Blue Butterflies escrita por Pamisa Chan


Capítulo 5
Quem é o culpado por este triste incidente?


Notas iniciais do capítulo

Vou deixar uns links de músicas que sugiro que ouçam em cada cena.
O capítulo tá bem parecido com o original, mas com diferenças surpreendentes.
Espero que gostem. Eu amei escrever. Saudades final do episódio 2...



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Ao ver sua amiga descendo em direção à própria morte, a reação instintiva de Maxine Caulfield foi rebobinar. Mas ela não podia rebobinar muito. Seu poder estava acabando, e não sabia se podia contar com ele. Max voltou várias vezes, sempre vendo Kate Marsh caindo. Em um momento, porém, aconteceu algo inesperado. Após insistir em seus poderes fracos, a garota realizou uma proeza que ser humano nenhum jamais conseguiu: Ela congelou o tempo com as próprias mãos. Em um minuto, tudo ao seu redor estava imóvel, desde seres humanos até pássaros voando. Max sentiu sua cabeça doer de forma intensa, como nunca havia sentido antes. Com muita dificuldade, foi andando entre as estátuas humanas até chegar à porta do dormitório.

Subiu as escadas, como se um vento forte estivesse a jogando para trás. Na sua mente, todas as suas lembranças piscavam de forma mirabolante e aleatória. Conseguia ouvir o som ensurdecedor de um tiro contra a garota de cabelos azuis, sentir perfeitamente o sabor das panquecas que comia na casa de sua antiga melhor amiga quando eram pequenas, sentir o calor do abraço de seu melhor amigo, podia sentir o cheiro forte de ferro do momento em que havia entrado no ferro velho com seus amigos e pode inclusive enxergar de forma vívida a amiga católica morrendo em sua frente. Ao chegar no terraço do dormitório, avistou Kate Marsh em cima do parapeito. Numa tentativa instintiva, porém frustrada, ergueu sua mão para rebobinar uma última vez. Seu nariz sangrava incessantemente, assim como das outras vezes que abusou do poder. Não aguentava mais a dor de cabeça e gemeu. Kate percebeu a presença da fiel amiga e olhou para ela. Max percebeu que teria de convencê-la com palavras.

— Max, o que você veio fazer aqui?! Não chega perto!

— Kate! Você... você não precisa fazer isso! Eu estou aqui pra você!

— É... você me apoiou quando o David estava me assediando... Por mais que ele seja assustador.

— Sim, Kate! Eu me importo com você acima de tudo!

— Pensando bem... você sempre esteve comigo quando eu precisava.

— E sempre vou estar, Kate! Eu prometo! Eu inclusive apaguei o link do vídeo no banheiro!

— É sério, Max? Isso é incrível! É maravilhoso saber que pelo menos você não se importa com aquele vídeo...

— Sim... eu acredito que você tinha sido drogada. Aquela não era você! Nós vamos fazer quem quer que seja que fez isso com você pagar! Acredita em mim, Kate... por favor. Você não precisa fazer isso...

— Max, eu estou tendo um pesadelo, e eu só posso acordar... se eu dormir. Assim, todas as pessoas dessa escola vão poder postar fotos do meu corpo! A internet é como uma teia... Assim que algo cai nela, nunca mais consegue sair. Inclusive meu vídeo. Como eu queria poder voltar no tempo e mudar as coisas...

— Kate... nós podemos fazer isso! Juntas! Podemos vencer os valentões! Mostrar que somos mais fortes!

— Max... Eu deixei de acreditar em milagres há um bom tempo...

— Mas graças a você... eu acredito.

— Você é incrível, Max... Eu acho que posso confiar em você...

— Então... um abraço? — Max aproximou-se lentamente e estendeu os braços para acolher a amiga atribulada.

Kate parou por uns segundos, a chuva se mesclava com as lágrimas de seu rosto. Lá embaixo, uma multidão encarava a cena, questionando o que estava acontecendo. Inclusive Warren. Algumas pessoas até mesmo gritavam coisas como "Desce logo daí!" ou "Pula de uma vez!". Mas naquele momento, isso era a última coisa que as garotas conseguiam ouvir.

Antes de descer com a amiga, porém, Kate hesitou:

— Não! Ninguém se importa comigo! Ninguém!

— Tenho certeza que sua família se importa! Com certeza sua mãe ficaria em pedaços se algo acontecesse com você!

— Minha mãe, Max? Minha mãe foi a primeira a me julgar e a última a me apoiar... Acho que ela até gostaria que isso acontecesse. Pelo menos limparia o nome da família... Aliás, ela acha que o Diabo está me esperando lá em baixo! Vamos ver se ela está certa, então...

"Droga! Eu nunca imaginei que a mãe da Kate fosse assim!" Max pensou, mas não desistiu.

— Kate, pelo amor de Deus, não! Por favor... espera! — Max parou para pensar no que mais poderia tentar e não perdeu as esperanças até o último segundo — Deus com certeza tem planos pra você aqui! Você... você é um anjo, Kate. Eu nunca conheci alguém como você!

— Bela tentativa, Max... Mas tenho certeza que estou fazendo a vontade Dele neste exato momento.

— Mas... Kate... E aquele provérbio que diz... "Agir com justiça é uma alegria para o justo, mas é algo terrível para os que praticam a maldade."

— Max. Eu não acredito mais em justiça... Não depois de tudo que fizeram comigo.

— Mas suicídio é um pecado! Eu não quero que você vá pro inferno, Kate! Por favor!

— Eu já ESTOU no inferno, Max! Nada é pior do que isso que estou vivendo neste exato momento... Sinto muito.

Neste momento, Kate se virou e pulou terraço abaixo. Era definitivo. Nada do que Max fizesse poderia trazer de volta aquela vida que se perdeu. O que lhe restou foi olhar o corpo da amiga caindo em direção à condenação. E para ela, aquela queda parecia infinita. E não havia nada que ela podia fazer para que as coisas mudassem. Nunca mais.

Assim que Max desceu de lá, ainda atordoada pelo que acabara de acontecer, o diretor foi conversar com ela. Ele ordenou que ela fosse até a diretoria para que discutissem o principal responsável pelo trágico acontecimento com a jovem Kate Marsh. Conduzindo-a a sua sala, disse para a garota sentar-se. Nathan Prescott, o professor Mark Jefferson, o segurança David Madsen e o oficial Berry, até então desconhecido por Max, estavam no local.

— Todos nós estamos muito abalados com o acontecido, e é exatamente por isso que precisamos tomar as devidas providências. É claro que não vamos poder trazer Kate Marsh de volta à vida. Mas podemos impedir que algo desse tipo aconteça novamente. E é para isso que estamos aqui. O policial Berry estará fazendo anotações sobre o ocorrido e contamos plenamente com a cooperação de todos vocês. — O diretor virou-se para David, que estava de pé num canto da sala, sério — Sr. Madsen... A porta para o terraço deve sempre estar trancada por medidas de segurança. O senhor não pode negar sua responsabilidade nesta questão. — Virou-se então para o professor e prosseguiu — Sr. Jefferson, como professor da aluna, o senhor deveria ter ciência sobre o que estava se passando! — E por fim, direcionou-se a Nathan, sentado ao lado de Max — E você, Nathan Prescott, como responsável pelo Clube Vortex, do qual Kate Marsh participou, terá de responder algumas perguntas. Max Caulfield... Diga-nos agora... Por que você estava no terraço naquele momento?

— Kate estava muito deprimida ultimamente... Eu sabia que ela ia fazer algo errado... Mas... mas eu não pude impedir... — Max, sentada, colocou as mãos no rosto, com os cotovelos apoiados nas coxas e chorou amargamente.

— Não se culpe, srta. Caulfield. Todos sabemos que você fez o seu melhor e somos muito gratos por isso. O que queremos de você agora é que diga: Quem é culpado por este triste incidente?

"E agora? O Nathan drogou ela, o Sr. Jefferson fez ela chorar hoje mais cedo e o David estava assediando ela ontem... O que vai acontecer com o responsável? Se eu culpar o Nathan, é provável que o diretor não acredite em mim, como da outra vez. Nathan é o queridinho da escola. É impossível que algo aconteça com ele! O David pode ser perturbado mas... Mas talvez ele só queira resolver as coisas do seu jeito. E se eu culpá-lo, isso pode prejudicar a família da Chloe... E o Sr. Jefferson... Bom, ele parece uma boa pessoa. Mas eu tenho um mau pressentimento sobre ele. Todos aqueles boatos... Aqueles ensaios fotográficos estranhos... Aquilo que ele fez com a Kate... Preciso tomar uma decisão."

— Bom... — Max começou, acanhada — O que eu sei é que Victoria Chase foi a principal responsável por divulgar o vídeo... Inclusive, eu me lembro dela escrevendo o link hoje de manhã no espelho do banheiro. Além disso, ela fez muito bullying com a Kate...

— O quê?! A Victoria não tem nada a ver com isso, sua vadia intrometida!

— Nathan gritou para a garota, numa tentativa de defender a única amiga.

— Quem você quer que eu culpe, Nathan?! Você?! Pra receber ameaças "anônimas" suas e do seu pai?! Pra você pichar "Ninguém mexe comigo, vadia" na parede do meu quarto?!

— Sr. Prescott! — O diretor chamou — Isso é verdade?

— A única verdade aqui é que a Max é uma invejosa intrometida! Qual é o seu problema, garota?!

— Silêncio! Max... Por favor, assine aqui para confirmar sua acusação. Trabalharemos nela a partir de agora. — O Diretor Wells passou um papel para a garota por cima da mesa.

"Será que eu fiz a escolha certa...?" Max perguntou-se. Por fim, a garota pegou uma caneta e assinou. Os quatro se retiraram da sala, deixando o Diretor e o Policial Berry tomando as últimas decisões.

— Obrigado pela cooperação, srta. Caulfield. Iremos analisar o assunto cuidadosamente.

No fim da tarde, Max e Warren estavam juntos, conversando sobre o triste dia.

— Que pena que a Chloe não está aqui... — Max disse — Não sei nem se ela vai nos perdoar...

— Max... você é incrível. Mesmo depois do que aconteceu, você ainda pensa na Chloe...

— É, foi um dia duro pra todos. Eu realmente pensei que podia salvar ela. Quando ela estava caindo... Tudo parecia estar em câmera lenta. Foi horrível. Eu não acredito que meus poderes falharam bem naquela hora.

— Max, por favor, não se culpe. Ela fez aquilo pelos motivos DELA, não pelos seus. Aliás, você foi a única que teve coragem de ir até lá.

— É... com os meus poderes, eu tinha a obrigação de fazer isso...

— Você poderia ter deixado pra lá! Olha como você ficou depois de usar os poderes!

— É... até agora minha cabeça não parou de doer... — Max pousou uma das mãos sobre a cabeça. — Talvez se alguém melhor estivesse lá em vez de mim...

— Max! — Warren ergueu o tom de voz e segurou a amiga pelos braços — Nunca mais diga isso, Max! Por favor! Você é incrível, Max! — O garoto a abraçou com força, fazendo-a corar e seu coração acelerar.

— Warren... Eu...

— Não, Max... não diga mais nada. — O rapaz a soltou e os dois olharam para o céu.

Uma brisa forte e gelada passou pelos corpos quentes dos jovens, durante um quase pôr do sol quente.

— Esse vento confirma a esquisitice do dia de hoje... — Max cruzou os braços para se aquecer mas de repente os soltou e apontou para o céu — Warren! Olha aquilo!

Um eclipse solar surgia no céu, de forma totalmente inesperada. O nerd arregalou os olhos e observou a cena, completamente surpreso.

— O quê?! Não tinha nenhum eclipse previsto pra hoje! Eu saberia! É claro que eu saberia! — O garoto virou-se para Max e notou o frio que a garota sentia.

Enquanto isso, a porta do dormitório feminino estava com um tipo de altar. Cheio de fotos, mensagens e velas para Kate Marsh.

 

Em seu quarto, Victoria arrumava suas malas irritada até que avistou Nathan Prescott entrando. "Sinto muito, Vic", ele pensava. Ela o abraçou e os dois ficaram lá observando pela janela o estranho fenômeno natural. Na praia, Frank e Pompidou olhavam a mesma cena e mais adiante, Chloe com seu cigarro, também. Na mente dela, milhões de pensamentos. Sentimentos confusos sobre Max e Warren. Na casa dela, Joyce e David se abraçavam. O clima estava assutador e ao mesmo tempo romântico.

Ao ver Max naquela situação melancólica, Warren não pôde se conter. Inclinou-se até a amiga e beijou seus lábios ternamente. Qualquer dúvida sobre seus sentimentos agora havia cessado. Max retribuiu o beijo, que a aquecia naquela tarde ensolarada e fria. Seu rosto vermelho queimava e deixava claro que aquilo era tudo que ela sempre quis. Quando o beijo terminou, o nerd envolveu a garota em seus braços e ela disse:

— Eu acredito em você, Warren. Eu acredito em qualquer coisa hoje.

Na praia, Chloe recebeu uma mensagem da amiga.

"Me desculpe por hoje no ferro velho, Chloe. Sinto sua falta."

"Não precisa se desculpar. Sinto muito pela sua amiga. Desculpe ter falado aquilo sobre ela..."

"Nos vemos amanhã?"

"Nos vemos amanhã."


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Notas finais do capítulo

E aí, o que acharam? Eu tô numa bad ;-;
Comentem aí.
EU SOU MUITO DO MAL. PRICEHAM OU MARREN?????