Eu estava numa floresta, correndo desesperada, atrás de alguma coisa que eu não podia ver. Era... Frustrante e irritante. Chegava até a ser horripilante, mas eu sabia que tinha alguém naquele lugar que eu precisava achar. E rápido.

De repente, alguma coisa se colocou de baixo de mim e começou a correr numa velocidade vampiresca, e apesar do ritmo em que corria, eu me senti segura.

Aro havia me dito uma vez: “o mais estranho não é nem o sonho em si, mas a emoção que sentimos dentro dele”. Bom, agora eu entendia completamente o significado disso.

No exato momento em que eu começava a me sentir segura, alguma coisa nos arremessou para o lado, contra uma árvore. Eu me machuquei, mas nem prestei atenção. Ele se levantou, e se pôs em posição de ataque. Mas quando ele ia atacar, alguma coisa o jogou contra outra árvore, mais forte do que antes, porque desta vez a árvore havia quebrado.

Tudo isso era só um borrão diante aos meus olhos, mas eu sabia que estava tudo perdido.

Começaram a desmembrá-lo e, mais ao fundo, eu podia ver o fogo e sentir um cheiro desagradável...

Então, eu acordei respirando pesadamente.

- Senhores passageiros, em breve pousaremos no aeroporto. Permaneçam sentados, por favor. – dizia algum comissário.

Havíamos chegado à Seattle, a cidade mais próxima de Forks que havia um aeroporto e a única. Sim, a única! Segundo algumas especulações nas mentes de alguns vampiros, descobri que Forks era uma cidadezinha no fim do mundo em que não existiam lojas descentes, e muito menos Shopping Center para fazer compras. Bufei baixinho quando percebi o rumo que meus pensamentos tinham tomado, eu estava finalmente livre, e isso era bom não é? Sim! Além disso, Forks é a cidade mais chuvosa de todo o estado de Washington, sorri com esse pensamento. Chuva. Isso definitivamente mudou o humor.

O avião pousou rapidamente no aeroporto, peguei minha bolsa e comecei a caminhar até a saída.

- Seja bem-vinda à Seattle, senhorita – o comissário me disse educadamente.

- Obrigada. – falei dando um sorriso e me retirando do avião.

Ao sair do avião pude escutar uma manifestação de pensamentos. Roupas, amores, dinheiro, sexo, preocupação. Era possível se escutar de tudo.

A sensação de ter deixado tudo pra trás era extremamente... boa. Consegui o que queria. E agora, nada podia mudar isso.

- Aya? Aya? Você chegou! – uma garota gritava pulando com uma mãozinha erguida. Uma voz melodiosa e familiar.

Era Alice Cullen. Ela estava com um sorriso enorme em seu rosto.

- É bom revê-la Alice – respondi me aproximando dela e do seu namorado. Jasper Hale. Ela me deu um forte abraço.

- Ah, sim sim também é muito bom te ver Aya! Seremos grandes amigas. – Ela disse visualizando uma visão de eu e ela fazendo compras contentes. Eu sorri.

- Melhores amigas – a corrigi.

Ela abriu um sorriso ainda maior ao escutar isso.

“Sim, seremos melhores amigas. Com Aya terei mais afinidade, ela gosta de moda! Olha só a roupa dela, o sobretudo é de marca e lindo!” Alice pensou sobre minhas roupas sorrindo.

Alice estava prestes a me apresentar a Jasper, mas eu me antecipei.

- É um prazer te conhecer Jasper. – falei com a minha melhor voz instável.

- Igualmente – ele respondeu, parecendo estar prendendo a respiração. A voz dele ela linda.

Ficamos em silêncio por um tempo. E durante esses segundos, Jasper continuou com a respiração prendida. Incomodei-me com isso. Lá em Volterra, nenhum vampiro prendia a respiração diante de mim, eles falavam que o meu sangue parecia um pouco com os deles, por isso não os atraia tanto.

- Hm, Jasper, acho que você pode respirar. Sabe, eu sou metade vampira, talvez você não sinta atração pelo meu sangue – sussurrei de modo que nenhum humano escutasse a nossa conversa.

Ele fechou os olhos e respirou lentamente. Então abriu os olhos, e dessa vez abriu um sorriso “Agora está bem melhor. Apesar de ser vampiro, estou habituado a respirar, é tão esquisito não respirar!” ele pensou falando consigo mesmo.

Então me veio à cabeça, eles não sabiam que eu conseguia ler mentes. Deveria ser terrível ter a mente invadida por uma desconhecida, ainda mais se essa invasão não for consciente.

- Er, Alice lembra quando nos “conhecemos”? – falei a palavra conhecemos fazendo aspa no ar, na realidade não havíamos sido apresentadas.

Jasper não dizia nada, apenas ficava me observando atentamente, sempre em alerta. Ele pensava que eu era alguma armadilha de Aro.

- Sim, me lembro. Ainda bem que você recuperou – ela disse acenando.

- Então, quando eu desmaiei, eu adquiri um novo poder. Agora eu posso...

Seus olhos se estreitaram. Jasper prestou ainda mais atenção em mim.

Os dois esperaram que eu completasse a minha frase e não me interromperam.

-... Ler mentes – falei preocupada, talvez eles não gostassem de mim por eu estar invadindo a privacidade deles, afinal, eles tinham o direito de não gostarem de mim.

Alice notou a minha preocupação, e o meu desconforto. Então disse:

- Não precisa se preocupar, já estamos acostumados com isso. Edward também pode ler mentes, lembra? – ela disse, completamente séria.

- Lembro, mas é que eu sei muito bem, quer dizer imagino – como eu estava muito nervosa, a minha voz começou a se elevar e eu comecei a falar cada vez mais rápido - como é horrível ter a mente invadida. Principalmente por uma desconhecida. Mas também é horrível poder ler mentes pode ter certeza, eu não consigo ter sossego. A todo o momento vozes gritam na minha mente, sobre tudo. E saibam que eu realmente sinto muito por ler as mentes de vocês.

Jasper sentiu que o meu humor estava ficando cada vez mais atordoado e o que eu dizia era a verdade. Por isso ele relaxou, um pouco. Esse era o dom dele sentir as emoções dos outros.

- Aya, como a Alice disse não se preocupe. Nós sabemos como é isso por causa de Edward – Ele disse gentilmente.

Respirei fundo numa tentativa de relaxar.

“Acho que posso ajudar com isso” Jasper pensou.

Minhas sobrancelhas se uniram, em dúvida. Como ele poderia me ajudar? 

“Além de saber o que os outros sentem, também posso controlar os sentimentos dos outros”, ele esclareceu.

Então rapidamente o poder de me envolveu, meu corpo ficou mais relaxado e calmo, fazendo me esquecer de todos os problemas, como se nada importasse. Olhei para Jasper e disse:

- Obrigada.

Ele apenas assentiu com um sorriso. O poder de Jasper era muito bom, ele podia ajudar os outros.

Partimos do aeroporto rapidamente, e então a ansiedade me tomou conta. Logo eu estaria numa casa normal. Sem ‘pessoas’ querendo me agradar para não ser punido ou algo parecido.

Alice não aguentando mais ficar quieta me deu um relatório completo sobre os Cullens.

- Carlisle é o nosso pai, e ele é médico. Nos dá apoio em tudo que precisamos, Esme é a melhor mãe do mundo, sempre amorosa e protetora. Rosalie é extremamente vaidosa e não se importa com o resto do mundo. Emmett é a pessoa mais infantil que eu já conheci em toda minha quase vida. – Alice falava empolgada enquanto visualizava o perfil de cada um, de modo que eu de algum modo já os conhecia. – E bom, o Edward você já conhece.

Ela concluiu com um sorriso.

Apesar da pista estar molhada demais, Jasper dirigia a quase 200 por hora. Sorri sozinha olhando o céu cinza. Tinha esquecido o quão lindo eram as cores do céu quando chovia.

- Chegamos em casa! – Alice disse empolgada.

Espiei pela janela do carro antes de sair. Estávamos parados em frente a uma casa enorme e branca. Congelei. Mas mesmo assim, saí do carro com alguma calma emprestada de Jasper, e me preparei pra enfrentar o inicio da minha nova vida.