I Found Love escrita por AnnieSmith


Capítulo 10
Capítulo 9




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                Não sabia o que fazer muito menos o que falar. A cara de Steve não era amigável nem o tom de voz que utilizou para chamar o meu nome. Ele tinha razão para estar assim, não cumpri o que tinha prometido, saí de Milton e nem o avisei, agora tinha de levar com as consequências, mas queria perceber como ele me descobriu. Virei-me para Liam que olhava para mim e seguidamente para Steve sem compreender nada.

            – Podemos conversar Grace? – pediu Steve não tirando os olhos de Liam. Aquilo nem era um pedido eu não tinha escolha.

            –  Liam, eu já volto. Se Ellie perguntar por mim diz que estou a conversar com um amigo - disse.

            – Tudo bem, se precisar de alguma coisa diga – falou Liam. Este também não tirava os olhos de Steve, aumentando mais a tensão que existia no ar.

            Liam afastou-se em direção ao resto do grupo. Virei o meu corpo para Steve e este começou a caminhar para a porta da saída, suspirei preparando-me mentalmente do que poderia acontecer e o segui. O vento gelado da noite fez com que os meus cabelos esvoaçassem e um arrepio atravessou o meu corpo, devia ter trazido o casaco. Olhei em volta à procura de Steve e vi-o no lado direito afastado dos estudantes que conversavam e bebiam no lado de fora do bar. Andei até ele que estava de costas viradas para mim, não sei se ele percebeu que estava a uns 10 passos dele, por isso, comecei a falar:

            –  Steve, me desculpe por não…

            –  Não Grace, agora quem fala sou eu – disse-me interrompendo, virando-se para mim andando até o seu corpo estar próximo do meu, a sua voz transmitia um pouco de raiva misturada com desilusão – Deixei muito claro como seria esta viagem, você não podia sair de Milton. Eu pedi-lhe isso, poderia tê-la obrigado, tinha permissão para isso, mas não achei necessário pois pensei que você cumpriria com a sua palavra. Porém estava enganado.

            –  Eu sei Steve, me desculpe, simplesmente queria me divertir um pouco com a minha melhor amiga – disse me tentando desculpar.

            –  Sabe qual é o seu problema Grace? – perguntou retoricamente – não entende a dimensão de todo este problema. Você pensa que tudo isto se resume no seu tio, no soro, que se o capturarmos tudo vai ficar bem. Mas não vai Grace! Para si, isto não pode não ser importante, mas é para mim. Perdi tudo para a Hidra, tudo o que conhecia e não vou deixar que a sua imaturidade e irresponsabilidade atrapalhem toda a missão.

            O seu tom de voz mostrava o quanto estava zangado. Tudo o que dizia me fazia sentir cada vez pior, queria tentar-me defender, mas não tinha palavras para o fazer. Olhei para os olhos dele, ele estava à espera que dissesse alguma coisa, porém ele tinha razão, eu fui irresponsável, isto não se baseava só em mim, incluía outras pessoas.

            –  Eu vim aqui para encontrar informação, para proteger e também para a vigiar. Você ainda é considerada potencial suspeita e fugir assim de casa sem me avisar não lhe ajuda em mostrar que não o é. Você tem a noção do problema que poderia ter arranjado? Vários agentes da S.H.I.E.L.D estavam preparados para a procurar pensando que você fugiu de propósito, mas consegui deter a ordem quando descobri que estava num bar académico enquanto deveria estar em casa! – exclamou, eu estava assustada pensei que o máximo que poderia acontecer era Steve se chatear comigo.

            – Steve…  – pronunciei-me em um sussurro – eu não pensei que fosse assim tão grave, que isto acontecesse. Queria me distrair, libertar-me deste problema nem que fosse durante umas horas, me desculpe – eu tentava-me controlar, mas as lágrimas queriam sair dos meus olhos.

            –  Alguma coisa poderia ter acontecido com você – continuou – não tem a noção de quantas pessoas andam atrás de si – olhei para ele assustada, eu não sabia daquilo – pensa que só a Hidra quer a fórmula do soro? Várias organizações o pretendem conquistar, mas o seu tio é o único que está perto de o criar, mas ele nunca trairia a Hidra, exceto se conseguissem a encontrar e ameaçá-lo.

            –  Você nunca me contou isso, que andavam atrás de mim – disse soluçando, lágrimas já escorriam pela minha face.

            –  Não a queria preocupar – ouvi um suspiro dado por ele, a sua voz já não era tão elevada – não o precisava de saber por agora, estava segura, até que saiu de casa. Vamos voltar a Milton, aqui não estamos seguros – disse olhando ao redor.

            Eu estava muito assustada, havia pessoas que queriam-me usar como moeda de troca. Caminhei ao lado de Steve até à porta do bar, algumas pessoas olhavam para mim, devido à minha cara vermelha e molhada, provavelmente pensavam que Steve era meu namorado e que tínhamos discutido, desejava que esse fosse o problema.

            –  Tenho de ir buscar a minha bolsa e avisar Ellie que vou para casa – disse a Steve.

            –  Tudo bem – concordou abrindo-me a porta para entrar.

            Demorou um pouco até encontrar os colegas de Ellie naquele mar de gente. Vi que Steve não me seguia, mas vigiava-me de longe num dos cantos do bar. Caminhei até aos meninos, Ellie e Jessie ainda não estavam com eles.

            –  Eu vou embora- disse pegando as minhas coisas – podem avisar a Ellie que fui embora com um amigo meu? – perguntei aos garotos.

            –  Claro, mas porque está a chorar Grace? – perguntou Jacob. Vi que os outros me olhavam com preocupação.

            –  Meu amigo me contou uma coisa triste, um familiar dele faleceu – menti – e ao tentar o confortar acabei chorando.

            –  Mande os meus pêsames ao seu amigo Grace. Foi um prazer em conhecê-la espero que um dia voltemos a sair – disse Jacob e vi que os outros dois garotos também concordaram.

            –  Também gostei de vos conhecer e à Jessie também, não se esqueçam de avisar a Ellie por favor, adeus – disse me despedindo deles.

            –  Grace espera!  -Exclamou Liam – meu número se quiser falar um dia – disse me entregando um guardanapo com um número. Dei-lhe um pequeno sorriso e afastei-me.

             Caminhei novamente até Steve e saímos do bar. Vesti o casaco e segui-o até ao seu carro. A viagem foi bastante silenciosa, o único ruido era o do rádio que passava uma música animada contrastando com o ambiente do carro. Olhei-o pelo canto do olho, a sua expressão ainda era de raiva, mas notava-se que estava mais suavizada, mas creio que a nossa espécie de relação não voltasse a ser o mesmo. A culpa era toda minha, eu nem poderia tentar me defender, coloquei-me em perigo e não dei a importância que devia ter dado ao assunto. Não era só a minha vida envolvida, o Capitão também estava e não era só por este ser o único portador do soro, era mais profundo que aquilo. Chegamos a minha casa e este parou o carro, eu precisava de me desculpar.

            –  Steve, não há nada que eu possa dizer para melhorar a situação, mas me desculpe.

            –  Agora não importa mais, acho que não o voltará a fazer. Lembre-se, isto não é só sobre si, tem de ter noção que isto é um grande problema e volto a repetir, não deixarei que comprometa toda a missão – disse e assenti, baixando a cabeça. Steve não olhava para mim, mas sim em frente sem um ponto definido – Pensei que, quando voltássemos a Nova Iorque poderíamos manter o contacto, já que faz parte da missão, mas não sei se consigo voltar a confiar em você. Por isso, senhorita Smith, nos vemos no aeroporto.

            Não disse nada, simplesmente concordei com tudo o que ele disse, eu merecia, merecia que ele fosse frio comigo, que nunca mais quisesse manter contacto, nem que mais me tratasse pelo meu primeiro nome. Sai do carro, tentando ao máximo para que não voltasse a chorar, entrei em casa e dirigi-me ao meu quarto o mais silenciosamente que conseguia, pois, a minha família já estava a dormir. Fechei a porta e deixei que as lágrimas caíssem, chorava por tudo, pela situação que me encontrava, pelos esquemas do meu tio que involuntariamente me tinha metido, pela minha vida que corria perigo, por ter quebrado a confiança de Steve. E foi aí que me lembrei, naquele preciso momento que a situação poderia ficar pior, escondi informação a ele, iria entregar o caderno de anotações do meu tio e ele saberia que lhe mentira, mais uma vez.

            Não tinha ninguém para quem desabafar, não podia contar nada, estava sozinha naquela situação. Quando comecei a sentir frio levantei-me e vesti o pijama me deitando na cama. As lágrimas pareciam não querer sair mais, mas o sentimento que sentia no meu peito, era sufocante. Doía-me a cabeça pelo álcool que bebi, por ter chorado e pelos milhares de pensamentos sem solução que passavam pela minha cabeça, amanhã iria acordar com uma enorme enxaqueca e olheiras, mas isso era o menor dos meus problemas.

            Amanhã seria o meu último dia em Milton, queria passar o dia com a minha família e tentar esquecer que tudo isto estava a acontecer, mas sei que será impossível e que terei de fingir o melhor que podia para ninguém reparar. No meio de tantos pensamentos adormeci.


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