antigo dos anos cinquenta ao contrário de muitos cafés em Nova Iorque modernos.

                –  Estou acostumado a vir aqui, tem a melhor torta de toda a cidade – disse tirando o capacete.

                Sai e esperei com que tivesse pronto para entrar. O ambiente era parecido com a estrutura de fora, estavam algumas pessoas sentados bebendo café enquanto apreciavam o jazz que suava. Gostei da cafetaria, a decoração, o ambiente.

                –  Gostou? – perguntou Steve.

                –  Adorei! Sou aluna de história das artes, um café assim é o paraíso para mim – respondi rindo.

                –  Fico feliz por isso, vamos nos sentar?

                Assenti e fomos nos sentar numa mesa pequena para dois. Peguei no cardápio, mas não sabia o que escolher parecia tudo tão bom.

                –  Já decidiu? – perguntou Steve.

                –  Ainda não. Você poderia escolher por mim, já conhece os artigos.

                –  Eu escolho então.

                A garçonete chegou para fazer os pedidos, Steve pediu dois cafés grandes e dois pedaços de torta de mirtilo.

                –  Então – disse fazendo uma pausa – você sabe muitas coisas sobre mim, mas não sei quase nada sobre você.

                –  O que quer saber? – perguntou Steve dando um sorriso divertido.

                –  Onde nasceu? – perguntei.

                –  Aqui.

                –  Neste café? – perguntei confusa.

                –  Não claro que não! – exclamou rindo – em Brooklyn.

                –  Me desculpe – disse rindo - eu tenho várias perguntas para fazer, mas ao mesmo tempo não quero invadir a sua privacidade, conheço um pouco da sua história.

                –  Pode fazer, se não me sentir à vontade não respondo.

                –  Como é viver nos anos quarenta? A sociedade, a guerra, o modo de viver, a visão do mundo, a arte e a música?

                –  Isso são muitas perguntas – respondeu rindo – eu adorava viver naquela época, foi lá que nasci, cresci, vivi e às vezes é difícil suportar a ideia que fiquei tantos anos congelado, acordando num mundo completamente diferente no meu, perdi vários momentos e pessoas. Tinha… - disse com um timbre de voz triste, iria continuar a falar, mas deteve-se.

                –  Se não quiser falar desse assunto tudo bem.

                –  Talvez um dia, num ambiente mais privado, não queria falar sobre algo triste aqui, vamos conversar sobre coisas mais alegres. Quer que fale sobre a arte e a música? Você já deve conhecer muito bem a arte da minha época.

                –  Ouvir de uma pessoa que a viveu é completamente diferente – disse.

                Começou a conversar e, entretanto, chegou os nossos pedidos, a torta era maravilhosa e combinava perfeitamente com o café quente. Steve sorria enquanto olhava para mim à espera que desse a minha opinião.

                –  É deliciosa, tinha razão, melhor torta da cidade – elogiei ao mesmo tempo que punha outro pedaço na boca.

                –  Fico feliz por ter gostado. Quando acabarmos aceita um passeio por um parque aqui perto? – perguntou – Tem um lago com patos.

                –  Eu gosto de patos, até tenho uma história sobre eles…

                Comecei a contar a minha história de infância com patos, Steve me ouvia atentamente enquanto me olhava. Estava a adorar o nosso café, a nossa conversa. Via ali um florescer de uma amizade.


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