Audacity escrita por Natália


Capítulo 5
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Hey, meus amores! Primeiramente quero agradecer aos comentários, muito obrigada! Segundamente notei que a história foi bem visualizada mas poucos comentaram, quero dizer que é fundamental os comentários pois eles me estimulam bastante.
Então por favorzinhooo, comentem! E fiquei muito feliz de saber que estão acompanhando, irei postar com frequência!
Boa Leitura!



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Capítulo 4

 “Coragem não é a ausência do medo, mas a decisão que algo é mais importante que o medo. O corajoso pode não viver para sempre, mas o cauteloso nunca vive plenamente.”

Dizem que o poder é algo difícil de conquistar, e de fato estão certos. Tris sabia mais do que ninguém como era duro para chegar aonde chegou. Nascida e criada na Audácia, sempre conviveu ali, com sua família, sempre sendo treinada e coordenada. Já era evidente que desde pequena a primogênita dos Prior viria a ser uma das líderes daquele lugar, diferente do seu irmão, Caleb, que se via de longe que não tinha capacidade para permanecer na facção de origem.

Os irmãos sempre foram muito próximos, Beatrice era mais velha que Caleb um ano e poucos meses, sempre cuidando e se preocupando com o mais novo. Além de que a garota nunca teve muitos amigos, os mais chegados eram Tori Wu e Peter.

Tori Wu era uma confidente de Prior, se deram bem logo de início e construíram uma amizade de anos. Peter era o mais difícil, há quatro anos viera da Franqueza diretamente para a Audácia. Peter é competitivo e sarcástico, no começo Tris não gostava nem um pouco do novo membro, mas com o tempo foram aprendendo a conviverem até se tornarem praticamente irmãos, afinal ele era tudo o que ela também era. Muitos acreditam que ela buscou nele a falta que Caleb lhe fazia, e isso não era uma mentira, os irmãos sempre foram tão unidos, no dia da escolha Beatrice não nega que se decepcionou, porém nunca foi boa em demonstrar emoções, sempre tão fria e calculista se despediu do irmão com um breve aceno de cabeça. Prior era uma visita freqüente a Erudição, sempre encontrou o conforto que precisava no mais novo.

Ninguém nunca se soube exatamente em que ponto da vida a doce garotinha, filha de Andrew e Natalie Prior, se tornou o que era hoje. Beatrice era o tipo de criança que um mero raspão no braço a fazia chorar, era doce e compreensiva com todos, odiava acordar cedo, mas sempre mantinha o bom humor. Era querida por todas as outras crianças, sempre brincando, se machucando, chorando e dali um tempo sorrindo. Mas nunca mais se viu uma única gotícula de lágrima se formar em seus olhos. Agora o sorriso que antes era bondoso se tornará irônico e forçado, os olhos antes que eram cheios de alegria agora transbordavam autoridade e indiferença, se não fossem os cabelos sempre longos Caleb jurava que não a reconheceria mais. Muitos diziam ser a idade, mas Tris mostrava cada vez mais qual era o seu objetivo e quando o alcançou todos se calaram. As risadas não eram mais distribuídas como antigamente quando ela passava agora o silêncio e os olhares atentos predominavam.

Beatrice Prior havia sem dúvidas, mudado drasticamente, conquistado seu lugar e se transformado em um ser humano na maioria das vezes só.

—Ei, onde você estava? – A pergunta de Christina faz Tobias sair de seus pensamentos e se sentar junto aos amigos na grande mesa do refeitório.

—Isso é sangue na sua mão? – Indagou Will apontado para a mão do amigo.

—Eu fui buscar algo que havia esquecido e acabei sujando a mão, o que não falta por aqui é sangue.

—E cadê o que foi buscar? – Perguntou Chris.

—Era uma jaqueta, passei e deixei no dormitório. – Explicou rapidamente se servindo e comendo em silêncio enquanto Christina e Will discutiam sobre algum assunto aleatório.

A verdade era que Beatrice não sai dos pensamentos de Eaton. Ela parecia um imã que atraía a sua mente. E isso o incomodava e o deixava encabulado. Por que ela era assim, tão autoritária? Por que todos a temiam? Que ela era intimidadora ele sabia, e muito bem, mas quem era Tris? Ele simplesmente não se contentava com o que todos diziam, ele queria e precisava saber quem de fato era Prior.

—Gente, para tudo! Que gato é aquele? – A voz de Christina preenche a mesa e ambos os amigos olham para onde a garota encarava um jovem.

—Gato aonde? Ta cega só pode! Cara mais esculachado. – Responde Will olhando indignado para a morena.

—Quem ta cego é você meu bem, encare os fatos, ele é gato. – Discute Chris.

—Não me lembro de ter visto ele por aqui antes. – Observa Tobias atentamente, mas logo sua atenção se volta para Beatrice que entra no refeitório e para bem ao lado do homem a quem Christina se referia, ambos se olham e cochicham algumas coisas, mas logo se calam e voltam a observar o ambiente.

 

 

—É sério isso? – Indaga Peter.

—Mas é óbvio, se eu estou dizendo é porque é sério. – Responde Tris revirando os olhos.

—Mas como eu vou fazer isso? – Pergunta o jovem olhando a amiga.

—Não quero saber, dá o seu jeito, eu quero tudo, exatamente tudo sobre Tobias Eaton. – Responde o olhando na mesma intensidade.

—Quer um dossiê com o tipo sanguíneo também? – Zomba o moreno.

—Não, quero um dossiê com a sua língua cortada em cima. – Responde fazendo o amigo rir. –É óbvio que eu quero um dossiê completo Peter. Nome, tipo sanguíneo, parentesco, fotos, relacionamentos, tudo!

—E para que tudo isso? – Peter era assim, curioso sempre, e isso poderia favorecer ou não Beatrice. Mas ela se irritava tão fácil, e o amigo parecia querer que ela explodisse ali mesmo ao abrir um sorriso inocente para a mesma.

—É que eu estou planejando publicar uma revista da Audáca sabe? Ai vou colocar o perfil de cada membro. – Responde sarcástica. –Não te interessa para que eu queira, pare de ser curioso, só faça esse dossiê e me entregue pela manhã. Sem mais. – Diz Tris cortando o contato visual com o amigo e olhando diretamente para a mesa que Eaton e seus amigos se encontravam.

—Dia difícil? – Murmura Tori ao pé do ouvido de Peter.

—Acho que alguém aqui foi flechada pelo cupido – Responde o moreno fazendo Tori rir. –Ai! –Grita o mesmo dando um susto em Tori.

—O que houve? – Pergunta a mulher.

—Essa louca que me arranhou com essas unhas de malévola. – Reclama o homem mostrando a marca evidente em seu braço enquanto apontava para Tris que sorria.

—Cuidado, da próxima vez pode chegar a dar uma hemorragia meu bem. – Diz Beatrice apontando para o arranhão que continha uma pequena mancha de sangue visível.

—Desse jeito nem os gatos vão querer você. Vai ficar ai para titia e sem gato nenhum para curar esse seu mal humor. - Fala Peter emburrado.

—Pior que você eu não vou ficar meu bem. – Pisca Tris saindo do refeitório recebendo olhares de todos, como sempre.

 

 

—Um pouco exigente, sério? –Indagava Christina com um ar de deboche. –Falta ela comer o meu crânio!

—Sem dramas Chris. –Responde Will.

—E você é amigo dela? –Indaga Tobias olhando diretamente para Peter.

—Sim. Tris também foi minha instrutora. No começo ela não ia muito com a minha cara, e bom nem eu com a dela. Mas com o tempo, ela percebeu que não pode viver sem mim. –Responde o moreno rindo.

—Claro, como se o meu respirar dependesse de você. –Diz Tris que chega e para no encosto da porta.

Peter era o instrutor dos já nascidos na Audácia. Enquanto arrumava a sua sala se deparou com os três amigos sentados conversando distraidamente, e logo se convidou para o papo.

—Oh, não precisa mentir, você nunca foi disso. –Disse Peter se virando para a amiga e sorrindo, enquanto a mesma revirava os olhos.

Eaton observava aqueles gestos minuciosamente.

—Como é possível você ter um amigo e ainda por cima gato de morrer? –Indaga Chris pasma e logo que percebe o que disse tampa a boca com as mãos e arregala os olhos.

—É que ele não resistiu aos meus encantos baixinha. –Pisca Tris. Tobias olha diretamente para a mesma procurando algum vestígio de brincadeira mas nada encontra em sua face, já Peter ri e se vira para a bancada ajeitando as facas ali presentes. –Peter, houve um acidente, por isso vim chamá-lo.

—Que acidente? –Diz parando de ajeitar as armas e olhando para a mulher.

—O corpo de uma das nossas alunas foi encontrado jogado no penhasco. Suspeitam de suicídio.

Peter engole em seco e sai rapidamente pela porta sendo seguido por Tris.

—Gente, meu Deus, será que ela se matou mesmo? –Indaga a morena.

—Jhoanna, ela era nascida na Audácia. –Diz Helen chegando a sala, ela era a mesma loira que chamará o irmão de Tris de gato há alguns dias atrás.

—Você a viu? –Pergunta Tobias.

—Sim, vi quando retiraram o corpo do penhasco, ela estava incrivelmente branca, estava sumida desde a madrugada, mas ninguém comentava nada, pensavam que tinha ido treinar ou saído com alguém. Mas então um dos audaciosos que vigia o penhasco notou algo estranho, havia algo caído lá. Então ele imediatamente foi atrás de um dos líderes. Foi a Tris que ele encontrou. Ela e ele desceram pelo penhasco e contataram que era mesmo um corpo.

—Mas não tinha nenhum vigia durante a noite? –Pergunta Will.

—Sim, tinha. Mas durante a noite alguns alunos bagunceiros chamaram a atenção e então ele foi constatar o que era. Acreditam que foi nesse meio tempo que tudo ocorreu.

—Eu não sabia que tinha vigias no penhasco. –Diz Tobias.

—E não havia, não ao menos há alguns anos atrás, quando algo parecido ocorreu. –Responde à loira.

—O que aconteceu? –Pergunta Chris.

Amélia Lewis, ela era uma jovem bonita, morena e alta, havia vindo da Franqueza, diferente de você Chris, ela era bem alta mesmo. –Christina iria repelir, mas Helen prosseguiu. – Logo ela se envolveu em um romance platônico com o Peter.

—Peter? O amigo da Tris? –Indaga Eaton.

—Sim, o mesmo. Eles eram os melhores. Foram da primeira turma da Tris na época, é o que dizem.

—E não estão errados. –Diz um moreno alto com cabelos curtos adentrando a sala, ele era um dos alunos de Peter. –Sou Fernad, nascido na audácia. Posso contar com exatidão melhor o que ocorreu, além do mais eu já estava aqui.

Helen revira os olhos e então se senta ao lado de Chris.

—Pode falar. –Incentiva Will interessado na história.

—Quando Amélia, chegou Peter logo se apaixonou por ela, e ela claramente não foi diferente. Peter era muito bonito. -Começa Fernand.

—Ainda é. –Murmura Christina.

—Você é gay? –Pergunta Helen o olhando.

—O que? Óbvio que não. –Responde o moreno. –Mas era evidente, os dois eram lindos, Amélia era engraçada, simpática, um gênio um pouco forte, mas logo ela e Peter se envolveram. Quando entraram na Audácia definitivamente, houve uma grande comemoração e foi ali que anunciaram que estavam juntos. Tris se tornou a melhor amiga do casal. Mas depois de um ano tudo aconteceu. Houve uma festa, era uma confraternização. Todos estavam se divertindo, Amélia estava bem, ria, dançava com Peter, ela e Tris não paravam de zoar uma a outra. Mas em meio à festa a Amélia sumiu. Ela foi vista uns quarenta minutos depois quando retornou sozinha. Peter e Tris não se encontravam ali também. Mas ninguém de fato ligou, a festa estava tão boa. Eu estava lá, e posso garantir que vi Amélia voltar, ela estava diferente, estava calada, ela nunca era assim. E então depois de beber alguma coisa saiu e não voltou mais. Ela ficou desaparecida por três dias quando a acharam no penhasco.

—Ela se matou? Mas por quê? –Pergunta a morena incrédula.

—Ninguém sabe, ou pelo menos quem está fora da liderança não sabe. Peter se desesperou, Tris ficou chocada. Mas já era tarde demais. –Finalizou Ferand.

—Isso ta muito estranho. –Murmura Helen.

—Ninguém nunca mais ousou sequer perguntar o que houve naquela noite. Alguns membros na época acreditaram que talvez Beatrice e Peter soubessem de algo, mas tudo ficou encoberto. A liderança nunca mais tocou no assunto e isso foi enterrado junto com Amélia. Até agora. –Fala o audacioso.

Os cinco se entreolham e saem da sala em direção ao tumulto que se encontrava em torno do penhasco.

—Foi um acidente! –Exclama Tris fazendo parar o burburinho.

—É o que ela diz. –Murmura Helen para os amigos.

—O ocorrido foi lamentável. –Continua a instrutora, ao seu lado se encontrava Peter, sem expressar nenhuma reação. –Talvez ela não tenha agüentado a pressão.

—Mas ela era boa. –Fala um garoto olhando triste para o penhasco.

—Mas talvez não o suficiente. –Responde Tris gélida. –Vamos parar com esse burburinho e respeitar. Infelizmente ocorreu e nada podemos fazer agora. Espero que ninguém mais tenha essa idéia estúpida ou teremos que colocar um chip para controlar os passos de cada um. –Peter então a olha. –Agora, todos para os dormitórios, logo o jantar será servido.

Aos poucos cada um vai indo para os seus devidos quartos. Tobias fica por ultimo e quando já está quase se afastando do local para atrás de uma parede ao escutar a voz de Peter.

—Ela era tão jovem, tão jovem quanto a Amélia.

—Amélia foi fraca, eu e você sabemos disso. –Responde Tris sendo grossa, o que Tobias estranha já que a mesma era amiga da garota.

—Ela se decepcionou, é diferente. –Responde o garoto se exaltando.

—Não venha dar chiliques agora Peter. –Repreende a amiga. –Foi algo assustador, sim, mas já tivemos essa conversa antes, não poderíamos fazer nada. Achei que tivesse superado.

—Você superou ele? –Indaga Peter a olhando. Tris então o encara e responde:

—Nunca.

Então Tobias ouve passos, eles estavam indo em direção ao caminho que Tobias se encontrava. O garoto rapidamente andou e entrou no dormitório ofegante.

—O que houve? Onde estava? –Pergunta Chris.

—Eu me perdi acredita? –Inventa Tobias.

—Ah cara, contra outra vai. O que houve? Você parece um fantasma de tão branco que está. -Responde Will.

Então Eaton contou tudo o que ouviu para os amigos. Detalhou como Tris pareceu grossa e indiferente a amiga e como ficou abalada quando Peter indagou se ela havia esquecido alguém, ao qual ele se referiu como ele.

—Mas quem exatamente é ele? –Pergunta Chris.

—Não sei, eles não disseram nomes. –Responde Tobias.

—Venham. –Diz Chris arrastando Tobias e Will para um salão de troféus que os mesmos desconheciam.

—Ei, a gente não deveria estar fora do dormitório. –Reclama Will.

—Para de ser medroso garoto, agora olhem. –Fala a morena parando em frente a uma estante com vidro onde se encontrava várias fotos, mas aponta para uma especificamente.

A foto estava em um quadro de estatura média, o quadro era revestido de prata. Nela continha quatro jovens sorridentes. Tobias logo reconheceu Tris e Peter. Ela era tão diferente. Sorria, os olhos brilhavam e aquele sorriso era o mais verdadeiro que Tobias chegaria a ver. Os cabelos ainda eram os mesmos, longos, sedosos e compridos, estavam soltos. Ela estava abraçada a Peter que tinha ao seu lado esquerdo uma jovem mais alta que Tris, seus cabelos eram curtos, batiam no pescoço, e eram incrivelmente ruivos. Os olhos eram de um preto que pareciam uma escuridão sem fim. Tris e Peter se encontravam ao meio do quarteto. Ao lado de Tris se encontrava outro jovem. Da mesma estatura de Peter, um pouco menor que Tobias. Ele era loiro, os olhos incrivelmente azuis. Ele sorria abertamente e abraçava Tris pela cintura como os outros dois presentes na fotografia.

—Estava passando por aqui e parei para ver as fotos. –Fala Chris.

—Mas você nunca desgruda da gente. –Diz Will confuso.

—Idiota, eu não sou grudenta. E sim eu tenho uma vida longe de vocês. –Responde Christina revirando os olhos. –Enquanto ia para a aula da Tris, aquele dia que acordei atrasada. Parei rapidamente aqui e encontrei essa foto. Olhem os nomes.

Somente então Tobias notou que em uma caligrafia exemplar estavam marcados quatro nomes em uma pequena placa abaixo do quadro. Em baixo de cada jovem se encontrava os seus respectivos nomes. Tobias logo identificou que a garota ruiva era mesmo Amélia. Os nomes de Peter e Beatrice também se encontravam ali. E então o nome do ultimo jovem. Ashton Altreider. Seria Ashton o verdadeiro ele a quem Peter se referia. Quem foi ele na vida de Tris? Eaton tinha total certeza de que nunca virá aquele homem ali na audácia. Afinal o que ele representava para Prior.

Então Tobias olhou para os amigos e voltou a sua atenção para a fotografia ao lado, nela estava presente Beatrice e o garoto da foto anterior, Altreider. Ambos sorriam abraçados, pareciam incrivelmente alegres. Então Eaton percebeu que Beatrice Prior guardava mais segredos do que ele um dia poderia imaginar. Mas aquela da fotografia não parecia com a fria Beatrice que conhecia. O que ocorreu para ela se tornar quem era? Seria possível ele devolver o mesmo sorriso, ali presente naquela lembrança, ao rosto da jovem?

Ele faria o possível e o impossível para conhecer a verdadeira Beatrice, e então ela seria a sua Tris.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, ah e sempre leiam as notas pois é muito importante. Postarei em breve. Comentem! *-*